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Universidade Federal de Santa Maria
Econ. e Desenv., Santa Maria, v. 35, e75422, 2023
DOI: 10.5902/1414650975422
ISSN 2595-833X
Submissão: 28/05/2023 • Aprovação: 19/08/2023 • Publicação: 19/08/2024
2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO
3 CONFIGURAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
Artigos
Análise do desenvolvimento na região metropolitana de Curitiba a partir de indicadores socioeconômicos
Analysis of development in the metropolitan region of Curitiba based on socioeconomic indicators
IUniversidade Federal do Paraná Curitiba, PR, Brasil
RESUMO
O desenvolvimento é um processo que compreende a ideia de crescimento econômico indo além da capacidade produtiva medida quantitativamente, pois envolve mudanças qualitativas no modo de vida das pessoas e das instituições, sendo medido qualitativamente por meio de indicadores sociais e promovendo mudanças na estrutura socioeconômica de um país. Para impulsionar o desenvolvimento do Brasil foram criadas as regiões metropolitanas que se configuram por áreas urbanas compostas por cidades interligadas entre si que exercem mútua relação de dependência estrutural, social e econômica. A região metropolitana de Curitiba é marcada por desigualdades e contradições entre os seus municípios que evidenciam pobreza, exclusão e segregação socioeconômica. Tem na capital paranaense a sua metrópole, lugar em que acontece a dinâmica econômica e a concentração de riqueza. O presente artigo visa analisar o desenvolvimento da região metropolitana de Curitiba a partir de indicadores socioeconômicos dos municípios que a compõem e os resultados apresentados reforçam um desenvolvimento intrametropolitano desigual com iniquidades econômicas, sociais e de vulnerabilidade social.
Palavras-chave: Termo1; Termo2; Termo3
ABSTRACT
Keywords: Desenvolvimento; Região metropolitana de Curitiba; Indicadores socioeconômicos
Está diretamente relacionado à qualidade da vida humana que não é medida pela riqueza, mas pelas liberdades política e individual de escolha que não devem ser restringidas, tolhidas ou condicionadas. Tais liberdades são um meio para alcançar o desenvolvimento, visto que proporcionam as escolhas e oportunidades sociais, não permitindo que as pessoas sejam submetidas à privação de suas capacidades (o que podem ou não fazer), transformando-as em agentes de sua própria mudança.
O limite teórico para se explicar o crescimento econômico encontra-se nas metodologias utilizadas que nem sempre satisfazem as exigências do processo de desenvolvimento existente. O crescimento econômico de um país está atrelado ao desenvolvimento social e são processos interdependentes que se referem a pessoas e não a objetos, implicam em mudanças institucionais, estruturais e culturais.
Enquanto o crescimento econômico é medido por uma unidade econômica, o desenvolvimento impacta diretamente na qualidade de vida da sociedade e é medido por indicadores socioeconômicos. Ao longo do tempo, o desenvolvimento que não considera melhorias em tais indicadores produz desigualdades sociais, pobreza e disparidades estagnando ou produzindo regressões nas economias locais e/ou regionais.
O território metropolitano engloba relações que abrangem funções locais, regionais e globais e seu crescimento está relacionado à aplicação adequada de estratégias de desenvolvimento cujo processo compreende a ideia de crescimento econômico indo além da capacidade produtiva medida quantitativamente. Envolve, também, mudanças qualitativas no modo de vida das pessoas e das instituições, sendo medido qualitativamente por meio de indicadores sociais e promovendo mudanças na estrutura socioeconômica de um país.
A abordagem metodológica é qualitativa e descritiva, tendo em vista o aprofundamento das informações e a busca de resultados mais próximos da realidade, tentando compreender e interpretar os aspectos dinâmicos da região metropolitana analisada. A fonte de coleta de dados se deu pela utilização de documentos bibliográficos, caracterizando-se por uma pesquisa bibliográfica, na qual foram considerados traços subjetivos e particularizados dos dados analisados.
Com relação à base de dados foi utilizado os Atlas de Desenvolvimento Humano e Vulnerabilidade Social nas Regiões Metropolitanas Brasileiras do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e dados estatísticos pesquisados no Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES). Os principais indicadores analisados foram Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, Índice de Vulnerabilidade Social, Coeficiente de Gini e Produto Interno Bruto Per Capita referente aos Censos Demográficos brasileiro realizados nos anos de 2000 e 2010.
Este artigo está dividido em quatro partes, sendo esta introdução a primeira. A segunda parte faz uma breve consideração acerca do desenvolvimento e crescimento econômico. A terceira parte apresenta a configuração socioeconômica da Região Metropolitana de Curitiba e análise dos indicadores acima citados. Por fim, as considerações finais.
2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ECONÔMICO
O significado dos termos desenvolvimento e crescimento econômico pode variar de acordo com a perspectiva histórica em que estão inseridos, o que torna o debate sobre eles controverso e amplamente discutido na literatura. Logo, é importante diferenciá-los, uma vez que não são excludentes e se complementam em alguns momentos.
No mundo contemporâneo, o desenvolvimento deve ser pensado em sua totalidade e não restrito à dimensão econômica dos processos sociais ou como consequência do processo de crescimento. Sendo assim, sob a ótica do desenvolvimento, crescimento é relevante como processo social amplo, não se restringindo a oferta de bens e serviços (Cohn, 2015).
A distinção entre desenvolvimento e crescimento econômico diz respeito à natureza das intervenções suscitadas por ambos, sendo que, no primeiro, prevalece a deliberação e a reflexividade e, no segundo, predominam os princípios da eficiência e celeridade de resposta, além de estar relacionado à gestão das coisas. A política, as relações de poder e a sua legitimidade estão ligadas ao desenvolvimento, que requer decisões democráticas e não pode ser alcançado por meio do autoritarismo (Cohn, 2015).
Se no crescimento o que cresce é um objeto (um sistema produtivo, uma nação, uma sociedade), no desenvolvimento o que se desenvolve são múltiplas relações ou complexos de relações, internas e externas. Crescimento é questão de progressão, avanço ao longo de uma trajetória, enquanto desenvolvimento é da ordem dos ritmos, da pulsação, da emergência de formas no interior de um complexo organizado. Pertencem, em suma, a campos conceituais diferentes. Isso não significa que não haja entre essas duas ordens de fenômenos vínculos importantes e, sim que esses devem ser identificados e esclarecidos para que rendam o que podem render, nas análises e nas políticas, cada qual no seu campo. (Cohn, 2015, p. 27 e 28).
As teorias do desenvolvimento passaram a ter relevância política e social após a Segunda Guerra Mundial. Com a criação de organismos multilaterais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945 com o objetivo de contribuir para a elevação dos níveis de desenvolvimento em todos os sentidos, melhorar os níveis de qualidade de vida, promover avanço econômico e social, formular acordos internacionais para o crescimento do comércio, entre outros, se intensificou os debates sobre os meios para se conquistar o desenvolvimento (Nierdele; Radomsky, 2017; Oliveira, 2006a).
