Entre balões, sarjetas e requadros: A nona arte na educação inclusiva, revisão de 2014 a 2024

Between balloons, gutters and frames: The ninth art in inclusive education, revision from 2014 to 2024

Entre globos, brechas, y cuadros: El noveno arte en educación inclusiva, revisión de 2014 a 2024

 

Adonis da Silva Tomé

Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

adonis.psicologia.usm@gmail.com.

 

Ida Carneiro Martins

Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

ida.martins@unicid.edu.br.

 

Roberto Gimenez

Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

roberto.gimenez@unicid.edu.br.

 

Recebido em 16 de setembro de 2024

Aprovado em 09 de outubro de  2024

Publicado em 16 de janeiro de 2025

 

 

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo descrever qualitativamente a última década de produções científicas que se utilizaram de Histórias em Quadrinhos (HQs) na educação inclusiva, e analisar os desdobramentos das temáticas dessas produções. Esta revisão fundamentou-se na busca sistemática em bancos de dissertações, teses e periódicos, e utilizou-se metodologicamente de enfoque fenomenológico, obtendo unidades significativas das produções. O trabalho está organizado em duas etapas: 1) comparação quantitativa da genealogia das produções; e 2) descrição e análise das unidades significativas. As produções científicas mostraram o uso das HQs na educação inclusiva nas seguintes unidades significativas: recursos didático e pedagógico, de acessibilidade, produto pedagógico, recurso mediador de relações e recurso para apreensão de representação social. Nesse sentido, concluiu-se admitindo que existe validação epistemológica no uso das HQs na educação inclusiva, e potencialidade pedagógica ao admiti-las como sistema de linguagem facilitador dos processos de aprendizagem e desenvolvimento, na formação de professores e na escolarização dos estudantes.

 

Palavras-chave: história em quadrinhos; educação inclusiva; recurso didático; recurso pedagógico.

 

 

ABSTRACT

This article aims to qualitatively describe the last decade of scientific productions that used Comics in inclusive education, and analyze the developments of the themes of these productions. This review was based on a systematic search in databases of dissertations, theses and journals, and used a phenomenological approach methodologically, obtaining significant units of productions. The work is organized in two stages: 1) quantitative comparison of the genealogy of productions; and 2) description and analysis of significant units. Scientific productions showed the use of comics in inclusive education in the following significant units: didactic and pedagogical resources, accessibility, pedagogical product, relationship mediating resource and resource for understanding social representation. In this sense, it was concluded by admitting that there is epistemological validation in the use of comics in inclusive education, and pedagogical potential when admitting them as a language system that facilitates learning and development processes, in teacher training and in student education.

 

Keywords: comics; inclusive education; teaching resource; pedagogical resource.

 

 

RESUMEN

Este artículo tiene como objetivo describir cualitativamente la última década de producciones científicas que utilizaron el cómic en la educación inclusiva, y analizar la evolución de las temáticas de dichas producciones. Esta revisión se basó en una búsqueda sistemática en bases de datos de disertaciones, tesis y revistas, y utilizó metodológicamente un enfoque fenomenológico, obteniendo unidades significativas de producciones. El trabajo se organiza en dos etapas: 1) comparación cuantitativa de la genealogía de las producciones; y 2) descripción y análisis de unidades significativas. Las producciones científicas evidenciaron el uso del cómic en la educación inclusiva en las siguientes unidades significativas: recursos didácticos y pedagógicos, accesibilidad, producto pedagógico, recurso mediador de relaciones y recurso para la comprensión de la representación social. En este sentido, se concluyó admitiendo que existe validación epistemológica en el uso del cómic en la educación inclusiva, y potencial pedagógico al admitirlo como un sistema de lenguaje que facilita los procesos de aprendizaje y desarrollo, en la formación de docentes y en la formación de estudiantes.

 

Palabras clave: historietas; educación inclusiva; recurso didáctico; recurso pedagógico.

 

 

Introdução

 

 Julie Dachez, roteirista da graphic novel autobiográfica “A diferença invisível” (Caroline e Dachez, 2021), na dedicatória dessa obra, descreveu: “Sua diferença não é parte do problema, mas da solução. É um remédio para a nossa sociedade, doente de normalidade.”. Ao dedicar sua história em quadrinhos (HQ) aos “desviantes”, Dachez inspira um modo lúdico, poético, semiótico e alternativo à discussão da diversidade e do processo inclusivo. Outras HQs autobiográficas também ecoam junto com Dachez, como o francês Fabien Toulmé, com “Não era você que eu esperava” (2019); o mexicano Bernardo Fernández, com “Fala, Maria!” (2020); e os brasileiros Masanori e Sonia Ninomiya, com “Nori e Eu” (2019); e também de inspirações biográficas, como o alemão Mikaël Ross, com “Aprendendo a cair” (2020), e a sul coreana Keum Sul Gendry-Kim, com “Jun” (2022). O que há de comum entre esses relatos estruturalmente sistematizados na linguagem das HQs (Groensteen, 2015), importante à discussão doravante proposta, são os momentos de escolarização desses “desviantes”.

          A validação de marcos referenciais históricos, em categoria de declarações, haja vista a Declaração Mundial  sobre  Educação  para  Todos,  célebre  Declaração  de  Salamanca (UNESCO,1994); medidas legislativas, na Lei 7.853/1989 (Lei de Integração Social) (Brasil,  1989);  e no  Decreto  3.956  08/10/2001  (Convenção  de  Guatemala),  expedindo  a  Convenção  Interamericana  para  a  Eliminação  de  Todas  as  Formas  de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (Brasil, 2001), figuram a tentativa de garantia de direitos fulcrais da e na educação inclusiva. Desse contexto, muitas pesquisas sobre o cenário educacional inclusivo emergiram: desde a investigação do status  sociométrico de  estudantes  com  Necessidades  Educacionais Especiais (NEE) (Dyonisio e Gimenez, 2020); a arguição do desenvolvimento das políticas públicas para a Educação Inclusiva (Damasceno e Assumpção, 2020); o explorar das conjunturas dos processos pedagógicos e características das atividades dos professores atuantes nas Salas de Recursos Multifuncionais na educação especial (Silva, Miranda e Bordas, 2019); o aprofundamento em relação a missão das adaptações curriculares à educação inclusiva (Zanato e Gimenez, 2017); até o perscrutar da passagem de estudantes com NEE, da educação  infantil  ao  ensino  fundamental  (Dyonisio,  Martins  e  Gimenez,  2016). Por conseguinte, nessas pranchas, tiras e quadros da educação inclusiva, a revisão proposta neste artigo se direcionou especificamente ao uso das HQs na educação inclusiva, vislumbrando a discussão qualitativa na última década de pesquisa.

