Universidade Federal de Santa Maria
Geografia, Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 26, e20, 2022
DOI: 10.5902/2236499465813
Submissão: 17/05/2021 • Aprovação: 06/07/2022 • Publicação: 22/09/2022
SUMÁRIO
2 GEOGRAFIAS FEMINISTAS E GÊNERO NA PRODUÇÃO GEOGRÁFICA
3 O GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR E NAS PESQUISAS DE ENSINO EM GEOGRAFIA
4 A ABORDAGEM DE GÊNERO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS: ELEMENTOS PARA UM DEBATE
Ensino e Geografia
A abordagem de gênero e o ensino de Geografia: possíveis diálogos com a formação de professores/as
Gender approach and geography teaching: possible dialogues with teacher training
IUniversidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil
RESUMO
Palavras-chave: Processo formativo; Docentes; Educação Geográfica; Geografias Feministas; Gênero
ABSTRACT
Keywords: Training process; Teachers; Geographic Education; Feminist Geographies; Gender
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Este artigo se debruça na discussão de uma temática que ainda procura se firmar na formação docente em geral e, em específico, na formação de professores de Geografia, considerando que a abordagem de gênero por interpelações oriundas de reflexões decorrentes das Geografias Feministas contribui para a discussão dessa temática na educação geográfica. Tais estudos, por meio de variados questionamentos, principalmente relacionados ao status epistemológico da Geografia, abriram possibilidades outras para a análise de espacialidades de grupos sociais e/ou sujeitas/os[1] que até então não estavam em destaque (SILVA, 2009b, 2009c; SILVA et al., 2013).
Evidencia-se uma provocação: como pensar outra perspectiva de discussão a respeito das relações de gênero no ensino de Geografia na Educação Básica que se relacione também com o processo formativo de professoras/es desse componente curricular? É um desafio que está posto, uma vez que há a necessidade do entendimento de que mulheres, homens, travestis e outras identificações de gênero se posicionam de formas diferentes − e com consequências − na relação com os lugares e com as práticas socioespaciais cotidianas realizadas, aspectos já indicados por Silva (2003, 2007) e Machado (2016), entre outros.
Considerando essa premissa, também é relevante compreender que o espaço escolar é atravessado por relações de gênero, a partir do entendimento de Silva (2009a, p. 137), quando esta afirma que a escola deve ser compreendida “como parte integrante da realidade socioespacial da cidade, que compõe relações e é por elas simultaneamente instituído”. É pensar nos corpos docente e discente ali incluídas/os, nas normativas e nas regras estabelecidas, nos espaços ocupados para as diferentes atividades que, mesmo inconscientemente, estabelecem papéis ou normas para cada gênero.
Em continuidade, os argumentos de Scott (2013, p. 332) são pertinentes quando se pensa a categoria gênero enquanto uma luta política, uma vez que ela é uma “lente de percepção através da qual nós ensinamos os significados de macho/fêmea, masculino/feminino” que a escola e os conteúdos também indicam. Quando se propõe um ensino que contribua para que as/os estudantes pensem geograficamente a realidade em que estão inseridas/os (CAVALCANTI, 2012, 2019), o componente curricular de Geografia pode problematizar as relações de gênero em suas espacialidades para aquele objetivo.
Ao pensar nesse propósito, projeta-se também inquietações direcionadas ao processo de formação inicial de professoras/es de Geografia em uma abordagem desafiadora da questão de gênero no fazer geográfico. Nessa perspectiva, revisita-se alguns aspectos da relação gênero e Geografia, discutindo elementos já investigados que poderão servir como possibilidades a serem incluídas na formação inicial e continuada de professoras/es desse componente curricular.
Para compreender a inserção da temática nesta ciência e estabelecer um panorama da temática nas pesquisas de pós-graduação em Geografia, fez-se um levantamento no Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e em trabalhos sobre a temática realizados por Faria (2018), Cesar (2015) e Silva et al. (2013). Esse procedimento foi importante para se observar os desafios e as lacunas que estão postos em relação à abordagem de gênero nesta ciência e, consequentemente, no ensino do componente nas escolas da Educação Básica.
O presente artigo está organizado da seguinte forma: na primeira parte se discute a abordagem de gênero na ciência geográfica; na segunda, a relação entre escola e gênero, apresentando algumas pesquisas geográficas nesse sentido; e, por fim, a necessidade de inserção desta temática na formação de professoras/es de Geografia, observando-se os entraves encontrados.
