Universidade Federal de Santa Maria
Geografia, Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 25, e33, 2021
DOI: 105902/2236499453323
ISSN 2236-4994
Submissão: 22/08/2020 • Aceito: 22/11/2021 • Publicado: 30/12/2021
O estudo do lugar por meio do trabalho de campo e da literatura de cordel: metodologias de aprendizado sobre a história e a evolução da paisagem da cidade de Jequié, Bahia
The study of the place through fieldwork and string literature: methodologies for learning about the history and evolution of the landscape in the city of Jequié, Bahia
Bruna Carvalho das Virgens I
Sarah Andrade Sampaio II
Elisângela Rosemeri Martins Silva III
I Discente do curso de Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
http://orcid.org/0000-0003-2407-0161 - brunadasvirgens@gmail.com
II Mestre em Estudos Territoriais pela Universidade do Estado da Bahia (PROET/UNEB)
http://orcid.org/0000-0002-1302-7064 - sarahandradegeo@gmail.com
III Docente do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)
https://orcid.org/0000-0002-5533-0918 - ermsilva@uesc.br
RESUMO
A literatura de cordel é uma expressão cultural cuja inserção no território brasileiro remonta ao século XVIII com a colonização portuguesa. Esse tipo de expressão popular é escrito por um cordelista, e as produções temem sua estrutura uma forma de poesia rimada e metrificada, para ser impressa, a fim de que seja recitada em um ato de leitura compartilhada. Visto isso, este trabalho propõe um roteiro de campo multidisciplinar que utiliza a literatura de cordel do autor Val Rodrigues (2019) como metodologia de aprendizado sobre a história da cidade de Jequié-BA, sendo direcionada para os estudantes do ensino fundamental. Objetiva-se, do ponto de vista da docência, melhorar a capacitação em práticas pedagógicas para orientar de forma mais didática o aprendizado sobre a história da cidade em termos históricos e geográficos, assim como perceber a paisagem e a sua evolução a fim de se contextualizar as transformações ocorridas ao longo dos anos. Neste contexto, esse trabalho visa orientar os discentes na construção de um sentimento de pertencimento pelo lugar, ampliando sua visão de mundo e inspirando-os a se tornarem cidadãos atuantes na realidade em que vivem.
Palavras-chave: Estudo do Lugar; Jequié; Literatura de cordel; Práticas Pedagógicas
ABSTRACT
Cordel literature is a cultural expression whose insertion in the Brazilian territory dates back to the 18th century with the Portuguese colonization. This type of popular expression is written by a cordelista, and the productions fear its structure a form of rhymed and metered poetry, to be printed, in order to be recited in an act of shared reading. Having said that, this work proposes a multidisciplinary field script that uses the cordel literature of the author Val Rodrigues (2019) as a learning methodology about the history of the city of Jequié-BA, being directed to elementary school students. The objective, from a teaching point of view, is to improve training in pedagogical practices to guide in a more didactic way the learning about the city's history in historical and geographical terms, as well as to perceive the landscape and its evolution in order to contextualize it. the transformations that have taken place over the years. In this context, this work aims to guide students in building a feeling of belonging to the place, expanding their view of the world and inspiring them to become active citizens in the reality in which they live.
Keywords: Study of the Place; Jequié; Literature of Cordel; Pedagogical Practices
1 INTRODUÇÃO
Para falar sobre o surgimento da Literatura de Cordel é necessário remontar ao movimento literário da Idade Média denominado Trovadorismo. Surgido por volta do ano de 1198, a poesia trovadoresca é originária da região da Provença, sul da França, mas progressivamente se disseminou por toda a Europa, ganhando força, principalmente, na Península Ibérica (ALGERI; SIBIN, 2007). Segundo os mesmos autores, as produções poéticas dos trovadores eram expressas em formas de cantigas somadas a outras práticas culturais, entre essas estão: a poesia, a música, o canto, a dança e o uso de instrumentos de corda, como a viola, o alaúde, a harpa, entre outros. Com o passar do tempo, o trovadorismo sofreu modificações em seus elementos e, em vista disso, o amor romântico, que era o principal tema das cantigas, foi dando lugar a sátiras sociais, como também a canções de escárnio e maldizer, que foram responsáveis por diversos escândalos na sociedade da época.
Dado o contexto cultural e artístico da Europa com o Trovadorismo, que durou até o ano de 1418, a colonização portuguesa traz em sua bagagem a essência da poesia medieval para o Brasil, a partir do ano de 1500. Apesar das transformações ao longo dos séculos, a natureza substancial da manifestação cultural popular que produzia versos de sátiras sociais se manteve, originando mais tarde, o que chamamos de Literatura de Cordel. Diante disso, o antropólogo e historiador Câmara Cascudo (2009) comenta:
Nas naus colonizadoras, com os lavradores, os artífices, a gente do povo, veio naturalmente a tradição do Romanceiro, que se fixaria no Nordeste do Brasil, como literatura de cordel [...].
O Cordel recebeu este nome devido à forma em que era comercializado, pendurado em cordões ou barbantes, em feiras e mercados. Apenas no final do século XIX, foram registrados os primeiros cordéis com representações da realidade social brasileira e do seu espaço geográfico, pois até então o cordel sofria fortes influências da Europa (CASCUDO, 2009).
Dessa forma, a literatura de cordel se firma no Nordeste como fisionomia cultural no período entre 1893 a 1930, conforme aponta Terra (1983). Isto se deu em decorrência dos duros fatores de formação social histórica, como o patriarcado, as manifestações messiânicas, o banditismo, as secas periódicas, entre outros fatores (MELO, 1988). A expressão cultural popular através da Literatura de Cordel surge, portanto, entre a população como escape, a fim de promover autonomia, identidade e emancipação através da arte.
O Cordel se difundiu como um recurso poético de expressividade das classes populares nordestinas, que instrumentalizavam e propagavam de forma livre e democrática as suas perspectivas reais e artísticas sobre as histórias regionais do Brasil, através de críticas e representações sociais da vida, principalmente na região Nordeste, por meio de fábulas, narrações ou sátiras. Isso posto, ao se difundir na região nordeste brasileira, a Literatura de Cordel teve a culminância do seu reconhecimento como manifestação artística cultural brasileira no ano de 1990 com a fundação da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.