No pós-guerra, o desenvolvimento passou a ser considerado um elemento importante para o progresso e crescimento econômico, visto que os países buscavam a reconstrução, bem como melhorar as condições econômicas, sociais e de vida de suas populações. Assim, alterações de ordem econômica e política deram margem ao surgimento de novas interpretações às dinâmicas das economias mundiais (Nierdele; Radomsky, 2017).
A obtenção de determinado padrão de prosperidade econômica conferiu aos países, à época, o status de desenvolvido, em desenvolvimento ou subdesenvolvido. As medidas empregadas para mensurar este desenvolvimento e prosperidade estavam relacionadas ao crescimento econômico advindo do industrialismo, a variáveis quantitativas como indicadores de renda, a promoção do Produto Interno Bruto (PIB) e a renda per capita como medida de progresso social (Nierdele; Radomsky 2017; Oliveira, 2006a).
O industrialismo foi associado ao crescimento econômico em razão da ampliação da atividade econômica oriunda dos processos de industrialização que preconizavam a crença de sua imprescindibilidade para o desenvolvimento e a obtenção de maiores níveis de crescimento e qualidade de vida pelos países. A indústria se tornou dominante por seu modo de produção que resultava em geração de riqueza e produtividade, reforçada pelo alto desempenho observado nas nações mais industrializadas e desenvolvidas como, por exemplo, Estados Unidos e Inglaterra (Oliveira, 2006a).
A década de 1950 foi marcada pelo avanço do processo de industrialização visto como sinônimo de desenvolvimento e crescimento econômico. Nos países subdesenvolvidos se observou a elaboração e implementação de planos voltados à promoção intensiva da industrialização para o alcance do desenvolvimento. Na América Latina e no Brasil, durante as décadas de 1960 e 1970, as políticas de desenvolvimento deram ênfase à promoção do produto e da renda por meio da industrialização e acumulação de capital com base na produção interna, substituindo as importações (Oliveira, 2006a).
Com essa estratégia se tentou romper a dependência que os países periféricos (subdesenvolvidos ou em desenvolvimento) mantinham com os países centrais (desenvolvidos). Contudo, os países centrais, preocupados com a possibilidade de escassez de produtos provenientes da América Latina, estabeleceram uma parceria com nações desta região para fortalecer as indústrias básicas e a produção agrícola. Esta parceria, ao invés de romper, fortaleceu e perpetuou a dependência (Oliveira, 2006a).
Assim, entre 1945 e 1975, as teorias do desenvolvimento eram predominantemente modernistas e baseadas na ideologia do progresso. A partir desta perspectiva, foram criadas políticas e programas na América Latina e no Brasil que buscaram equilibrar o desenvolvimento e o crescimento econômico. Ao final da década de 1970 e início da década de 1980, o esgotamento da abordagem modernizadora-desenvolvimentista, juntamente com a identificação de novos problemas globais causados pela industrialização que exigiam novas soluções, abriu espaço para a formulação de teorias inovadoras (Nierdele; Radomsky, 2017).
Questões relacionadas às mudanças demográficas, ao colapso urbano, à preservação ambiental, à participação social e ao fortalecimento das instituições democráticas impulsionaram teorias alternativas. Ao mesmo tempo, os tradicionais indicadores econômicos (Produto Interno Bruto, Renda per Capita) começaram a ceder espaço a novas métricas – cuja equação incorporava aspectos relacionados à expectativa de vida, à sustentabilidade, à saúde e à educação –, até que a própria ONU assumisse um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) como parâmetro de avaliação. (Nierdele; Radomsky, 2017, p. 10).
Na década de 1990, o lugar central do debate sobre desenvolvimento concerne ao desenvolvimento humano. A promoção do crescimento econômico não é, por si só, suficiente para o desenvolvimento, vez que é preciso “pensar em distribuição de renda, saúde, educação, ambiente, liberdade, lazer, entre outras variáveis que podem afetar a qualidade de vida da sociedade” (Oliveira, 2006a, p. 23).
Nesse sentido, o economista Amartya Sen (2010) contribuiu de forma decisiva com a maneira de repensar o próprio sentido do desenvolvimento. O autor questionou as concepções e interpretações do desenvolvimento feitas apenas sob a ótica do crescimento do PIB, aumento das rendas pessoais e por critérios de indicadores monetários.
É tão importante reconhecer o papel crucial da riqueza na determinação de nossas condições e qualidade de vida quanto entender a natureza restrita e dependente dessa relação. Uma concepção adequada de desenvolvimento deve ir muito além da acumulação de riqueza e do crescimento do Produto Nacional Bruto e de outras variáveis relacionadas à renda. Sem desconsiderar a importância do crescimento econômico, precisamos enxergar muito além dele. (Sen, 2010, p. 28).
A teoria do desenvolvimento humano se baseia na liberdade como meio e fim para o desenvolvimento, garantindo que os indivíduos não sofram privações e possam ampliar suas capacidades humanas, consideradas como condições necessárias para escolhas de vida de acordo com seus valores e objetivos. Sendo assim, quando não há privação de capacidades pode-se estimular o desenvolvimento evidenciando a liberdade de ser e fazer dos indivíduos, que se tornam agentes do processo de desenvolvimento. São denominados agentes, as pessoas com capacidade de agir e intervir no mundo, capazes de produzir mudanças e alcançar seus objetivos e seus próprios valores (Sen, 2010).
Logo, “o desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente” (Sen, 2010, p. 10). A eliminação de privações substanciais, ou seja, de liberdades políticas, econômicas, sociais e humanas cujas fontes são pobreza, tirania e carência de oportunidades econômicas, é constitutiva do desenvolvimento humano (Sen, 2010).
Entretanto, o desenvolvimento e o crescimento econômico de uma sociedade não se traduzem automaticamente em qualidade de vida e, muitas vezes, o que se observa é o reforço das desigualdades. É fundamental que esse desenvolvimento se transforme em benefícios reais para as pessoas (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2014). Por conseguinte, o conceito de desenvolvimento humano é muito
mais amplo do que o de desenvolvimento econômico, estritamente associado à ideia de crescimento. Isso não significa contrapô-los. Na verdade, a longo prazo, nenhum país pode manter – e muito menos aumentar – o bem-estar de sua população se não experimentar um processo de crescimento que implique aumento da produção e da produtividade do sistema econômico, amplie as opções oferecidas a seus habitantes e lhes assegure a oportunidade de empregos produtivos e adequadamente remunerados. Por conseguinte, o crescimento econômico é condição necessária para o desenvolvimento humano [e social] e a produtividade é componente essencial desse processo. Contudo, o crescimento não é, em si, o objetivo último do processo de desenvolvimento; tampouco assegura, por si só, a melhoria do nível de vida da população. (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 1996, p.1).