2 GEOGRAFIAS FEMINISTAS E GÊNERO NA PRODUÇÃO GEOGRÁFICA
Ao se discutir os estudos a respeito da abordagem de gênero na ciência geográfica, é relevante destacar o papel de pesquisadoras/es da área, dos laboratórios e grupos de estudo nas Instituições de Ensino Superior (IES), bem como dos referenciais teórico-metodológicos que vêm orientando as pesquisas nesta temática (SILVA et al., 2013; CESAR, 2015; RATTS et al., 2016), como uma maneira de compreender a sua inserção na Geografia brasileira e que causam impacto na elaboração, difusão e divulgação de conhecimentos a respeito do assunto.
Inicialmente traz-se as proposições de Silva (2009b), que afirma haver uma impermeabilidade da inserção do gênero enquanto elemento importante para a análise geográfica. A autora afirma que, ao compreender “ausências, silêncios e invisibilidades do discurso científico é reconhecer que tais características não são fruto de acasos, mas de uma determinada forma de conceber e de fazer a Geografia” (SILVA, 2009b, p. 58), o que reverbera na compreensão de como esta temática foi e está sendo tratada nesta ciência.
Entende-se ainda que, além da inserção de mulheres na produção científica, é fundamental a atenção quanto aos aspectos presentes no discurso geográfico brasileiro, a saber: a sua base eurocêntrica, “o apego à forma material do espaço” e o sujeito genérico e universal que ainda permanece nessa produção (SILVA, 2009b). São questionamentos que visam tensionar a Geografia que se conhece e se pratica nos cursos de formação pelo País.
Ao ter contato com uma variedade de pesquisas e levantamentos bibliográficos[2] a esse respeito e considerando as premissas indicadas, convém destacar que
surge e se mantém até hoje a ideia de que mulheres e homens, travestis e transexuais e outras identidades de gênero e sexuais, assim como pessoas que não se definem por um gênero ou pelo binarismo, estão situadas(os) de maneiras distintas no mundo e que são diferentes as relações que elas(es) estabelecem com os lugares (MACHADO, 2016, p. 64).
Ainda nessa linha de entendimento, Massey (1994), ao narrar uma experiência em uma galeria de arte, afirma que o sentido de lugar está também atravessado pelo gênero. Estas duas referências (MACHADO, 2016; MASSEY, 1994) e os trabalhos aqui mencionados são indicativos importantes da perspectiva de pesquisas que estão sendo desenvolvidas e que deveriam, de algum modo, passar por escrutínio no processo formativo de professoras/es de Geografia.
É preciso considerar concepções e entendimentos diversos que apontam as relações estabelecidas com o espaço, com suas apropriações e usos diversos, com as práticas espaciais realizadas cotidianamente, com os símbolos e significados estabelecidos, possibilitando outros tratamentos didáticos de alguns conteúdos de ensino. Ao apontar esses aspectos, deve-se ter em mente, conforme já indicado, a necessidade de questionar o discurso geográfico e compreendê-lo como dotado de uma perspectiva científica europeia, masculina, branca e heterossexual (SILVA, 2009b; RATTS et al., 2016).
Cabem alguns esclarecimentos quanto ao uso do conceito de gênero, bem como da sua inserção na ciência geográfica. Para fins deste artigo, recorre-se a Scott (2019, p. 67), que concebe gênero como “um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos; e o gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder”. Assim, ter esse entendimento é também compreender que os lugares também são/estão atravessados por relações de gênero.
Ainda nesta perspectiva, Silva (2009c) traz cinco esclarecimentos necessários a respeito dessa categoria: não se deve confundir os estudos de gênero com os estudos de mulheres, pois há outras vivências não binárias e masculinas como foco de pesquisas; o conceito de gênero é oposto à categoria mulher; o uso desse conceito implica uma postura relacional entre feminino e masculino; pesquisar com base no conceito de gênero não significa necessariamente um engajamento político nas denominadas epistemologias feministas; e, por último, a adoção de uma perspectiva feminista não deve ser associada diretamente aos corpos praticantes do conhecimento.
Ressaltam-se algumas geógrafas que pesquisam o assunto e os entendimentos quanto ao tratamento da temática. Garcia Ramón (1989) indica que a geografia do gênero vai além do que se denomina como geografia das mulheres, uma vez que a primeira engloba as relações sociais entre homens e mulheres. Essa autora aponta aspectos positivos quanto à abordagem de gênero para a Geografia, quais sejam: os vínculos entre as esferas de produção e a estrutura patriarcal da sociedade, enfatizando as relações de gênero; o estudo do lugar e o trabalho doméstico, que evidencia a artificialidade da divisão entre a geografia econômica e a geografia social; e o fato de que os estudos das particularidades não estão desvinculados das categorias gerais de análise da ciência geográfica.