          Objetivou-se neste artigo assestar quantitativamente o rol literário de 2014 até 2024, com produções que tiveram como temática as HQs na educação inclusiva, pretendendo atualização de dados métricos de suas genealogias e desfechos. Já em alçada qualitativa, objetivou-se descrever as convergências e diferenças entre as produções acadêmicas do decanato. O intuito dessa exploração almeja sobrevir panoramicamente as possibilidades epistemológicas, metodológicas e pragmáticas das HQs nas pesquisas em educação inclusiva. Dessa lógica, ampara-se a motivação dessa revisão, devido as mudanças paradigmáticas (Gimenez, 2022), que atravessam a educação inclusiva, exigindo uma abordagem sistêmica no desenvolvimento das práticas pedagógicas.

          Em síntese, realizou-se uma análise preliminar da produção específica de artigos, dissertações e teses, com recorte para as matérias que tratam especificamente das HQs na educação básica de abordagem inclusiva, nos últimos 10 anos. Investigou-se a incidência, a abordagem e o viés epistemológico das produções, utilizando inferência quantitativa e o método de redução fenomenológica para identificação de unidades significativas a posteriori. Nesta sistemática, procuramos alinhar a importância crescente das HQs como objeto de interesse acadêmico e o tratamento a elas dispensado nas pesquisas em educação inclusiva, levantando indicadores quantitativos e qualitativos que evidenciem a dinâmica dessa relação. Pretendemos contribuir com o mapeamento da produção acadêmica sobre HQs e educação inclusiva, indicando o status de produções qualificadas nesta linha temática, de modo a descrever como essa pode se mostrar aos pesquisadores futuros.

          Destarte, utilizando-se de procedimento metodológico de enfoque fenomenológico, seguimos a anteferir o esquadrinhamento qualitativo das unidades significativas (Bicudo e Esposito, 1994; Holanda; 2006; Bicudo, 2020), isto é, em seguida de leitura e releituras das produções, objetivando a apreensão do sentido referente a totalidade estrutural do tema em tela, foram delineadas unidades significativas assomadas de forma gradativa, a cada releitura, uma vez que essas unidades sustentam seus significados somente quando em relação ao conjunto das produções. O procedimento foi realizado de forma descritiva/compreensiva, não partindo de pressupostos ou teorias apriorísticas, sem categorias cartesianas pré-definidas, pois, as unidades significativas são constituintes existentes “em relação à perspectiva adotada por quem analisa” (Bicudo e Esposito, p.55, 1994). Assim, neste artigo, nossa linguagem não busca apenas descrever ou representar um mundo, mas pretende agir no mundo; nossa linguagem não pretende apenas refletir a realidade, mas moldá-la e transformá-la (Merleau-Ponty, 2006).

         

Procedimento metodológico

Foram recolhidas produções literárias com os descritores: quadrinhos; história em quadrinhos; e educação inclusiva. Foram manuseadas na busca e depuramento das produções as bases da Biblioteca Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, Scientific Eletronic Library (ScieELO), e o software Publish or Perish que se utiliza da base Scholar Google. Priorizou-se produções que possuíam discussões voltadas ao ensino inclusivo na educação básica, assim como foram selecionadas produções em formato de dissertações, teses, artigos revisados e anais de congressos, apesar do grande número de trabalhos de conclusão de curso mapeados nas buscas.

Comparado com outros temas de pesquisa em educação inclusiva, como a relação escola-família (Maturana e Cia, 2015), o decanato se mostrou com resultados escassos: Na BDTD, obteve-se apenas 12 resultados, elegendo-se sete produções previamente: seis dissertações (Brito, 2023; Nogueira, 2022; Vasconcelos, 2022; Barbosa, 2021; Ornellas, 2019; Dias, 2018) e uma tese (Oliveira, 2014); nessa filtragem seguimos o critério da descrição do objeto de estudo das produções, direcionados essencialmente para a investigação do uso de HQs na educação inclusiva. Do mesmo modo, prosseguimos com relação às outras bases: No Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, foram recuperadas apenas quatro dissertações (Tomé, 2023; Cardoso, 2022; Brito, 2020; Santos, 2015, sendo uma repetida da BDTD (Brito; 2020); na SciELO, apenas dois artigos (Shimazaki et al, 2018; Santana; 2014).

Seguindo os mesmos critérios anteriores, obtivemos 94 resultados no software Publish or Perish, exigindo maior delineamento na filtragem: não foram selecionados trabalhos de conclusão de curso, produções não relacionadas a temática e produções não revisadas; deste modo, chegamos num total de 22 produções, sendo uma dissertação também constatada na BDTD (Barbosa, 2021) e um artigo na SciELO (Santana, 2014), provindo uma dissertação (Caldas, 2022), uma tese (Fonseca, 2016), 16 artigos (Ferreira, Almeida e Legey, 2023; Tomé, Martins e Furlanetto, 2023; Bandeira e Montoito, 2021; Carvalho, Araujo, Gonçalves, 2021; Giesta, 2021; Correia-Silva, Paiva e Ribeiro; 2020; Paiva e Bento, 2020; Fernandes e Costa, 2019; Vidal e Amoedo, 2019; Wellichan e Lino, 2019; Bari e Cardoso, 2017; Magalhães e Santos, 2017; Tosin et al, 2017; Shimazaki, Auada e Menegassi, 2016; Busarello e Ulbricht, 2014; Santos e Favero, 2014), e dois trabalhos em anais de congresso (Oliveira e Nascimento, 2019; Lucena, 2014).

Por conseguinte, elencamos os trabalhos por unidades significativas (Bicudo e Esposito, 1994; Holanda, 2006; Bicudo, 2020), em seguida a re-leitura desses, consoante concepção basilar do método fenomenológico de não resolver o fenômeno em estudo, via a priori explicativo, porém tangenciar descrição compreensiva, com rigor metódico, sob intencionalidade de alcançar as essências das discussões das produções selecionadas. Isto posto, foram desveladas seis unidades significativas das 32 produções selecionadas, a saber:

Tabela 1 – Unidades significativas identificadas nas produções científicas

Temas X Produção

Dissertação

Tese

Artigo

Anais de Congresso

Total

Acessibilidade

1

 

3

 

4

Mediação

1

 

1

 

2

Produto Pedagógico

2

 

1

 

3

Recurso Didático

4

1

7

2

14

Recurso Pedagógico

2

 

6

 

8

Representação Social

 

1

 

 

1

TOTAL

10

2

18

2

32

Fonte: os autores

A partir disso, direciona-se para análise do levantamento entre 2014 até 2024, nivelando as produções em âmbito métrico, com relação aos métodos utilizados, público-alvo, base teórica e outras categorias, esquadrinhando o quantitativo das produções. Em sequência, será apresentado o movimento hermenêutico diante das unidades significativas, na qualidade do método fenomenológico (Holanda, 2006; Bicudo, 2020), operacionalizando-o sob a intenção de suspender dogmas apriorísticos ou pressupostos explicativos, vislumbrando alcançar a essência do conjunto das produções e suas inter-relações.

 

Resultados e discussão

Preliminarmente, os dados quantitativos das produções elucidam um contexto intrigante na pesquisa com HQs na educação inclusiva. O escasso número de dissertações e teses representa um pouco mais de 30% de todas as produções selecionadas no decanato; assim como a distribuição delas ao longo da década: não há uma distribuição progressiva ou equitativa no número de produções nos anos em estudo, nem por tipologia (dissertação, artigo, tese), com o ano de 2015 contando apenas com uma dissertação, e os anos de 2014 e 2019 com maior número de produções, conforme Tabela 2.