Quanto à composição dessa expressão artística, os versos são escritos por cordelistas e podem, ou não, conter xilogravuras. Quanto à sua estrutura, a sextilha é a modalidade de métrica mais utilizada no Brasil. Esta métrica possui o segundo, o quarto e o sexto versos rimando entre si, deixando órfãos o primeiro, o terceiro e o quinto versos (ABLC, 2020). A leitura do Cordel, pode ser feita de maneira individual ou socializada (AYALA, 2016). Na leitura socializada, as narrativas em verso ganham voz ao serem declamadas de maneira melodiosa, cadenciada e em voz alta para públicos diversos. Assim como o público, as temáticas dos cordéis também variam, indo de personagens cômicos em sátiras até críticas político-sociais, valendo-se da criatividade do cordelista. Muitos estudiosos tentaram classificar o cordel, mas as tentativas foram insuficientes (HAURÉLIO, 2013).
Neste trabalho, ao absorver a literatura de cordel como um recurso didático, a fim de reinventar e dinamizar as aulas de Geografia no âmbito da temática do estudo do lugar, objetiva-se: a) facilitar o entendimento do conteúdo em razão do vocabulário popular regional utilizado nos textos; b) valorizar a manifestação poética popular nordestina, seus costumes e riquezas culturais; c) fortalecer o vínculo dos discentes com as representações da sua região, na construção do sentimento de pertencimento entre o sujeito e o lugar em que este vive.
Sob a perspectiva das metodologias didáticas, Piletti (2006) afirma que quando os recursos de ensino são planejados adequadamente, considerando a realidade dos discentes, tornam-se capazes de despertar o interesse dos mesmos sobre o conteúdo estudado, desenvolvendo a capacidade de observação crítica, aproximando-os da realidade do cotidiano vivido, auxiliando-os na fixação da aprendizagem, ilustrando noções abstratas e possibilitando a experimentação concreta.
Neste sentido, apoia-se a inserção de obras literárias do Cordel no ensino de Geografia, nos mais variados níveis de escolaridade, para atuar como metodologia didática do docente, bem como, ser uma ferramenta de aprendizado para os discentes na construção da leitura do espaço geográfico.
Ainda na perspectiva de tornar os discentes leitores do espaço geográfico, segundo o pedagogo Paulo Freire (2002) a educação é um instrumento de intervenção no mundo, através dela o indivíduo deve tomar consciência de sua condição histórica, para assumir o controle da sua trajetória e conhecer a sua capacidade de transformar o mundo.
De acordo com Santos (2010), em síntese, o papel da Geografia é fazer a análise da relação entre os seres humanos e a natureza, tendo em vista o espaço geográfico e as transformações ocorridas neste processo. A autora ainda afirma que a formação de alunos cidadãos perpassa pela percepção crítica do meio socioespacial em que vivem. Por isso, os conhecimentos geográficos são de fundamental importância na construção do entendimento sobre o espaço vivido, para que assim, os discentes se tornem cidadãos leitores do espaço geográfico.
À vista disso, Callai (2001) questiona a contribuição do ensino da Geografia, na perspectiva dos movimentos teórico-metodológicos, no processo de construção da cidadania do educando. Para tanto, a Geografia do Lugar surge como resposta a esse questionamento.
Cabe nesse momento, abordar brevemente o que é o lugar, conceito amplamente debatido nas obras de Tuan (1974;1983), o qual refere-se ao espaço em que o indivíduo convive e experiencia a vida, as relações humanas, o trabalho, os estudos, entre outros. Ao atribuir a esse espaço definições e significados, esse então se torna lugar. Neste processo de construção do lugar há um movimento das experiências mais diretas e íntimas que cada um tem com o espaço para as apreensões mais simbólicas e conceituais. Os lugares íntimos são aqueles que se têm conforto, aceitação e possibilidade de estar vulnerável, é onde as necessidades do indivíduo são consideradas e atendidas. Lugar é uma pausa no movimento.
A exemplo disso, pode-se mencionar a afeição pela pátria como um fenômeno simbólico ligado ao conceito de lugar. Traduz-se patriotismo como amor pela terra mãe ou terra pátria. O lugar é um arcabouço de memórias que inspiram o presente, e entender o seu passado é importante na criação do sentimento de amor pelo mesmo. Dar ênfase as raízes e historicidades de um povo intensifica a lealdade, por ser todo o campo vivido uma milenar árvore genealógica (TUAN, 1983).
Nesse sentido, a Geografia do Lugar surge como de fundamental importância na formação do aluno, visto que os discentes devem conhecer a realidade do meio em que vivem, os aspectos do território e a sua história, para então exercitar a crítica da sua dinâmica espacial e conceber novas perspectivas de ações que venham a potencializar a construção de uma sociedade melhor. Dessa forma, propor um estudo sobre a história do lugar permite ao educando reconhecer o valor da própria realidade concreta em que vive, para superar o senso comum e identificar a história do seu meio como sua própria história.
No que concerne ao desenvolvimento do estudo do lugar através da prática em aula de campo, Cavalcanti (2006) afirma que no exercício da docência, o professor de Geografia defronta-se na escola com duas práticas pedagógicas distintas: as tradicionais e as alternativas. As práticas pedagógicas alternativas dão subsídio para que a teoria e a práxis não se dissociem no processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, considerando-se que a escola é o espaço pedagógico no qual as atividades escolares são mais exercidas, cabe refletir sobre a necessidade de aproximação dos projetos escolares ao lugar do aluno, envolvendo toda a sociedade na qual ele está inserido, tornando-se, portanto, um ensino socioeducacional.
Para além disso, em trabalhos de Lima e Thomaz (2016), a aula de campo é indicada como uma das metodologias mais viáveis para se estudar o lugar/município. Devido ao enfoque do estudo ser o espaço próximo do aluno, em que ele mesmo e a escola habitam diariamente, estudar o lugar em lócus se torna nada menos que sair do domínio das paredes da escola. A depender do conteúdo que está sendo ministrado, a atenção dos discentes deve ser direcionada pelo professor, para que seja possível visualizar na aparente naturalidade do viver social, uma correlação com o que se aprende em sala de aula. Isto posto, em uma saída de campo, podem ser observadas desde a situação da coleta seletiva de lixo da rua até a dinâmica socioeconômica da cidade.
Neste sentido, o estudo da evolução da paisagem integra uma noção básica de inter-relações entre as formações naturais e antroponaturais que podem ser observadas no espaço geográfico. A partir dela, percebe-se no espaço diferentes escalas temporais para analisar e dar significado às transformações ocorridas em microescala (o município) dialogadas com o macro (o país ou o globo).
Com foco na área de estudo desse trabalho, o estudo teórico da história de Jequié deve estar vinculado a uma atividade prática, como a aula de campo, pois possibilita aos estudantes capturar a realidade existente, os pontos de resistência, as possibilidades de avanços e assim, pensar maneiras de intervenção para transformar esta realidade. Dado o exposto, este trabalho elabora uma proposta de aula de campo a fim de facilitar o aprendizado dos alunos da rede municipal de Jequié, Bahia, ao apropriar-se de obras de Literatura de Cordel, cujo tema abrange a história e a evolução de estruturas urbanas. Ao relacionar os cordéis às aulas de campo, amplia-se a percepção do aluno frente ao sentimento de pertencimento ao lugar.
