A educação de surdos e o ensino de arte no contexto da escola bilíngue
Deaf education and art teaching in the context of the bilingual school
Educación de sordos y enseñanza del arte en el contexto de la escuela bilingüe
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, PR, Brasil
randrade@utfpr.edu.br
Eloiza Aparecida Silva Ávila de Matos
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, PR, Brasil
elomatos@utfpr.edu.br
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Dois Vizinhos, PR, Brasil
renatadessbesel@utfpr.edu.br
Recebido em 31 de outubro de 2022
Aprovado em 18 de agosto de 2023
Publicado em 11 de outubro de 2023
RESUMO
O ensino de Arte, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, apresenta as quatro linguagens (Artes Visuais, Dança, Música e Teatro) de modo integrado e na perspectiva do lúdico. O estudo tem por objetivo analisar o ensino de Arte na educação de crianças surdas na perspectiva da escola bilíngue. A pesquisa é de natureza qualitativa e interpretativa. Participaram da pesquisa uma professora e sete alunos de uma escola bilíngue de surdos localizado no Paraná. Analisou-se os dados em uma abordagem qualitativa. Os instrumentos de coleta de dados foram a observação, entrevistas e aplicação de atividades, analisados sob a ótica da análise de conteúdo. Concluiu-se que o ensino de Arte, para os estudantes deve surdos deve ocorrer desde o início da sua escolarização, e por meio do ensino de Arte, encontrar uma forma de efetivar a sua comunicação, a sua demonstração de sentimentos e a construção de significados. Destaca-se a importância do ensino de Arte dentro das salas de aula de uma escola bilingue e o quanto essa disciplina tem a contribuir no que diz respeito ao desenvolvimento educacional dos estudantes surdos.
Palavras-chave: Surdos; Ensino; Arte Surda.
ABSTRACT
The teaching of art in the early years of Elementary School presents the four languages (Visual Arts, Dance, Music, and Theater) in an integrated way and from a playful perspective. The study aims to analyze the teaching of art in the education of deaf children from the bilingual school perspective. The research is qualitative and interpretive. A teacher and seven students from a deaf bilingual school in Paraná participated in the study. The data were analyzed using a qualitative approach. The data collection instruments were observation, interviews and application of activities, content analysis perspective of content analysis. Concluded that teaching art to deaf students must occur from the beginning of their schooling. Through this art, they find a way to affect their communication, demonstrate feelings, and construct meanings. It highlights the importance of teaching art in a bilingual school’s classrooms and how much this subject can contribute to the educational development of deaf students.
Keywords: Deaf; Teaching; Deaf Art.
RESUMEN
La enseñanza del Arte, en los primeros años de la Enseñanza Primaria, presenta los cuatro lenguajes (Artes Visuales, Danza, Música y Teatro) de forma integrada y desde una perspectiva lúdica. El estudio tiene como objetivo analizar la enseñanza del Arte en la educación de niños sordos desde la perspectiva de la escuela bilingüe. La investigación es de naturaleza cualitativa e interpretativa. Participaron de la investigación una profesora y siete alumnos de una escuela bilingüe para sordos de Paraná. Los datos fueron analizados con un enfoque cualitativo. Los instrumentos de recolección de datos fueron la observación, la entrevista y la aplicación de actividades, analizados desde la perspectiva del análisis de contenido. Se concluyó que la enseñanza del Arte, para los estudiantes sordos debe darse desde el inicio de su escolaridad, y a través de la enseñanza del Arte, encontrar la manera de efectuar su comunicación, su manifestación de sentimientos y una construcción de significados. Resalta la importancia de la enseñanza del Arte dentro de las aulas de un colegio bilingüe y cuánto tiene que aportar esta disciplina en lo que se refiere al desarrollo educativo de los alumnos sordo.
Palabras clave: Sordo; Enseñanza; Arte sordo.
Introdução
O ensino de Arte, em suas formas tradicionais, como a pintura, a escultura, gravuras, artefatos e desenho, e na forma de suas linguagens artísticas, como as Artes Visuais, a Música, o Teatro e a Dança são derivados de transformações e avanços tecnológicos da sociedade, de forma complementar as Belas Artes (pintura, escultura, arquitetura, música, literatura, dança e teatro) também estão inclusas nesse contexto.
O ensino em Artes Visuais requer trabalho contínuo para implementação dos conteúdos e das práticas com relação aos materiais, às técnicas e às formas visuais ao longo do desenvolvimento histórico e contemporâneo. Nesse sentido, a escola oportuniza para que os alunos obtenham as experiências de aprender e criar, mediante a articulação da percepção, imaginação, sensibilidade, conhecimento e produção artísticapessoal e grupal (BRASIL, 1997).
