Universidade Federal de Santa Maria

Geografia, Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 26, e16, 2022

DOI: 10.5902/2236499465666

ISSN 2236-4994

Submissão: 06/05/2021 Aprovação: 20/06/2022 Publicação: 14/10/2022

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.. 3

2 O TURISMO E A GEOGRAFIA E SUAS INTER-RELAÇÕES COM A EDUCAÇÃO.. 5

3 CONCEITOS ACERCA DO TRABALHO DE CAMPO, AULA PASSEIO E TURISMO PEDAGÓGICO.. 10

4 PROPOSTA DE TURISMO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA EM CORNÉLIO PROCÓPIO - PR   16

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS. 30

REFERÊNCIAS. 32

CONTRIBUIÇÕES DE AUTORIA.. 34

COMO CITAR ESTE ARTIGO.. 34

Ensino e Geografia

O ensino de geografia por meio do turismo pedagógico: uma proposta para Cornélio Procópio - PR

The teaching of geography by pedagogical tourism: a proposal for the municipality of Cornélio Procópio - PR

César Augusto de LimaIÍcone

Descrição gerada automaticamente

Vanessa Maria LudkaIÍcone

Descrição gerada automaticamente

IUniversidade Estadual do Norte do Paraná, Cornélio Procópio, PR, Brasil

RESUMO

O turismo pedagógico pode ser utilizado como uma metodologia para o ensino da Geografia, utilizando atrativos turísticos relevantes no contexto histórico e cultural de uma cidade. O objetivo desta pesquisa é apresentar uma proposta metodológica para o ensino de Geografia por meio do turismo pedagógico em Cornélio Procópio-PR. Metodologicamente esta pesquisa foi realizada por meio de leituras e levantamentos bibliográficos de autores que discutem a relação do turismo com a educação, como Ferretti (2002), Hora e Cavalcanti (2003) e Castro (2006), além da obtenção de dados em sites públicos e da realização de pesquisa de campo. Os resultados desta pesquisa permitem discutir os principais atrativos turísticos de Cornélio Procópio, dentro de uma nova perspectiva no ensino de Geografia, a qual possibilitou uma proposta para a realização do turismo pedagógico.

Palavras-chave: Ensino de Geografia; Turismo e educação; Turismo pedagógico

ABSTRACT

Pedagogical tourism can be used as a methodology for teaching Geography, using tourist attractions relevant in the historical and cultural context of a city. The objective of this research is to present a methodological proposal for teaching Geography through pedagogical tourism in the city of Cornélio Procópio-PR. Methodologically this research was carried out through readings and bibliographical surveys by authors who discuss the relationship between tourism and education such as Ferretti (2002), Hora and Cavalcanti (2003) and Castro (2006), in addition data collection from public websites and field survey. The results of this research allow to discuss the main tourist attractions of Cornélio Procópio, within a new perspective in the teaching of Geography, which made possible a proposal for the accomplishment of pedagogical tourism.

Keywords: Geography teaching; Tourism and education; Pedagogical tourism

1 introdução

O turismo pedagógico surge como uma nova maneira de ensinar a Geografia de forma atrativa e lúdica. A prática do turismo pedagógico permite abordar os conceitos específicos de cada atrativo turístico a ser proposto neste trabalho. A Geografia e o turismo pedagógico apresentam-se como uma nova alternativa de construção do conhecimento geográfico, dando uma nova abordagem aos fenômenos sociais, políticos, econômicos, entre outros principais da atualidade.

O objetivo desta pesquisa é apresentar uma proposta metodológica para o ensino de Geografia por meio do turismo pedagógico em Cornélio Procópio-PR, pois o município possui vários atrativos turísticos que podem ser utilizados pelo professor de Geografia, o qual juntamente com seus alunos pode discutir, refletir, analisar, observar todos os elementos possíveis destes espaços, que podem ser relacionados com a ciência geográfica, e abordar conceitos importantes para colaborar com a construção do conhecimento dos alunos, por meio da exploração pedagógica destes atrativos turísticos.

Metodologicamente, esta pesquisa foi elaborada com a utilização de leituras pautadas em Ferreti (2002), Hora e Cavalcanti (2003) e Castro (2006), além de outros autores, no qual foi realizada a leitura de artigos científicos, monografias, dissertações e teses. Realizou-se também a coleta de dados em sites públicos, como a Prefeitura Municipal de Cornélio Procópio e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); além da pesquisa de campo para o registro fotográfico dos atrativos turísticos, bem como de sua localização para a elaboração do roteiro de atividades.

Este artigo está estruturado em três partes, no qual, na primeira parte discute-se a relação do turismo com a Geografia e suas inter-relações com a Educação, destacando a relevância no processo educativo. Na segunda parte, relaciona-se a diferença entre os conceitos de aula passeio, trabalho de campo e turismo pedagógico, com o intuito de fazer uma diferenciação entre eles. E, por fim, na terceira parte apresenta-seuma proposta para a realização de um roteiro de turismo pedagógico em Cornélio Procópio (PR), destacando os principais atrativos turísticos e suas devidas possibilidades de abordagem pedagógica. Nesse contexto, o artigo apresenta dez atrativos turísticos de Cornélio Procópio, juntamente com os dados e imagens de cada espaço, bem como as propostas que cada atrativo possibilita para uma abordagem pedagógica. E, por fim, as considerações finais, em que se destaca a relevância da proposta em trazer uma nova abordagem do ensino da Geografia aos alunos das escolas públicas e privadas. A pesquisa, traz informações relevantes sobre os atrativos turísticos dentro de uma abordagem pedagógica, com a apresentação de novas formas de ensino por meio do turismo pedagógico, com o intuito de tornar as aulas de Geografia mais práticas, e contribuir no processo de ensino aprendizagem.

2 O TURISMO E A GEOGRAFIA E SUAS INTER-RELAÇÕES COM A EDUCAÇÃO

Neste primeiro momento, apresentam-se algumas discussões sobre os três principais conceitos que norteiam este artigo, a Geografia, a Geografia do Turismo, o turismo e a educação. Fazer a discussão entre os quatro conceitos é importante para melhor compreender a finalidade da proposta pretendida. O processo educativo aliado ao turismo, se torna uma perspectiva promissora para a elaboração de aulas de Geografia mais ricas em conhecimento, que pode ser vivenciado durante a realização do turismo pedagógico.

A Geografia, por se tratar de uma ciência dinâmica e motivadora, também se faz presente entre os estudos ligados ao turismo enquanto prática social e econômica. Diante disso, segundo Ludka (2012), a Geografia do Turismo não se limita apenas ao fenômeno do turismo em si, mas vai além, o qual abrange uma dimensão socioespacial do papel social do turismo, se fazendo relevante para ser como objeto de estudo para outras ciências.