Tabela 2 –Produções científicas por ano (2014-2024)

Ano X Produção

Dissertação

Tese

Artigo

Anais de Congresso

Total

2014

 

1

3

1

5

2015

1

 

 

 

1

2016

 

1

1

 

2

2017

 

 

3

 

3

2018

1

 

1

 

2

2019

1

 

3

1

5

2020

1

 

2

 

3

2021

1

 

3

 

4

2022

4

 

 

 

4

2023

1

 

2

 

3

Fonte: os autores

Outro ponto intrigante das produções, é a distribuição das dissertações e teses: dos 12 trabalhos selecionados, cinco dissertações são do Sudeste, figurando uma longa tradição de produções acadêmicas no país, por ser polo em destaque (Gatti, 2004). Entretanto, a segunda região com maior produção, contendo as duas únicas teses e duas dissertações, é o Nordeste, mostrando uma nova configuração de nossas produções nacionais; e em sequência, o Centro-oeste com duas dissertações e o Norte com uma dissertação. Já sobre a distribuições dos trabalhos nos programas de pós-graduação (PPG), cinco dissertações são oriundas de mestrados profissionais, cinco de mestrados acadêmicos e duas teses de doutoramento; desses, três dissertações e as duas teses estão vinculadas em PPG de educação, três dissertações em ensino de ciências, uma em ensino de história, uma em ciência da informação, uma em ciência da computação, e uma de PPG em letras. Essa dispersão pode estar refletindo não apenas diferenças teórico-metodológicas, mas também expressando um tom incipiente da temática, por ainda não haver produções de autores diferentes, mas pertencentes de uma mesma escola.

Em relação a metodologia das produções, todas elas (artigos, dissertações, teses e anais de congressos) utilizaram-se de abordagem qualitativa, com os procedimentos metodológicos distribuídos como segue: 16,1% utilizaram Pesquisa-Ação, assim como a Pesquisa Bibliográfica teve a mesma porcentagem de ocorrência; seguido de 12,9% das produções utilizando Análise Documental; os métodos de Análise de Conteúdo, Pesquisa Participante e Revisão Sistemática, figuraram ocorrência de 9,7%, cada um; já os métodos de Estudo de Caso, Experimental e Narrativa, formaram 6,5% também cada um; e por fim os métodos de Grupo Colaborativo e Análise Microgenética ocorreram em 3,2% cada qual, conforme a Figura 1. Interessante as polaridades entre a Pesquisa-Ação e Pesquisa Bibliográfica, com maior ocorrência, denotando uma extremidade pragmática e outra mais teórica na exploração do tema; porém, o terceiro método mais usado também se dirige para um exercício mais teórico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1 – Procedimentos Metodológicos Utilizados

Fonte: os autores

 

Sobre os tipos de deficiência que as produções se direcionaram, 14 trabalhos voltaram-se ao processo inclusivo como um todo, sem discriminar as condições dos alunos com NEE; enquanto sete produções se direcionaram para estudantes surdos, quatro para Deficiência Visual, quatro para Deficiência Intelectual, e dois para o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nesse cenário, pode-se depreender um fenômeno que factualmente contribuiu para seu arranjo: “as efetivas contribuições do contexto sobre o processo de inclusão” (Dyonisio e Gimenez, 2020, p.8), isto é, a pluralidade contextual, enquanto modificações legislativas, paradigmáticas (Gimenez, 2022), metodológicas e sociais, todas engajadas à compreensão e manutenção do processo inclusivo, cooperaram para configurações multifacetadas sejam apreensões científicas, explorando fenômenos de forma evidencial ou empírica.

Por fim, cabe salientar um dos referenciais teóricos, mas sem aprofundamento discursivo. Salta à nossa atenção a frequência em que foi utilizada a teoria histórico-cultural nos trabalhos: Caldas (2022), Brito (2020), Fernandes e Costa (2019), Shimazaki et al (2018), Magalhães e Santos (2017), e Shimazaki, Auada e Menegassi (2016), foram autores que fundamentaram suas análises e discussões nessa teoria; assim como Oliveira (2014), fundamentou-se no pós-estruturalismo de Foucault, dialogando com a teoria histórico-cultural. O que foi possível perceber de comum nessas produções, é o peso da mediação social à aprendizagem e desenvolvimento, no uso das HQs nessas pesquisas.

Doravante, após este reconhecimento de âmbito quantitativo, seguiremos no exercício de descrição qualitativa sobre as unidades significativas encontradas. Assim, a descrição seguinte não se porta como uma abreviação semântica dos trabalhos selecionados, mas figura moção dialética, objetivando leitura

 

 

 

 

 

hermenêutica dos temas em tela.

 

Das unidades significativas

Como citado anteriormente, após re-leituras das produções selecionadas, depois de filtradas por aderirem à temática educação inclusiva e HQ, foram desveladas unidades significativas, conforme execução do método fenomenológico em pesquisa (Holanda, 2006; Bicudo 2020). Dessa forma, na intenção de se manter a rigorosidade do método, faz-se necessário uma redução eidética, ou seja, reconduzir nossa leitura à essência das discussões dos trabalhos que figuram em nossa análise, num fundo de concepções pré-disponíveis. E num segundo ato, será possível os apontamentos de pontos de divergência e convergência entre as produções científicas em análise.

Primordialmente, há a necessidade de elucidar a diferença da concepção de HQs nas produções, e assim esclarecer qual adotamos. Destarte, a diversidade conceptiva sobre as HQs mostra uma ramificação, tanto na tratativa como objeto de estudo, tal qual corpus de pesquisa, por exemplo: boa quantidade dos autores seguiram a concepção das HQs como gênero textual (Ferreira, Almeida e Legey, 2023; Cardoso, 2022; Fernandes e Costa, 2019; Wellichan e Lino, 2019; Shimazaki et al, 2018; Magalhães e Santos, 2017; Fonseca, 2016; Shimazaki, Auada e Menegassi, 2016), e num mesmo sentido, Nogueira (2022) seguiu a concepção das HQs como gênero narrativo, e Vasconcelos (2022) como um tipo de Texto Multimodal. Essas concepções direcionam as HQs para o âmbito literário, porém tem-se no meio acadêmico a não validade dessa condição (Vergueiro, 2017; Chinen, 2020; Vargas, 2016).

Ainda sobre as concepções fundamentadas nas produções, outra acepção das HQs foi que elas são um tipo de mídia (Ornellas, 2019; Busarello e Ulbricht, 2014), sendo um objeto de estudo da Comunicação, o que também passa a ser reducionista. Na mesma linha, Bandeira e Montoito (2021, p.538) fundamentaram-se na interpretação das HQs serem um “meio de fabulação visual”, delimitando a possibilidade de campo de estudo à um nicho restrito. E em concepções não mais usuais no meio acadêmico, encontramos a classificação como ferramenta lúdica (Brito, 2020; Lucena, 2014), gênero artístico (Correia-Silva, Paiva e Ribeiro; 2020), e o démodé conceito de arte sequencial (Santana, 2014); essas últimas concepções são oriundas de estudos antigos sobre HQs, não mais utilizados pelo meio acadêmico (Vargas, 2016).