Quem aprende Arte, aprende também interpretação de imagens, algo fundamental para estudantes ouvintes e surdo. A relação ensino e aprendizagem de arte possibilita aos estudantes surdos compreender e praticar a expressão de ideias, em especial, quando a comunicação é dificultada, por muitos fatores externos na vida do surdo, tais como: a invisibilidade linguística tanto com relação ao indivíduo surdo como a língua que este utiliza.
A Libras foi reconhecida e oficializada como língua no território brasileiro, por meio da Lei 10.436/02, e vem abrindo caminhos para que as pessoas surdas sejam respeitadas e se integrem ao meio em que vivem. De acordo com o Decreto 5626/2005 em seu art. 2º: “considera pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras” (BRASIL, 2005). Diante disto, os surdos têm o direito de se comunicarem em sua língua natural, como também foi concedido ao estudante surdo o direito de ter uma educação baseada em uma proposta bilíngue, que respeite a cultura, identidade e a língua de sinais (BRASIL, 2005).
As línguas de sinais são línguas naturais dos surdos do mundo, e chamadas línguas de modalidade espaço-visual, de acordo com o Brasil (2005, p. 01): “As línguas de sinais apresentam-se numa modalidade diferente das línguas orais-auditivas, são línguas espaços-visuais [...] por meio da visão e da utilização do espaço”, como também possuem a gramática própria e gramáticas estruturais de cada país.
Nesse sentido a Arte pode ser um dos caminhos de expressão, de debate político e de denúncia dos problemas. Sendo a escola um ambiente de oportunidades para esse desenvolvimento no ensino de Arte. A experiência sociocultural e os instrumentos do pensamento influenciam no desenvolvimento do pensamento e da linguagem (VYGOTSKI, 2001).
Desta forma, a criança aprende e apreende a ser criança, jovem e um adulto a partir das relações que estabelece em um determinado espaço e com um grupo de pessoas. As vivências dentro da comunidade surda, fortalecem as relações e ampliam o conhecimento sobre a cultura. Nesse sentido, Karnopp, Klein e Lunardi-Lazzarin (2011) explicam que as produções culturais dos surdos abrangem além da língua de sinais o pertencimento a comunidade surda e as relações com pessoas ouvintes na prática bilíngue.
Na transição da educação infantil para os anos iniciais do ensino fundamental, as quatro linguagens da Arte, Artes Visuais, da Dança, da Música e do Teatro, são integradas ao lúdico, sendo os conhecimentos artísticos, experiências neste período, oriundos dos interesses da própria criança. As práticas das linguagens da Arte colaboram para o desenvolvimento da experiência pessoal do sujeito, tornando mais integrada a ligação entre educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental (BRASIL, 2018).
De acordo com Brasil (2018), no documento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) as Artes Visuais são definidas como: “[…] processos e produtos artísticos e culturais, nos diversos tempos históricos e contextos sociais, que têm a expressão visual como elemento de comunicação” (BRASIL, 2018, p.195). Deste modo, proporcionam para os estudantes transitar nas diversas formas de expressões culturais visuais, a partir de diferenças e do conhecimento dos espaços, ampliando as possibilidades de interação artística e produção cultural (BRASIL, 2018).
As linguagens do ensino de Arte abrangem conhecimentos referentes à produtos e aos fenômenos artísticos e envolvem o exercício de criar, ler, produzir, construir, expressar e pensar sobre as formas artísticas. Nesse sentido, as práticas artísticas trazem para a sala de aula o compartilhamento de conhecimentos e produções dos estudantes, que podem ser explorados por meio de apresentações como exposições, espetáculos, enfim diferentes eventos artísticos (BRASIL, 2018). De acordo com o documento Brasil (2018), tais atividades, oportunizam o estabelecer relações entre a arte e a cultura, e ainda explorar diversos contextos sociais dos envolvidos.
O ensino e aprendizagem de Arte na etapa do ensino fundamental deve, de acordo com Brasil (2018) articular as expressões culturais em tempos e espaços diferentes, adicionando à sala de aula as experiências trazidas pelos estudantes e suas produções.
Diante desse contexto, a presente pesquisa tem por objetivo, analisar o ensino de Arte na educação de crianças surdas na perspectiva da escola bilíngue. Para tal, torna-se necessário conceituar surdez e ensino de Arte, assim como suas relações na educação bilíngue. Esta pesquisa justifica-se ao discutir temas emergentes no cenário educacional brasileiro e busca colaborar no desenvolvimento do ensino de Arte na educação de crianças surdas do ensino fundamental, pautado na educação bilíngue e no respeito a comunidade e a cultura surda, e o uso da língua de sinais como meio de comunicação para interagir com o meio. Desta forma, este estudo tem como problema: Como acontece o ensino de Arte na educação de crianças surdas na perspectiva da escola bilíngue?