Para alcançar o desenvolvimento humano é preciso reduzir a desigualdade social e a pobreza. Para tanto, é preciso que os países e regiões concentrem-se não apenas no crescimento econômico, mas também, no desenvolvimento enquanto processo de transformações de ordem econômica, política, humana e social. Desenvolvimento é o crescimento com “incrementos positivos no produto e na renda – transformado para satisfazer as mais diversificadas necessidades do ser humano, tais como: saúde, educação, habitação, transporte, alimentação, lazer, entre outras” (Oliveira, 2006a, p. 19).
O desenvolvimento humano é medido pelo Índice de Desenvolvimento Humano[1] (IDH) em alternativa ao Produto Interno Bruto per capita, sendo uma estratégia para compreender e impulsionar a discussão e reflexão acerca deste tipo de desenvolvimento para a sociedade. O IDH Global[2] reúne três importantes dimensões para a expansão das liberdades das pessoas: longevidade (oportunidade de uma vida longa e saudável), educação (ter acesso ao conhecimento) e renda (garantir um padrão de vida digno) (IPEA, 2014).
A adaptação da metodologia do IDH Global ao contexto nacional gera indicadores mais adequados às necessidades dos países, que podem inovar, substituir ou adicionar dimensões às já existentes, a fim de construir IDHs subnacionais. No Brasil, a metodologia foi adaptada para calcular o IDH Municipal[3] (IDHM) dos municípios e, posteriormente, a nível intramunicipal das regiões metropolitanas do país para as Unidades de Desenvolvimento Humano (UDH) (IPEA, 2014).
O IDHM considera a realidade do Brasil, os indicadores nacionais e as mesmas dimensões do IDH Global, sendo mais apropriado para avaliar o desenvolvimento dos municípios e regiões metropolitanas brasileiras. Além do mais, é referência para gestores, tomadores de decisão e formuladores de políticas públicas, pois estimula que estes priorizem a melhoria da qualidade de vida das pessoas em suas ações e decisões, permite a comparação entre os municípios brasileiros ao longo do tempo e é um contraponto ao PIB não limitando o desenvolvimento ao crescimento econômico (IPEA, 2014).
O cálculo do IDHM considera três componentes: IDHM Longevidade, que concerne a expectativa de vida ao nascer; IDHM Educação, referente a escolaridade da população adulta e o fluxo escolar da população jovem; e, IDHM Renda, relativo à renda per capita. O índice é calculado pela média geométrica – raiz cúbica da multiplicação dos três IDHMs (IPEA, 2014).
No Brasil e no mundo, especialistas em políticas públicas têm utilizado os conceitos de exclusão, vulnerabilidade social e desenvolvimento humano para compreender as situações de pobreza, uma vez que se apresentam como recursos interpretativos acerca dos processos de desenvolvimento social para além da sua dimensão monetária (IPEA, 2015b). Sendo assim, como complemento ao IDHM, o índice de Vulnerabilidade Social (IVS) procura “dar destaque a diferentes situações indicativas de exclusão e vulnerabilidade social do território brasileiro, numa perspectiva que vai além da identificação da pobreza entendida apenas como insuficiência de recursos monetários” (IPEA, 2015b, p. 8).
O IVS[4] é um índice sintético constituído por três subíndices que determinam a promoção das condições de bem-estar da população, quais sejam: IVS Infraestrutura Urbana (acesso a serviços de saneamento básico e mobilidade urbana); IVS Capital Humano (inclusão social dos indivíduos); e, IVS Renda e Trabalho (vulnerabilidade de renda e trabalho). O índice é resultado da média aritmética destes subíndices cujo cálculo utilizou 16 indicadores obtidos a partir das variáveis dos Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dos anos 2000 e 2010 com seus respectivos pesos. A partir do IVS é possível mapear, nos municípios brasileiros e regiões metropolitanas, singularidades da exclusão e da vulnerabilidade social identificadas pela ausência ou falhas na oferta de bens e serviços públicos no território nacional (IPEA, 2015b).
Para contribuir na análise socioeconômica, seja da população seja de determinada região geográfica, é utilizado o Coeficiente de Gini da renda domiciliar per capita que mede o nível de desigualdade na distribuição de renda e riqueza. Este índice consiste em uma variação de zero a um, onde zero corresponde à situação de igualdade de renda para todos e um corresponde à completa desigualdade, ou seja, quando uma única pessoa detém toda a renda. Na prática, o Coeficiente de Gini compara os 20% mais pobres com os 20% mais ricos (IPEA, 2004).
3 CONFIGURAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA
A Região Metropolitana (RM) de Curitiba é constituída por 29 municípios, sendo que a metrópole é a capital do Estado do Paraná “que se destaca pelo tamanho populacional e porte econômico, funções, relações com outras aglomerações e pelo importante papel que desempenha na rede urbana brasileira” (Kornin; Carmo, 2013, p. 87). Instituída pela Lei Complementar nº 14, de 8 de junho de 1973, e originalmente formada por 14 municípios, teve sua configuração alterada a partir da década de 1990 devido inclusão de municípios e desmembramentos de outros.
Atualmente, o território da RM de Curitiba possui a extensão de 16.580,502 km², o que corresponde aproximadamente a 8,29% do território paranaense (Institito Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), 2023). Faz fronteira com os estados de São Paulo, ao norte, e Santa Catarina, ao sul, e configura “uma aglomeração urbana na porção central, fortemente concentrada, urbanizada, densa, continuamente ocupada, que contrasta ... com municípios integrantes da região do Vale da Ribeira, ao norte, marcados por carências econômicas e sociais” (Moura; Firkowski, 2014, p. 23).
Segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES), as estimativas para o ano de 2021 apontavam para uma população metropolitana de 3.731.769 habitantes e densidade demográfica de 225,07 hab./km² (IPARDES, 2023). Logo, a RM de Curitiba consolida-se “como o espaço mais concentrador e adensado do Estado, já com bases populacionais elevadas e mantendo taxas de crescimento também elevadas, com destaque para os municípios periféricos ao núcleo” (Observatório das Metrópoles, 2012, p. 20-21).
Da totalidade dos municípios que compõem a RM de Curitiba, 14 deles formam a Área de Concentração da População (ACP)[5] ou Núcleo Urbano Central (NUC) e, devido a localização próxima e integrada com a metrópole, se tornam mais sólidos na medida em que se configuram como o espaço no qual efetivamente ocorre a dinâmica metropolitana, diverso ao recorte legalmente instituído.
Figura 1 – Região Metropolitana de Curitiba
Fonte: Paraná (2023)
A metrópole e estes municípios mantêm uma relação mútua de interdependência socioeconômica, uma vez que as especificidades destes municípios acabam suprimidas em prol do desenvolvimento da metrópole, que tende a absorver uma sobrecarga de serviços e problemas de infraestrutura urbana (Oliveira, 2006b). Na figura 1 é possível verificar os limites geográficos, mancha urbana e municípios da Região Metropolitana de Curitiba.