Isso destaca que a Geografia está relacionada com as atividades do turismo, de modo que possa se apropriar desse fenômeno por se tratar de um mercado que está em constante crescimento econômico e, cada vez mais, vem sendo praticado por diversos motivos, que a Geografia enquanto ciência social também se preocupa em estudar. Essa relação entre Geografia e o turismo pode ser melhor compreendida por meio da parte da ciência geográfica que se dedica ao estudo do turismo, ou seja, a Geografia do Turismo, onde se destaca:

[...] Podemos dizer que a geografia do turismo serve para alimentar e irrigar a reflexão na Geografia. O contrário também é válido – é necessário aprofundar-se na reflexão geográfica para entender o fenômeno no turismo, comtemplando sua natureza complexa e multifacetada, percorrendo os campos econômico, sociológico, antropológico, psicológico, cultural, político, jurídico, ideológico com significativas incidências espaciais (RODRIGUES, 2001, p. 95). 

O turismo é uma das atividades da atualidade mais abrangente e que está em constante crescimento, criando segmentos do setor turístico. Dentro da perspectiva do turismo, segundo Ferretti (2002, p. 131), “o turismo é uma conjugação de diversos fatores sociais, econômicos, políticos, ideológicos, culturais, técnicos-científicos e ambientais. É um fenômeno complexo, dinamizando vários setores produtivos nos mais diferentes locais do nosso Planeta”. O turismo envolve atividades que tem relação direta com a economia, questões políticas, elementos culturais etc.

O passeio turístico surge como um novo caminho para contribuir com a formação educativa de crianças e adolescentes em seu processo de ensino-aprendizagem. A viagem torna-se um interessante caminho de construção do saber e desenvolve o senso crítico dos participantes.

A ideia da viagem como recurso para o ensino, aliás, encontra amparo dentro de algumas correntes pedagógicas, principalmente as que sofrem influência dos princípios de Célestin Freinet. Vale destacar que as técnicas de Freinet, em especial a aula passeio, ou aula das descobertas, são identificadas como um elo entre a pedagogia e o turismo, sobretudo se essa ligação for interpretada sob o prisma da animação, conferindo ao turismo pedagógico o status de “aula com animação” (HORA; CAVALCANTI, 2003, p. 223).

Dentro da perspectiva do turismo relacionado com a educação e a Geografia no processo educativo, vale destacar que a ideia de relacionar o turismo com o ensino não se trata da criação de uma nova disciplina escolar com a temática do turismo para ser ensinada nas escolas. Mas, tornar possível uma conscientização da possibilidade de atividades compartilhadas de várias disciplinas escolares em uma mesma atividade.

Conforme afirma Ferretti (2002, p. 133):

A ideia defendida pela maioria dos profissionais de turismo não é a implantação de uma disciplina, mas sim a disciplinarização da consciência por meio de programas específicos ou de conteúdos programáticos trabalhados nas outras disciplinas, tendo a Geografia como a principal delas.

A Geografia, por se tratar de uma disciplina dinâmica e investigadora, permite que conteúdos possam ser abordados de maneira mais prática, sendo as atividades de campo uma possibilidade para evidenciar os fenômenos sociais, culturais, econômicos em sua realidade.

É importante destacar que o principal objetivo do turismo aliado ao ensino é ser uma prática inovadora, que traz a possibilidade da junção do ensino teórico e sua aplicação na prática, sendo uma descoberta de conhecimentos empolgantes para o aluno e propiciando alternativas de interações com novos elementos, como espaços, pessoas, culturas, aspectos sociais, entre outros.

Essas condições criam novos horizontes de percepção ao aluno e contribui para o seu desenvolvimento intelectual, por meio do contato com a diversidade em seus aspectos variados. Igualmente, estimula a descoberta de novas possibilidades, e desenvolve uma análise construtiva dos fenômenos ao seu redor. Vale destacar que:

O turismo empregado para o estudo do meio é considerado um método de ensino, como foi a experiência de estudar uma cidade com sua história baseada na imigração italiana e que mantém festas típicas, costumes e hábitos dos primeiros imigrantes. Tal método é uma maneira de professores e alunos interagirem no meio, transformando a viagem em conhecimento. Dessa forma, o turismo apresenta-se como um rico instrumento a ser empregado no ensino para diversificar a educação tradicional, construindo o conhecimento também com a prática (saídas de campo) (RIBAS, 2002, p. 12). 

Ainda no que diz respeito a trabalhar o turismo com a educação, segundo Ferretti (2002), não se pode deixar de considerar que o apelo do consumismo não prevaleça nas atividades educativas realizadas a princípio com cunho pedagógico, pois a Geografia tem o papel de formar futuros membros da sociedade com pensamento crítico e analítico social, dos fenômenos atuais, possibilitando que os alunos possam ter a capacidade de interpretar o fenômeno do turismo com um olhar geográfico crítico. Dentro desta discussão, se faz relevante destacar a seguinte citação:

Devem ser problematizadas as culturas pautadas no consumo e no desperdício dos recursos materiais e naturais e empreendidos esforços, tendo como pauta a construção de valores e vivências de uma postura turística ecologizada. Queremos dizer com isso, que uma educação turística não pode estar desvinculada da análise e da crítica dos conflitos e contradições socioambientais contemporâneos e de outras questões que perpassam, hoje, a escolarização da sociedade (CASTRO, 2006, p. 237).

A perspectiva de ensinar em novos ambientes, como espaços públicos ou atrativos turísticos, possibilita uma interação pedagógica, sendo que cabe ao professor de Geografia sensibilizar o aluno a observar os pontos negativos e positivos dos recursos disponíveis, e assim formar cidadãos críticos. A educação, como agente no turismo, deve mostrar uma nova maneira de problematizar os valores pautados no consumismo, que na maioria são nocivos aos recursos naturais existentes.

A educação deve buscar novas alternativas de ensinar de forma mais transparente, trazendo novas possibilidades de práticas de ensino e experimentando o turismo pedagógico como uma nova modalidade de ensino, sendo uma forma inovadora de instigar o aluno para perceber os fenômenos a sua volta. Diante dessa falta de agentes inovadores no campo da atuação educacional, vale destacar que:

Muito se tem debatido quanto à necessidade de mudanças urgentes no setor educativo. Como nos demais setores, deve-se abandonar formas de ensino que não desenvolvam a consciência crítica. A tendência é para que o ensino seja trabalhado de forma integrada, onde as disciplinas se complementem. Várias disciplinas possuem conteúdos interligados com o turismo, podendo a Geografia contribuir imensamente para um entendimento mais amplo das repercussões espaciais deste setor produtivo (FERRETTI, 2002, p. 134).