Educação de surdos: cultura e identidade
A surdez é compreendida, muitas vezes, como uma diferença e não como deficiência. De acordo com Skliar (1998) a surdez é uma especificação linguística e isso significa que os surdos experimentam e vivenciam o mundo por experiências visuais.
Foi por meio de lutas que os surdos se organizaram em associações e federações, para que estas fortalecessem a busca por conquistas e manutenção de direitos. E foi dessa forma que os surdos conseguiram aprovar decretos e leis que hoje estão sendo implementados, como a Libras, reconhecidamente a primeira língua dos surdos, o direito a intérpretes de língua de sinais em salas de aula nos vários níveis de ensino, entre outras conquistas, incluindo as adaptações e metodologias, principalmente com o uso de recursos tecnológicos na educação de surdos.
Na década de 1990, de acordo com Cruz (2016), as discussões acerca das condições de aprendizagem do surdo passaram a incluir uma interpretação cultural deste grupo, buscando levar a língua de sinais para o centro das políticas de ensino. Conquistas fundamentais aconteceram desde então, como o reconhecimento legal da Libras como meio de comunicação, por meio da Lei nº 10.436/2002 após intensa atuação dos movimentos surdos. O decreto 5.626/2005 regulamentou a Lei, garantindo a criação de salas e escolas bilíngues, abertas aos surdos e aos ouvintes, aumentando o apoio à formação de professores bilíngues, inserindo a disciplina Libras nas licenciaturas e reafirmando o direito à presença do intérprete de língua de sinais no ensino superior (BRASIL, 2005).
De acordo com Quadros (1997) no Brasil temos a Língua Portuguesa como língua oficial, a regulamentação e o reconhecimento da Libras como meio de comunicação, utilizada pelas comunidades surdas dos centros urbanos brasileiros. Desta forma, a educação de surdos deveria estar organizada em uma proposta bilíngue/bicultural, como afirma Campos (2013) com a constituição de espaços que considerem a cultura surda, com metodologias e currículos pensados nessa perspectiva e dando ênfase as experiências visuais.
A língua de sinais não é universal, cada comunidade surda, dos diferentes países tem sua própria língua, como acontece com a língua oral, sendo autônoma e independente da língua oral (GESSER, 2009). A autora sublinha que: “Linguisticamente, pode-se afirmar que a língua de sinais é língua porque apresenta características presentes em outras línguas naturais e, essencialmente porque é humana” (GESSER, 2009, p.27).
No Brasil, o Decreto 5626 (BRASIL, 2005) prevê nas escolas a presença dos Tradutores e Intérpretes de Libras (TILS), dando o prazo de um ano, após a publicação do Decreto para a inclusão em todos os níveis, etapas e modalidades das instituições federais de ensino de educação básica e superior o TILS. A escola bilíngue, no Brasil, é citada no Decreto 5626/2005, que regulamenta a Lei nº 10.436, a Lei da Libras, conforme destaca-se a seguir, nos parágrafos 1º e 2º do artigo 22:
São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias de informação (BRASIL, 2005, art. 22).
A educação bilíngue, em Libras, busca garantir a aquisição e a construção do conhecimento das línguas necessárias à educação dos surdos, sua identidade linguística e cultural (BRASIL, 2014). Nesse contexto, muitos professores sentem-se despreparados para lidar com a situação na escola. A família, mesmo que munida de amor e de compromisso, também não está preparada para o uso de metodologias para ensinar ou mesmo acompanhar o processo de aprendizagem de um aluno surdo. Os professores carecem de formação adequada para proporcionar o aprendizado, criando, por exemplo, materiais para o aprendizado da escrita e da leitura de surdos.
Segundo Vygotski, no decorrer da história da educação dos surdos, deparamo-nos com o total descaso para com esta comunidade, considerados sem capacidade de aprender como qualquer pessoa ouvinte. Mas isso ocorre porque historicamente a educação de surdos sempre esteve voltada para as questões linguísticas (VYGOTSKI apud QUADROS, 1997).
Outro ponto a ser destacado são os artefatos culturais do povo surdo, como a experiência visual, cultural-linguística e os artefatos tecnológicos (STROBEL, 2008). É necessário ao docente, que ensina surdos, ter claro como os alunos surdos aprendem. Como já apresentado anteriormente, os artefatos tecnológicos estão presentes na cultura surda e no jeito de apreender o mundo. Assim sendo, os professores, utilizando da Libras e de recursos tecnológicos digitais, poderão desenvolver com bons resultados o ensino de Arte para crianças surdas.
Ao encontro Caldas (2006) sublinha a importância da Arte na cultura e identidade surda, de modo que os estudantes surdos tenham a oportunidade de ter contato com artistas surdos e suas obras, ampliando as possibilidades de expressar sua identidade por meio da Arte.