Silva (2014) menciona três eixos de abordagem do gênero nos estudos geográficos: o primeiro está centrado nos estudos das experiências espaciais das mulheres e fundamentado na diferença sexual dos corpos masculino e feminino; o segundo compreende o gênero como uma construção social e, consequentemente, relaciona-se com os papéis sociais de homem e mulher que lhes são atribuídos; e o terceiro segue a concepção de que o gênero é uma representação, uma ficção reguladora, pois se trata de atos performativos que naturalizam o masculino e o feminino.
Apontar esses aspectos mais gerais foi importante para o entendimento de que há elaborações teóricas que indicam outras possibilidades para se realizar uma análise geográfica considerando o gênero e que, diante de discussões nos espaços formativos, podem extrapolar as abordagens ainda vigentes. Assim como compreender que há diferenças nas maneiras como as/os sujeitas/os se apropriam e se relacionam com os lugares e se relacionam com a concretude das práticas espaciais estabelecidas cotidianamente. Essas que podem se converter em instigantes questionamentos, resultando no desenvolvimento de novas investigações, e que podem ser incluídas no processo de formação de professoras/es de Geografia como um meio para se pensar o ensino deste componente curricular nas escolas.
3 O GÊNERO NO ESPAÇO ESCOLAR E NAS PESQUISAS DE ENSINO EM GEOGRAFIA
Na seção anterior, foram indicados alguns aspectos referentes à inserção da abordagem de gênero na ciência geográfica. Ao se tratar da formação de professoras/es deste componente curricular, é relevante considerar as especificidades da abordagem, o entendimento acerca de seu tratamento neste campo disciplinar, bem como dos referenciais teórico-metodológicos então utilizados, para que se apresente enquanto possibilidade de estudos de situações geográficas para alguns conteúdos de ensino.
Agora, apresenta-se algumas discussões a respeito da temática na Educação Básica considerando o espaço escolar, bem como as/os sujeitas/os nele inseridas/os, constituindo toda uma complexidade que pode povoar os currículos de formação inicial e continuada de professoras/es, independentemente de qual componente curricular se trata. Levando-se em conta, é claro, a recente abordagem da temática na educação.
Para tanto, e relacionando com outras/os pesquisadoras/es do assunto, reforça-se o seguinte aspecto:
A escola delimita espaços [...] ela afirma o que cada um pode (ou não pode) fazer, ela separa e institui. Informa o “lugar” dos pequenos e dos grandes, dos meninos e das meninas. [...] aponta aqueles/as que deverão ser modelos e permite, também, que os sujeitos se reconheçam (ou não) nesses modelos (LOURO, 2014, p. 62).
Ao trazer esse entendimento acerca da escola e das relações estabelecidas, os apontamentos de Silva (2009a) devem ser enfatizados. Isto porque a autora afirma que naqueles espaços as relações de gênero são reproduzidas, no que se refere aos estereótipos de gênero e também a aspectos que podem chegar a casos de discriminação e de violência, permeando todo processo de ensino e aprendizagem.
Ainda acerca deste espaço, outras/os pesquisadoras/es apontam também para alguns rótulos que marcam trajetórias e as características da profissão. Retornando às proposições de Louro (2014), a autora empreende uma discussão a respeito da feminização do magistério e acerca das representações oriundas desse processo. Lins, Machado e Escoura (2016, p. 22) fazem a seguinte provocação a respeito da feminilidade no espaço escolar:
Quando pensamos nos critérios usados para definir um “bom aluno”, temos sempre em mente noções de capricho, atenção, determinação e obediência, adjetivos normalmente relacionados aos estereótipos de feminilidade. [...] o ambiente escolar ficou marcado como um ambiente feminino: ou porque acreditamos que nele se ocupam profissionais mulheres, ou porque comportamentos socialmente considerados femininos são mais valorizados na escola.
O que as/os autoras/es demonstram é que as questões de gênero estão presentes nas escolas em diversos contextos e situações, envoltas em aspectos que são naturalizados, criando normas e regras para enquadrar quem está naquele lugar. Salienta-se, ainda, que nada está dissociado da sociedade em que a escola está inserida. Portanto, é um assunto que merece uma elaboração teórica que subsidie professoras/es de Geografia em formação para uma abordagem em relação ao gênero que se diferencie do que vem sendo feito.