2 METODOLOGIA
Este trabalho utiliza produções do cordelista Osvaldo Rodrigues Novaes Filho - conhecido localmente como Val Rodrigues - jornalista e escritor do município de Jequié, fundador da revista EXTRA (circulação entre os anos de 2004 e 2014), mídia impressa de notícias. Além disso, ele é reconhecido pela escrita de cordéis baseados nos livros do historiador Araújo (2017), utilizando-se da linguagem artística e de uma forma de expressão cultural popular, democratizando o conhecimento sobre a história e os costumes municipais.
Val Rodrigues iniciou na produção de cordéis no ano de 2018, com a produção intitulada “A Enchente de 14 no sertão de Jequié”, da coleção Cordel Histórico de Jequié-BA. Em 2019, publicou “Recortes da História de Jequié”, “A Gameleira da Praça” e “A Estrada de Ferro de Nazaré”, os quais serão utilizados como referência nesta pesquisa. Tais cordéis, assim como o livro “A Nova História de Jequié” de Araújo (2017), ampararam a proposta de elaboração do roteiro de campo, como descritos na segunda etapa.
A literatura de cordel é uma ferramenta multifuncional, podendo ser usada como recurso interdisciplinar de ensino por abranger diversos temas como política, história, educação e cultura. Neste sentido, Ferreira (2014) diz que o cordel pode ser explorado em sala através de diversas atividades, sendo algumas destas: a leitura coletiva e individual, aprimorando a linguagem oral e estimulando o gosto pela leitura; através de debates coletivos, estabelecendo diálogos e aguçando o senso crítico dos estudantes; e também com a própria produção de cordéis, aperfeiçoando a escrita, incentivando a produção artística e a criatividade do docente.
Assim, a literatura de cordel será utilizada neste trabalho seguindo algumas bases citadas acima. Porém, ao se somar a um roteiro de campo, o uso do cordel ganha novas perspectivas, tornando-o ainda mais interessante para o ensino nesse contexto de reavivamento da história local na construção do pertencimento do sujeito e o lugar em que vive.
Na segunda etapa, propõe-se como ferramenta complementar de compreensão do espaço geográfico, a utilização do programa Google Earth Pró©, assim como, indica-se ter em mãos algumas fotografias antigas e atuais da cidade para analisar e pensar as transformações ocorridas a partir da apropriação pelos cidadãos jequieenses.
O uso do programa Google Earth Pro© é aqui recomendado, pois é gratuito, autoexplicativo nas suas ferramentas, oferece diversos recursos com uma interface intuitiva, como a medição de áreas, raio e circunferência de um determinado terreno, impressão das capturas de tela em alta resolução, visualização no nível do solo, entre outros. Neste artigo, tal utilização permite reconhecer, através do ângulo de satélite, a rota a ser percorrida e os pontos a serem trabalhados.
Cabe ainda mencionar que, após a seleção das obras de cordéis apropriadas para a metodologia aqui proposta, foram levantadas referências teóricas, além de fotografias passadas e atuais da cidade de Jequié, ponderando o aspecto histórico da cidade. Entre os principais autores citados nesse trabalho, destacam-se Santos (1956), Araújo (2017) e Gesteira (2020, no prelo). Cabe ainda mencionar que tais autores devem ser estudados pelos professores em diversos níveis educacionais, além de serem mencionados em sala de aula, visto que as pesquisas podem agregar no conhecimento discente-docente.
O levantamento teórico supracitado corroborou com a compreensão dos principais pontos de evolução histórico-paisagística na cidade de Jequié, com a contextualização econômico-social da área em questão, além de prever quais as principais deficiências do ensino escolar ao considerar o estudo do lugar pela Geografia e o entendimento da perspectiva do aluno no contexto do seu lócus.
3 (RE)CONHECIMENTO HISTÓRICO DA ÁREA EM ESTUDO
O município de Jequié está localizado na mesorregião do centro-sul da Bahia, mais precisamente no território de identidade do médio Rio de Contas, com latitude 13º51'50'' S, e longitude 40º04'54'' W (Figura 1). Possui uma população estimada em 155.966 habitantes, densidade demográfica de 48.33 km² e área territorial de 3.227,3 km² (SEI, 2019).
O povoamento embrionário de Jequié teve início por volta do século XVIII, na confluência do Rio Jequiezinho com o Rio de Contas, por trabalhadores, que certamente serviam às diversas fazendas que existiam naquela região de retalhamento da zona “Borda da Mata”. Pela posição favorável em relação às comunicações com outros pontos da zona, o povoado passou a ser o local preferido para o pouso de tropas, o que contribuiu o aumento do comércio, crescendo regularmente nos anos que sucederam (SANTOS, 1956).
O território de Jequié foi originado da sesmaria do capitão-mor João Gonçalves da Costa, que sediava a fazenda Borda da Mata. Mais tarde foi comprada pelo inconfidente mineiro José de Sá Bittencourt, que se refugiou com o fim da fracassada revolta em Minas Gerais. Após a sua morte, em 1789, a fazenda foi dividida entre herdeiros, resultando em vários lotes, sendo um deles denominado Jequié. Em pouco tempo Jequié tornou-se distrito de Maracás (IBGE, 2020).
Figura 1 – Mapa de localização do município de Jequié no estado da Bahia
Fonte dos dados: SEI (2019).
Elaboração: Autoras da pesquisa (2020).
Após o seu desenvolvimento acelerado no final do século XIX, aproveitando-se da profusão dos rios, o povoado ganhou movimento em detrimento da feira livre, que atraía pessoas e comerciantes das regiões circunvizinhas, que viam chegar os hortifrutigranjeiros e outros produtos de subsistência em canoas e saveiros trazidos pelos agricultores, no final do século XIX. Tendo em vista tal desenvolvimento, em 1910, Jequié ganhou o título de cidade, na gestão do governador Luís Viana (IBGE, 2020).
No final do século XX, após expressivo crescimento demográfico (IBGE, 1996) e intenso investimento em infraestrutura, Jequié assume um caráter de centro sub-regional por oferecer bens e serviços às cidades menores à sua volta. Tal nível de hierarquia urbana é definido pelo IBGE (1987), por refletir o grau de subordinação e intensidade dos variados fluxos socioeconômicos e culturais existentes entre as cidades maiores, as quais exercem influência preponderante sobre as demais cidades próximas, por se distinguir em bens, serviços, movimentos culturais, movimentos políticos, entre outros (MOTTA; AJARA, 2001).