Nesse sentido, o uso de sinalário contribui para o desenvolvimento dos estudantes surdos, de acordo com Stumpf (2010) um sinalário é o conjunto de expressões que compõe o léxico de uma determinada língua de sinais. Os sinais específicos de Arte em Libras ainda são poucos, necessitam mais estudos e pesquisas que abordem o tema e desenvolvam materiais acessíveis aos estudantes na educação de surdos.
Dentro de sala de aula, é possível perceber essas questões de forma mais palpável, uma vez que o estudante, quando inserido dentro de uma turma regular, percebe a real necessidade de se utilizar da língua de sinais e da Língua Portuguesa modalidade escrita, para garantir a comunicação e toda a organização de sua vida educacional. É a ausência da audição que traz a possibilidade da língua de sinais e da priorização pelas intervenções visuais (VYGOTSKI, 1984).
De acordo com Vygotski (1984), cada problema pede uma solução, ou seja, cada deficiência pede por um estímulo compensatório. O autor explica que: “qualquer ‘defeito’ existente no indivíduo gera uma rede de estímulos, na tentativa de ‘consertar’ esse defeito” (p.51). Essa questão compensatória, diz respeito a todo estímulo gerado a partir de uma dificuldade, uma falta precisa ser compensada, e no caso das deficiências, essa falta é compensada por meio de um estímulo educacional positivo.
Dentro de todo esse processo de superação das ausências em forma de estímulo, Vygotski (1984) sempre frisa a real necessidade do contexto social, visto que essa superação não aconteceria se não fosse provocada. Mesmo que seja um processo natural, e que em regra acontece com todos os indivíduos, é necessário que haja uma provocação externa, trazendo a necessidade real dessa transformação. Por isso, é muito mais nítido nos dias de hoje que essa superação vem acontecendo, do que em anos anteriores, quando havia casos de diversas pessoas com deficiência que eram privadas do convívio social, ficando somente dentro do convívio familiar, limitando assim os estímulos reais.
Para Vygotski (1984) a educação está relacionada aos ambientes em que ela acontece, são as trocas de conhecimentos que permeiam toda a base educacional, permitindo que esse processo educacional evolua constantemente e nunca esteja inepto. De acordo com o autor, sempre que há um problema, abrem-se possibilidades de métodos de intervenção para que se esgotem todas essas possibilidades e se chegue a um resultado mais efetivo, e ainda, há a compreensão de que esses problemas podem ser vistos como prováveis possibilidades de crescimento (VYGOTSKI, 1997).
A concepção de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) traz novamente a ideia de que, quando esse processo educacional é realizado em conjunto, as possibilidades são ainda maiores. Nesse processo, quando temos a participação do estudante, dos pais, da família em geral, dos profissionais de apoio e demais profissionais da comunidade escolar, o estudante passa a produzir mais do que produziria se estivesse trabalhando sozinho, ou seja, essa atuação conjunta possibilita mais vertentes e mais resultados. É a partir desse conceito que se desenvolve uma atuação direcionada a cada tipo de deficiência, permitindo que haja um trabalho mais específico e assim, mais eficaz para cada estudante em potencial.
Na questão do estudante surdo, é necessário explorar os recursos visuais, para compensar a ausência da audição, trazendo então, possibilidades reais para efetivar o ensino aprendizagem desse estudante, propiciando uma base de conhecimentos maior.
Ainda, é necessário refletir acerca das intervenções metodológicas utilizadas dentro das salas de aula, sendo que, para Vygotski (1984), o objetivo da educação especial, é o mesmo da educação regular, os dois estudantes, da educação regular e da educação especial, devem estar no mesmo patamar educacional.
Dessa maneira, compreende-se as contribuições de Vygotski para a educação de surdos, e sublinha-se a mediação no ambiente educacional como o ponto central de suas contribuições. Para Vygotski (1984) a mediação ocorre por meio de signos (como a linguagem) e as ferramentas (como instrumentos, objetos). Essa relação de signo e significado é essencial no que diz respeito a atividade humana, é a ação planejada que nos diferencia do animal, considerando o aspecto psicológico (VYGOTSKI, 1984). No que diz respeito a relação de mediação entre signo e significado, podemos citar a língua de sinais, em que cada sinal possui um significado específico.
Nesse sentido, devemos levar em consideração todos os jogos pedagógicos, dinâmicas, brincadeiras e todas as intervenções possíveis para que essa representatividade seja legítima. Outro aspecto, a ser considerado é a contribuição positiva dos recursos tecnológicos disponíveis e no desenvolvimento das unidades curriculares, e como essas tecnologias podem contribuir dentro das nuances da educação especial.
As tecnologias digitais alcançaram a todos, inclusive aos surdos, que ficam maravilhados com as novas possibilidades que lhes surgem, como a emissão das mensagens, utilizada por muitos surdos alfabetizados. Os recursos tecnológicos auxiliam na interação entre surdos e ouvinte, como softwareVlibras, que possui uma série de ferramentas, como a tradução de conteúdo em sites, áudio e textos para a Libras. O aplicativo da Hand Talk, é um aplicativo que transforma as imagens e textos em linguagens de sinais. E o Prodeaf Móvel que também faz a tradução de Língua Portuguesa para Libras e vice-versa.