No levantamento realizado no Catálogo de Teses e Dissertações da Capes, visando compreender a inserção da temática nesta ciência e estabelecer um panorama da temática nas pesquisas de pós-graduação em Geografia, selecionou-se como palavras-chave os termos ‘gênero’ e ‘sexualidade’. A busca foi centrada nos títulos, resumos e palavras-chave de dissertações e teses produzidas entre 2005 e 2018. Os resultados direcionaram para pesquisas a respeito das espacialidades e territorialidades de mulheres e homens, trabalho feminino, mão de obra feminina, homossexualidade, heterossexualidade, masculinidade, entre outros, contribuindo para o entendimento das potencialidades da temática na ciência geográfica.
Objetivando uma articulação com trabalhos e discussões anteriores, que já tratam do mapeamento dos estudos realizados no País a esse respeito, como Faria (2018), Cesar (2015) e Silva et al. (2013), comparou-se as dissertações e teses levantadas inicialmente e selecionou-se aquelas que são atinentes ao ensino de Geografia e ao espaço escolar. Esse procedimento foi importante na medida em que revelou quais são os centros de produção destes estudos, as/os professoras/es orientadores, dados que podem ser visualizados no Quadro 1. Também foi possível, mediante a leitura dos resumos disponibilizados, dimensionar as abordagens teórico-metodológicas destas pesquisas.
Quadro 1 – Tese e dissertações dos Programas de Pós-Graduação em Geografia do Brasil
Ano |
Tese ou Dissertação |
Título |
Autor |
IES |
Orientador |
Palavras-chave |
2007 |
Dissertação |
Corpos negros femininos em movimento: trajetórias socioespaciais de professoras negras em escolas públicas |
Lorena Francisco de Souza |
UFG |
Alecsandro José Prudêncio Ratts |
Não foram informadas. |
2008 |
Dissertação |
Geografia e gênero: um estudo no contexto escolar |
Telma Fortes Medeiros |
UNIR |
Maria das Graças Silva Nascimento Silva |
Ensino de Geografia. Geografia. Gênero. |
2010 |
Dissertação |
Há homens que têm patroa. Há homens que têm mulher. E há mulheres que escolhem o que querem ser: perspectiva de gênero na Geografia |
Gabrielle Pellúcio |
UNIR |
Maria das Graças Silva Nascimento Silva |
Livros Didáticos. Geografia. Gênero. |
2012 |
Tese |
Geografia e educação: implicações do gênero no exercício da docência e na construção do espaço das escolas públicas estaduais de Manaus/AM |
Aldeneia Soares da Cunha |
USP |
Rosa Ester Rossini |
Educação. Escola. Espaço. Gênero e formação de professores. |
2013 |
Dissertação |
(Re) pensando o trabalho docente e a formação continuada de professores: o curso gênero e diversidade na escola |
Juliana de Jesus Santos |
UFG – Campus Catalão |
Carmem Lucia Costa |
Trabalho Docente. Formação Continuada de Professores/as. Gênero e Diversidade na Escola. Espaço-tempo. Vida Cotidiana. |
2014 |
Dissertação |
Trabalho docente de mulheres em Goiânia -GO |
Daisy Luzia do Nascimento Silva Caetano |
UFG – Campus Catalão |
Carmem Lucia Costa |
Docência. Mulher. Trabalho. |
2016 |
Dissertação |
Espaço escolar, Geografia e homofobia: um diálogo entre educação, gênero e diversidade sexual |
Carlos André Gayer Moreira |
UFPEL |
Liz Cristiane Dias |
Geografia. Gênero. Sexualidade. Escola. Ensino. |
2017 |
Dissertação |
A produção do espaço escolar pelos discursos de um grupo de docentes sobre as relações de gênero e sexualidade em Chapecó |
Flavia Rubiana Urgante |
UFSM |
Benhur Pinós Costa |
Geografia Feminista. Espaço. Espaço escolar. Gênero. Sexualidade. |
2017 |
Dissertação |
‘Na minha época as meninas estavam no comando’: a constituição de feminilidades na escola de guardas mirins ‘Tenente Antônio João’, na cidade de Ponta Grossa, Paraná |
João Paulo Leandro de Almeida |
UEPG |
Marcio Jose Ornat |
Espacialidades. Feminilidades. Gênero. Guarda Mirim. |
2017 |
Dissertação |
As relações entre as vivências espaciais de alunas e alunos das instituições públicas de ensino médio regular e a reprovação generificada na cidade de Ponta Grossa, Paraná |
Susana Aparecida Fagundes de Oliveira |
UEPG |
Marcio Jose Ornat |