É importante observar que Curitiba não está isenta dos problemas socioeconômicos dos municípios limítrofes, pois não possui um sistema compensatório de políticas públicas que assegurem programas sociais e urbanos integrados. A concentração de impostos na metrópole é uma das causas das desigualdades que intensificam os problemas de cunho social, tendo em vista os déficits em desenvolvimento humano dos municípios metropolitanos (Oliveira, 2006b), que serão verificados mais adiante.
Em uma região metropolitana, as cidades de 2ª, 3ª, 4ª e 5ª ordens (satélites), às vezes, são confundidas e tratadas como bairros da cidade de 1ª ordem (central), que é epicentro do processo decisório. Análogo à Teoria de Polos de Perroux (1967), a classificação da ordem de cada cidade dá-se conforme seu grau de conurbação e proximidade do polo regional. Assim, quanto mais afastada for da cidade de 1ª ordem (polo), maior será sua classificação e menor sua interdependência e inter-relação com o centro decisório (Oliveira, 2006b, p. 87).
No quadro 1 estão dispostos dados relativos à área territorial, distância do município em relação a metrópole, ordem em relação a região metropolitana, formação/inclusão do município na RM de Curitiba e quantitativo da população censitária e estimada dos municípios nos anos de 2010 e 2021, respectivamente.
O território da RM de Curitiba foi marcado pelo processo de metropolização no início na década de 1970 quando ocorreu a intensificação da segregação espacial metropolitana caracterizada pela ocupação dos espaços vazios limítrofes a Curitiba, mais acessíveis economicamente e com pouca infraestrutura urbana. Nos anos 1980, surgiram os movimentos pendulares e as cidades-dormitórios, intensificando problemas de infraestrutura e saneamento básico devido a pouca condição financeira e gestão urbana dos municípios adjacentes à metrópole (Naganime; Kornin; Esteves, 2014).
Quadro 1 – Região Metropolitana de Curitiba em números
(Continua) |
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Município |
Área Territorial (km2)[6] |
Distância da metrópole (km) |
Ordem em relação ao centro da RM[7] |
Data da inclusão na RM[8] |
População Censitária (hab.)[9] |
População Estimada (hab.)[10] |
Curitiba |
434,721 |
0 |
1º |
08/06/1973 |
1.751.907 |
1.963.726 |
Almirante Tamandaré |
193,721 |
17 |
2º |
08/06/1973 |
103.204 |
121.420 |
Araucária |
470,013 |
27 |
2º |
08/06/1973 |
119.123 |
148.522 |
Campo Largo |
1.241,188 |
32 |
2º |
08/06/1973 |
112.377 |
135.678 |
Campo Magro |
274,579 |
10 |
2º |
16/05/1995 |
24.843 |
30.151 |
Colombo |
197,377 |
19 |
2º |
08/06/1973 |
212.967 |
249.277 |
Fazenda Rio Grande |
116,674 |
19 |
2º |
29/12/1994 |
81.675 |
103.750 |
Pinhais |
60,851 |
7 |
2º |
29/12/1994 |
117.008 |
134.788 |
São José dos Pinhais |
945,210 |
15 |
2º |
08/06/1973 |
264.210 |
334.620 |
Balsa Nova |
347,618 |
42 |
3º |
08/06/1973 |
11.300 |
13.238 |
Bocaiúva do Sul |
809,774 |
40 |
3º |
08/06/1973 |
10.987 |
13.308 |
Campina Grande do Sul |
543,488 |
31 |
3º |
08/06/1973 |
38.769 |
44.072 |
Contenda |
295,806 |
48 |
3º |
08/06/1973 |
15.891 |
19.082 |
Itaperuçu |
323,576 |
37 |
3º |
29/12/1994 |
23.887 |
29.493 |
Lapa |
2.098,442 |
71 |
3º |
21/01/2002 |
44.932 |
48.651 |
Mandirituba |
378,870 |
45 |
3º |
08/06/1973 |
22.220 |
27.750 |
Piraquara |
224,880 |
22 |
3º |
08/06/1973 |
93.207 |
116.852 |
Quatro Barras |
180,692 |
31 |
3º |
08/06/1973 |
19.851 |
24.253 |
Rio Branco do Sul |
819,186 |
33 |
3º |
08/06/1973 |
30.650 |
32.635 |
Tijucas do Sul |
671,461 |
62 |
3º |
29/12/1994 |
14.537 |
17.295 |
Agudos do Sul |
191,844 |
73 |
4º |
22/04/1998 |
8.270 |
9.567 |
Cerro Azul |
1.353,449 |
87 |
4º |
29/12/1994 |
16.938 |
17.884 |
Quitandinha |
446,902 |
72 |
4º |
29/12/1994 |
17.089 |
19.388 |
Tunas do Paraná |
671,399 |
87 |
4º |
29/12/1994 |
6.256 |
9.269 |
Adrianópolis |
1.342,457 |
133 |
5º |
16/05/1995 |
6.376 |
5.797 |
Campo do Tenente |
304,635 |
93 |
5º |
09/12/2011 |
7.125 |
8.118 |
Doutor Ulysses |
780,785 |
170 |
5º |
29/12/1994 |
5.727 |
5.525 |
Piên |
256,181 |
88 |
5º |
09/12/2011 |
11.236 |
13.015 |
Rio Negro |
604,723 |
110 |
5º |
09/12/2011 |
31.274 |
34.645 |
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) (2023) e Oliveira (2006b, p. 93)
Na década de 1990 as ocupações irregulares predominaram no entorno de Curitiba, especialmente em áreas com grande fragilidade ambiental. A transformação socioespacial resultou da imagem positiva de Curitiba como capital ecológica e da implantação de indústrias importantes na aglomeração urbana (Naganime; Kornin; Esteves, 2014). Nos anos 2000, as áreas mais antigas tornaram-se mais densas e surgiram, também, novas áreas periféricas que se caracterizaram por uma espacialidade heterogênea e fragmentada (Silva, 2014). A partir da década de 2010, um novo padrão de localização dos espaços de moradia excluiu dos lugares mais valorizados a população que apresentava condição socioeconômica desigual (Naganime; Kornin; Esteves, 2014).
Com relação ao cenário econômico, a RM de Curitiba “se configura como a espacialidade mais concentradora de economia e população do estado do Paraná, e muitos de seus municípios crescem mais que a média estadual” (Kornin; Carmo, 2013, p. 87). No ano de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) da região somou R$ 165, 4 bilhões e o PIB Per Capita apresentou o valor de 44.785, considerando a unidade R$ 1,00. No mesmo ano, as economias de Curitiba, São José dos Pinhais e Araucária perfizeram, juntas, 26% do PIB do Paraná ficando entre as maiores do Estado, além de despontarem entre os 100 maiores PIBs do Brasil (IPARDES, 2023).
