http://dx.doi.org/10.5902/1984686X70831
Educação Especial: análise do perfil de grupos de pesquisa cadastrados no CNPq
Special Education: profile analysis of research groups registered at the CNPq
Educación Especial: análisis de perfiles de grupos de investigación registrados en el CNPq
Jefferson Mainardes
Professor doutor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, PR, Brasil
E-mail: jefferson.m@uol.com.br ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0401-8112
Rosana de Castro Casagrande
Professora doutora da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, PR, Brasil
E-mail: rosanaccasagrande@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8341-6199
Recebido em 27 de junho de 2022
Aprovado em 04 de novembro de 2022
Publicado em 22 de novembro de 2022
RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar uma análise dos Grupos de Pesquisa relacionados à Educação Especial (EE) cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (DGPB), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Argumenta-se, a partir das concepções de Pierre Bourdieu, que os Grupos de Pesquisa em Educação Especial são espaços que permitem o desenvolvimento do habitus científico. No total, foram catalogados 265 Grupos de Pesquisa, dos quais 203 (76,6%) são relacionados à Educação Especial e 63 (23,3%) são específicos do campo da Educação Especial. Os Grupos relacionados à Educação Especial estão infiltrados, organizados e distribuídos no âmbito de Grupos de Pesquisa mais amplos, com sua participação assegurada por meio de Linhas de Pesquisa específicas que se desdobram em temáticas diversas. Os grupos específicos apresentam a Educação Especial como objeto de pesquisa prioritário, apresentando temáticas diversas e especificando suas produções, compondo importante elemento do campo acadêmico da Educação. Os dados agrupados indicam que, de modo geral, o campo da Educação Especial é abrangente e diversificado e vem crescendo de forma significativa, embora ainda insuficiente para a dimensão do país e suas demandas.
Palavras-chave: grupos de Pesquisa; educação especial; habitus.
ABSTRACT
This paper aims to present an analysis of the Research Groups related to Special Education registered in the Directory of Research Groups in Brazil (DGPB), of the National Council for Scientific and Technological Development (CNPq). It is argued, from Pierre Bourdieu’s conceptions, that the Research Groups in Special Education are spaces that allow the development of the scientific habitus. In total, 265 Research Groups were registered, of which 203 (76.6%) are related to Special Education and 63 (23.3%) are specific to the field of Special Education. Groups related to Special Education are infiltrated, organized and distributed within the wider Research Groups, with their participation ensured through specific Research Lines that unfold in various themes. Specific groups present Special Education as an object of priority research, presenting various themes and specifying their productions, composing an important element of the academic field of Education. The grouped data indicate that, in general, the field of Special Education is comprehensive and diverse and is growing significantly, although still insufficient to the dimension of the country and its demands.
Keywords: research groups; special education; habitus.
RESUMEN
Este artículo tiene como objetivo presentar un análisis de los Grupos de Investigación relacionados con la Educación Especial (EE) registrados en el Directorio de Grupos de Investigación de Brasil (DGPB), del Consejo Nacional de Desarrollo Científico y Tecnológico (CNPq). A partir de las concepciones de Pierre Bourdieu, se argumenta que los Grupos de Investigación en Educación Especial son espacios que permiten el desarrollo del habitus científico. En total, se identificaron 265 Grupos de Investigación, de los cuales 203 (76,6%) están relacionados con la Educación Especial y 63 (23,3%) son específicos del campo de la Educación Especial. Los Grupos relacionados con la Educación Especial están infiltrados, organizados y distribuidos en el ámbito de Grupos de Investigación más amplios, asegurando su participación a través de Líneas de Investigación específicas que se despliegan en diferentes temáticas. Los grupos específicos presentan a la Educación Especial como objeto prioritario de investigación, presentando diferentes temáticas y concretando sus producciones, componiendo un elemento importante del campo académico de la Educación. Los datos agrupados indican que, en general, el campo de la Educación Especial es amplio y diversificado y ha venido creciendo significativamente, aunque todavía insuficiente para el tamaño del país y sus demandas.
Palabras clave: grupos de investigación; educación especial; hábitus.
Introdução
Este artigo tem por objetivo apresentar uma análise dos Grupos de Pesquisa (GPs) relacionados à Educação Especial (EE) cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (DGPB), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)1, e tem como problemáticas: Os GPs em EE podem ser caracterizados como espaços de desenvolvimento do habitus científico? Quais as características dos GPs em EE, no Brasil? Entre as razões que justificam a realização desta pesquisa, destaca-se a caracterização dos GPs enquanto elemento constituinte do campo acadêmico da EE, no Brasil, portanto, responsável pela elaboração e produção de bens acadêmicos que fortalecem e impulsionam este campo.