4 CONCEPÇÕES DO LUGAR E A LITERATURA DE CORDEL
As postulações disponibilizadas na introdução deste trabalho permitem assegurar que o reconhecimento do lugar sob a perspectiva da evolução da paisagem, aplicada em aula de campo, pode proporcionar de maneira preponderante um fortalecimento do vínculo entre os estudantes e a cultura característica da sua região, contribuindo no sentimento de pertencimento dos mesmos, como escrevem Lima e Thomaz (2016, p.4):
A partir do momento que o aluno assimila o conceito de lugar, passa a ter noção de pertencimento a este lugar e que é também um dos construtores / organizadores desse espaço, que ao mesmo tempo é singular/global. Enquanto essa noção de pertencimento não existir, o sujeito/aluno torna-se estranho ao local e dificilmente contribuirá para que, sendo necessário, outra realidade seja construída.
Os autores ainda afirmam que existem quatro referências estruturantes capazes de nortear o planejamento do professor para o ensino de temáticas voltadas à realidade local, ou seja, o município. As referências se denominam dimensões, sendo estas econômicas, políticas, socioambientais e demográfica cultural.
Dessa forma, se caracteriza como dimensão econômica a evidência da sociedade como apropriadora do meio natural, trazendo reflexões acerca da produção capitalista e como ela se manifesta no espaço geográfico. O estudo desse conteúdo deve ser organizado de forma que os discentes consigam explicar como seu espaço foi construído e ainda serem capazes de propor mudanças nesta organização.
No que concerne à dimensão política, deve ser levado em consideração as relações de poder, econômicas e sociais, que envolvem o território, ou seja, as forças que regem a organização e a produção do espaço no âmbito municipal. As atividades voltadas para o estudo desta dimensão, tem a função de promover o pertencimento, integrando a visão de o sujeito/discente fazer parte desta força organizadora.
A dimensão socioambiental, faz complementariedade aos aspectos econômicos. Dessa maneira, as transformações que a sociedade provocou no espaço geográfico devem ser reconhecidas e para além disso, o estudante deve se ver integrado neste processo, como indivíduo capaz de atuar sobre a natureza. Para tanto, os autores Lima e Thomaz (2016, p. 17) expõem:
Embora seja evidente que os alunos estejam mais conscientes dos danos ambientais provocados pela sociedade, percebemos também que se consideram isentos dessa sociedade que destrói. Precisamos aplicar, portanto atividades que os levem a refletir sobre suas atitudes e quais poderiam ser mudadas em prol do ambiente.
Por último, a dimensão demográfica cultural também contribui na construção do reconhecimento do indivíduo ante a sociedade, atuando sob a ótica de análise das relações socioculturais. Como exemplificam os mesmos autores supracitados,
Na escala local podemos analisar vários aspectos como o movimento pendular da população, a composição étnica, os índices demográficos, as marcas culturais reconhecidas na organização do espaço e as transformações que a cultura local vem passando com o processo de massificação (LIMA; THOMAZ, 2016, p. 18).
No entanto, a realidade nas escolas, pode apresentar controvérsias. Em pesquisas de Gesteira (2020, no prelo), os discentes de um colégio estadual em Jequié, quando questionados sobre suas experiências com o espaço urbano da cidade, indicaram não ter relação afetiva com o espaço propriamente dito, mas sim com a construção social e as relações interpessoais presentes nesta dinâmica, o que denota a falta de reconhecimento do meio urbano da cidade como lugar.
Diante disso, propor uma metodologia de aprendizado sobre a história da cidade de Jequié, amparada a um roteiro detalhado de aula de campo, que seja capaz de realizar análises acerca evolução da paisagem e utilizando as dimensões estruturais do estudo do lugar, concede, assim, as bases necessárias para construir a relação do sujeito com lugar em que vive. Concretizando uma experiência holística e integradora. Tal roteiro foi estruturado com base nos cordéis citados na metodologia, em que serão mais detalhados no decorrer deste trabalho.
5 PROPOSTA DE ROTEIRO DE CAMPO
O roteiro de campo conteve três paradas, percorrendo do centro da cidade até o bairro São Luís, em uma caminhada de em torno de um quilômetro. A proposta foi estruturada contendo os preparativos pré-campo (em sala de aula), a realização do roteiro da aula com o trajeto pela cidade e a atividade avaliativa posterior ao campo, exposto a seguir:
Primeiramente, questionou-se, em sala de aula, o que os estudantes sabiam, até então, sobre a história do município de Jequié, entre algumas sugestões de questionamentos, propõe-se: I) Quem foram os primeiros habitantes?; II) De quais cidades ou regiões esses primeiros habitantes vieram?; III) Em que parte da cidade se deu o primeiro povoado?; IV) Como os primeiros colonizadores europeus chegaram ao território que hoje é Jequié?; V) Quais foram os principais fatores que desencadearam o desenvolvimento da cidade para ela ser como é hoje em dia?; VI) Quando se deu a construção da Praça Rui Barbosa?; VII) Por fim, questionar se os discentes conhecem sobre a história da Estrada de Ferro de Nazaré.
Em seguida, o professor solicitou que os discentes escrevessem as respostas individualmente em seus cadernos, para que então estas atividades fossem recolhidas e utilizadas posteriormente.
Em um segundo momento, propôs-se introduzir o conhecimento básico sobre a Literatura de Cordel, apresentando as suas origens e apontando a importância deste tipo de intervenção artística enquanto forma simbólica e histórica para a Região Nordeste do Brasil. Além disso, deve-se questionar se os alunos já tiveram contato com este tipo de representação artística, exibindo exemplos e realizando leituras compartilhadas.
Como terceiro ponto da aula, deve-se expor um mapa do centro urbano do município de Jequié-BA, a exemplo da imagem apresentada na Figura 2 (ou similar), contendo o trajeto de campo a ser percorrido e, em seguida, explicar as práticas que serão realizadas nos pontos de parada.
Figura 2 – Trajeto de campo e pontos a serem visitados
Fonte: Autoras da pesquisa (2020).
Cada ponto de parada equivale a um cordel, sendo estes: I) “Recortes da História de Jequié”, cordel referente à Igreja Matriz de Santo Antônio, pois deste ponto tem-se uma visão panorâmica da cidade, o que facilita a explicação das histórias que serão narradas; II) O cordel “A Gameleira da Praça”, referente à Praça Rui Barbosa, porque narra um acontecimento ocorrido neste local; III) “Estrada de Ferro de Nazaré”, cordel correspondente à história da Praça Professor Antônio Félix de Brito, que se localiza em frente ao 8º Grupamento de Bombeiros Militar da Bahia, onde antes funcionava a estação de trem, inaugurada em 1927.