No quadro 2, verifica-se o PIB e o PIB Per Capita dos municípios metropolitanos no ano de 2020. Apesar da concentração econômica da RM de Curitiba no Estado do Paraná, na análise dos indicadores socioeconômicos é notória a desigualdade entre a metrópole e os demais municípios, sobretudo os de 4ª e 5ª ordem que não possuem inter-relação com o centro decisório. O enriquecimento de municípios da região, como São José dos Pinhais e Araucária, não foi suficiente para aproximá-los do desempenho da metrópole, o que demonstra que um alto PIB per capita não significa maior desenvolvimento econômico.
Quadro 2 – Produto Interno Bruto dos municípios da RM de Curitiba – 2020
Município |
PIB |
PIB Per Capita |
Município |
PIB |
PIB Per Capita |
Curitiba |
88.308.728,398 (1º) |
45.318 (8º) |
Balsa Nova |
711.868,789 (16º) |
54.374 (5º) |
São José dos Pinhais |
21.975.611,641 (2º) |
66.783 (2º) |
Mandirituba |
607.967,131 (17º) |
22.258 (19º) |
Araucária |
19.724.416,419 (3º) |
134.901 (1º) |
Itaperuçu |
573.678,735 (18º) |
19.734 (22º) |
Pinhais |
6.365.266,733 (4º) |
47.683 (7º) |
Campo Magro |
502.213,009 (19º) |
16.887 (25º) |
Colombo |
4.957.401,408 (5º) |
20.108 (21º) |
Quitandinha |
450.834,351 (20º) |
23.455 (18º) |
Campo Largo |
4.719.806,609 (6º) |
35.258 (11º) |
Contenda |
450.057,533 (21º) |
23.892 (17º) |
Fazenda Rio Grande |
2.771.416,38 (7º) |
27.170 (14º) |
Tijucas do Sul |
420.287,09 (22º) |
24.601 (16º) |
Lapa |
2.026.467,03 (8º) |
41.861 (9º) |
Cerro Azul |
351.126,168 (23º) |
19.690 (23º) |
Campina Grande do Sul |
1.745.772,495 (9º) |
39.963 (10º) |
Adrianópolis |
285.879,629 (24º) |
48.810 (6º) |
Almirante Tamandaré |
1.692.822,355 (10º) |
14.102 (27º) |
Bocaiúva do Sul |
233.071,046 (25º) |
17.752 (24º) |
Quatro Barras |
1.595.785,35 (11º) |
66.739 (3º) |
Agudos do Sul |
207.206,374 (26º) |
21.880 (20º) |
Piraquara |
1.396.343,214 (12º) |
12.145 (29º) |
Campo do Tenente |
206.869,475 (27º) |
25.714 (15º) |
Rio Negro |
1.200.021,834 (13º) |
34.873 (12º) |
Tunas do Paraná |
122.576,862 (28º) |
13.586 (28º) |
Rio Branco do Sul |
1.014.497,137 (14º) |
31.199 (13º) |
Doutor Ulysses |
89.527,079 (29º) |
16.125 (26º) |
Piên |
722.693,796 (15º) |
56.101 (4º) |
|
|
|
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) (2023)
Os impactos negativos no desenvolvimento resultam da pobreza e desigualdade social, aumento das situações de vulnerabilidade e exclusão sociais, marginalização da sociedade com aumento dos índices de criminalidade e violência, processos de favelização, desemprego, falta de acesso a serviços públicos de qualidade, educação precária, dentre outros. A desigualdade social, por sua vez, resulta da concentração de distribuição de renda, medida pelo Coeficiente de Gini que indica a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos.
No quadro 3, verifica-se o Coeficiente de Gini domiciliar Per Capita dos municípios da RM de Curitiba referente aos anos de 2000 e 2010, lembrando que o valor zero representa a situação de completa igualdade e o valor um representa uma situação de completa desigualdade. No período analisado observa-se desigualdade de renda entre os municípios, sendo que no ano 2000, os que registraram maior desigualdade foram Cerro Azul (0,6254), Lapa (0,6212), Quitandinha (0,6152), Piên (0,5954) e Curitiba (0,5942). No outro extremo, os municípios com menores Coeficientes de Gini foram Balsa Nova (0,4878), Araucária (0,4834), Almirante Tamandaré (0,4759), Colombo (0,4732) e Fazenda Rio Grande (0,4538). Na década seguinte, em 2010, os municípios com maior desigualdade foram Curitiba (0,5652), Adrianópolis (0,5393), Tunas do paraná (0,5283), Pinhais (0,5082) e Balsa Nova (0,5067). Os municípios com menor desigualdade foram Piên (0,4322), Piraquara (0,4307), Colombo (0,4196), Itaperuçu (0,4062) e Campo Magro (0,3984).
Com relação ao cenário social, a análise versa acerca do desenvolvimento humano na RM de Curitiba e se utiliza de indicadores sociais como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) e o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS). Assim, o desenvolvimento humano “deve ser centrado nas pessoas e na ampliação do seu bem-estar, entendido não como o acúmulo de riqueza e o aumento da renda, mas como a ampliação do escopo das escolhas e da capacidade e da liberdade de escolher” (IPEA, 2014, p. 10).
Na figura 2, verifica-se a evolução do IDHM da RM de Curitiba a partir da série histórica referente aos anos 2000 e 2010 a 2021, lembrando que as faixas de desenvolvimento humano são fixas, sendo: Baixo Desenvolvimento Humano menor que 0,550; Médio Desenvolvimento Humano entre 0,550 e 0,699; Alto Desenvolvimento Humano entre 0,700 e 0,799; e Muito Alto Desenvolvimento Humano acima de 0,800. O que se observa é um aumento do desenvolvimento humano até 2013, permanecendo em relativa estabilidade até o ano de 2019 e acentuada queda no ano de 2021.