Todavia, a maioria das produções (Tomé, 2023; Tomé, Martins e Furlanetto, 2023; Barbosa, 2021; Giesta, 2021; Paiva e Bento, 2020; Bari e Cardoso, 2017; Tosin et al, 2017; Santos, 2015; Santos e Favero, 2014), utilizaram-se de concepção mais atual, considerando as HQs como uma linguagem, ou melhor, um sistema de linguagem (Groensteen, 2015), também interpretado como um sistema narrativo (Carvalho, 2021). Esse modo estrutural de compreensão das HQs, possibilita-nos transpassar as concepções citadas, e por consequência, suas limitações teóricas, oportunizando desvelar a configuração semiótica que constitui esse sistema de linguagem. (Groensteen, 2015)

Partindo da noção adotada sobre o sistema de HQs, faz-se necessário um segundo exame conceitual, já sobre as unidades significativas. Há dois termos que possivelmente causaram estranhamento em nossa Tabela 1: Recurso Didático e Recurso Pedagógico; inclusive são as unidades significativas de maior frequência nos trabalhos. Aqui é imprescindível a descrição compreensiva das duas essências:

PEDAGOGIA (in. Pedagogv, fr. Pédagogie; ai. Pãdagogik, it. Pedagogia). Este termo, que na sua origem significou prática ou profissão de educador, passou depois a designar qualquer teoria da educação (...) considerações sobre os fins da educação para chegar ao estudo dos meios e dos instrumentos didáticos. (Abbagnano, 2007, p.748)

Consoante a compreensão do termo pedagogia, depreende-se que didática é a ciência e tecnologia voltada ao processo de ensino-aprendizagem, derivada da ciência pedagógica, diferenciando-se por seu objeto de investigação: selecionar conteúdos e buscar técnicas e procedimentos para torná-los “ensináveis” e “aprendíveis” (Haidt, 2006; Schmitz, 1993). Dessa apreensão, ao entrarmos em contato com as produções selecionadas, o exercício hermenêutico foi de discriminar os trabalhos que consideraram as HQs como algo a se recorrer, ou seja, um recurso da teoria da educação, ou um recurso do processo ensino-aprendizagem, ambos na educação inclusiva.

Perante as exposições, seguimos a exploração dos trabalhos pelas unidades significativas desveladas na imersão desses. Descreveremos das unidades mais frequentes para as menos frequentes, concatenando as divergências e convergências das pesquisas.

 

HQ como recurso didático na educação inclusiva

Dentre as 14 produções científicas que tiveram em sua temática as HQs como recurso didático na educação inclusiva, apenas uma direcionou o uso das HQs para capacitação de professores, objetivando a mediação do trabalho pedagógico desses (Brito, 2020), enquanto as 13 restantes seguiram com a pesquisa direcionada aos alunos. Chama atenção também a recorrência do método de Pesquisa-Ação utilizado em seis desses 13 trabalhos (Ferreira, Almeida e Legey, 2023; Shimazaki et al, 2018; Fonseca, 2016; Santos, 2015; e Lucena, 2014).

As pesquisas resultaram diferentes propostas, mas sustentando em seu cerne a relação direta entre as HQs e a educação inclusiva. Iniciando pela produção de Ferreira, Almeida e Legey (2023) e Caldas (2022), as quais defenderam as HQs como recurso para a estratégia de ensino denominada Sequência Didática; essa

em sua estrutura de base, contém uma introdução de apresentação detalhada e caracteriza-se por atividades escolares organizadas, deve proporcionar uma produção inicial ou diagnóstica do estudo para que seus módulos sejam produzidos progressiva e sistematicamente e assim ocorrer a assimilação dos alunos (Ferreira, Almeida e Legey, 2023, p. 7)

Porém, enquanto as últimas autoras voltaram o uso em salas regulares nos anos iniciais do Ensino Fundamental, objetivando uma aprendizagem significativa inclusiva, Caldas (2022) voltou-se aos anos finais desse ciclo, no ensino de Ciências de alunos surdos, resultando numa melhora na motivação e no processo de aprendizagem desses. Em consequência, Caldas (2022), elaborou ainda um Guia Pedagógico aos professores, com orientações e etapas de criação de HQ como recurso didático no ensino de Ciências.

Pesquisas bibliográficas, como a de Paiva e Bento (2020), e a de Wellichan e Lino (2019), as HQs figuraram como recurso lúdico, para a conscientização na educação infantil inclusiva, na primeira, e uma comunicação alternativa para se abordar o processo inclusivo da educação, na segunda produção. Paiva e Bento (2020) se utilizaram das HQs nacionais de Maurício de Sousa, quando a Turma da Mônica recepciona personagens com diferentes condições, como visto em outras discussões (Guedes, 2020); enquanto as segundas autoras, Wellichan e Lino (2019), se utilizaram não apenas das mesmas HQs da primeira produção, mas também exploraram obras como a de Ziraldo, Victor Klier e Carbonari.

Outros trabalhos desenvolveram a defesa das HQs como recurso didático para ensino e assimilação de conteúdos, de modo que Oliveira e Nascimento (2019) em sua pesquisa experimental analisaram a contribuição da produção de HQs para o ensino de filosofia na educação inclusiva, Shimazaki et al (2018) e Shimazaki, Auada e Menegassi (2016), em duas pesquisa-ação, realizaram intervenção didática com HQs para assimilação de conceitos científicos por estudantes com deficiência intelectual, em diferentes períodos de escolarização; tal qual Busarello e Ulbricht (2014) em pesquisa narrativa com alunos surdos, com conceitos geométricos, e Lucena (2014) também em pesquisa-ação, para assimilação de conteúdos da disciplina de história.

Distintamente das produções anteriores, Vasconcelos (2022) e Fonseca (2016) exploraram as HQs como recurso para leitura multimodal, e recurso para incentivo de práticas de leitura e escrita, ambas junto a alunos com deficiência intelectual. Enquanto a primeira autora salientou em uma perspectiva dialógica a intermediação do professor no ensino de leitura, enaltecendo o papel ativo do estudante, a segunda ressaltou a importância desse tipo de prática estar prevista no currículo e planejamento pedagógico.

Por fim, temos os trabalhos de Santos (Santos, 2015; Santos e Favero, 2014) que resultou o suporte ao processo de aprendizagem da língua portuguesa na educação de surdos empregando como ferramenta lúdica o protótipo MCHQ-Alfa, aliando meios visuais e interativos na confecção de mapas conceituais e HQs, como recurso didático. Este protótipo trata-se de uma interface desenvolvida via programação computacional pela própria pesquisadora, disponibilizado com dois tipos de interface: aluno e educador, de acesso gratuito na internet.