Pode-se definir Educação Especial como uma modalidade de ensino responsável por oferecer um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais, organizados com o objetivo de suplementar, apoiar, e até mesmo substituir os serviços educacionais ditos comuns. Seu principal objetivo é garantir a educação formal dos educandos que apresentarem necessidades educacionais especiais diferentes da maior parte das crianças e jovens, “[...] decorrentes das condições do aluno em confronto com a educação ofertada” (MAZZOTTA, 2011, p. 11-12). Em outros trabalhos, argumentamos que a Educação Especial, no Brasil, constitui-se em um campo acadêmico, com diferentes instâncias de institucionalização, tendo como marco inicial a formação específica de professores para Educação Especial, no âmbito das Universidades brasileiras, a partir da década de 1960. Posteriormente, ocorreu a criação de: habilitação em Educação Especial nos Cursos de Pedagogia; Programa de Pós-Graduação em Educação Especial; Linhas de Pesquisa em PPGEs, Grupos de Pesquisa, Cursos de Graduação em Educação Especial; criação de Revistas especializadas, Grupo de Trabalho em Associações Científicas, associações científicas específicas, eventos especializados e criação de redes de pesquisa (CASAGRANDE, 2020; 20121; CASAGRANDE; MAINARDES, 2021). Os GPs caracterizam-se como uma das instâncias que constituem o campo acadêmico da EE.
O campo acadêmico da EE abrange várias temáticas e se desenvolve em interface com outras áreas, como, por exemplo: Saúde, Informática e Engenharia, entre outras, mas o foco estabelecido, neste estudo, foram os GPs em EE, na grande área da Educação. Segundo dados do CNPq, em 2016, havia cerca de 37.600 GPs cadastrados no Brasil, dos quais 3.595 eram da área de eram da área de Educação, ou seja, 9,55% do total de Grupos cadastrados.
Do ponto de vista metodológico, esta pesquisa utilizou o nível macro de abordagem para GPs (MAINARDES, 2022a). Para tal, foram coletados e sistematizados dados dos GPs em EE, extraídos do DGPB/CNPq, durante o ano de 2021, com a utilização do termo de busca “Educação Especial”. Os dados coletados foram os seguintes: ano de formação; líderes; instituição; repercussões do trabalho do Grupo; participação em redes de pesquisa; Linhas de Pesquisa; e número de pesquisadores, estudantes, técnicos e colaboradores estrangeiros; produção e orientações de Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado dos líderes. Foram coletados dados sobre os líderes dos Grupos e suas produções. Além disso, foi realizada uma revisão de literatura das produções voltadas a GPs em EE, no período de 2000 a 2020, a fim de mapear a produção na área e estabelecer categorias relacionadas ao conhecimento produzido pelo campo acadêmico.
Os Programas de Pós-Graduação em Educação e em Educação Especial têm sido um dos principais espaços de produção de pesquisas em EE. O desenvolvimento de dissertações e teses sobre EE em Programas de Pós-Graduação em Educação iniciou na década de 1970 e, a partir da década de 2000, ocorreu sua consolidação (SILVA, 2018). Posteriormente, em 1978, foi criado o Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O primeiro Grupo de Pesquisa localizado no DGPB/CNPq foi criado no ano de 1985, denominado “Educação Especial”, sob liderança da pesquisadora Maria da Piedade Resende da Costa, da UFSCar (CASAGRANDE, 2020).
No ano de 2018, segundo Casagrande (2021), havia cerca de 265 Grupos de EE, perfazendo um total de 7,3% dos GPs, no período1. Em nova busca realizada nesta pesquisa, no ano de 2021, foi localizado o mesmo total (265), com variações no surgimento e no cancelamento dos Grupos.
Os Grupos de Pesquisa em Educação Especial e a formação do habitus
Um número significativo de estudos nacionais e internacionais têm destacado a importância dos GPs para a qualificação das pesquisas e do processo de formação de pesquisadores (BIANCHETTI, 2021; DEGN et al., 2018; FELDMAN et al., 2013; MAINARDES, 2021a, 2021b, 2022a, 2022b, 2002c; LÓPEZ-YÁÑEZ; ALTOPIEDI, 2015, entre outros). Os GPs podem ser entendidos como comunidades de prática e como comunidades epistêmicas (FELDMAN, DIVOLL, ROGAN-KLYVE, 2013). Como comunidade de práticas, os Grupos têm um domínio de interesse compartilhado que é amplamente definido por sua disciplina científica e mais estritamente determinado por suas perguntas de pesquisa. Como comunidades epistêmicas, os Grupos são espaços de produção de conhecimento e conduzem ao crescimento da proficiência intelectual e metodológica.