Deve-se orientar os estudantes para que façam anotações e fotografem durante a aula de campo, a fim de contribuir na realização da atividade avaliativa que será solicitada posterior ao campo. Além disso, cabe salientar que os professores devem orientar aos alunos, ao pedir que se programem, levando água, proteção contra o sol, mantas para se sentarem no chão e roupa adequada (tênis, boné, roupas de tecido leve).
O quarto momento da aula corresponde ao período durante roteiro de campo, no qual, o docente deve ter em mãos as Literaturas de Cordel citados anteriormente e segui-lo em conformidade ao seguinte roteiro:
O roteiro se inicia na Igreja Matriz de Santo Antônio, onde se tem, do alto, uma visão panorâmica da cidade. Neste momento, os alunos devem se sentar à sombra das árvores para a leitura do segundo cordel, intitulado Recortes da História de Jequié, que contém trechos rimados retirados do livro “A Nova História de Jequié”, em um resumo didático, adaptado e rimado que facilita o entendimento dos estudantes.
Inicialmente, o professor deve levantar questionamentos sobre como os alunos imaginam que era o território da cidade de Jequié antes do surgimento dos primeiros povoados; como os europeus conseguiram chegar até esta parte do continente; e o que encontraram ao chegar. Para responder aos questionamentos, destacam-se os trechos de Rodrigues (2019, p.1), inspirados pelo livro A Nova História de Jequié (2017):
Naquela época sem açudes Enchentes eram normais Os rios bem caudalosos Rodeados por animais Os humanos eram selvagens E guerreavam pela paz |
Com o rio que leva e traz Veio a bandeira do norte O índio na sua pureza Não viu na sina da sorte Que as cores do estandarte Traziam sentenças de morte |
Lido este trecho, pode-se contextualizar a chegada dos primeiros europeus colonizadores: os bandeirantes que desbravavam o Sertão da Ressaca, utilizando os rios para adentrar o continente por meio de navegações.
Em seguida, o professor pode questionar qual tribo de indígenas povoaram esta área e de onde surgiu o nome Jequié. Para responder, destaca-se as hipóteses levantadas pelo historiador Emerson Araújo, em trechos do livro A Nova História de Jequié (ARAÚJO, 2017, p. 35):
Na segunda metade do século XVII, derrotados pelo sertanista Estevão Ribeiro Baião Parente, os maracás sobreviventes refugiaram-se nas margens do Rio Das Contas. [...] Quanto ao topônimo Jequié, segundo Teodoro Sampaio e tupinólogos denominada, originou-se da palavra Jequié, que na língua dos jês ou tapuias significa onça, valendo notar que o felino infestava a região.
Ainda utilizando este trecho do cordel, o professor pode levantar um debate acerca do primeiro contato entre esses dois povos distintos, podendo criar conjecturas de acordo com o que já foi estudado sobre a colonização brasileira - sendo esta baseada em exploração, escravidão e genocídio dos nativos indígenas - contextualizando também com o seguinte trecho do cordel já citado anteriormente: “O índio com sua pureza, não viu na sina da sorte que as cores do estandarte traziam sentença de morte” (RODRIGUES, 2019, p. 1). Este debate é necessário para que os discentes possam estabelecer a relações mentais entre a história de Jequié e a história do Brasil, iniciando, assim um processo interno de pertencimento, diálogo e integração entre o macro (país) e o micro (município).
Seguindo a leitura do cordel, outro trecho pode ser destacado, realizando mais conexões entre o macro e o micro, quando se descobre que a história de Jequié está conectada também com a Inconfidência Mineira (RODRIGUES, p. 2):
José de Sá Bitancur Primeiro conquistador Homem culto e abastado Portanto de grande valor Fugiu de Minas Gerais Por ter sido conspirador |
Borda da Mata, Sobrado, Depois Fazenda Jequié Terras do inconfidente Cujo nome era José Dantes terras indígenas Governadas por pajés |
Os eventos supracitados demonstram, em resumo, partes da trajetória histórica do município, contextualizada com a história da Bahia e do Brasil. Tal fato, auxilia na compreensão dos alunos ao estabelecerem um diálogo integrador com o mundo, desenvolvendo um olhar crítico e investigativo sobre a aparente naturalidade do viver social (LOPES; PONTUSCKA, 2009). Nesse sentido, a Figura 3 representa a comparação da Igreja Matriz de Santo Antônio, no final do século XX e no ano de 2019. Tais fotografias devem ser apresentadas aos alunos, além de serem questionados quais os elementos ainda estão presentes e quais as principais mudanças paisagísticas ocorreram, fazendo correlações com a evolução histórica vivida por Jequié.
Ao continuar a leitura deste cordel, podem-se ainda encontrar outros eventos históricos relacionados à Jequié que podem ser trabalhados na aula, como: a guerra de jagunços e o banditismo; o surto de febre amarela, no ano de 1900, evento que levou a óbito grande parte da população jequieense; a emancipação política do município em 1910; o curioso episódio de 1911 em que o então presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Aurélio Rodrigues Viana, assinou um decreto que tornou Jequié capital da Bahia, e ao sofrer forte repressão por parte do governo federal, decretou, oito dias depois, que a capital voltasse a ter sede em Salvador.
Figura 3 – Evolução da paisagem na Igreja Matriz de Santo Antônio e adjacências, entre os anos de 1899 e 2020
Fonte: Costa (2016), fotografia à esquerda; Acervo particular dos autores (2020), à direita.
Pode-se mencionar também a grande enchente do Rio de Contas, em 1914, que alagou toda a cidade (Figura 4); a chegada da ferrovia Estrada de Nazaré em 1927; A acirrada disputa municipal em 1930, acalorada pelo cenário nacional de revolução armada; a chegada do Poliduto da Petrobrás no município; e o aniversário de cem anos de emancipação política, a qual foi comemorada com uma festa colossal.
Figura 4 – A grande enchente do Rio de Contas no ano de 1914
Fonte: Novaes Junior (2014).
Neste momento o professor deve ter o bom senso ao decidir se aprofundar em algum desses eventos supracitados, a fim de não prolongar demasiadamente a aula. O mesmo pode escolher os temas que tenham mais relação com o que foi ou será dado como conteúdo da sua disciplina, ou seja, se um dos temas de estudo for a Era Vargas, é válido detalhar sobre a acirrada disputa municipal de 1930 e a chegada do Poliduto da Petrobrás no município, sempre contextualizando e relacionando esses eventos com o cenário nacional da época.