Espaço escolar. Reprovação. Juventude(s). Gênero. |
2018 |
Dissertação |
Geografia e gênero: história de vida dos docentes homossexuais das escolas públicas de Porto Velho |
Gilceli Correia de Oliveira |
UNIR |
Maria das Graças Silva Nascimento Silva |
Professores homossexuais. Escola. Relações de gênero. Sexualidade. Espaço/lugar. Espacialidade. |
2018 |
Dissertação |
Concepções de gênero e sexualidade no ensino de Geografia em escolas públicas de Goiânia, Goiás |
Ruan Pinhero do Nascimento Faria |
UFG |
Alecsandro José Prudêncio Ratts |
Gênero. Sexualidade. Heteronormativi dade. Ensino de Geografia. |
Fonte: Organização dos autores (2020)
Os dados corroboram o que Silva et al. (2013) já haviam identificado: uma forte produção científica que se localiza fora dos centros mais tradicionais do País. E no levantamento ora apresentado, o destaque é para as seguintes IES: Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Universidade Federal de Goiás (UFG), UFG – Campus Catalão[3] e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Os resultados da busca apontam importantes articulações teóricas nas pesquisas localizadas, como: as espacialidades e trajetórias das/os sujeitas/os inseridas/os no processo educativo; o espaço escolar e os discursos produzidos relacionados a essa temática; as concepções de gênero e de sexualidade de professoras/es deste componente curricular; gênero no livro didático de Geografia; a formação de professoras/es e o trabalho docente.
Apesar da quantidade de investigações localizadas − 11 dissertações e uma tese, têm-se discussões em relação às abordagens mencionadas que poderiam ser, em certa medida, discutidas em cursos de formação inicial ou continuada. Neste artigo, se apresenta em linhas gerais apenas três dos trabalhos mencionados no Quadro 1: dois referentes às primeiras pesquisas encontradas e o trabalho mais recente, como um modo de exemplificar o tratamento relacionado ao tema nas pesquisas geográficas, destacando o ensino e a educação geográfica.
A dissertação de Souza (2007), intitulada ‘Corpos negros femininos em movimento: trajetórias socioespaciais de professoras negras em escolas públicas’, traz, para a análise geográfica, importantes reflexões a respeito das professoras negras na cidade de Goiânia ao articular as categorias de gênero, raça e as trajetórias socioespaciais. Nas palavras da autora, o trabalho “visou considerar mulheres negras no ofício de professoras na sua maneira de conceber o espaço, suas relações com a cidade, com as pessoas próximas, no trabalho ou na vida pessoal” (SOUZA, 2007, p. 115), reverberando na construção da identidade de cada uma.
Buscar as articulações das categorias citadas é fundamental para o entendimento das práticas espaciais cotidianas das/dos sujeitas/os e, nesse sentido, como uma forma de potencializar o processo formativo com elementos para auxiliar a prática pedagógica de docentes deste componente curricular na Educação Básica. Aspecto já apontado por Christan e Souza (2020) sobre estas práticas se constituírem como uma dimensão de conhecimento geográfico de professoras/es e que podem e devem ser trabalhadas pedagogicamente em sala de aula.
Os estudos que apontam as concepções de gênero e de sexualidade de professoras/es e as representações de gênero no ensino de Geografia empreendidos por Faria (2018) e Medeiros (2008) são também importantes, pois situam a necessidade do debate da temática nos processos formativos. Apreender esses aspectos é fundamental para se perceber os entraves a respeito da inserção da temática no ensino. Nesta perspectiva, e considerando a complexidade do ensinar e aprender este componente curricular,
as especificidades quanto às relações de gênero e de sexualidade precisam ser ressaltadas, visto que são temas considerados tabus na sociedade atual. Pensar sobre a maneira como se ensina e a construção de sentidos aos conteúdos escolares e sua apreensão no cotidiano da vida dos/as estudantes são elementos a ser avaliados para tal finalidade (FARIA, 2018, p. 117).