Nas comunidades surdas do Brasil, muitos projetos de informática foram e estão sendo desenvolvidos, mas ainda há muito espaço para apresentação de novas ferramentas que sejam acessíveis. Considerando a prática educativa do professor como mediador e colaborador do processo de ensino e aprendizagem, este professor precisa de formação continuada para acompanhar todo o processo de desenvolvimento, orientando e incentivando as escolhas, aguçando as percepções, sempre buscando levar o aluno surdo a pensar e a refletir em como fazer, de que forma, e para que fazer, construindo, assim, seu espaço de idéias (OLIVEIRA, 2016).
A educação dos alunos surdos no ensino fundamental regular contribui para o seu desenvolvimento quando o processo de inclusão escolar é efetivado. A tecnologia digital, a partir de em jogos educativos em Libras são uma possibilidade no processo ensino e aprendizagem, uma vez que proporciona aos estudantes momentos de brincadeiras e dinâmicas acessíveis para crianças surdas, que contribuem para a sua formação humana e social, permitindo-lhe construir sua capacidade de atuação na sociedade.
Nesse contexto, outro software que tem ampla aplicação e pode ser explorado nas atividades no ensino de Arte na Educação de surdos é o Scratch, que consiste, de acordo com Pereira, Medeiro e Menezes (2012) em uma linguagem gráfica de programação desenvolvida no Media Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, baseada na linguagem Logo e fácil de utilizar. A ferramenta é um software gratuito, sendo uma linguagem de programação a qual visa incentivar o desenvolvimento da criatividade, do raciocínio lógico matemática e o trabalho colaborativo (PEREIRA; MEDEIROS; MENEZES, 2012).
Os autores explicam que no software Scratch é possível organizar diferentes tipos de mídias (fotos, músicas) de modo criativo. O desenvolvimento da atividade é no Scratch é: “através de blocos de comandos que são encaixados uns aos outros, formando a sequência de comandos que se deseja” (PEREIRA; MEDEIROS; MENEZES, 2012, p. 4). Desta forma, permite a construção de programas, de modo simples e prático, bastante intuitivo, possibilitando que novas atividades sejam criadas a partir de uma programação inicial, reutilizando e readaptando os materiais.
O ensino de Arte mediado por tecnologias digitais, permite aos estudantes surdos motivação e entusiasmo no processo de ensino e aprendizagem de forma acessível, e um exemplo que foi utilizado nesta pesquisa é o desenvolvimento de um jogo online utilizando o software do Scratch, disponível no produto educacional Arte Surda.
Metodologia
A presente pesquisa caracteriza-se como qualitativa, de acordo com Lüdke e André (2018, p.12): “A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte de dados e o pesquisador como seu principal instrumento”, interpretativa e aplicada, como explica Gil (2017) direcionada a obter os conhecimentos diante da aplicação em situação específica.
Os participantes da pesquisa são estudantes e a professora de Arte da escola de surdos, localizada na cidade de Maringá, Paraná. Como amostra, as entrevistas foram aplicadas para 7 estudantes surdos do 4º ano do ensino fundamental, e com a professora da disciplina de Arte. Foram utilizados como instrumento a observação, agendadas com a direção da escola e registradas em anotações escritas e fotografias, com a autorização dos participantes.
A pesquisa foi submetida ao Comitê de ética (CEP) e aprovado conforme parecer 40261620.2.0000.5547. No momento da aplicação das atividades alunos e professora, após aceite em participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
No desenvolvimento das atividades com os estudantes foram utilizados recursos tecnológicos digitais disponíveis na escola, e materiais de papelaria (tinta, pincel, papel sulfite) disponibilizados pelo pesquisador. As atividades foram propostas por meio da metodologia semiótica imagética, com uso de jogos no Scratch, utilizando instrumentos tecnológicos, com jogos lúdicos adaptados para a utilização do sinalário específico. As aulas foram gravadas e analisadas após a aplicação.
Os dados obtidos foram analisados de forma qualitativa a partir da fundamentação teórica. As respostas das entrevistas com os estudantes foram transcritas para Língua Portuguesa, para análise das atividades os vídeos serão arquivados com o pesquisador que fará a descrição das ações.
A pesquisa foi desenvolvida no Colégio bilíngue para surdos, na cidade de Maringá, Paraná e atende atualmente 50 alunos da educação infantil ao ensino médio. Segundo o Censo realizado em 2010 pelo IBGE, no município de Maringá residem dez mil pessoas com alguma dificuldade auditiva e muitos deles passaram pela Colégio bilingue para surdos (IBGE, 2010).