Dentre estes acontecimentos históricos, destaca-se um que é muito conhecido: a principal enchente ocorrida em Jequié. Ocasionada pelo Rio de Contas, no ano de 1914, uma cheia alagou grande parte do município e também diversas outras cidades da Bahia em que o rio atravessa. Para esse estudo, pode-se utilizar os conceitos de Lima e Thomaz (2016) que estruturam e orientam o planejamento do professor para as temáticas de ensino da realidade local. Dessa maneira, a dimensão socioambiental de estudo norteia a compreensão do ocorrido, ao se pensar sobre a dinâmica natural do rio - que está sempre sujeito a passar por secas e cheias - e como esta dinâmica pode se tornar um problema para a sociedade, no momento em que a cheia, fenômeno natural do rio, se torna a enchente para a cidade.
Para tanto, a dimensão econômica pode ser também citada, trazendo de volta o contexto histórico de desenvolvimento do município, em que a principal fonte econômica era o comércio e o principal corredor de escoamento dos produtos era o rio, transportando, na época, os hortifrutigranjeiros para serem comercializados no seu leito. Dessa maneira, o desenvolvimento econômico fez com que a população construísse habitações próximas ao leito, tornando-as mais vulneráveis às intempéries da natureza.
Fazendo uma relação de análise, o professor pode questionar aos discentes por que as enchentes não acontecem mais em Jequié. E para isto, a compreensão da dimensão política, aliada à econômica auxiliam na resposta. O principal fator que impede o Rio de Contas de viver seus períodos de cheias com intensidade, é o mesmo que acabou com a sua profusão: a construção da Usina Hidrelétrica da Pedra.
A Companhia Elétrica do São Francisco (CHESF) foi contratada pelo Governo Estadual, em parceria com o Federal, para construir, em Jequié, a Usina da Pedra (Figura 5), ou a Barragem de Pedras, como é denominada pela população jequieense, inaugurada no ano de 1969.
A Usina está localizada em um trecho denominado Pedra Santa, extremo oeste do município e possui um reservatório, de acumulação das águas embarreiradas do Rio de Contas, de aproximadamente 1.750 hm³. Em um trecho publicado no site oficial da CHESF (2020) pode-se destacar:
O aproveitamento (da Usina da Pedra) visa, além da regularização do rio para o controle das enchentes, o abastecimento d’água, a irrigação agrícola e a geração de energia elétrica.
Figura 5 –Usina da Pedra, Jequié-BA
Fonte: CHESF (2020).
Legenda: Á esquerda a localização da Usina das Pedras em relação ao Nordeste brasileiro e à direita uma foto registrada da Usina já construída.
Desta temática, pode-se estabelecer também análises críticas acerca dos impactos demográficos e culturais causados pela construção da Usina da Pedra. Em trabalhos de Silva e Soares (2010), destacam-se trechos que contam o que aconteceu com os moradores que habitavam o vilarejo da zona rural, na região que foi inundada para se tornar o reservatório natural desta contenção. Para muitos moradores, a construção resultou em perdas financeiras que nunca foram sanadas, assim como, há exemplos de pequenos produtores rurais que perderam toda a sua lavoura para receber uma indenização monetária considerada irrisória.
Estas pessoas habitavam o seu território de identidade, em que, ao longo de gerações, suas famílias produziram neste espaço, construíram suas casas e os seus meios de sobrevivência, assim como, desenvolveram laços afetivos e recordações particulares. Após a construção da Barragem, muitos moradores deste vilarejo se mudaram para habitar o meio urbano da cidade de Jequié, a fim de conseguir trabalho e moradia, integrando uma nova realidade até então desconhecida pelos mesmos.
Com o exemplo da Barragem de Pedras, contextualiza-se então, na prática de campo, as dimensões: a) políticas, que envolve o domínio do território por parte do governo Estadual e Federal, que escolheram o município de Jequié para a construção da Usina; b) econômicas que enfatizam a sociedade como dominadora do meio natural; c) socioambientais, dado os exemplos das transformações causadas pelo homem no ambiente natural do rio; d) e cultural-demográficas devido à migração dos moradores do trecho inundado pela Barragem de Pedras para o meio urbano da cidade.
A enchente de 1914 resultou também em um grande marco para a história de Jequié: a construção da Praça Rui Barbosa, um dos maiores signos urbanos da cidade. Como citado nos parágrafos acima, as habitações e o comércio foram construídos muito próximos do Rio de Contas, e após a enchente, o centro urbano se deslocou para as proximidades mais altas, a fim de adaptar-se, evitando que novas enchentes destruíssem as construções. Dessa forma, a principal praça de comércio, que até então era a Praça Luis Viana, passou a ser na recém construída, Praça Rui Barbosa.
Á vista disso, o segundo ponto de parada deste roteiro é na Praça Rui Barbosa. Nela os estudantes devem estender as mantas para se sentarem no chão, e o professor deve iniciar a leitura do segundo cordel: A Gameleira da Praça. Este cordel tem como subtema “Ação pioneira em manifestação ecológica” e narra sobre a retirada de uma gameleira centenária que existia nesta praça em uma de suas reformas, pelo então prefeito da época Atenodoro Vaz da Silva, cujo mandato foi entre 1946 a 1948. Como resposta a este ato, a população se uniu em prol de uma manifestação, como diz o trecho a seguir, das páginas 3 e 4, de Val Rodrigues (2019):
[...] A gameleira já caída Causou grande comoção Houve protesto na praça Começo de confusão A árvore com a raiz Foi arrastada pelo chão |
No largo, a multidão Não parava de bradar A gameleira caída Parecia agonizar Era triste aquela cena Que vontade de chorar |
Após a leitura compartilhada deste trecho, professor pode levantar debates sobre os possíveis motivos da comoção por parte da população pela gameleira. O debate na leitura dos cordéis é uma proposta defendida por Ferreira (2014). Neste trabalho, a autora afirma que o cordel é um intermediador do senso crítico, assim como um favorecedor do diálogo, sendo possível emitir diversas opiniões sobre as temáticas narradas, colaborando no envolvimento dos discentes na atividade proposta e, assim, propiciando o aprendizado.
Na análise do texto, duas justificativas, acerca da revolta da população neste episódio servem de base para o debate: a primeira delas é o sentimento de pertencimento da população pela árvore centenária que marcava o início da construção da cidade. A segunda justificativa é a valorização da gameleira enquanto instrumento ecológico/natural de diminuição da temperatura no centro urbano.