Quadro 3 – Coeficiente de Gini dos municípios da RM de Curitiba - 2000-2010
Município |
Coeficiente de Gini Domiciliar Per Capita |
Município |
Coeficiente de Gini Domiciliar Per Capita |
||
2000 |
2010 |
2000 |
2010 |
||
Adrianópolis |
0,5780 |
0,5393 |
Fazenda Rio Grande |
0,4538 |
0,4922 |
Agudos do Sul |
0,5315 |
0,4797 |
Itaperuçu |
0,5037 |
0,4062 |
Almirante Tamandaré |
0,4759 |
0,4402 |
Lapa |
0,6212 |
0,4947 |
Araucária |
0,4834 |
0,4637 |
Mandirituba |
0,5816 |
0,4767 |
Balsa Nova |
0,4878 |
0,5067 |
Piên |
0,5954 |
0,4322 |
Bocaiúva do Sul |
0,5524 |
0,4599 |
Pinhais |
0,4896 |
0,5082 |
Campina Grande do Sul |
0,5079 |
0,4434 |
Piraquara |
0,5056 |
0,4307 |
Campo do Tenente |
0,5076 |
0,5016 |
Quatro Barras |
0,5549 |
0,4915 |
Campo Largo |
0,5005 |
0,4535 |
Quitandinha |
0,6152 |
0,4853 |
Campo Magro |
0,5109 |
0,3984 |
Rio Branco do Sul |
0,5481 |
0,4759 |
Cerro Azul |
0,6254 |
0,4882 |
Rio Negro |
0,5410 |
0,4826 |
Colombo |
0,4732 |
0,4196 |
São José dos Pinhais |
0,5258 |
0,4599 |
Contenda |
0,5595 |
0,4787 |
Tijucas do Sul |
0,5326 |
0,4833 |
Curitiba |
0,5942 |
0,5652 |
Tunas do Paraná |
0,5924 |
0,5283 |
Doutor Ulysses |
0,5357 |
0,5019 |
|
|
|
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico de Social (IPARDES) (2023)
Figura 2 – Série Histórica IDHM da RM de Curitiba – 2000, 2010-2021
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2023)
Com relação as dimensões do IDHM, é possível verificar na figura 3 que houve um aumento relativo do componente IDHM Longevidade (obtido a partir do indicador esperança de vida ao nascer) que mede vida longa e saudável, e diminuição no componente IDHM Renda (obtido a partir do indicador Renda Per Capita) e Educação (obtido através da média geométrica do subíndice de frequência de crianças e jovens à escola), que medem o padrão de vida e acesso ao conhecimento, respectivamente.
Figura 3 – Série Histórica IDHM Dimensões da RM de Curitiba – 2000, 2010-2021
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2023)
Na análise individual dos municípios é possível verificar as desigualdades que evidenciam pobreza, exclusão e segregação social, sobretudo naqueles mais afastados da metrópole. Assim, no quadro 4, constam o IDHM relativo ao ano 2000 e 2010, bem como os componentes longevidade, educação e renda para igual período. Com relação ao IDHM, é possível verificar que os municípios de Curitiba, Campo Largo, Pinhais, São José dos Pinhais, Quatro Barras e Rio Negro possuem maior índice nos dois períodos analisados. Destes municípios, apenas o último não compõe a Área de Concentração Populacional (ACP) ou Núcleo Urbano Central (NUC)[11].
Dos municípios com menor IDHM no período analisado, cinco encontram-se no Vale do Ribeira[12] cujos municípios são marcados por carências econômicas e sociais e “constituem um enclave de estagnação econômica e baixo desenvolvimento social” (IPARDES, 2003, p. 1). Apesar disto, é possível verificar que de 2000 para 2010 houve um avanço positivo nos indicadores destes municípios (Bocaiúva do Sul, Itaperuçu, Tijucas do Sul, Tunas do Paraná, Cerro Azul e Doutor Ulysses).
Quadro 4 – IDHM e suas dimensões, dos municípios da RM de Curitiba - 2000-2010
Município |
IDHM |
Dimensões IDHM |
||||||
Longevidade |
Educação |
Renda |
||||||
2000 |
2010 |
2000 |
2010 |
2000 |
2010 |
2000 |
2010 |
|
Adrianópolis |
0,542 |
0,667 |
0,748 |
0,817 |
0,396 |
0,563 |
0,539 |
0,644 |
Agudos do Sul |
0,513 |
0,660 |
0,704 |
0,790 |
0,329 |
0,543 |
0,584 |
0,671 |
Almirante Tamandaré |
0,583 |
0,699 |
0,773 |
0,840 |
0,407 |
0,575 |
0,629 |
0,706 |
Araucária |
0,628 |
0,740 |
0,803 |
0,852 |
0,467 |
0,639 |
0,661 |
0,743 |
Balsa Nova |
0,605 |
0,696 |
0,761 |
0,823 |
0,463 |
0,579 |
0,629 |
0,707 |
Bocaiúva do Sul |
0,523 |
0,640 |
0,723 |
0,816 |
0,321 |
0,473 |
0,618 |
0,679 |
Campina Grande do Sul |
0,597 |
0,718 |
0,804 |
0,860 |
0,415 |
0,605 |
0,639 |
0,712 |
Campo do Tenente |
0,550 |
0,686 |
0,737 |
0,806 |
0,393 |
0,606 |
0,574 |
0,661 |
Campo Largo |
0,639 |
0,745 |
0,800 |
0,854 |
0,483 |
0,664 |
0,674 |
0,730 |
Campo Magro |
0,579 |
0,701 |
0,753 |
0,828 |
0,399 |
0,607 |
0,647 |
0,685 |
Cerro Azul |
0,450 |
0,573 |
0,748 |
0,797 |
0,222 |
0,391 |
0,550 |
0,604 |
Colombo |
0,630 |
0,733 |
0,822 |
0,870 |
0,464 |
0,632 |
0,657 |
0,715 |
Contenda |
0,601 |
0,681 |
0,768 |
0,816 |
0,447 |
0,555 |
0,633 |
0,697 |
Curitiba |
0,750 |
0,823 |
0,796 |
0,855 |
0,655 |
0,768 |
0,809 |
0,850 |
Doutor Ulysses |
0,377 |
0,546 |
0,702 |
0,791 |
0,160 |
0,362 |
0,478 |
0,570 |
Fazenda Rio Grande |
0,594 |
0,720 |
0,762 |
0,847 |
0,438 |
0,617 |
0,627 |
0,713 |
Itaperuçu |
0,474 |
0,637 |
0,685 |
0,779 |
0,275 |
0,507 |
0,565 |
0,654 |
Lapa |
0,614 |
0,706 |
0,769 |
0,848 |
0,459 |
0,595 |
0,655 |
0,696 |
Mandirituba |
0,568 |
0,655 |
0,765 |
0,807 |
0,368 |
0,515 |
0,650 |
0,677 |
Piên |
0,578 |
0,694 |
0,731 |
0,802 |
0,409 |
0,616 |
0,646 |
0,677 |
Pinhais |
0,657 |
0,751 |
0,773 |
0,836 |
0,530 |
0,666 |
0,691 |
0,761 |
Piraquara |
0,581 |
0,700 |
0,822 |
0,869 |
0,374 |
0,574 |
0,639 |
0,689 |
Quatro Barras |
0,654 |
0,742 |
0,794 |
0,831 |
0,501 |
0,665 |
0,702 |
0,740 |
Quitandinha |
0,563 |
0,680 |
0,712 |
0,806 |
0,421 |
0,603 |
0,595 |
0,648 |
Rio Branco do Sul |
0,554 |
0,679 |
0,767 |
0,847 |
0,366 |
0,545 |
0,607 |
0,679 |
Rio Negro |
0,678 |
0,760 |
0,804 |
0,863 |
0,577 |
0,705 |
0,673 |
0,721 |
São José dos Pinhais |
0,646 |
0,758 |
0,797 |
0,859 |
0,485 |
0,678 |
0,699 |
0,749 |
Tijucas do Sul |
0,502 |
0,636 |
0,703 |
0,792 |
0,300 |
0,479 |
0,599 |
0,679 |
Tunas do Paraná |
0,442 |
0,611 |
0,755 |
0,801 |
0,189 |
0,444 |
0,605 |
0,641 |
Fonte: Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) (2023)
Como complemento ao IDHM, o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) faz referência às dimensões de Infraestrutura Urbana, Capital Humano e Renda e Trabalho consideradas essenciais para a garantia do bem-estar da população e, também, ferramentas importantes para a formulação e avaliação de políticas públicas (Costa et al., 2018).