A ação de aliar o turismo com a educação, surge como uma ferramenta necessária para impulsionar novos avanços no processo de ensino nas aulas de Geografia, e de demais disciplinas escolares. As viagens pedagógicas possibilitam aos alunos uma conscientização dos fenômenos do turismo, além de incentivar a formação do senso crítico sobre os aspectos históricos, culturais e políticos da cidade ou região de sua vivência. É necessário fazer uma ponte entre a prática do turismo e a educação, de maneira sólida, com base em princípios educacionais:

Esse conceito serve como ponto de partida para que outras considerações possam ser tecidas acerca do turismo pedagógico. Seu nome sugere uma atividade turística que esteja ligada de alguma forma com o ensino e/ou a pedagogia. Definida como a teoria da educação e da instrução, a pedagogia estuda os processos e as técnicas para um alcance mais eficiente dos ideais da educação. Nesse sentido, pode-se entender o turismo pedagógico como uma atividade que mescla ensino e turismo, apropriando-se de alguns de seus elementos, essencialmente à viagem (HORA; CAVALCANTI, 2003, p. 224).

Diante dessa perspectiva, se faz relevante levar em consideração toda a questão pedagógica por traz da viagem educativa, usufruindo dos recursos disponíveis para a realização da viagem enquanto ferramenta de aprendizagem, dando ao professor de Geografia, e de outras disciplinas, novas perspectivas de ensino. Isso estabelece relações interessantes entre o turismo, a Geografia e a Educação, como três grandes áreas de conhecimento, que podem ser trabalhadas em conjunto.

3 CONCEITOS ACERCA DO TRABALHO DE CAMPO, AULA PASSEIO E TURISMO PEDAGÓGICO

É necessário fazer uma abordagem teórica sobre os conceitos de aula passeio, trabalho de campo e turismo pedagógico, e relacionar a aplicabilidade deles no campo do ensino de Geografia. Dentro desta discussão, vale destacar algumas considerações para diferenciar esses conceitos.

O trabalho de campo é considerado uma atividade extraclasse, ou seja, realizada geralmente fora da sala de aula, onde os alunos entram em contato com elementos externos da escola. Destaca-se a seguir, a seguinte citação, no qual diz que:

O trabalho de campo, para não ser somente um empirismo, deve articular-se à formação teórica que é, ela também é indispensável. Saber pensar o espaço não é colocar somente os problemas no quadro local: é também articulá-los, eficazmente, aos fenômenos que se desenvolvem sobre extensões muito mais amplas (LACOSTE, 1985, p. 20).

O trabalho de campo se apresenta como uma forma de articulação teórica que amplifica alguns fenômenos locais, relacionando com problemas mais amplos, utilizando esses fenômenos para ser articulados. Segundo a definição de Lacoste (1985), o trabalho de campo deve ser defendido não apenas pelos acontecimentos no contexto da vivência no espaço, mas deve-se ser atrelado a essa experiência uma base teórica como forma de consolidar a aprendizagem do aluno, não apenas por intermédio da viagem em si, mas ter referencias teóricas ligadas ao contexto que será visitado e analisado.

Essa perspectiva mostra a característica principal do trabalho de campo, que é uma atividade fora de sala de aula, aliada com o empirismo de um novo espaço geográfico que será analisado pelos alunos com a orientação do professor, mas que essa experiência vivenciada terá como princípio conteúdos teóricos que deveram ser trabalhados em sala de aula, e sua explanação durante a realização do trabalho de campo, sendo que essa metodologia torna possível o entendimento da teoria ao ser observada na prática.

Vale destacar também o conceito de aula passeio, sendo uma outra prática educativa que pode ser aplicada pelo professor de Geografia. O autor Freinet (1998) é um dos mais reconhecidos sobre o tema da aula passeio, e segundo uma de suas percepções:

A classe-passeio foi para mim a tábua da salvação. Em vez de cochilar diante de um quadro de leitura do reinício das aulas à tarde, saíamos para o campo que circundava a aldeia [...]. Já não examinávamos escolarmente as flores e os insetos, as pedras e os riachos à nossa volta. Nós os sentíamos com todo o nosso ser, e não só objetivamente, mas com toda a nossa sensibilidade [...] (FREINET, 1998, p. 27).

O autor destaca que a aula passeio é a retirada dos alunos da sala de aula, promovendo um passeio com os alunos nas localidades da escola, esse passeio é uma alternativa de explorar o bairro, uma praça próxima, ou até mesmo no próprio pátio da escola, fazendo uma relação dos conteúdos abordados dentro da sala de aula com o espaço geográfico local.

Mas, esse passeio pode ser realizado de forma mais livre, sem ter a necessidade de elaborar um roteiro pedagógico mais detalhado, justamente por propor um passeio nas proximidades da própria escola, e estimular os alunos a conhecer a cidade e o bairro onde está inserido. Estes critérios devem ser levados em consideração na hora de aplicá-los na disciplina de Geografia, ou nas demais disciplinas juntamente com os alunos. Vale salientar que o turismo pedagógico é uma modalidade do turismo, que vem sendo desenvolvida no setor da educação. O trabalho de campo e a aula passeio podem ser classificadas como atividades diferentes.

Com relação ao turismo pedagógico, vale destacar que ele propicia que o aluno possa adquirir conhecimento por meio de uma ferramenta prazerosa que são as viagens. Evidencia que o turismo pedagógico consiste em viagens extraclasses, no qual a principal meta é a realização de prática turística por meio das escolas.

A prática do turismo pedagógico é antiga e teve seu início na Europa, no qual, segundo Andrade (2000), nos séculos XVIII e XIX as famílias nobres enviavam seus filhos para estudarem nos grandes centros culturais da Europa, acompanhados de seus ilustres preceptores. O grand-tour, sob o imponente e respeitável rótulo de viagens de estudos.

Desde o início, o turismo pedagógico era praticado como viagens escolares, com status social de relevância na época. A relevância do turismo aliado ao ensino fica clara, pois todas as disciplinas podem trabalhar o turismo pedagógico em seus conteúdos, uma vez que o turismo é uma atividade abrangente que está em constante crescimento. Rodrigues (1997) salienta que o corpo de docentes qualificados em diversas áreas do conhecimento pode perfeitamente trabalhar em todas as disciplinas na medida do possível, os temas relativos ao turismo, em um esforço conjunto que acreditamos ser viável e muito mais produtivo.