A primeira justificativa pode ser constatada nos seguintes trechos retirados de Rodrigues (2019, p. 2, 3 e 8):
A velha gameleira Viu a cidade nascer Testemunho da história Personagem do viver Merecia mais respeito Não era hora de morrer [...] Foram muitas gerações Que em sua sombra pousou Merecia um destaque |
Na praça que antecipou Porém, nunca o descarte Que o prefeito autorizou [...] A gameleira da praça Referência na cidade Monumento natural Dentro da comunidade Teve a vida ceifada Por um ato de maldade |
O sentimento de pertencimento está diretamente atrelado ao conceito de lugar. O lugar, de acordo com a corrente de pensamento humanista se trata do sujeito e o seu lócus, ou seja, o lugar é onde acontecem as experiências intersubjetivas dos indivíduos e por meio dele, o sujeito se reconhece, construindo as bases para a sua experiência de mundo. Com o marco histórico da retirada da árvore muito estimada pela população jequieense, há uma quebra de identidade. Quando “os moradores têm domínio sobre os elementos que constituem a história e a imagem daquele lugar, tendem a apropriar-se melhor do seu território [...]” (PEREIRA E BECKER, 2019, p. 1).
A segunda justificativa se apresenta no texto trazendo a importância dada à sombra da árvore, esta então localizada no centro da mais movimentada feira de Jequié, salientando o fato do município está localizado no domínio morfoclimático da caatinga (SANTOS, 1956), ela, então, criava um espaço de temperatura amena e agradável. Em trechos do cordel evidenciam-se a importância da árvore para o controle da temperatura (RODRIGUES, 2019, p. 2 e 8):
A gameleira querida Na praça era sombreiro Um oásis no deserto Um abrigo verdadeiro Um luxo que se tinha Sem se precisar de dinheiro [...] |
A praça Rui Barbosa De saudosa memória Já foi bem arborizada Palco de muita história Mas perdeu aquele encanto Do calendário de outrora. |
Neste momento, o professor pode utilizar a dimensão política e socioambiental para explicar os fatos ocorridos no período supracitado. Com a retirada da sua maior árvore, muitos comerciantes e consumidores passaram a transitar pela praça expostos ao calor e aos intensos raios solares, por longas horas diariamente. Aproveitando o ensejo, o professor pode levantar debates que questionam aos estudantes sobre as atuais medidas governamentais, ou não, para moderar o calor da cidade, que aumenta exponencialmente de acordo com o crescimento populacional e a expansão do comércio, ao desmatar as áreas verdes da cidade para fazer construções.
O cordel “A Gameleira da Praça” também indica que Jequié foi palco da primeira manifestação ecológica já registrada no Brasil, liderada pelo jornalista Colombo de Novais em prol da árvore gameleira, sendo este um importante destaque a ser mencionado para os discentes.
No que concerne às manifestações ecológicas, atualmente a principal medida educacional que intervém nesta temática é educação ambiental. Segundo Matos (2002), a educação ambiental foi concebida inicialmente como parte do movimento ambientalista, dessa forma, é inicialmente entendida como uma preocupação desse movimento com uma prática de conscientização, que chame a atenção para a finitude e a má distribuição do acesso aos recursos naturais. Somente no final do século XX, as abordagens em educação ambiental transformam-se, permitindo uma adequação às propostas realmente educativas, em diálogo com o campo educacional, valorizando tradições, teorias e saberes. No que tange aos debates com temas ecológicos levantados na aula, a educação ambiental integra de forma interdisciplinar este trabalho, contribuindo na construção de saberes.
A Figura 6 ilustra as características da praça no contexto narrado pelo cordel: (A) a imagem da praça Rui Barbosa em construção, meados de 1914, em destaque a gameleira no centro, já integrando esta paisagem; (B) a Praça Rui Barbosa após a sua terceira reforma, nos anos 60, com destaque para a presença da arborização densa e; (C) a Praça Rui Barbosa após a reforma mais recente, observando a incorporação de uma fonte. Sugere-se que as imagens apresentadas estejam presentes na aula para que os discentes possam contextualizar com a leitura e fazer observações acerca da evolução da paisagem, tanto da Praça como dos arredores dela.
No terceiro e último ponto deste roteiro, o grupo deve caminhar em direção à Praça Professor Antônio Félix de Brito para o estudo do último cordel sobre a estação de trem da Estrada de Ferro de Nazaré, que contribuiu para o comércio da cidade por longos anos durante o seu funcionamento, constituindo um canal entre o recôncavo e o sudeste da Bahia, promovendo a importação e exportação de produtos como o café, cana-de-açúcar, fumo e cacau (ARAÚJO, 2017).
Figura 6 – Evolução da paisagem na Praça Rui Barbosa, entre os anos de 1914, 1960 e 2015
Fonte: (A) Gurgel (2014); (B e C) Novaes Júnior (2015).
Este cordel possui uma narrativa descritiva enfática, discorrendo sobre o vínculo dos jequieenses com a chegada dos trilhos, dando início a uma era de fluxos comerciais e transporte de pessoas, elevando a importância do município para a região. Como destacado nestes trechos do cordel, de Rodrigues (2019, p. 2-5), A estrada de ferro de Nazaré:
No ano de vinte e sete Do século que passou A Estrada de Nazaré Finalmente aqui chegou Jequié de peito aberto O progresso abraçou [...] Com a linha ferroviária E seu trilho deitado Ligando o recôncavo Ao sudeste do Estado Salvador ficou mais perto E o tempo foi poupado [...] |
A novidade era bem-vinda Por todos que esperavam Gringos, mascates, parentes E estranhos que viajavam A estação era uma “festa” Quando ali desembarcavam [...] A velha locomotiva Vulgo Maria Fumaça Era sempre aclamada Quando parava na praça Era uma grande atração E assombrosa arruaça |
Neste momento, o professor deve contextualizar a leitura do cordel com a estrutura defronte à Praça Professor Antônio Félix de Brito, construída para a estação de trem que esteve em funcionamento entre 1927 e 1971 (GIESBRECHT, 2017). Em seguida, sugere-se que sejam abordados os aspectos da transição do meio de transporte ferroviário para o rodoviário, tendo em vista a posterior construção da BR 116, iniciada em 1957, que passa por Jequié, relacionando também ao fim da estrada de Ferro de Nazaré no final dos anos 60 (SANTOS, 1956).
Para isso, é preciso revelar em macro escala as circunstâncias políticas do país que influenciaram as mudanças em Jequié. A começar pelo governo de Washington Luís, a partir do ano 1926, que tinha como slogan o lema: “governar é abrir estradas”, posterior a isto, o segundo governo de Getúlio Vargas, a partir de 1930, em que grandes investimentos na indústria automobilística foram feitas, a fim de aumentar exponencialmente a industrialização e o crescimento econômico no Brasil. Mais tarde, no governo de Juscelino Kubitschek, com o plano de ação denominado “50 anos em 5”, mais investimentos em empresas automobilísticas e em construção de rodovias foram feitos no Brasil, tendo como principal resultado a construção da BR 116.