A partir desses apontamentos, constatou-se que a abordagem de gênero em sua relação com o ensino de Geografia, a escola e a profissão docente é recente, remontando à primeira década do século XXI, e que as pesquisas que estão em desenvolvimento se configuram como um desafio posto. Dentre elas, ressalta-se a tese de Tonini (2002) a respeito das identidades capturadas nos livros didáticos de Geografia considerando as questões referentes ao gênero, defendida no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nas palavras da autora:
Observo que as identidades que circulam nos livros didáticos têm sido produzidas, recorrentemente, por uma política de localização que tende a posicioná-las com significados cristalizados e essenciais no transcorrer dos textos. Tal constatação me permite perceber uma demarcação de fronteiras entre as identidades, possibilitando que elas sejam classificadas em oposições binárias [...] (TONINI, 2002, p. 31).
Os elementos apontados por essa autora a respeito desta abordagem nos livros didáticos são: o predomínio de um discurso masculino; a identidade das mulheres relacionada a partir da diferença sexual; a percepção de uma sexualização dos espaços; a mulher aparecendo para legitimação de dados estatísticos, principalmente relacionados aos estudos populacionais; definição de profissões que são consideradas predominantemente femininas; e, ainda, o estabelecimento de um padrão feminino calcado na sociedade ocidental (TONINI, 2002). Aspectos esses que ainda são encontrados nos livros didáticos deste componente curricular.
Trazer o trabalho de Tonini (2002) para se pensar na formação inicial de professoras/es decorre da necessidade de questionar esses recursos didáticos tão comuns nas salas de aula. Visa refletir acerca do discurso apresentado, das imagens utilizadas como ilustração de determinadas temáticas, da concepção de Geografia das/os autoras/es, como as questões de gênero são abordadas e, não menos importante, propiciar que professoras/es em processo formativo tenham, por meio de conhecimentos elaborados ao longo do processo, autonomia no uso desses recursos em sala da aula.
Indicar que há uma relação estabelecida no espaço escolar referente às questões de gênero, que culminaram na realização de pesquisas mencionadas, significa dar um passo no entendimento de que existem possibilidades outras para se considerar esta abordagem para além do que foi identificado por Tonini (2002), por exemplo. É ter o entendimento de que, apesar de ainda pequenas, estas produções podem ser significativas para se pensar as relações de gênero em suas espacialidades e que, de algum modo, possam reverberar no ensino de Geografia nas escolas.
4 A ABORDAGEM DE GÊNERO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS: ELEMENTOS PARA UM DEBATE
As discussões empreendidas até o momento, a respeito da abordagem de gênero na ciência geográfica, visam subsidiar possíveis insurgências e, até mesmo, novas necessidades para o processo formativo de professores/as. Isto porque, ao considerar as assertivas de Roldão (2007) e Marcelo (2009), bem como o levantamento das teses e dissertações ora descrito, observa-se que a profissão docente se distingue por ser exercida por um grupo de pessoas que possui saberes/conhecimentos específicos com o objetivo de ensinar.
No caso de professoras/es de Geografia, acrescenta-se ainda a relação necessária entre os conhecimentos específicos da ciência e os conhecimentos didático-pedagógicos importantes para a atuação em sala de aula. Portanto, ao se pensar em uma abordagem de gênero em sua relação com a Geografia para o ensino na Educação Básica, que tensiona o que comumente é tratado no ensino − algo já apontado por Tonini (2002) em relação aos livros didáticos −, há que se considerar alguns limites ainda relacionados às discussões em âmbito acadêmico.
Monk (2011) discute aspectos importantes acerca do gênero na Geografia, considerando os aspectos organizacionais das IES, do ensino e das conexões necessárias com a comunidade e com os movimentos sociais fora das IES. São aspectos que se relacionam, principalmente, no que se refere ao estabelecimento dessas discussões no processo formativo. Assim, a autora apresenta uma série de questões que visam provocar inquietações ao se pensar a respeito de qual nível de ensino quando se fala em abordar essa temática na sala de aula: quais decisões devem ser tomadas para esse fim? Que influências do contexto participam fortemente dessa temática? Que apoios e resistências podem existir na efetivação do tema em sala de aula? Quais as estratégias pedagógicas necessárias a serem utilizadas? Além de ter sempre em mente a questão da diversidade de estudantes na escola/universidade, entre outras.
Entende-se que os questionamentos postos pelas Geografias Feministas a respeito desta abordagem na ciência geográfica são necessários, principalmente quando apontam as pluralidades de enfoque, bem como das/dos sujeitas/os em suas espacialidades. Isto porque se vislumbra possibilidades a mais que aquelas comumente associadas ao se tratar da temática, principalmente no ensino deste componente curricular.