Para Bourdieu e Wacquant (2012), o ofício de pesquisador é um modus operandi e um habitus. O habitus científico é uma “regra encarnada” (p. 277), ou melhor, um modus operandi científico que funciona em um estado prático de acordo com normas que não são necessariamente explicitadas (conhecimentos codificados e conhecimentos tácitos).
A formação do habitus científico é complexa, pois envolve “traduzir problemas altamente abstratos a operações científicas totalmente práticas” (p. 274), o que pressupõe uma relação muito peculiar com o que ordinariamente se chama de “teoria” e “empiria”. Assim, não há outra maneira de dominar os princípios fundamentais de uma prática (e a prática da pesquisa científica não é uma exceção) que a de praticá-los junto a um guia ou “treinador” que dê segurança e tranquilidade (BOURDIEU e WACQUANT, 2012). Para Bourdieu (2003), tornar-se um cientista não se trata apenas de conhecer normas e métodos experimentais, mas sim tratar como um verdadeiro “ofício”, o qual exige um conhecimento prático, um “saber-fazer” que só pode ser conseguido por meio do habitus científico.
As práticas dos cientistas tornam-se possíveis pela existência de um habitus de competências e de interesses específicos (RAGOUET, 2017). Assim, a participação em GPs, ao lado de outras atividades (disciplinas, sessões de orientação, participação em eventos etc.), é uma atividade altamente relevante na aquisição do habitus científico. Já a participação de pesquisadores experientes é também significativa, pois pode propiciar o desenvolvimento de projetos de pesquisa mais abrangentes, com a participação e a cooperação de membros do grupo e de outros parceiros (AUTOR 2, 2022).
As atividades de pesquisas aqui consideradas como habitus (científico, acadêmico e/ou universitário) podem desenvolver-se dentro ou fora de um campo específico. Tais pesquisas se legitimam como bens acadêmicos quando passam pelo processo de institucionalização, por meio das quais os pesquisadores constroem também sua autonomia (STREMEL, 2017; STREMEL; MAINARDES, 2018). Importante destacar que, segundo Ortiz (1983), o habitus não se desenvolve individualmente, mas no contexto social. Os GPs em EE constituem-se, portanto, lócus de socialização entre os agentes, os quais internalizam homogeneamente certos esquemas de modo objetivo, conforme suas posições sociais.
No caso dos pesquisadores do campo acadêmico da EE que integram GPs, estes atuam como agentes que, caracterizados por habitus específicos, se utilizam dos capitais científico, universitário e acadêmico. Munidos desses capitais específicos, caracterizados pela autoridade científica, verdade acadêmica e reconhecimento dos pares, eles produzem, distribuem e gerenciam esses bens, travando uma verdadeira luta concorrencial e, ao mesmo tempo, mantêm uma espécie de cumplicidade objetiva que vai além das lutas e das oposições (CASAGRANDE, 2020, 2021).
Método
De cunho qualiquantitativo, esta pesquisa focou os GPs em EE na área da Educação, disponíveis no DGPB/CNPq, a partir dos quais foram organizados e sistematizados dados referentes a: região e Estado de origem; instituição de origem; ano de formação; nomes dos GPs relacionados e específicos em EE; termos mais utilizados nos título; nome dos líderes e quantidade de produções: artigos a partir do ano de 2015; participação em redes de pesquisa; quantidade e denominação das linhas de pesquisa; quantidade de pesquisadores, estudantes, técnicos e colaboradores estrangeiros; quantidade de produções e orientações de estrado, doutorado e pós-doutorado dos líderes.
As produções encontradas com esses critérios foram organizadas e analisadas com base no conceito e nos dados obtidos sobre o campo acadêmico da EE no Brasil (CASAGRANDE, 2020, 2021; CASAGRANDE; MAINARDES, 2021). Além disso, foi realizada uma revisão de literatura das produções voltadas a GPs em EE, no período de 2000 a 2020, a fim de mapear a produção na área e estabelecer categorias relacionadas ao conhecimento produzido pelo campo acadêmico.
O levantamento dos Grupos de Pesquisa sobre EE no DGPB/CNPq apresenta como particularidade a necessidade de considerar termos correlatos, como Inclusão e Educação Inclusiva, em razão da estreita relação entre esses termos e seus significados: a EE como modalidade de ensino, a Inclusão como movimento educacional mundial para todos e a Educação Inclusiva como novo paradigma da EE, demonstrada nas pesquisas de Casagrande (2020, 2021) e Casagrande e Mainardes (2021).