Em síntese hermenêutica, todas as produções supracitadas nessa unidade significativa, voltaram suas pesquisas para a inter-relação HQ e educação inclusiva, com a exploração de possíveis recursos didáticos, seja na capacitação de professores (Brito, 2023), na assimilação e ensino de conteúdo (Oliveira e Nascimento, 2019; Shimazaki et al, 2018; Busarello e Ulbricht, 2014; Lucena, 2014), ou até mesmo como mediação no próprio processo inclusivo na educação (Paiva e Bento, 2020; Wellichan e Lino, 2019). Conforme dito anteriormente, como recurso didático, compreendemos estratégias, ações, técnicas e métodos de seleção de conteúdos e seu processamento de ensino-aprendizagem. Partiremos agora para os trabalhos que trataram as HQs na educação inclusiva de maneira mais ampla.

 

HQ como recurso pedagógico na educação inclusiva

Com menor frequência, mas com maior amplitude discursiva, a segunda unidade significativa mais evocada nas leituras, refere-se aos trabalhos que se valeram das HQs na qualidade de âmbito pedagógico, enquanto teoria da educação. São produções que levantaram discussões de cunho epistemológico dentro da educação inclusiva, ressaltando as HQs não apenas como ferramenta ou instrumento pedagógico, mas como objeto epistêmico e com papel social na educação.

Iniciando com trabalho recente de dois dos presentes autores, elencado no levantamento literário: Tomé, Martins e Furlanetto (2023), defendeu as HQs como recurso na pesquisa (auto)biográfica - método de pesquisa com base na narrativa de atores da educação, sustentado por autores como Passeggi (2020) - na educação inclusiva. Já na análise documental de Bandeira e Montoito (2021), os autores dissertaram sobre o papel social das HQs enquanto narrativas, na integração do autismo, tanto na atuação pragmática em sala de aula, quanto na formação docente. Ambas produções se valem da visão epistemológica da narrativa no sistema de linguagem dos quadrinhos, versando a possibilidade de maiores explorações e pesquisas sobre o tema na educação inclusiva.

Ao passo que Giesta (2021), fez uma reflexão sobre as condições estruturais da educação inclusiva, reconhecendo as HQs como caminho alternativo aos desafios na construção de uma escola inclusiva ao estudante com TEA, chegando a sustentar que as HQs são materiais que podem ser utilizados nas escolas "através leituras  integrais  ou  de trechos, recortes, montagens, como exemplos de biografias em geral ou como ilustração   para   informações   específicas   sobre   TEA,   meios   para   que   os estudantes  se  expressem." (p.137), e nas vivências pedagógicas dos educadores. Em paralelo, Fernandes e Costa (2019) em análise documental, assumiram as HQs como recurso pedagógico para conscientização dos leitores docentes dessas, e o auto reconhecimento e conhecimento dos estudantes em situações reais na vida escolar; assim as HQs performam como ferramenta de inclusão social, com as autoras utilizando o exemplo dos personagens com deficiência de Maurício de Souza, na Turma da Mônica.

Também se utilizando do mesmo exemplo e método, mas em outra ótica, Vidal e Amoedo (2019) ampararam a estimulação do potencial pedagógico das HQs, no incentivo à leitura na educação inclusiva, enfatizando-as como fundamentais no processo de integração e socialização dos estudantes com NEE. Em ressonância metodológica e discursiva, Ornellas (2019) ratificou a postura inclusiva das HQs no alargamento epistemológico para novas abordagens de leitura na educação inclusiva, utilizando-se de sagas da personagem Hulk para ressignificar clássicos míticos, em âmbito literário e social na escola. Ambas produções propuseram um exercício interpretativo como possibilidade compreensiva por meio das HQs no processo inclusivo na educação.

Enfim, as duas últimas produções nessa categoria, convergem em relacionar a multi e transdisciplinaridade das HQs na educação inclusiva. Dias (2018), por meio de grupos colaborativos, discute as HQs sob metodologia da Comunicação Aumentativa Alternativa, oriunda da área da Tecnologia Assistiva, como meio não excludente no desenvolvimento de práticas pedagógicas e aprendizagem de conceitos no ensino de física. À medida que Bari e Cardoso (2017) dissertaram sobre a multidisciplinaridade das áreas da pedagogia, psicologia, biblioteconomia e os interpretes de Libras, na construção de HQs adaptadas aos alunos surdos, focando na mediação dos educadores e HQs na alfabetização desses estudantes.

O que cabe ressaltar sobre as produções dessa unidade significativa, foi a intenção em evidenciar as HQs no discurso inclusivo da educação, fazendo com que a atenção de pesquisadores, docentes, estudantes e gestores se voltem a esse sistema de linguagem. O intuito fim dos trabalhos foi de esclarecer as inter-relações das HQs no processo de desenvolvimento escolar de todos envolvidos com a educação inclusiva.

 

HQ como recurso de acessibilidade, produto pedagógico, recurso de mediação e Representação Social

Em relação as outras unidades significativas, trataremos dos pontos de observação que convergem com a discussão sustentada até aqui. De antemão, é necessário esclarecer sobre as unidades e suas categorizações: em princípio, valeu-se da unidade significativa Acessibilidade, as produções que defenderam as HQs como recurso alternativo acessível no ensino e aprendizagem dos estudantes com NEE. Enquanto as produções categorizadas na unidade Produto Pedagógico, são trabalhos, em sua maioria oriundos de mestrados profissionais, em que houve a entrega de um produto em formato de HQs, dentro de pesquisa relativa à educação inclusiva. Ao passo que os trabalhos classificados na unidade significativa Mediação, reconheceram as HQs como meio mediador nas relações implicadas na educação inclusiva. E por fim, um único trabalho tratou da Representação Social na educação inclusiva, alcançada pela HQ.

Iniciando com a dissertação de Barbosa (2021), a qual utilizou-se também de método fenomenológico em pesquisa participante, e o trabalho de Correia-Silva, Paiva e Ribeiro (2020), que exploraram as alternativas de acessibilidade às HQs para alunos cegos, por meio de Tecnologia Assistiva, assim como a escrita em Braille e a impressão em alto relevo, na primeira; e método de audiodescrição como técnica tradutora, transformando imagens em textos, na segunda. Ambas pesquisas se preocuparam com o acesso desses estudantes às HQs, reconhecendo seu potencial pedagógico de incentivo à leitura e sua influência na construção de uma sociedade mais inclusiva. Na mesma proporção que Carvalho, Araújo e Gonçalves (2021), e o trabalho de Magalhães e Santos (2017) voltaram-se a acessibilidade das HQs aos estudantes surdos; enquanto a primeira produção se dirigiu ao uso da linguagem de sinais para produção de HQ conjunta aos alunos, visando acesso desses a conteúdos no ensino de Ciências, a segunda, assim como em trabalhos citados anteriormente, utilizando-se de personagens da Turma da Mônica, referendou o “gênero textual” HQ, com uso de LIBRAS, impulsionando a quebra de preconceitos linguísticos entre os estudantes. Salienta-se que apesar de as HQs figurarem como recurso didático nessas produções, a discussão dessas não adotaram esta análise, mas priorizaram a importância da acessibilidade ao sistema de linguagem das HQs nas escolas.