Na figura 4, verifica-se a evolução do IVS da RM de Curitiba a partir da série histórica referente aos anos 2000 e 2010 a 2021, lembrando que os municípios que apresentam IVS entre 0 e 0,200 são considerados com muito baixa vulnerabilidade social; os que apresentam valores entre 0,201 e 0,300 indicam baixa vulnerabilidade social; os que apresentam valores entre 0,301 e 0,400 são de média vulnerabilidade social; os que apresentam entre 0,401 e 0,500 são considerados de alta vulnerabilidade social; e, os que apresentam entre 0,501 e 1 possuem muito alta vulnerabilidade social. O que se observa é uma acentuada diminuição da vulnerabilidade social até 2014, permanecendo em relativa estabilidade até o ano de 2021.
Figura 4 – Série Histórica IVS da RM de Curitiba – 2000, 2010-2021
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2023)
Na figura 5, verifica-se que o IVS da RM de Curitiba nas dimensões Infraestrutura Urbana, Capital Humano e Renda e Trabalho alterou entre os anos de 2000 e 2013 passando de média vulnerabilidade social para baixa vulnerabilidade social, respectivamente. A partir de 2014 as duas últimas dimensões estabilizaram em muito baixa vulnerabilidade social e, a primeira, em baixa vulnerabilidade social.
Figura 5 – Série Histórica IVS Dimensões da RM de Curitiba – 2000, 2010-2021
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2023)
A dimensão Infraestrutura Urbana contempla a vulnerabilidade no acesso a serviços de mobilidade urbana e saneamento básico e estão relacionados ao domicílio dos indivíduos, impactando diretamente na qualidade de vida. Os indicadores que compõem esta dimensão são: percentual de pessoas em domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitário inadequado; percentual de pessoas em domicílios urbanos sem serviço de coleta de lixo; e, percentual de pessoas em domicílios com renda per capita inferior a meio salário mínimo e que gastam mais de uma hora até o trabalho (Costa et al., 2018).
No quadro 5, observam-se os seis municípios com maior e menor IVS – Dimensão Infraestrutura Urbana, o que corresponde a 20% do total de municípios metropolitanos, respectivamente. A metrópole apresentou um IVS de 0,401, indicando alta vulnerabilidade em infraestrutura urbana.
Quadro 5 – Municípios com menor e maior IVS Infraestrutura Urbana em 2010
Menor IVS |
Maior IVS |
||
Municípios |
IVS Infraestrutura Urbana |
Municípios |
IVS Infraestrutura Urbana |
Balsa Nova |
0.099 |
Fazenda Rio Grande |
0.410 |
Tijucas do Sul |
0.110 |
Campo Magro |
0.411 |
Campo do Tenente |
0.127 |
Rio Branco do Sul |
0.413 |
Agudos do Sul |
0.144 |
Mandirituba |
0.415 |
Cerro Azul |
0.145 |
Tunas do Paraná |
0.419 |
Piên |
0.147 |
Itaperuçu |
0.422 |
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2023)
A dimensão Capital Humano determina a perspectiva de futuro dos indivíduos e envolve dois ativos: condições de saúde e acesso à educação. Os indicadores que compõem esta dimensão refletem a presença dos ativos no domicílio e as possibilidades de superação: taxa de mortalidade; percentual de crianças que frequentam a escola; percentual de pessoas que não frequentam a escola; percentual de adolescentes que tiveram filhos; percentual de mães chefes de família, com um filho e que não frequentaram a escola; taxa de analfabetismo, percentual de crianças que vivem em domicílios em que nenhum dos moradores tem o ensino fundamental completo; e, percentual de crianças que vivem em domicílios em que nenhum dos moradores tem o ensino fundamental completo (Costa et al., 2018).
No quadro 6, observam-se os seis municípios com maior e menor IVS – Dimensão Capital Humano com destaque para os municípios com maior vulnerabilidade social por serem os mesmos com menor IDHM e que compõem o Vale da Ribeira (norte da RM de Curitiba).
A dimensão Renda e Trabalho associa indicadores referentes à insuficiência de renda das famílias (renda domiciliar per capita) com fatores que configuram fluxo insuficiente de renda, tais como: desocupação de adultos, ocupação informal de adultos pouco escolarizados, dependência da família com relação à renda de pessoas idosas, presença de trabalho infantil. Os indicadores que compõem esta dimensão são: percentual de pessoas com renda domiciliar per capita igual ou menor que meio salário mínimo; taxa de desocupação da população de 18 anos com maior idade; percentual de pessoas de 18 anos ou com menor idade sem fundamental completo e em ocupação informal; percentual de pessoas em domicílios com renda per capita inferior a meio salário mínimo que dependem de idosos; e, taxa de atividade das pessoas com idade entre 10 a 14 anos (Costa et al., 2018).
Quadro 6 – Municípios com menor e maior IVS Capital Humano em 2010
Menor IVS |
Maior IVS |
||
Municípios |
IVS Capital Humano |
Municípios |
IVS Capital Humano |
Curitiba |
0.203 |
Campo do Tenente |
0.449 |
Quatro Barras |
0.246 |
Itaperuçu |
0.449 |
Pinhais |
0.256 |
Rio Branco do Sul |
0.499 |
Rio Negro |
0.286 |
Cerro Azul |
0.509 |
Araucária |
0.292 |
Doutor Ulysses |
0.571 |
São José dos Pinhais |
0.294 |
Tunas do Paraná |
0.595 |
Fonte: Elaborado pelas autoras com base no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2023)
No quadro 7, observam-se os seis municípios com maior e menor IVS – Dimensão Renda e Trabalho com destaque para os municípios com maior vulnerabilidade social por serem os mesmos com menor IDHM e IVS Capital Humano e que compõem o Vale da Ribeira, com exceção do município de Quitandinha.