O uso do termo “Educação Especial” para busca no DGPB gerou também resultados equivalentes e relacionados aos termos “Inclusão” e “Educação Inclusiva”, daí a necessidade de considerar a relação estabelecida entre eles. Foi realizado um levantamento dos termos utilizados nos 265 GPs, revelando sua diversidade temática.
Resultados e Discussões
Para a discussão dos resultados encontrados, esta seção encontra-se dividida em cinco tópicos: 1) Produções sobre Grupos de Pesquisa em Educação Especial no Brasil; 2) Os Grupos de Pesquisa em Educação Especial e suas especificidades; 3) Educação Especial como campo acadêmico abrangente e diversificado; 4) Nível de consolidação dos Grupos de Pesquisa em Educação Especial; e, por fim; 6) Análise da produção acadêmica dos Grupos de Pesquisa específicos sobre Educação Especial.
Produções sobre Grupos de Pesquisa em Educação Especial no Brasil
O levantamento da literatura voltada a GPs em EE foi realizado durante o mês de março de 2022, utilizando as palavras-chave “Educação Especial AND Grupos de Pesquisa” e suas variações, nos seguintes repositórios: a) Google Acadêmico; b) Biblioteca Eletrônica Científica Online (SciELO); c) Catálogo de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); d) Croosref, com os descritores: “special education” “research group”; “inclusive education” “research group”; “deficiency” “research group”. Em todos os casos, foram utilizadas variações plural/singular, descritor booleano “AND”, presença dos termos no título e em qualquer lugar do artigo. Foram estipulados como critérios: a) produções nacionais e em língua inglesa; b) produções em periódicos; e c) produções que tivessem os termos associados no título, resumo e /ou introdução. No total, foram levantadas 12.870 produções, das quais 17 foram selecionadas (Quadro 1).
Quadro 1 – Trabalhos incluídos na revisão de literatura (2000-2020)
Tipo de produção |
Autor/ano |
Artigo |
Mantoan (2000); Mendes (2008); Mendes (2012); Munster et al. (2012); Pletsch et al. (2014); Pletsch et al. (2015); Silva Junior e Silva (2015); Jesus e Vieira (2016); Mendes et al. (2016); Porto et al. (2016); Mendonça et al. (2017); Moraes et al. (2017); Pletsch et al. (2017); Pletsch e Souza (2017); Souza e Barros (2020); Sales (2020). |
Dissertação |
Ferreira (2019). |
Fonte: Dados da pesquisa organizados pelos autores (2022).
A busca por produções voltadas a GPs em EE revelou: a) a inexistência de produções sobre grupos de pesquisa de Educação Especial em seus aspectos teóricos, metodológicos e epistemológicos2; b) o desenvolvimento de pesquisas a partir de dados coletados e discussões realizadas nos grupos; c) as contribuições e a importância dos grupos de pesquisa para a o desenvolvimento do campo acadêmico da Educação Especial, com destaque para a formação docente. Constatou-se que ainda são poucas as pesquisas e as publicações que tematizam os GPs do campo da EE. Até o presente, não há trabalhos que apresentem análises mais gerais (nível macro), bem como pesquisas mais amplas sobre a importância dos GPs para o desenvolvimento do campo e para a formação de pesquisadores. As publicações existentes abordam aspectos bastante específicos dos GPs de EE, tais como: contribuições e experiências e o impacto de redes de pesquisa.
Os Grupos de Pesquisa em Educação Especial e suas especificidades
No ano de 2022, foram catalogados 265 Grupos de Pesquisa em Educação Especial, no Brasil, distribuídos em 107 Instituições de Ensino Superior (IES), com 1.081 Linhas de Pesquisa. No total, estes grupos possuíam 2.789 pesquisadores, 3.965 estudantes, 111 técnicos, 47 colaboradores estrangeiros em 31 redes de pesquisa3.
Os dados desses 265 Grupos são apresentados na Tabela 1 e permitem mapear um panorama da distribuição dos GPs em EE, por regiões do Brasil. As regiões Sudeste e Sul concentram: o maior número de GPs (163); a maior quantidade de Linhas de Pesquisa (656); o número mais expressivo de pesquisadores (1.724); o maior número de estudantes (2.288); 56 técnicos; o maior número de colaboradores estrangeiros (34); e o maior número na participação em redes de pesquisa (26).