Para tanto, a problematização dos currículos que orientam o processo formativo dos cursos de Geografia é relevante. Silva (2009b), em suas argumentações quanto à impermeabilidade do gênero nesta ciência, considerando o Brasil, aponta alguns aspectos encontrados nas ementas das disciplinas dos cursos por ela analisados. Ela afirma que
os planos curriculares da geografia brasileira não refletem a verdade socioespacial, porque realizam um tratamento unívoco e pretensamente neutro do espaço, potencializando o padrão masculino, tanto no privilégio de abordagens temáticas como no referencial teórico indicado (SILVA, 2009b, p. 74).
Em estudos posteriores, Faria e Ratts (2017) trazem outros apontamentos a respeito dos temas de gênero e sexualidade no currículo de cursos de graduação em Geografia na formação inicial de professoras/es. Nesse trabalho, os autores apresentam um quadro com as disciplinas e suas ementas ofertadas em algumas universidades: Geografia, sujeito e cultura (Universidade Federal de Goiás – Goiânia); Gênero e práticas socioespaciais (Universidade Federal de Goiás – Catalão); Geografia e diversidades: gênero, sexualidade e raça/etnia e, Geografia urbana II (Universidade Estadual de Ponta Grossa); Geografia e gênero (Universidade Federal de Rondônia); Didática e prática docente em Geografia II (Universidade Estadual de Goiás – Itapuranga); Diversidade, cidadania e direitos (Universidade Estadual de Goiás – Quirinópolis); e Geografia cultural (Universidade Estadual de Goiás – Anápolis e Pires do Rio) (FARIA; RATTS, 2017).
Ao verificar as disciplinas e as universidades indicadas pelos autores e confrontando-as com os dados do Quadro 1, nota-se uma correspondência entre as pesquisas realizadas com as IES citadas, configurando-se enquanto lócus importantes para a produção de conhecimentos a respeito desta temática na Geografia. Contudo, mesmo se considerando essa presença, ainda há um longo percurso a se trilhar e, também, uma luta política para que as discussões cheguem a outros espaços e a outras disciplinas curriculares relacionadas ao ensino e à educação para a formação de professoras/es.
É pertinente também citar duas políticas públicas implementadas ao longo dos anos, que visam, de alguma forma, a inserção das discussões de gênero e sexualidade nas escolas: o Parâmetro Curricular Nacional – Orientação Sexual, de 1998; e o curso Gênero e Diversidade na Escola: Formação de Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e Relações Étnico-raciais, de 2009. Essas indicações reforçam a importância da temática para a educação brasileira nos períodos indicados e que, de alguma maneira, poderiam permear os conhecimentos necessários das/dos profissionais em formação. Considera-se que um dos conhecimentos relevantes na formação do/da professor/a diz respeito aos documentos legais e suas implicações para o exercício da docência em sala de aula, o que, consequentemente, reverbera no ensino de Geografia na Educação Básica.
A partir dos elementos apresentados, entende-se que o contexto de formação de professoras/es de Geografia, considerando a abordagem de gênero em suas espacialidades, ainda representa um desafio. Também é necessário enfatizar a importância de entendimentos acerca dos conhecimentos da ciência geográfica e dos conhecimentos didático-pedagógicos que, em sua articulação com os conteúdos selecionados, são fundamentais para o ensino deste componente curricular na Educação Básica. Aspectos esses já apontados por Cavalcanti (2012, 2019), Copatti (2019), entre outros.
Entende-se, portanto, que a inserção da temática das relações de gênero no processo de formação inicial de professoras/es, levando-se em conta as provocações oriundas das Geografias Feministas, pode possibilitar outros tratamentos didáticos nos conteúdos de ensino. Conteúdos esses já identificados por Faria (2018) quando de sua pesquisa acerca das concepções de gênero e sexualidade de professoras/es de Geografia, dentre os quais se destacam: a) população, a partir das taxas demográficas então discutidas em sala de aula; b) desigualdade de gênero no País; c) violência; d) feminicídio e abusos; dentre outros.
Compreende-se, assim, que as discussões sobre gênero na escola podem contribuir para que todas/os entendam que as diversas relações estabelecidas com os lugares são permeadas por relações de gênero, com reflexos em suas práticas socioespaciais, uma vez que
A materialização dessas práticas que se realizam num movimento entre as pessoas e os espaços vai-se tornando cada vez mais complexa, e sua compreensão cada vez mais difícil, o que requer referências conceituais sistematizadas para além de suas referências espaciais cotidianas, carregadas de sentidos, de histórias, de imagens, de representações (CAVALCANTI, 2012, p. 36).