O grand-tour evidencia a ideia de unir a atividade de viajar, conhecer, visitar lugares, ao ato de ensinar por meio de viagens de passeio. Esse é seu principal aspecto que faz do turismo pedagógico algo prazeroso e transformador.

Essa modalidade de ensinar utilizando uma atividade a princípio com viés econômico, faz do turismo pedagógico algo pouco explorado, mas que possui sua singularidade. Diante disso, Ribas (2002) destaca que, o principal objetivo do turismo é transformar lugares visitados em produtos com o objetivo de torná-los comerciáveis, já o turismo pedagógico não tem esse foco, pois é utilizado pelas escolas como ferramentas de práticas educativas.

Ainda vale destacar que a questão educativa é a sua principal diferenciação, mas não perde as características do turismo, como a elaboração de um roteiro, a possibilidade de hospedagem em hotéis e pousadas, custos com transporte, consumo de alimentos, e outros fatores de consumo, mas terá como eixo principal a utilização dos atrativos turísticos a serem visitados, para a difusão do conhecimento educativo. A viagem pedagógica:

[...] é justamente a capacidade de promover o desenvolvimento humano, social e educacional, que baliza a utilização do turismo como atividade que serve ao ensino. Nesse sentido, pode-se pensar numa nova concepção de turismo que amplia o espaço de celebração de consumo turístico em espaço de educação extraclasse, contribuindo, dessa forma, para a realização de uma grande meta: a pedagógica e, como consequência, a efetivação do turismo pedagógico [...] (HORA; CAVALCANTI, 2003, p. 208).

Dessa forma, faz-se necessário trazer um quadro conceitual (Quadro 1) com citações de autores definindo os três conceitos para melhor compreensão pois os termos são passíveis de serem confundidos, por conta de suas similaridades na aplicação deles. Deixar claro a definição de cada conceito favorece o entendimento de cada aplicabilidade pedagógica.

Quadro 1 – Definição de conceitos sobre aula passeio, trabalho de campo e turismo pedagógico

Conceito

Definição

Aula Passeio

Segundo Oliveira et al. (2017), a aula passeio é uma atividade realizada fora do ambiente da sala de aula, em que o principal objetivo é explorar a curiosidade espontânea dos alunos, salientando a relevância do espaço onde a escola está inserida.

Trabalho de Campo

Segundo Tomita (1999), o trabalho de campo consiste na aproximação do conteúdo teórico com a prática, sendo uma atividade que requer um planejamento técnico e objetivo na condução de sua realização.

Turismo Pedagógico

Segundo Beni (2002), o turismo pedagógico consiste na organização de viagens culturais, com o acompanhamento de professores, com o objetivo de visitas e aulas em pontos históricos ou de relevância para o desenvolvimento intelectual do aluno.

Fonte: Organização do autor (2020)

Diante das definições apresentadas, o presente artigo objetiva abordar o conceito de turismo pedagógico e apresentar uma proposta para a realização dele em Cornélio Procópio (PR).

O trabalho de campo e a aula passeio são atividades extraclasse utilizadas por docentes no ambiente escolar e cada autor traz definições diferentes para cada termo. No que diz respeito ao turismo pedagógico, percebe-se um olhar econômico em seu contexto geral. Por mais que os conceitos possam parecer ter a mesma finalidade, pode-se ver que suas aplicabilidades se diferem, mais podem conter o mesmo objetivo que é a aprendizagem do aluno.

O turismo pedagógico se fez como nova modalidade de turismo, que ainda está ganhando espaço no Brasil. Com relação ao turismo, pode-se salientar que é uma atividade humana que permeia por séculos a história do homem contemporâneo, e tem a possibilidade de modificar o espaço. Segundo Ludka (2012), o turismo é uma prática da sociedade, que vem sendo modificada com o passar do tempo histórico, possibilitando novas definições que na verdade são tentativas de formar novos conceitos sobre algo que antes era impensável.

No turismo pedagógico, não se trata apenas de uma educação de turista, mas uma educação embasada em conteúdos teóricos trabalhados antes em sala de aula, e sua elaboração requer elementos mais formais para abordar os conteúdos em cada lugar adequado.

O turismo pedagógico propicia que o aluno possa adquirir conhecimento por meio de uma ferramenta prazerosa que são as viagens. Dentro da perspectiva das viagens, Avena (2008, p. 91) destaca que “[…] a viagem expressa em si mesma uma possibilidade de formação, um espaço sociocultural de construção do conhecimento, um movimento multirreferencial, um espaço-tempo de aprendizagem eclética privilegiado para a difusão do conhecimento”.

As viagens podem ser uma maneira de dar um incentivo maior para os alunos conhecerem atrativos turísticos que possuem sua importância cultural ou história para um município ou região. Ainda dentro da abordagem sobre sua relevância para a formação autônoma do aluno, vale ressaltar que:

O turismo pedagógico está voltado a multidisciplinaridade, o qual transmite o conhecimento de forma lúdica e diferenciada, buscando integrar o aluno no meio em que vive, unindo sempre a teoria e prática. Além disso, o turismo é importante para a formação do entendimento de aspectos diferentes na história da comunidade local (SILVA; LUDKA, 2020, p. 11).

Ainda seguindo a mesma perspectiva, Kushano (2012) destaca que os conceitos mais complexos, como território e poder, podem ser melhor descritos por meio do turismo pedagógico. A viagem tem a possibilidade de tornar fácil a compreensão de conteúdos densos da Geografia e dar a oportunidade de o aluno observar esses conceitos na sua realidade. Ainda na mesma discussão sobre o turismo pedagógico vale destacar que este “constitui-se em uma atividade plena, no sentido que possibilita a educação patrimonial, a educação ambiental, assim como a percepção de mundo para as crianças” (KUSHANO, 2012, p. 536).

A prática do turismo pedagógico traz novas possibilidades de trabalhar os variados conteúdos escolares em todas as áreas do conhecimento, além de propiciar uma interação dos alunos envolvidos com os fenômenos ao seu redor e, assim, compreender a história de suas comunidades e valorizar os pontos que representam marcos histórico para a cidade de vivência.

Por se tratar de uma prática recente no Brasil, o turismo pedagógico é mais trabalhado por escolas particulares, pois geralmente nessas instituições a presença de recursos é maior para realizar viagens de cunho pedagógico. Nas escolas públicas a realização de roteiros pode ser um pouco mais restrita pela falta de recursos por parte da instituição, pois a elaboração das viagens requer um custo financeiro como transporte e alimentação, além de questões burocráticas referentes ao deslocamento dos alunos.