A escola, em sua trajetória fez uso de três abordagens educacionais, a oralista, a comunicação total e atualmente a educação bilíngue. Essa última destacada como a que mais trouxe benefícios para a educação de surdos e o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. A educação bilíngue desperta no estudante a compreensão de sua identidade e cultura, promove contato social com os pares: “O surdo não precisa almejar uma vida semelhante ao ouvinte, podendo assumir a sua surdez” (GOLDFELD, 1997, p.138).
Conforme afirmam, em entrevista realizada com professora de Arte do Colégio bilingue para surdos, trata-se de uma escola de ensino regular, que atende a crianças no ensino comum, com a diferença de que a escola utiliza o sistema bilíngue para as aulas, trabalhando com a língua de sinais. Segundo ela, os estudantes formados pela instituição têm um importante diferencial: Eles saem formados em instrutor de Língua Brasileira de Sinais, podem dar aulas de Libras ou trabalhar como tradutor dessa língua, além de estarem prontos para ingressar na Universidade.
Com relação ao ensino de Arte existe a preocupação de que os surdos não sabem ler a Língua Portuguesa e apresentam mais dificuldades para aprender em escolas que não sejam bilíngues. Com professores que só oralizam, os surdos têm muita dificuldade, pois não conseguem se comunicar adequadamente (LACERDA, 2006).
Na Colégio bilingue para surdos são oferecidos no ensino fundamental a disciplina de Arte do 1º ano ao 4º ano. No 4º ano, são realizadas as seguintes atividades: teatro, desenho e pintura. Durante a observação das aulas de Arte, teve-se a oportunidade de acompanhar pelo período de quatro semanas, um projeto de teatro ofertado pela escola, às terças-feiras, das 13 horas e 30 minutos até às 15 horas. Observou-se a interação dos dois professores do projeto de teatro com os estudantes com foco maior entre os estudantes do 4º ano do ensino fundamental. O período de observação e interação com a professora de Arte e os 7 alunos da disciplina ocorreu no segundo semestre de 2019, sendo interrompido no primeiro semestre de 2020 devido à pandemia do Covid-19 e terminado no segundo semestre de 2021 após o retorno das atividades presenciais dos alunos na escola.
Foram observadas 12 horas aula em 2019 e 6 horas aula em 2021, devido ao período da pandemia da Coivd-19, que interrompeu as observações, uma vez que o ensino presencial não foi possível. As atividades de teatro foram observadas e acompanhadas em 2019 em dias diferentes. Na prática de teatro, a criança encena e isso é importante para o desenvolvimento de habilidades de expressar o corpo e de se comunicar melhor. Observou-se que os estudantes surdos desenvolvem com facilidade essa atividade, que foram realizadas em um pequeno auditório, localizado na escola.
Nas aulas regulares da disciplina de Arte, os alunos demonstraram interesse na disciplina, pois era notória a satisfação dos estudantes durante a execução da atividade de pintura e expressão por meio de desenhos, que foram então, propostas pela docente responsável. Foi possível perceber que dois estudantes surdos tinham habilidades mais específicas com relação aos desenhos, e produziram desenhos mais elaborados e com prática próxima ao exercício profissional. Em contrapartida, foi possível verificar que outros dois estudantes não demonstraram muito interesse pela atividade proposta, haja vista que não tentaram a produção de desenhos com mais técnicas, entregando atividade composta por desenho simples.
Quando se analisa os dados reais, fruto do resultado da pesquisa de campo, é possível afirmar que há interesse por parte dos estudantes surdos em aprender e ter um contato mais vívido com a disciplina de Arte. Diante disso, considera-se que o período de observação das atividades na escola foi muito importante para verificar como o ensino de Arte para alunos surdos dos anos iniciais do ensino fundamental acontece, de modo a fundamentar as atividades que foram propostas e desenvolvidas com os participantes da pesquisa.
A educação em Artes Visuais requer trabalho continuadamente informado sobre os conteúdos e experiências relacionados aos materiais, as técnicas e as formas visuais de diversos momentos da história, inclusive contemporâneos. Para tanto, a escola deve colaborar para que os alunos passem por um conjunto amplo de experiências de aprender e criar, articulando percepção, imaginação, sensibilidade, conhecimento e produção científica pessoal e grupal (BRASIL, 1997). Quem aprende Arte, aprende também interpretação de imagens, algo fundamental para os surdos, já que aprendem e veem o mundo principalmente através dos olhos (visual).
As atividades foram planejadas e organizadas a partir das observações e entrevistas. Nesse sentido foram organizados três encontros com os estudantes, que participaram de forma voluntária da pesquisa, partimos da obra de Nancy Rourke e por meio dessa, delineou-se as demais atividades.