As circunstâncias político-econômicas no âmbito federal deste período podem ser observadas e exemplificadas nas transformações ocorridas no espaço em lócus, sendo uma grande contribuição para o estudo do lugar. No que diz respeito a isto, Lima e Thomaz (2016, p.5), exprimem:
Não cabe mais ensinar o lugar pelo lugar, já que ele não se explica sozinho. O que queremos, portanto, é que todas as escalas sejam de fato estudadas e não que uma seja privilegiada em detrimento de outra. Entendemos que não existirá aprendizagem efetiva se uma das escalas ficar em segundo plano. Um planejamento bem elaborado é um dos requisitos para se garantir o estudo do espaço geográfico em todas as escalas.
Anterior à construção da Praça Professor Antônio Félix de Brito existiam vários espaços de convivência, conforme relatado no cordel. A Praça só foi realmente inaugurada em 25 de outubro de 1976 pelo então prefeito de Jequié Landulfo Caribé, e reformada recentemente, sendo reconhecida atualmente como Praça da Criança.
Na estrutura onde funcionava a antiga estação de trem, hoje pertence ao 8º Grupamento de Bombeiros Militar da Bahia, dando faces à dinâmica narrada no livreto. Além disso, indica-se que sejam apresentadas as fotografias antigas deste ponto, destacadas na Figura 7, a fim de contextualizar as transformações, analisando a evolução da paisagem.
Ao contemplar a última parada prevista neste roteiro de campo, as atividades do dia devem ser encerradas para dar continuidade, posteriormente, na avaliação em sala de aula. Nesse sentido, a avaliação dispõe da seguinte maneira: o professor deverá devolver o texto que o discente escreveu na primeira aula sobre o que sabiam da história do município. Em seguida, dialogar com a turma para saber o que mudou na visão deles e pedir que se dividam em grupos para fazerem pequenos cordéis, de quatro a cinco versos, descrevendo, em relatos, as novas informações e impressões que absorveram sobre a cidade de Jequié.
Figura 7 – Evolução da paisagem na estação de trem e adjacências da Praça Professor Antônio Félix, entre os anos de 1930 e 2020.
Fonte: Costa (2016), fotografia à esquerda; Acervo particular dos autores (2020), à direita.
Legenda: Destaca-se que a estrutura onde funcionava a antiga Estação Ferroviária, em 2008 passou por uma reforma a fim de ser utilizada pelo Batalhão do Corpo de Bombeiros.
A partir do que está posto nessa proposta, é fundamental destacar que promover a escrita de cordéis como atividade em sala de aula, se ampara em trabalhos de Ferreira (2014), como uma metodologia de aperfeiçoamento da escrita e incentivo de produção artística, aguçando a criatividade do docente e fomentando o pertencimento com a sua região, nesse caso, o Nordeste brasileiro.
Por fim, cabe ainda mencionar que a avaliação deverá ser processual e basear-se, principalmente, no comprometimento e nível de envolvimento do discente nas atividades desenvolvidas, seguida da qualidade da apresentação oral, como a participação e riqueza de detalhes sobre o que foi ensinado.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo em vista o papel da educação na construção de percepção de cada cidadão, atribui-se à Ciência Geográfica, diante do entendimento de qual é seu lugar e à função de estudar o seu espaço para compreender o local onde se vive e se desenvolve um diálogo inteligente com o mundo, que se é dada a condição aos indivíduos de se tornarem participantes ativos dos processos de transformação do meio urbano e social da cidade.
Salienta-se que a avaliação das atividades nesta proposta, apesar da conotação subjetiva, deve conceber o objetivo do roteiro de campo que é aprender sobre a história de Jequié. Dessa forma, o papel do professor deve usar os seus conhecimentos e as ferramentas aqui propostas para oferecer um espaço adequado de aprendizado, voltando-se à criação de possibilidades para que naturalmente o educando construa a sua relação afetiva com o município, concretizando naturalmente o aprendizado. Dessa forma, a avaliação deve considerar a subjetividade do indivíduo, principalmente por se tratar concomitantemente do fortalecimento dos laços afetivos com o meio em que vive.
A utilização da arte local no ensino de geografia, e portanto o encantamento do indivíduo, pode ser melhor assimilada através da avaliação processual, visto que ela é uma aliada do aluno e do professor, pois acontece durante o desenvolvimento do trabalho, quando se busca identificar o que o educando sabe e não sabe sobre o tema estudado, para criar meios de preencher as lacunas do aprendizado. Dessa forma, haja vista a importância dessa pesquisa, ao conciliar a utilização da literatura de cordel como ferramenta metodológica, proporciona o contato dos estudantes com uma manifestação cultural típica de sua região, assim como, a conhecer as obras de um poeta cordelista da cidade, agregando na construção da perspectiva identitária do discente para com o meio em que vive.
Dessa forma, este trabalho idealiza uma proposta de aula, em formato de roteiro de campo, estruturada para somar ferramentas metodológicas no aperfeiçoamento do ensino sobre a história da cidade de Jequié-BA. Assim como revela a importância de o educando perceber a história do meio em que vive como a sua própria história, criando vínculos com o espaço urbano para a construção de uma cidadania ativa e comprometida com uma sociedade melhor.
Cabe mencionar que todas as referências das Literaturas de Cordel citadas neste trabalho, de autoria de Val Rodrigues (2019), foram disponibilizadas pela Prefeitura nas Escolas Municipais de Jequié, no ano de 2019, portanto de fácil acesso e aplicação pelos docentes do ensino público.
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1 – Bruna Carvalho das Virgens
Discente do curso de Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC),
http://orcid.org/0000-0003-2407-0161 - brunadasvirgens@gmail.com:
Contribuição: Estruturação do trabalho, aprofundamento no tema e escrita e organização textual.
2 – Sarah Andrade Sampaio
Mestre em Estudos Territoriais pela Universidade do Estado da Bahia (PROET/UNEB),
http://orcid.org/0000-0002-1302-7064 - sarahandradegeo@gmail.com:
Contribuição: Escrita e organização textual, aprofundamento no tema e orientação.
3 – Elisângela Rosemeri Martins Silva
Docente do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC),
https://orcid.org/0000-0002-5533-0918 - ermsilva@uesc.br
Contribuição: Orientação e direcionamento teórico-metodológico.
Como citar este artigo
VIRGENS, B. C. das; SAMPAIO, S. A; SILVA, E. R. M. O estudo do lugar por meio do trabalho de campo e da literatura de cordel: metodologias de aprendizado sobre a história e a evolução da paisagem da cidade de Jequié, Bahia. Geografia Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 25, e33, p. 1-33, 2021. DOI 10.5902/2236499453323. Disponível em: https://doi.org/10.5902/2236499453323. Acesso em: dia mês abreviado. Ano.