O turismo pedagógico destaca-se como atividade estimuladora para a valorização do patrimônio histórico de uma cidade ou região, principalmente quando se trata de espaços onde se evidencia potencialidades turísticas, que não são visadas com o intuito de conservação e valorização do patrimônio histórico e cultural de uma determinada comunidade, dando a oportunidade para o professor de Geografia se apropriar desses espaços, para conscientizar os alunos da importância da preservação e conhecimento da história da formação local.

Na parte seguinte, apresenta-se a proposta de realização de um roteiro de turismo pedagógico em Cornélio Procópio – PR. A parte traz uma breve história do município e também uma introdução dos pontos turísticos a serem visitados, sendo apresentado em forma de roteiro, com uma possível proposta de realização de turismo pedagógico, com pontos turísticos de relevância ao patrimônio histórico-cultural da cidade.

Todos os pontos turísticos fazem parte do contexto turístico do município, contendo informações e conhecimento sobre a história de Cornélio Procópio, sua população, cultura, economia, urbanização, Geografia, entre outros aspectos. Resgatar a história de cada ponto turístico é fundamental para compreender o processo de formação do próprio município.

4 PROPOSTA DE TURISMO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA EM CORNÉLIO PROCÓPIO - PR

A proposta apresenta um roteiro com dez atrativos turísticos em Cornélio Procópio, que no qual estes espaços podem ser visitados em um dia, iniciando as visitas às 8:00 horas da manhã e estendendo-se até o final da tarde, às 17:00 horas. O roteiro pode ser aplicado nas séries do ensino fundamental II (6° ao 9°ano), para os anos do ensino médio (1° ao 3°ano) e em cursos de graduação. 

Cornélio Procópio é um município do estado do Paraná, situado na região do Norte Pioneiro do estado, localizado sobre o terceiro planalto sedimentar paranaense. Suas coordenadas são 23°01’ e 23°13’ de latitude sul, e 50°38’ e 50°50’ de longitude oeste. Cornélio Procópio recebeu esse nome, em um homenagem a um coronel, proprietário de terras na região do atual município (BRASIL, 2014).  Até 1936, Cornélio Procópio era um patrimônio de Cambará; naquele mesmo ano, passou a ser distrito de Bandeirantes e, em 1938, conseguiu sua emancipação política (BRASIL, 2014).

Figura 1 – Mapa de localização dos atrativos turísticos

Fonte: Pereira (2020b)

Segundo IBGE (2010), o município possui uma área territorial de 635,100 km², e uma população total de 46.868 pessoas. Segundo dados oficiais, 42.690 pessoas vivem na zona urbana, e 4.178 na zona rural do município. O município possui uma densidade demográfica de 74,91 hab./km².

Nas propostas de abordagem a seguir, é apresentado inicialmente o contexto histórico de cada atrativo turístico a ser visitado, além da aplicabilidade das possíveis abordagens pedagógicas que cada espaço apresenta. O mapa de localização (Figura 1) a seguir, mostra todos os atrativos turísticos de Cornélio Procópio, de acordo com a posição geográfica de cada atrativo.

Com relação a Cornélio Procópio, existem atrativos turísticos relevantes para a realização de atividades turísticas pedagógicas, no intuito de explorar o contexto histórico, cultural e natural destes lugares. Na extensão do município, destacam-se os seguintes atrativos turísticos.

4.1 Monumento Cristo Rei

O monumento Cristo Rei é considerado o cartão de visitas de Cornélio Procópio. Sua construção teve início no ano de 1957, e foi concluída em 1958. Possui uma altura total de 23,80 m, sendo a altura real da imagem de 8,90m, e seu peso total de 3.000 kg (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020).

Localizado na Avenida XV de Novembro, principal via de Cornélio Procópio, o monumento está no centro de uma praça para pedestres, com bancos, iluminação, parque infantil, estacionamento para veículos e lanchonete. Com vista panorâmica da região, o monumento é considerado a maior estátua sacra de bronze da América Latina (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). A Figura 2 A e B mostra o monumento Cristo Rei e a vista panorâmica de Cornélio Procópio.

Proposta de abordagem: O monumento do Cristo Rei, apresenta possibilidades de exploração de conteúdos pedagógicos para o ensino de geografia, nos quais, destacam-se as possíveis propostas de abordagem: conceito de paisagem; relevo; urbanização; arquitetura; importância histórica; lazer; Geografia Agrária; Geologia; lugar; região; Geografia da População; Geografia da Religião.

Figura 2 – Vista da estátua sacra monumento Cristo Rei (A) e vista panorâmica (B)

Fonte: Acervo particular do autor (julho, 2020)

4.2 Parque Estadual Mata São Francisco

O Parque Estadual Mata São Francisco é uma área de preservação ambiental com 832,57 hectares, com sua vegetação com formação nativa de floresta estacional semidecidual (Mata Atlântica) (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Sua distância é de quatro km do centro da cidade de Cornélio Procópio. Em seu interior, possui uma trilha de 1.600 m, com duas pontes, além de lanchonete, sanitários, e o Portal, que é um espaço reservado para os visitantes (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). A Figura 3 mostra a entrada do Parque Estadual Mata São Francisco.

Proposta de abordagem: O Parque Estadual Mata São Francisco possui elementos nos quais podem ser trabalhados no ensino de geografia por meio das seguintes propostas de abordagem: vegetação (tipos de vegetação); aspectos de fauna e flora; Biogeografia; preservação ambiental; Geografia Agrária; desmatamento; Pedologia; Geologia.

Figura 3 – Entrada do Parque Estadual Mata São Francisco

Fonte: Acervo particular do autor (dezembro, 2020)

4.3 Bosque Municipal “Manuel Júlio de Almeida”

O Bosque Municipal “Manuel Júlio de Almeida”, foi criado em 1967, pertencia a área da Mata Estacional Semidecidual, no qual ocupava grande parte da região do Norte do Paraná (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Possui uma área de 9,8 hectares de vegetação preservada, e está localizado no perímetro urbano de Cornélio Procópio (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Com variedade de setenta espécies arbóreas, e uma fauna com a presença de aves, pequenos mamíferos e répteis (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Em 1995, foi criado no interior do bosque um espaço chamado de Ecocentro, onde tinha como objetivo desenvolver atividades de educação ambiental com os alunos da rede de ensino da cidade (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Atualmente, o espaço criado para fins educativos se encontra em estado de abandono, por parte do poder público municipal (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). A Figura 4 A e B mostra a entrada e o interior do Bosque Municipal Júlio de Almeida.