No primeiro dia de aplicação, que ocorreu em 18/11/2021 os alunos foram reunidos na sala, e realizou-se com apoio de materiais digitais (apresentação em slides na tela) a história a artista surda Nancy Rourke. E na oportunidade buscou-se motivar os estudantes, fazendo perguntas sobre as obras apresentadas e as cores.Essas relações de interação contribuem no momento de suprir as necessidades reais do estudante, por meio de interações e intervenções de qualidade, pode-se ter resultados positivos.
No segundo dia de aplicação, que ocorreu no dia 25/11/2021 estiveram presentes os sete alunos e foi realizado a atividade no laboratório de informática com uso do computador, as atividades foram aplicadas com um estudante por vez, foram feitas perguntas e eles iam respondendo uma a uma. Foram feitos sinais em Libras e os alunos identificavam esse sinal, com cores e por meio da pintura de Mona Lisa (surda) montada com cores diferentes, os alunos iam identificando as cores de acordo com a posição dessas na pintura. Com relação aos sinais apresentados todos identificaram os sinais das cores, com relação ao nome do quadro mostrado só um sabia que se tratava de uma releitura do quadro Mona Lisa de Leonardo Da Vince. Após os estudantes, inspirados na atividade, foram desafiados a criar suas próprias telas, com a pintura de quadros (Figura 1).
Figura 1 - Pinturas realizadas pelos alunos
Fonte: Autoria própria (2022)
Os alunos gostaram muito das atividades realizadas no computador. Cinco alunos não conheciam a artista Nancy Rourke, e dois disseram que a conheciam, que a artista plástica era nascida em São Diego, nos Estados Unidos.
Nesse sentido, o estudante deve ser protagonista do próprio processo educacional, já que ele reconhece com grande facilidade as suas próprias dificuldades, podendo ainda colaborar com o direcionamento da escolha da intervenção, propiciando um desenvolvimento legítimo do estudante. Compreendendo todas essas questões e ainda colocando o estudante como protagonista da própria história, é possível verificar o resultado eficaz da ação. Considerando as contribuições de Vygotski (1984), para os estudantes surdos, cada signo e significado, representa um sinal, e um conjunto de sinais com contexto geral, formam um sistema comunicacional efetivo.
No terceiro dia de aplicação, que ocorreu no dia 02/12/2021, todos os estudantes estavam presentes e a atividade ocorreu no laboratório de informática da escola, com a exploração de um jogo de quebra-cabeça, criado com auxílio da ferramenta do Scratch. O jogo abordou a pintura da Mona Lisa (surda) e a exploração dos conceitos sobre as cores desenvolvidos no encontro anterior (Figura 2).
Figura 2 - Interface apresentada aos alunos, com vídeo em Libras
Fonte: Autoria própria (2022)
No desenvolvimento da atividade, apresentar o jogo em língua de sinais torna a resolução acessível aos estudantes surdos. O uso da tecnologia motivou os participantes, que perceberam que a atividade lhes proporcionava autonomia em sua resolução, uma vez que estava em Libras.
Nesse sentido, compartilhar a resolução com os colegas de classe se torna uma atividade potencial. No processo de educação inclusiva as atividades em grupo contribuem grandemente na intenção de minimizar os impactos do processo. Para tanto, o professor precisa agir com extrema cautela no momento da escolha efetiva das duplas ou grupos, para que se tenha um resultado satisfatório. Ao encontro Campos (2013) afirma a importância de um espaço de educação bilíngue na educação de crianças surdas, com práticas pedagógicas e didáticas visuais, para que se tenha uma educação sem barreiras.
Essa troca de experiências entre os estudantes, também propicia uma maior troca entre esses signos e significados, visto que um ensina ao outro algo que ainda não era de conhecimento comum, aumentando a referência significativa sobre determinado objeto.
Diversas são as possibilidades de efetivar a função semiótica, possibilitando várias atividades em diferentes situações, sendo que essas atividades podem se dar de forma individual, valorizando as habilidades específicas de cada estudante, ou podem ser em grupo, em que os estudantes podem então trocar experiências entre si. De acordo com Vygotski (1997) o educador necessita conhecer as especificidades da educação especial, reafirmando que a criança surda pode fazer o mesmo que a ouvinte, porém por um caminho diferente e isso é fundamental no planejamento e organização das atividades pedagógicas.
Durante a atividade com recursos tecnológicos digitais o professor perguntou sobre a cor “vermelho”, fazendo o sinal VERMELHO em Libras, e explicou sobre essa ser uma cor quente. Para que as crianças surdas desenvolvam conhecimentos escolares, são necessárias adaptações dos conteúdos da Língua Portuguesa para as dinâmicas em Libras. A adaptação dos materiais, é importante no ensino de Arte usando o ensino e a aprendizagem bilíngue. Deve-se buscar nas crianças surdas o interesse pela Arte, por meio do uso da Libras, nas atividades as utilizadas em Língua Portuguesa para os alunos ouvintes. Como foi observado durante a aplicação, os estudantes estavam motivados em resolver as atividades.