Como Produto Pedagógico, as dissertações de Cardoso (2022) e Nogueira (2022), assim como o trabalho de Santana (2014), as HQs foram entregues como produtos de suas pesquisas: na primeira, o autor se preocupou em entregar um recurso pedagógico para formação de docentes que lecionavam para estudantes com deficiência visual, defendendo esses como mediadores da relação aluno-aprendizagem; assim, o produto dessa dissertação foi uma cartilha em formato HQ aos docentes. Já a segunda dissertação, o autor partiu da inquietação sobre o ensino de História em viés narrativo, utilizando-se de narrativas de estudantes com NEE para a confecção de uma HQ, com o objetivo de viabilizar o acesso a essas, intencionando o combate de estigmas, no viés de um ensino de História anticapacitista. E a última produção, assim como outros trabalhos citados, também motivou-se dentro do ensino de Ciências para estudantes cegos, produzindo junto a esses uma HQ como recurso didático para todos os alunos, com e sem deficiência. Salienta-se a boa prática dessas pesquisas, que se orientaram pela própria experiência e vivência com o público alvo de seus produtos.

Na qualidade de recurso mediador, as HQs foram objeto de estudo em pesquisa anterior de um dos autores deste artigo, Tomé (2023), e de Tosin et al (2017). Na primeira produção, fora argumentado sobre a possibilidade das HQs autobiográficas figurarem sistema de linguagem mediador na relação escola-família na educação inclusiva; e na segunda, também referenciando as obras de Maurício de Sousa como em outros trabalhos, as HQs da Turma da Mônica serviram de mediadoras entre estudantes portadores de necessidades especiais e as outras crianças, objetivando integração e inclusão entre os estudantes, associando a vida escolar às estórias narradas nas HQs. As duas pesquisas apesar de se utilizarem de métodos, obras e público-alvo diferentes, exploraram o potencial mediador das HQs entre os envolvidos na educação inclusiva, convergindo no intuito de fortalecerem as relações que sustentam a inclusão social dos alunos com NEE.

Por fim, a tese de Oliveira (2014) retratou a Representação Social da deficiência em materiais midiáticos direcionados aos professores na federação, dentro do portal eletrônico do Ministério da Educação e Cultura. Uma das mídias discutidas pela autora, foram as HQs informativas sobre a educação inclusiva; por meio do pós-estruturalismo foucaultiano, a autora analisou o discurso dessa e outras mídias, chegando a Representação Social apreendida pelos educadores, evidenciando uma ambiguidade nessa: tendo a pessoa com deficiência um estigma nas polaridades de selvagem e puro, herói e incapaz.

 

À guisa de conclusão

Após quadros, requadros, balões e sarjetas, o que foi possível depreender das produções elencadas, evidencia a potencialidade pedagógica e didática das HQs na educação inclusiva. Apesar das divergências teóricas, metodológicas e conclusivas, todas as pesquisas citadas sustentaram-se implícita e explicitamente nas HQs como base epistemológica de suas investigações. A reprodução e produção de conhecimento dentro da educação inclusiva por meio das HQs é um campo com vasto espaço a ser explorado, não apenas pelo sentido cultural que esse sistema de linguagem carrega em si, mas também pela sua estruturação multifacetada, podendo servir como metodologia de formação, ensino e aprendizagem, em diferentes regiões da educação inclusiva.

Outras questões e motivações poderão ser exploradas a partir daqui, como: por que boa parte das pesquisas com HQs na educação inclusiva se valeram da Teoria Histórico-Cultural? Quais outras aplicações, desse sistema de linguagem é possível no processo inclusivo escolar? Quais implicações há na utilização das HQs em diferentes abordagens teóricas da educação? Como as HQs podem ser instrumento de combate ao preconceito e capacitismo, na escola? São exemplos de questões que podem despertar novos caminhos de pesquisa.

Em síntese, conseguimos mostrar hermeneuticamente por meio desta revisão, os muitos sentidos e significados abertos que as HQs figuram, tendo como fundo uma educação inclusiva. Seja como recurso didático funcional aos “desviantes” de Dachez, como recurso pedagógico na discussão e formação de educadores, como instrumento de acessibilidade, produto pedagógico de pesquisas, sistema de mediação de relações inclusivas, ou mesmo um modo de se apreender representações sociais. O que é inegável é sua potência pedagógica e transformadora na educação inclusiva, servindo como rearranjo paradigmático.

 

Referências

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5ªed. São Paulo. Martins Fontes, 2007. 1014p.

BANDEIRA, Rafael de Magalhães; MONTOITO, Rafael. Histórias em quadrinhos e o transtorno do espectro autista: pontos sensíveis para uma análise das narrativas. Cine-Fórum UEMS , [S. l.], v. 2, n. 2, 2021. Disponível em: https://anaisonline.uems.br/index.php/cineforumuems/article/view/7601. Acesso em: 25 jul. 2024.

BARBOSA, Ana Laura Campos. Redimensionando a linguagem das histórias em quadrinhos para incluir a pessoa com deficiência visual. 2021. 125 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão da Informação e do Conhecimento) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2021.

BICUDO, Maria Aparecida Viggiani. Pesquisa fenomenológica em educação: possibilidades e desafios. Revista Paradigma, v. XLI, p. 30-56, 2020.

BICUDO, Maria Aparecida Viggiani; ESPOSITO, Vitória Helena Cunhas. Pesquisa qualitativa em educação: um enfoque fenomenológico. Piracicaba: Editora UNIMEP, 1994.

BRASIL. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 out. 1989.

BRASIL. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, 1994.

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Especial, 1994.

BRASIL. Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência (Convenção de Guatemala), assinada em 7 de junho de 1999. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 9 out. 2001.

BRITO, Andrey Campanuci de. Guia pedagógico para educação inclusiva: heróis de histórias em quadrinhos em sala de aula. 2020. 132 f. Dissertação(Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão)-Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.

BUSARELLO, Raul Inácio; ULBRICHT, Vania Ribas. Projeção cilíndrica ortogonal em história em quadrinhos voltada para alunos surdos. Revista Brasileira de Expressão Gráfica, [S. l.], v. 2, n. 1, 2014. Disponível em: https://rbeg.net/index.php/rbeg/article/view/13. Acesso em: 25 jul. 2024.

CALDAS, Rosa Maria de Oliveira Freitas. Andrei, o novo aluno: uma História em Quadrinhos digital sobre animais peçonhentos como recurso didático no ensino Inclusivo de Ciências. 2022. 318 f. Dissertação(Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Natureza)-Instituto de Química, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2022.

CARDOSO, Luiz Roberto. Recursos e estratégias de aulas em laboratórios para estudantes com baixa visão na educação profissional e tecnológica. 2022. 112 f. Dissertação(Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica)-Programa de Pós-Graduação em Educação Profissiona e Técnológica, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul - IFMS, Campo Grande, 2022.