Figura 4 – Entrada principal do Bosque Municipal (A) e área interna (B)

Fonte: Acervo particular do autor (setembro, 2020)

Proposta de abordagem: O bosque municipal de Cornélio Procópio possui uma interessante presença de elementos de fauna e flora, que são pouco explorados, no qual possibilita o ensino de geografia por meio das seguintes propostas de abordagem: Educação Ambiental; Biogeografia; biodiversidade; vegetação; desmatamento; Geologia; Geografia Agrária; Pedologia. Conforto urbano, planejamento urbano e ambiental; espaço público e sociabilidade.

4.4 Santuário de Schoenstatt

O Santuário de Schoenstatt foi inaugurado no dia 2 de julho de 2000. Sua construção é de54 m², com vista panorâmica da cidade, sua arquitetura é em estilo Alemão, sendo uma réplica do Santuário que está localizado na cidade de Schoenstatt, na Alemanha (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Cornélio Procópio foi a 15ª cidade do Brasil a ter uma réplica do Santuário de nível internacional e a 4ª cidade do Paraná a receber a presença da construção de devoção cristã católica (DE CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). A Figura 5 A e B mostra a área externa e área interna do Santuário de Schoenstatt.

Figura 5 – Imagem externa (A) e interna do Santuário de Schoenstatt (B)

Fonte: Acervo particular do autor (setembro, 2020)

Proposta de abordagem: O Santuário de Schoenstatt, possui elementos relevantes no que se refere a respeito dos aspectos religiosos e culturais, além do turismo religioso na cidade. Diante disso, vale destacar a possibilidade de potencializar o ensino de geografia por meio das seguintes propostas de abordagem: aspecto arquitetônico; Geografia da Religião; paisagem; conceito de Sagrado; Geografia Urbana; população; urbanização.

4.5 Catedral Cristo Rei

A Catedral Cristo Rei possui sua construção com uma extensão de 600m². Sua construção foi iniciada no dia 31 de outubro de 1943, e foi concluída em maio de 1948 (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). A primeira missa foi celebrada no dia 13 de junho de 1948 (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Sua arquitetura é em estilo românico, no qual sua construção foi elaborada em forma de cruz romana, com uma nave central e duas naves laterais (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Nas duas naves laterais, que foram construídas em 1966, encontram-se mosaicos com imagens da aparição de Nossa Senhora de Fátima, e das aparições do Sagrado Coração de Jesus, todas em mosaicos estilo bizantino (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020).

Entre as obras de notoriedade no interior da Catedral, destaca-se o Ostensório banhado a ouro, trazido da Alemanha (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Com belíssimas imagens sacras esculpidas em madeira poli cromada com detalhes de ouro e vitrais coloridos das janelas (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). A Figura 6 A e B mostra a área externa e área interna da Catedral Cristo Rei.

Figura 6 – Imagens externa (A) e interna da Catedral Cristo Rei (B)

Fonte: Acervo particular do autor (setembro, 2020)

Proposta de abordagem: A Catedral Cristo Rei é um dos principais pontos turísticos e históricos de Cornélio Procópio, no qual possibilita o ensino de geografia por meio das seguintes propostas de abordagem: conceito de território; Geografia da Religião; urbanização; aspecto arquitetônico; Geografia Cultural; Geografia Urbana.

4.6 Museu de História Natural “Mozart de Oliveira Vallim”

O museu foi inaugurado em setembro de 2002, no qual foi instalado na antiga Estação Ferroviária km 125 (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). A Estação é considerada um marco histórico para a cidade, sendo o local onde se deu início ao processo de urbanização.

O Museu conta com um acervo de cerca de 1500 animais taxidermizados, com várias espécies da fauna brasileira, contendo as representações dos biomas do Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica, Amazônia e Exóticos. O principal objetivo do museu é promover a conscientização da Educação Ambiental, e a preservação da fauna e flora, e seus respectivos habitats (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020) (Figura 7 A e B).

Figura 7 – Fachada do museu (A) e área externado museu de História Natural (B)

Fonte: Acervo particular do autor (julho, 2020)

Proposta de abordagem: O Museu de História Natural permite uma introdução histórica e cultural sobre o desenvolvimento de Cornélio Procópio, no qual potencializa o ensino de geografia por meio das seguintes propostas de abordagem: Biogeografia; biomas brasileiros; Educação Ambiental; impactos antrópicos; vegetação; biodiversidade; desmatamento.

4.7 Museu Histórico Casa da Cultura Nair Mariucci Azzolini

O museu histórico de Cornélio Procópio foi inaugurado em junho de 2000, e foi instalado no edifício histórico Casa da Cultura Nair Mariucci Azzolini (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). O principal objetivo do museu é contar a história da colonização e formação do município de Cornélio Procópio (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Como forma de preservar a memória histórica do município, o museu possui um valioso acervo cultural de objetos, instrumentos, móveis e roupas que pertenceram aos primeiros moradores e fundadores pioneiros de Cornélio Procópio (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). Um acervo de fotografias mostrando a transformação da cidade, e o cotidiano dos pioneiros. Maquetes relativas das primeiras décadas de Cornélio Procópio, além de uma réplica em tamanho real do primeiro estabelecimento comercial do município (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). O museu atualmente é administrado pela prefeitura municipal (CORNÉLIO PROCÓPIO, 2020). A Figura 8 A e B mostra a área externa do museu histórico casa da cultura de Cornélio Procópio.

Figura 8 – Área externa (A) e fachada do museu histórico (B)

Fonte: Acervo particular do autor (setembro, 2020)

Proposta de abordagem: O museu possibilita o ensino de geografia por meio das seguintes propostas de abordagem: colonização; patrimônio histórico-cultural; urbanização; identidade cultural; conceito de paisagem; território; Geografia Cultural; história do município; Geografia Urbana; população; Geografia Econômica.

4.8 Praça Brasil

A praça Brasil está localizada na área central de Cornélio Procópio, na região conhecida como “centro velho” da cidade, sendo considerada o marco inicial da construção do município. A construção da primeira igreja católica da cidade, se deu em seu espaço no ano de 1935, no qual foi construída em madeira, e mais tarde, a construção da nova igreja foi realizada em outro espaço (DEL NEGRO; LIMA; LUZ, 2017).

Próximo à praça, está o primeiro prédio da cidade, além das primeiras casas e comércios, no qual possui um coreto no centro, além de bancos espalhados por sua extensão. Sua arborização de pinheiros é uma de suas principais características. A praça ganhou recentemente um mapa do estado do Paraná, esculpido no chão em concreto por iniciativa do Governo do Paraná. A Figura 9 A e B mostra o espaço da praça Brasil na área central de Cornélio Procópio.