Quadro 7 – Municípios com maior e menor IVS Renda e Trabalho em 2010
Menor IVS |
Maior IVS |
||
Municípios |
IVS Renda e Trabalho |
Municípios |
IVS Capital Humano |
Curitiba |
0.155 |
Agudos do Sul |
0.341 |
Pinhais |
0.174 |
Quitandinha |
0.355 |
São José dos Pinhais |
0.175 |
Bocaiúva do Sul |
0.362 |
Almirante Tamandaré |
0.189 |
Cerro Azul |
0.435 |
Colombo |
0.196 |
Doutor Ulysses |
0.436 |
Quatro Barras |
0.198 |
Adrianópolis |
0.439 |
Fonte: Elaborado pelas autoras com base nos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (2023)
Diante desses dados, é possível verificar que o IVS mais baixo se estende entre os municípios que formam a Área de Concentração Populacional (ACP). Na outra extremidade, os valores mais altos de IVS são encontrados, predominantemente, nos municípios localizados na porção norte da RM de Curitiba. Na figura 6 visualiza-se os mapas da RM 2 e 3, respectivamente, com o IDHM e IVS metropolitano. Observa-se que os maiores IVSs e menores IDHMs estão localizados nos municípios marcados por insuficiências econômicas e sociais e, por consequência, com baixa prosperidade social e alto índice de pobreza.
Figura 6 – IDHM e IVS da RM de Curitiba - 2010
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Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 2014, p. 35; 2015b, p. 61
A vulnerabilidade e desigualdade social podem ser vistas como predisposição à pobreza que, além da questão monetária, também é a ausência da qualidade de vida, bem-estar, capacidades e oportunidades, liberdade individual e política. A consequência são situações de exclusão social, marginalização da sociedade com aumento dos índices de criminalidade e violência, processos de favelização, desemprego, falta de acesso a serviços públicos, educação precária, entre outros. A RM de Curitiba apresenta discrepâncias econômicas e sociais evidenciadas na desigualdade, vulnerabilidade, pobreza e exclusão que acabam por repercutir no desenvolvimento econômico.
Desde a época de sua criação, a região metropolitana de Curitiba é marcada pela desigualdade e segregação socioespacial, exclusão social e disparidades econômicas entre os municípios que a compõem. O território metropolitano congrega relações que englobam funções locais e regionais e o seu crescimento relaciona-se com a adequada implementação de estratégias no ordenamento territorial e políticas de desenvolvimento. Os problemas dos municípios são os mesmos, não podendo ser desconsiderados, uma vez que as mais diversas desigualdades precisam ser suprimidas para gerar benefícios capazes de desenvolver a região e melhorar os níveis de qualidade de vida da população.
Na análise dos indicadores socioeconômicos, bem como as vertentes que os compõem, é possível verificar avanços sociais e econômicos, embora se observe estagnação econômica e baixo desenvolvimento social nos municípios do Vale do Ribeira e nos localizados em áreas periféricas, mais afastados e sem relação direta com a metrópole. Apesar desta se sobressair por sua centralidade de decisão, poder, gestão, economia e riqueza, nos municípios localizados em seu entorno também perduram desigualdades e contradições por não se fortalecerem do ponto de vista econômico e social em detrimento ao crescimento da metrópole.
Sendo assim, os indicadores apresentados reforçam um desenvolvimento intrametropolitano desigual com iniquidades econômicas, sociais e de vulnerabilidade social. Considerando que tais desigualdades são características do desenvolvimento da região metropolitana de Curitiba, torna-se essencial que os investimentos nos municípios afastados do centro decisório sejam aumentados com o objetivo de reduzir as disparidades apresentadas e propiciar aos mesmos serviços públicos de qualidade por parte da metrópole.
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Contribuição de autoria
1 – Andrea Traub
Doutora em Planejamento e Governança Pública pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
https://orcid.org/0000-0002-8096-4314 • andrea.traub@gmail.com
Contribuição: Escrita e primeira redação
2 – Ana Paula Myszczuk
Doutora em Direito Econômico e Socioambiental pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná
https://orcid.org/0000-0003-0232-0449 • anap@utfpr.edu.br
Contribuição:
Como citar este artigo
TRAUB, A.; MYSZCZUK, A. P. Análise do desenvolvimento na região metropolitana de Curitiba a partir de indicadores socioeconômicos. Econ. e Desenv., Santa Maria, v.35, e75422, 2023. DOI 10.5902/1414650975422. Disponível em: https://doi.org/ 10.5902/1414650975422. Acesso em: XX/XX/XXXX.
[1]1 O Índice de Desenvolvimento Humano foi apresentado no Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no ano de 1990, tendo sido idealizadopelo paquistanês Mahbubul Haq em colaboração com o economista Amartya Sen (IPEA, 2014).
[2] No IDH Global, “as três dimensões têm o mesmo peso, e as faixas de desenvolvimento humano são fixas, sendo: Baixo Desenvolvimento Humano menor que 0,550; Médio Desenvolvimento Humano entre 0,550 e 0,699; Alto Desenvolvimento Humano entre 0,700 e 0,799; e Muito Alto Desenvolvimento Humano acima de 0,800” (IPEA, 2014, p. 11).
[3] “Esse cálculo foi realizado a partir das informações dos três últimos Censos Demográficos do IBGE – 1991, 2000 e 2010 – e conforme a malha municipal existente em 2010” (IPEA, 2014).
[4] Neste Índice, os municípios que apresentam IVS entre 0 e 0,200 são considerados com muito baixa vulnerabilidade social; os que apresentam valores entre 0,201 e 0,300 indicam baixa vulnerabilidade social; os que apresentam valores entre 0,301 e 0,400 são de média vulnerabilidade social; os que apresentam entre 0,401 e 0,500 são considerados de alta vulnerabilidade social; e, os que apresentam entre 0,501 e 1 possuem muito alta vulnerabilidade social (IPEA, 2015b).
[5] “grandes manchas urbanas de ocupação contínua, caracterizadas pelo tamanho e densidade da população, pelo grau de urbanização e pela coesão interna da área, dada pelos deslocamentos da população para o trabalho ou estudo” (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2007, p. 11).
[6] Dados referentes ao ano de 2022.
[7] A classificação obedeceu ao critério de ordem em relação a fronteira com a metrópole.
[8] Lei Complementar n° 14/1973, Lei Estadual nº 11.027/1994, Lei Estadual nº 11.096/1995, Lei Estadual nº 12.125/1998, Lei Estadual nº 13.512/2002, Lei Complementar nº 139/2011.
[9] Dados referentes ao ano de 2010.
[10] Dados referentes ao ano de 2021.
[11] Municípios que compõem o ACP/NUC: Almirante Tamandaré, Araucária, Balsa Nova, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Colombo, Contenda, Curitiba, Mandirituba, Piraquara, Quatro Barras, Rio Branco do Sul e São José dos Pinhais.
[12] Municípios que compõem o Vale do Ribeira: Adrianópolis, Bocaiúva do Sul, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Rio Branco do Sul, Itaperuçu e Tunas do Paraná.