CAROLINE, Mademoiselle.; DACHEZ, Julie. A diferença invisível. 1. ed. São Paulo: Nemo, 2021

CHINEN, Nobu. Graphic Novel: conceitos básicos. São Paulo: Criativo, 2020. 119 p.

CORREIA-SILVA, Anderson Tavares; PAIVA, Fábio da Silva; RIBEIRO, Ernani Nibeiro Inclusão educacional e audiodescrição de histórias em quadrinhos. REVISTA INTERSABERES, [S. l.], v. 15, n. 36, p. 936–962, 2020. DOI: 10.22169/revint.v15i36.2011. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/view/2011. Acesso em: 24 jul. 2024.

DAMASCENO, João Carlos Bittencourt; ASSUMPÇÃO, Douglas Junio Fernandes. Uma reflexão da educação especial a partir das políticas públicas educacionais brasileiras. Revista @mbienteeducação, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 216–231, 2020. DOI: 10.26843/v13.n2.2020.930.p216-231. Disponível em: https://publicacoes.unicid.edu.br/index.php/ambienteeducacao/article/view/930. Acesso em: 11 ago. 2024

DIAS, Ana Carolina Lucena. Conhecendo as deficiências para ensinar física: uma proposta baseada na CAA. 2018. [128 f.]. Dissertação( Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática) - Instituto de Educação, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, [Seropédica-RJ] .

DYONISIO, Cristiane Makida; GIMENEZ, Roberto. Status sociométrico de alunos com deficiência intelectual e com transtorno do espectro do autismo na educação infantil e ensino fundamental. Revista Educação Especial, [S. l.], v. 33, p. e9/ 1–27, 2020. DOI: 10.5902/1984686X36641. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/36641. Acesso em: 3 ago. 2024.

DYONISIO, Cristiane Makida; MARTINS, Ida Carneiro; GIMENEZ, Roberto. Inclusão escolar: uma reflexão sobre a transição da educação infantil para o ensino fundamental. Comunicações, Portal Metodista de Periódicos Científicos e Acadêmicos – Programa de Pós Graduação em Educação. DOI: https://doi.org/10.15600/2238-121X/comunicacoes.v23n2p207-224. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-unimep/index.php/comunicacoes/article/view/2819 Acesso em: 03 ag. 2024.

FERNANDES, Patricia Damasceno; COSTA, Natalina Sierra Assêncio. Quadrinhos de Maurício de Sousa: a representação da inclusão social. Revista Philologus, Ano25, N°74. Rio de Janeiro: CiFEFiL, maio/ago.2019. Disponível em https://www.revistaphilologus.org.br/index.php/rph/article/view/1054. Acesso em: 24 jul. 2024

FERNÁNDEZ, Bernardo. Fala, Maria. São José: Skript, 2020.

FERREIRA, Carla Santiago; ALMEIDA, Tharcila de Abreu; LEGEY, Ana Paula. História em Quadrinhos na aprendizagem: uma proposta de Sequência Didática Inclusiva no Ensino Fundamental. Dialogia, [S. l.], n. 45, p. e23404, 2023. DOI: 10.5585/45.2023.23404. Disponível em: https://uninove.emnuvens.com.br/dialogia/article/view/23404. Acesso em: 24 jul. 2024.

FONSECA, Géssica Fabiely. Planejamento e práticas curriculares nos processos de alfabetização de alunos com deficiência intelectual: experiências e trajetórias em tempos de educação inclusiva. 2016. 312f. Tese (Doutorado em Educação) - Centro de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.

FRIEDRICH, Daniel. A VISION OF A CYBORG EDUCATION. Revista Teias, [S. l.], v. 19, n. 55, p. 175–187, 2018. DOI: 10.12957/teias.2018.38636. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/revistateias/article/view/38636. Acesso em: 25 jul. 2024.

GATTI, Bernadete Angelina. A construção metodológica da pesquisa em educação: desafios. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação. v. 28, n. 1, p. 13- 34, jan/abr. 2012. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/rbpae/article/view/36066/23315.  Data de acesso: 04 ago. 2024

GENDRY-KIM, Keum Suk. Jun. 1. ed. São Paulo: Pipoca & Nanquim, 2022

GIESTA, Gabriel Valladares. Reflexões sobre Educação Especial e Inclusiva: das condições estruturais ao papel das Histórias em Quadrinhos no ensino para estudantes dentro do espectro autista. 9ª Arte (São Paulo), [S. l.], v. 9, n. 2, p. 122–139, 2021. DOI: 10.11606/2316-9877.2021.v9i2.187767. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/nonaarte/article/view/187767.. Acesso em: 24 jul. 2024.

GIMENEZ, Roberto. As concepções e os direitos das pessoas com deficiência: o desafio para ser sujeito da inclusão. Revista Parlamento e Sociedade, São Paulo, v.10, n.19, jul-dez 2022, p.123-135

GUEDES, Laís Marlene de Araújo. Quadrinhos como instrumento pedagógico na educação especial. In: GOMES, Nataniel dos Santos. SILVA, Dagmar Vieira Nogueira. BARBOSA, Vanderlis Legramante. (Org.). Isto é um trabalho para... os quadrinhos: Reflexões por trás dos balões. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2020. p. 132-155.

GROENSTEEN, Thierry. O sistema dos quadrinhos. Nova Iguaçu: Marsupial, 2015.

HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didádita Geral. São Paulo: Ática, 2006

HOLANDA, Adriano. Questões sobre pesquisa qualitativa e pesquisa fenomenológica. Análise Psicológica. v. XXIV, n.3, p.363-372, 2006.

LUCENA, Ivanilda Matias Bezerra De. A história diante da inclusão através de história em quadrinhos. Anais I CINTEDI... Campina Grande: Realize Editora, 2014. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/8380>. Acesso em: 25/07/2024 14:23

MAGALHÃES, Rozilda Almeida N; SANTOS CAMPOS, Lucas. COM OS QUADRINHOS NAS MÃOS: Humor e LIBRAS na Turma da Mônica ( Apresentado no III Simpósio Nacional sobre Linguagem Humorística ). PERcursos Linguísticos, [S. l.], v. 7, n. 15, p. 218–240, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/percursos/article/view/15823. Acesso em: 25 jul. 2024.

MATURANA, Ana Paula Pacheco Moraes e CIA, Fabiana. Educação Especial e a Relação Família - Escola: Análise da produção científica de teses e dissertações. Psicologia Escolar e Educacional [online]. 2015, v. 19, n. 2 [Acessado 13 Agosto 2024] , pp. 349-358. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/2175-3539/2015/0192849>. ISSN 2175-3539. https://doi.org/10.1590/2175-3539/2015/0192849.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da Percepção. São Paulo: Martins Fontes, 2006. 662p.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Psicologia e pedagogia da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2006. 569p.