Figura 9 – Vista lateral (A) e frente da praça Brasil na área central de Cornélio Procópio (B)

Fonte: Acervo particular do autor (setembro, 2020)

Proposta de abordagem: A praça possibilita o ensino de geografia por meio das seguintes possiblidades de abordagem: urbanização; paisagem; aspecto histórico do município; arborização; arquitetura; território; Geografia do Paraná; conceito de lugar; identidade cultural; aspectos socioculturais; população; lazer.

4.9 Mapa do Estado do Paraná

O mapa foi construído na área central da praça Brasil, no centro de Cornélio Procópio, por iniciativa do governo estadual. O mapa mostra pontos importantes da Geografia do estado do Paraná, como seus limites e principais cidades, em suas regiões. No mapa também se visualiza alguns dos principais rios do estado, e a representação da geologia do Paraná.

Proposta de abordagem: O mapa do estado do Paraná possibilita o ensino de geografia por meio das seguintes abordagens: Geografia do Paraná, Geologia do Paraná; Hidrografia; Geografia Econômica; população; clima; região; colonização e ocupação.

4.10 Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR

O campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná na cidade de Cornélio Procópio foi criado no ano de 1993, deixando de ser o então CEFET-PR (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, 2020).  O Campus atende cerca de 2.000 alunos e conta com 217 professores e 93 técnicos, além de ocupar uma área total construída de 22.5 mil m², possuindo ambientes ensino, pesquisa e área esportiva e setores administrativos (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, 2020). A Universidade oferece cursos de nível de ensino superior nas áreas de tecnologia, engenharia, automação e educação, além de oferecer cursos de pós-graduação (UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, 2020). A Figura 10 A e B mostra a área externa da Universidade Tecnológica Federal do Paraná em Cornélio Procópio.

Figura 10 – Fachada (A) e Imagem Lateral da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (B)

Fonte: Acervo particular do autor (novembro, 2020)

Proposta de abordagem: A Universidade possibilita o ensino de geografia por meio das possíveis abordagens: Geografia Urbana; lugar; Geografia Econômica; paisagem; poder; urbanização.

4.11 Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP

A Universidade Estadual do Norte do Paraná foi criada por meio da lei n° 15.300, de 28 de setembro de 2006, e autorizada pelo decreto estadual no 3909/2008. Possui sede no município de Jacarezinho, e campi nos municípios de Bandeirantes, Jacarezinho e Cornélio Procópio, estado do Paraná (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ, 2020). A Universidade foi idealizada com a junção de faculdades tradicionais da região do Norte Pioneiro, sendo elas: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho (FAFIJA), Faculdade de Educação Física e Fisioterapia de Jacarezinho (FAEFIJA), Faculdade de Direito do Norte Pioneiro (FUNDINOPI), Fundação Faculdades Luiz Meneghel (FFALM) e Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cornélio Procópio (FAFICOP). É uma instituição de autarquia estadual, e sua organização é multicampi, tendo autonomia didático-científica, e regimento geral (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ, 2020). A Figura 11 A e B mostra a área externa do campus da Universidade Estadual do Norte do Paraná em Cornélio Procópio.

Figura 11 – Entrada da Universidade Estadual do Norte do Paraná (A e B)

Fonte: Acervo particular do autor (dezembro, 2020)

Proposta de abordagem: A Universidade possibilita o ensino de geografia por meio das seguintes propostas de abordagem: Geografia Econômica; Geografia da População; urbanização; região; lugar; Geologia; vegetação; Geografia Agrária; Educação Ambiental.

Diante das possibilidades apresentadas, evidencia-se elementos relevantes para a aplicabilidade de um roteiro para os pontos turísticos citados em Cornélio Procópio. Cada espaço possui aspectos claramente possíveis de serem abordados durante a visitação, justamente com o propósito de se inclinar com um olhar pedagógico para os lugares visitados.

A educação pode ser inserida ao turismo dentro da perspectiva turística, sem perder seu foco fundamental de estabelecer relações de formação histórica, social, econômica, cultural, ou seja, seu objetivo pedagógico de instruir, orientar, instigar, provocar, analisar e questionar.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O turismo pedagógico pode ser explorado pelo professor de Geografia, como uma nova possibilidade de ensinar os conteúdos geográficos de forma ampla e objetiva. Essa abordagem permite que o professor possa trabalhar vários conteúdos da Geografia em um mesmo atrativo turístico e instigar os alunos a perceberem a Geografia em espaços antes não percebidos. Explorar os atrativos com um olhar geográfico, amplia a visão crítica do educador e aluno, e instiga a percepção dos fenômenos sociais, econômicos, políticos, ambientais, religiosos, culturais e etc.

A educação geográfica na sociedade atual tem como um de seus objetivos formar indivíduos mais pensantes e críticos e sua inserção em novas modalidades de ensino é uma realidade empolgante e inovadora, permitindo novas possibilidades a serem exploradas pelos educadores e educandos. O turismo, a Geografia e a Educação são ferramentas que, aliadas a prática pedagógica, formam um contexto propicio para a difusão de novas experiências educativas e desenvolve o pensamento crítico dos alunos, permitindo expandir o conhecimento adquirido de modo teórico em sala de aula e, consequentemente, contribuir com a formação pedagógica autônoma de novos indivíduos.

Com isso, o turismo pedagógico traz novas perspectivas educativas, que permitem explorar lugares e ampliar a concepção do aluno, com relação aos espaços e fenômenos a sua volta. Ampliam-se novas formas de compreensão do espaço e sua dinâmica nos variados aspectos sociais. Assim, este trabalho considera que a prática do turismo pedagógico em Cornélio Procópio tem como finalidade não apenas a visualização dos lugares apresentados, mas apresentar uma modalidade educativa inovadora e relevante, demonstrando uma viável potencialidade de elementos que podem ser trabalhados no campo da Educação. 

Salienta-se que o turismo pedagógico aparece como um novo instrumento de ensino de Geografia, possibilitando a abordagem de temas como biodiversidade, meio ambiente, urbanização, cultura, religiosidade, aspectos sociais, políticos, econômicos, entre outros. Conclui-se que se faz relevante a relação entre o turismo, a Geografia e a Educação, formando uma interdisciplinaridade que contribui para o processo de formação educativa de alunos nos variados anos de ensino.

Considera-se que a proposta de realização de um roteiro turístico de cunho pedagógico em Cornélio Procópio é de suma relevância como uma nova forma de ensinar a disciplina de Geografia aos alunos de escolas públicas e particulares do município, além de explorar a potencialidade histórica e cultural dos pontos citados por este artigo. A exploração desses lugares em questão contribui para o enriquecimento na formação educacional de alunos, e consequentemente na vida profissional do professor de Geografia enquanto mediador do conhecimento.