As atividades desenvolvidas trazem a possibilidade da expressividade, o estudante passa a poder expressar o que pensa e a colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos. As atividades práticas se tornam efetivas em decorrência dessa expressividade.
A escola faz parte do processo para acolher o aluno surdo, sendo o professor a figura central dessa mediação com equipamentos e recursos, principalmente os elementos visuais, que promovem a descoberta dos talentos e habilidades. Nesse contexto, como explica Oliveira (2010) uma das aliadas da educação é a tecnologia digital, pois oferece uma diversidade de possibilidades para novos aprendizados, objeto de estímulos e de aumento da autoestima, do desenvolvimento cognitivo, intelectual, cultural e, sobretudo, da confiança e autonomia nas ações.
Considerações finais
O ensino de Arte está diretamente ligado a linguagens artísticas, que tem uma importância no estímulo da criatividade dos estudantes surdos, que se utilizam das mais diversas formas de expressão e que assim, nos permitem avaliar seu processo de criação, a construção da produção e o significado que aquela Arte carrega. A Arte é uma disciplina que perfaz e acaba fazendo parte de todas as outras disciplinas, possibilitando uma associação direta às mais diversas formas de produção.
É notório que no processo de ensino e aprendizagem, todas as disciplinas assumem a sua importância considerando a sua prática em relação a individualidade de cada estudante, assim, nessa pesquisa, buscou-se demonstrar que no que diz respeito ao estudante surdo, essa importância tem reflexo direto na comunicação e expressão desse estudante.
Para tanto, destaca-se a necessidade de atividades contextualizadas e bem planejadas, quando temos a presença do estudante surdo, para que os resultados esperados, sejam alcançados com maior efetividade, e neste sentido, frisamos a carência de uma formação continuada para os professores, que está em consonância com o sistema educacional vigente.
Aqui, é válido ressaltar que no que diz respeito ao nosso sistema educacional, a legislação prevê o ensino de Arte na educação básica, perpassando pela educação infantil e pelo ensino fundamental e médio. Como tem-se a disciplina já prevista em lei, é necessário garantir o profissional especializado, para que essa educação seja efetiva e obtenha todos os resultados esperados. É por meio dessa legislação e da efetivação da disciplina que se compreende de fato o nível de transformação existente no que tange à Arte.
A Arte está presente em nossas vidas, bem mais do que imaginamos, não somente nas aulas de disciplina regular dentro das salas de aula, e é por isso que deve-se saber reconhecer as formas de produção e o impacto dessas.
É mais comum que a comunicação esteja quase sempre interligada a linguagem verbal, porém, a comunicação e as formas de expressão vão muito além disso. No documento da BNCC (2018) o texto nos traz diversas sugestões para incorporar esse acesso dos estudantes as mais diversas formas de expressão.
Neste contexto, retomando os objetivos da pesquisa compreende-se que na aplicação do estudo na escola de surdos foi possível verificar que todos os conceitos conversam entre si e se completam, fazendo com que todo o processo de ensino e aprendizagem faça sentido. Quando cita-se aos estudantes a artista Nancy Rourke, que é surda, produz sua Arte e consegue se expressar por meio de seus quadros, é possível demonstrar aos estudantes, a importância referente a essas formas de expressão, bem como despertar nesses estudantes o espírito da criatividade e da inspiração. Existe uma possibilidade de que eles vejam essas obras e tenham a história da artista como uma inspiração maior de produção.
Assim, os estudantes surdos devem ter contato com a disciplina de Arte, e por meio dessa Arte, encontrar uma forma de efetivar a sua comunicação, a sua demonstração de sentimentos e uma construção de significados muito maior do que fariam somente utilizando a língua de sinais.
É possível encontrar diversos vídeos com estudantes surdos protagonizando teatros, bem como filmes com atrizes e atores surdos, e muitos outros meios de produção. Ainda, a pandemia causada pela Covid-19, permitiu que a língua de sinais estivesse presente em outro meio de produção de Arte, que é a música, visto que o país pôde acompanhar diversas transmissões ao vivo de cantores famosos, que optaram pela língua de sinais em seus shows. Analisando o contexto como um todo, pode-se perceber que de fato a Arte está presente em diversos patamares e ambientes.
Contudo, destacamos nos resultados deste estudo, que foi possível compreender a importância do ensino de Arte dentro das salas de aula de uma escola bilíngue e o quanto essa disciplina tem a contribuir no que diz respeito ao desenvolvimento educacional dos estudantes surdos.
Agradecemos à Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) pelo apoio na pesquisa.
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Modalidade do artigo: Relato de pesquisa ( X ) Revisão de Literatura ( )
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