NINOMIYA, Masanori; NINOMIYA, Sonia. Nori e eu. São Paulo: Martins Fontes, 2019

NOGUEIRA, Paulo Felipe. Aleijando o ensino de história : narrativas de estudantes com deficiência. 2022. Dissertação (Mestrado em Ensino de História) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2022.

OLIVEIRA, Ana Flávia Teodoro de Mendonça. A representação cultural da deficiência nos discursos midiáticos do Portal do Professor do MEC. 2014. 222f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2014.

OLIVEIRA, Francisca Amujacy Silva; NASCIMENTO, Franc-Lane Sousa Carvalho. A contribuição da produção de revistas em quadrinhos na filosofia do 6° ao 9° ano e o processo de inclusão escolar. Anais I Congresso Maranhense de Educação Especial e Inclusiva. 2019. p.8-10.

ORNELLAS, Douglas Mendes. O monstro e o herói: uma ressignificação do clássico em HQs do Hulk. 2019. 147 f. Dissertação (Mestrado em Estudos linguísticos, Estudos literários) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2019.

PAIVA, Leonardo; BENTO, Lilian. Ensinar inclusão por meio de histórias em quadrinhos: “a Turma da Mônica” em sala de aula. Revista de Ciências Humanas, [S. l.], v. 20, n. 1, 2020. Disponível em: https://beta.periodicos.ufv.br/RCH/article/view/10882. Acesso em: 25 jul. 2024.

PASSEGGI, Maria Conceição. Reflexividad narrativa: "vida, experiencia vivida y ciencia”; Márgenes Revista de educación de la Universidad de Málaga, 1(3), 91-109. 2020 https://doi.org/10.24310/mgnmar.v1i3.9504

ROSS, Mikaël. Aprendendo a cair. 1. ed. São Paulo: Nemo. 2020

SANTANA, Otacílio Antunes. Ensino de ciências em Braille com histórias em quadrinhos roteirizados por cegos. Linhas Críticas,  Brasília ,  v. 20, n. 43, p. 711-734,  set.  2014 .   Disponível em <http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-04312014000300711&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  25  jul.  2024.  https://doi.org/10.5965/15164896v20n432014711.

SANTOS, Maria Andréia Rodrigues dos; FAVERO, Eloi Luiz. MCHQ-Alfa: Uma Proposta de Ferramenta para Aprendizagem da Língua Portuguesa na Educação de Surdos Utilizando o Potencial das Histórias em Quadrinhos Mediada por Mapa Conceitual. Revista Novas Tecnologias na Educação, Porto Alegre, v. 12, n. 1, 2014. DOI: 10.22456/1679-1916.49822. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/renote/article/view/49822. Acesso em: 25 jul. 2024.

SANTOS, Maria Andréia Rodrigues dos.  Aprendizagem da língua portuguesa na educação de surdos utilizando editor de histórias em quadrinhos por mapa conceitual. 2015. 155f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação) - Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Universidade Federal do Pará, Belém, 2015.

SCHMITZ, Egidio. Fundamentos da Didática. São Leopoldo: Editora Unisinos, 1993.

SHIMAZAKI, Elsa Midori; et al.. O Trabalho com o Gênero Textual História em Quadrinhos com Alunos que Possuem Deficiência Intelectual. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 24, n. 1, p. 121–142, jan. 2018. https://doi.org/10.1590/S1413-65382418000100010

SHIMAZAKI, Elsa Midori; AUADA, Viviane Gislaine Caetano; MENEGASSI, Renilson José. A apropriação de conceitos científicos em histórias em quadrinhos com jovens e adultos com deficiência intelectual. Teoria e Prática da Educação, v. 19, n. 1, p. 99-112, 15 set. 2016. DOI: https://doi.org/10.4025/tpe.v19i1.31048

SILVA, Osni Oliveira Noberto da; MIRANDA, Theresinha Guimarães; BORDAS, Miguel Angel Garcia. Trabalho docente no campo: análise dos processos e características da atividade dos professores de educação especial. Revista @mbienteeducação, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 39–51, 2019. DOI: 10.26843/v12.n3.2019.742.p39-51. Disponível em: https://publicacoes.unicid.edu.br/index.php/ambienteeducacao/article/view/742. Acesso em: 11 ago. 2024.

TOMÉ, Adonis da Silva. Inclusão além da sala de aula: uma aventura sobre a relação família-escola na nona arte. 2023. 137 f. Dissertação(Mestrado em Educação)-Programa em Pós-Graduação em Educação, Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo, 2023.

TOMÉ, Adonis da Silva; MARTINS, Ida Carneiro; FURLANETTO, Ecleide. Pesquisa (auto) biográfica em educação inclusiva ea nona arte: caminhos (in) explorados. HUMANIDADE E TECNOLOGIA (FINOM) …, revistas.icesp.br, <http://revistas.icesp.br/index.php/FINOM_Humanidade_Tecnologia/article/view/4661>

TOULMÉ, Fabien. Não era você que eu esperava. 1. Ed.; 3. Reimp. São Paulo: Nemo, 2019.

UNESCO. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. Conferência Mundial sobre Educação para Todos, Salamanca, Espanha, 7 a 10 de junho de 1994. Brasília: UNESCO, 1994

VARGAS, Alexandre Linck. Afetos à sarjeta:o entre-lugar do texto e da imagem. Crítica Cultural –Critic, Palhoça, SC, v. 11, n. 1, p. 113-121,jan./jun. 2016

VASCONCELOS, D.A. Compreensão reponsiva ativa : um olhar para a leitura de textos multimodais no ensino/aprendizagem por alunos com deficiência intelectual. 2022. 168f. Dissertação( Mestrado Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias) - Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária Anápolis de Ciências Socioeconômicas e Humanas Nelson de Abreu Júnior, Anápolis,GO.

VERGUEIRO, Waldomiro. Pesquisa acadêmica em histórias em quadrinhos. São Paulo: Criativo. 2017

VIDAL, Luciana. AMOEDO. Francisca Keila de Freitas. As histórias em quadrinhos como incentivo à leitura: uma análise das HQ's de Maurício de Sousa sobre a inclusão social. NESMAU, Universidade Estadual do Amazonas (UEA). 2019

WELLICHAN, Danielle da Silva Pinheiro; LINO, Carla Cristine Tescaro Santos. A inclusão que está nos quadrinhos: como os personagens podem divertir e ensinar sobre as pessoas com deficiência. DOXA: Revista Brasileira de Psicologia e Educação, Araraquara, v. 21, n. 1, p. 44–61, 2019. DOI: 10.30715/doxa.v21i1.12693. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/doxa/article/view/12693. Acesso em: 25 jul. 2024.

ZANATO, Caroline Borges; GIMENEZ, Roberto. Educação Inclusiva: um olhar sobre as adaptações curriculares. Revista @mbienteeducação, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 289–303, 2017. DOI: 10.26843/v10.n2.2017.30.p289 - 303. Disponível em: https://publicacoes.unicid.edu.br/index.php/ambienteeducacao/article/view/30. Acesso em: 11 out. 2022.

CC.png 

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0)