A intenção inicial do trabalho era executar de forma prática um roteiro turístico pedagógico na cidade de Cornélio Procópio, mas por consequência da crise sanitária da pandemia de Covid-19, enfrentada pela sociedade mundial desde março de 2020, o trabalho se voltou somente por apresentar uma proposta. Porém, considera-se totalmente possível a aplicação da proposta, basta o professor seguir o roteiro e as orientações colocadas neste artigo.

O seguinte artigo contribui para a construção de uma nova e promissora modalidade de ensinar a Geografia nas escolas de Cornélio Procópio, além de contribuir com a conscientização da preservação do patrimônio histórico, cultural e turístico deste município.

A seguinte pesquisa considera que é totalmente possível a realização do turismo pedagógico em Cornélio Procópio, inserindo os principais atrativos turísticos que podem oferecer novas possibilidades de ensino lúdico para os professores de Geografia e demais disciplinas.

referências

ANDRADE, J. V. Turismo fundamentos e dimensões. 8ª ed. São Paulo: Ática, 2000.

AVENA, B. M. Por uma pedagogia da viagem, do turismo e do conhecimento: itinerário pelos significados e contribuições das viagens à (trans) formação de si. 2008, 516 p. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Bahia, 2008.

BENI, M. C. Análise estrutural do Turismo. 7° edição. São Paulo: Senac, 2002.

BRASIL, A. S. Cornélio Procópio: das origens e da emancipação do município. 2ª edição. Ver. Cornélio Procópio: UENP, 2014.

CASTRO, N. A. R. O Lugar do Turismo na Ciência Geográfica: contribuições teórico-metodológicas à ação educativa. 2006, 311 p. Tese (Doutorado em Geografia Física) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.

CORNÉLIO PROCÓPIO, P. M. Nossa cidade, pontos turísticos. Disponível em: http://www.cornelioprocopio.pr.gov.br/. Acesso em: 10 jul. 2020.

DEL NEGRO, E.; LIMA, C. A.; LUZ, C. E. Religião e Poder: o caso da Catedral Diocesana Cristo Rei, em Cornélio Procópio (PR). In: Congresso Brasileiro do Centenário da Guerra do Contestado, 1, 2017. Anais [...] Londrina: UEL, 2017. p. 01-13.

FERRETTI, E. R. Turismo e Meio Ambiente: Uma Abordagem Integrada. 1ª Edição. São Paulo: Editora Roca, 2002.

FREINET, C. Ensaios de Psicologia sensível. 1ª Edição. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

HORA. A. S. S. CAVALCANTI, K. B. Turismo Pedagógico: Conversão e Reconversão do olhar. In: REJOWSKI, M. COSTA, B. K. (Org.). Turismo Contemporâneo: Desenvolvimento, Estratégia e Gestão. 1ª Edição. São Paulo: Atlas, 2003. p. 207-228.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Cidades e Estados. 2010. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/pr/cornelio-procopio.html. Acesso em jul. de 2020.

KUSHANO, E, S. Turismo Pedagógico na região da guerra do contestado no Estado de Santa Catarina. Aprendizados sobre território e poder para as crianças. In: (Org.). FRAGA, N, C. Contestado em Guerra: 100 anos do massacre insepulto do Brasil. 1ª Edição. Florianópolis: Insular, 2012. p. 533-550.

LACOSTE, Y. “A Pesquisa e o trabalho de Campo”. Seleção de textos 11. São Paulo: Coedição AGBSP/AGB nacional, 1985.

LUDKA, V. M. Turismo Pedagógico: A prática do Turismo no Ensino de Geografia. In: FOETSCH, A. A. (Org.). Geograficidades e Cotidiano: Contribuições ao Saber Regional. 1ª Edição. União da Vitória: Kaygangue, 2012. p. 233-264.

OLIVEIRA, G. A. P. PEREIRA, S. CUCHINIERK, D.K. SANTOS, F. O. R. A aula passeio e a construção dos saberes escolares em história e artes: relato de experiência In: Congresso Nacional de Educação – EDUCERE,  18, 2017. Anais [...] Curitiba: Editora Universitária Champagnat, 2017. p. 17283-17295.

PEREIRA, S. A. Mapa de localização dos atrativos turísticos de Cornélio Procópio. Imagem JPEG, color, 976 x 1280 pixels, 2020b.

RIBAS, M. H. Educação para o Turismo. Olhar de Professor. Ponta Grossa, v. 5 n. 1, p. 09-20, 2002.

RODRIGUES, A. B. Geografia do Turismo: novos desafios. In: TRIGO, L, G, G. (Org.). Turismo: como aprender, como ensinar. 2ª edição. São Paulo. Senac, 2001. p.87-122

RODRIGUES, A. B. Turismo e desenvolvimento local. 1ª edição. São Paulo. Hucitec. 1997.

SILVA, A. K. P. LUDKA, V. M. O Santuário de São Miguel Arcanjo no município de Bandeirantes – PR, como uma proposta de turismo pedagógico no ensino de Geografia. Geoingá, Maringá, v. 12, n. 2, p. 4-26, 2020.

TOMITA, L.  M.  S. Trabalho de campo como instrumento de ensino em Geografia. Geografia: Revista do Departamento de Geociência. Londrina, v. 08, n. 1, p. 13-15, 1999.

UNIVERSIDADE, ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ. Institucional. Disponível em: https://uenp.edu.br/institucional. Acesso em: 15 out. de 2020.

UNIVERSIDADE, TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Institucional. Disponível em:  http://www.utfpr.edu.br/campus/cornelioprocopio. Acesso em: 12 nov. de 2020.

contribuições de autoria

1 – César Augusto de Lima

Licenciado em Geografia, Mestrando em ensino pelo PPGEN - UENP

https://orcid.org/0000-0002-5509-9373 • cesarlima_augusto@hotmail.com  

Contribuição: Escrita – primeira redação | Escrita - revisão e edição

2 – Vanessa Maria Ludka (Autor Correspondente)

Doutora em Geografia, Mestre em Geografia/Licenciada em Geografia, Turismóloga

https://orcid.org/0000-0001-6348-2543 • vanessaludka@uenp.edu.br

Contribuição: Escrita - revisão e edição

COMO CITAR ESTE ARTIGO

LIMA, C. A. DE; LUDKA, V. M. O ensino de geografia por meio do turismo pedagógico: uma proposta para Cornélio Procópio ‑ PR. Geografia Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 26, e16, 2022. Disponível em: 10.5902/2236499465666. Acesso em: dia mês abreviado. ano.