Contudo, é necessário que os momentos formativos para as/os professoras/es forneçam conhecimentos teórico-metodológicos e elementos conceituais que possibilitem um entendimento acerca das relações de gênero e das práticas socioespaciais, culminando no tratamento didático dos conteúdos de ensino. Ainda não há um caminho claro em relação a esse aspecto, uma vez que as pesquisas neste sentido ainda são recentes.
Entende-se que a discussão ora proposta é complexa e não se esgota neste artigo. O que se pretendeu foi apontar a existência e a pertinência da abordagem de gênero na ciência geográfica na formação inicial e continuada de professoras/es, a partir das interpelações das Geografias Feministas, que visem superar concepções e entendimentos ainda muito comuns no ensino quanto a esta temática. Neste sentido, reforça-se mais uma vez os aspectos identificados por Tonini (2002) quando de sua investigação a respeito das identidades capturadas nos livros didáticos de Geografia referentes a gênero.
Essas interpelações jogam luz em outros questionamentos que são indispensáveis ao se trazer as questões de gênero para a ciência geográfica, principalmente aqueles referentes ao seu status epistemológico. Assim como os questionamentos quanto à base eurocêntrica que constitui esta ciência, ao seu apego à materialidade do espaço e, ainda, ao sujeito genérico e universal que ainda permeiam o discurso geográfico, de modo a fornecer outros aportes teórico-metodológicos que contribuirão para refletir acerca da prática docente e da abordagem de gênero em sala de aula. São revisões importantes, que devem ser realizadas para auxiliar e fundamentar novos estudos e novas análises abordando as relações de gênero e os fenômenos espaciais.
Nesta perspectiva, é possível a instrumentalização de professoras/es em formação no entendimento de práticas espaciais diversas como meio para o ensino deste componente curricular. Compreende-se, desta maneira, que os tensionamentos são necessários para ampliar a leitura e a análise geográfica de mundo, de modo que considerem as espacialidades das/os diferentes sujeitas/os e que, consequentemente, reverberem no ensino de Geografia na Educação Básica, interrogando conteúdos, materiais didáticos e projetos diversos que estão nas escolas de todo o País.
Aliado a isso, ao se ter o entendimento de que o espaço escolar é atravessado pelas relações de gênero, reconhece-se o caminho produtivo para a proposição de estudos, momentos formativos e pesquisas a respeito do assunto como uma maneira de produzir e de elaborar conhecimentos que contribuam para a prática da/do docente em sala de aula. A apresentação de algumas pesquisas e estudos realizados, ainda que timidamente na ciência geográfica e que se relacionam com a linha de ensino e aprendizagem, pode proporcionar um olhar para outros caminhos e possibilidades que podem ser trilhados pelos cursos de formação de professoras/es – aqui, levando-se em consideração tanto a formação inicial quanto a continuada. Assim, espera-se que a discussão ora proposta se torne uma provocação quanto ao estabelecimento, no campo de estudos de ensino de Geografia, de elaborações teóricas e metodológicas para que as/os docentes em formação e formadas/os possam vislumbrar outras alternativas para a abordagem de gênero neste componente curricular.
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1 – Juliana Mendes de Morais (Autor Correspondente)
Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Goiás
https://orcid.org/0000-0002-8537-8568 • jmmorais@tutanota.com
Contribuição: Escrita – Primeira redação, revisão e edição
2 – Vanilton Camilo de Souza
Doutor em Geografia, Professor Associado do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás
https://orcid.org/0000-0003-2503-0997 • souzavanilton@gmail.com
Contribuição: Escrita – Primeira redação e revisão
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[1] Optou-se por utilizar o feminino e o masculino de algumas palavras enquanto demarcação de um posicionamento não excludente e nem universalista, conforme justificado por Grada Kilomba (2019, p. 14), em seu livro Memórias da Plantação, pois a língua “tem também uma dimensão política de criar, fixar e perpetuar relações de poder e de violência, pois cada palavra que usamos define o lugar de uma identidade”.
[2] Aqui sugere-se a leitura dos trabalhos de Garcia Ramón (1989), Monk e Hanson (2016) e Silva et al. (2013), que apresentam um panorama a respeito das pesquisas e dos estudos a respeito da abordagem de gênero na ciência geográfica.
[3] Atualmente esta unidade se denomina Universidade Federal de Catalão (UFCAT).