As regiões Nordeste e Norte do Brasil possuem: 88 GPs; 337 Linhas de Pesquisa; 915 pesquisadores; 1.497 estudantes; uma pequena diferença no número de técnicos (51) em relação às regiões Sudeste e Sul; 11 colaboradores estrangeiros; e apenas um Grupo com participação em redes. Essas duas regiões apresentam praticamente metade dos GPs e recursos humanos em comparação às regiões Sudeste e Sul, exceto no número de técnicos.
A região Centro-Oeste destaca-se por apresentar os menores quantitativos: 18 Grupos (18); 48 Linhas de Pesquisa; 150 pesquisadores; 180 estudantes; quatro técnicos; e dois colaboradores estrangeiros. Essa região concentra apenas um número maior, porém insuficiente, de redes de pesquisa (três) em relação à região Norte (zero).
Pode-se observar que a região Sudeste e Sul sobressaem-se no número de GPS, Instituições de Ensino Superior, linhas e redes de pesquisa e recursos humanos dos Grupos. Esses dados estão relacionados ao fato de que a região Sudeste possui um número maior de PPGs e pelo histórico de investimentos mais significativos na área da Educação nestas regiões, o que revela a interferência dos aspectos geopolíticos e seu impacto nas configurações, na estruturação e no arranjo dos GPs em EE, no país.
Tabela 1 – Dados referentes aos Grupos de Pesquisa voltados à Educação Especial: região do Brasil, cidade, quantidade de Grupos por instituição (IES), Grupos e Linhas de Pesquisa, pesquisadores, estudantes, técnicos, colaboradores estrangeiros e redes de pesquisa
Região |
Estado |
IES |
Grupos de Pesquisa |
Linhas de Pesquisa |
Pesquisadores |
Estudantes |
Técnicos |
Colaboradores Estrangeiros |
Redes de Pesquisa |
CENTRO-OESTE |
Distrito Federal |
1 |
1 |
1 |
23 |
5 |
0 |
0 |
0 |
Goiás |
3 |
4 |
11 |
38 |
78 |
1 |
0 |
0 |
|
Mato Grosso |
1 |
1 |
6 |
14 |
0 |
0 |
0 |
0 |
|
Mato Grosso do Sul |
2 |
12 |
30 |
75 |
97 |
3 |
2 |
3 |
|
Total |
- |
7 |
18 |
48 |
150 |
180 |
4 |
2 |
3 |
NORDESTE |
Alagoas |
2 |
3 |
14 |
30 |
43 |
1 |
0 |
0 |
Bahia |
6 |
16 |
79 |
237 |
263 |
12 |
6 |
1 |
|
Ceará |
6 |
8 |
36 |
39 |
69 |
13 |
2 |
0 |
|
Maranhão |
2 |
9 |
29 |
86 |
101 |
6 |
1 |
0 |
|
Paraíba |
2 |
6 |
20 |
42 |
65 |
1 |
2 |
0 |
|
Pernambuco |
1 |
1 |
3 |
10 |
11 |
0 |
0 |
0 |
|
Piauí |
2 |
4 |
13 |
32 |
46 |
0 |
0 |
0 |
|
Rio Grande do Norte |
2 |
4 |
7 |
27 |
67 |
0 |
0 |
0 |
|
Sergipe |
2 |
3 |
28 |
60 |
110 |
0 |
0 |
0 |
|
Total |
- |
25 |
54 |
229 |
563 |
775 |
33 |
11 |
1 |
NORTE |
Acre |
2 |
3 |
15 |
26 |
51 |
2 |
0 |
0 |
Amapá |
1 |
1 |
3 |
11 |
6 |
1 |
0 |
0 |
|
Amazonas |
4 |
7 |
27 |
69 |
149 |
8 |
0 |
0 |
|
Pará |
6 |
17 |
80 |
194 |
366 |
4 |
0 |
0 |
|
Rondônia |
1 |
3 |
14 |
43 |
134 |
0 |
0 |
0 |
|
Roraima |
1 |
1 |
2 |
2 |
2 |
0 |
0 |
0 |
|
Tocantins |
1 |
2 |
7 |
7 |
14 |
3 |
0 |
0 |
|
Total |
- |
16 |
34 |
148 |
352 |
722 |
18 |
0 |
0 |
SUDESTE |
Espírito Santo |
2 |
16 |
64 |
197 |
134 |
3 |
3 |
5 |
Minas Gerais |
7 |
17 |
76 |
235 |
194 |
1 |
4 |
0 |
|
Rio de Janeiro |
7 |
16 |
108 |
179 |
203 |
8 |
7 |
3 |
|
São Paulo |
12 |
45 |
162 |
437 |
777 |
14 |
8 |
4 |
|
Total |
- |
28 |
94 |
410 |
1.048 |
1.308 |
26 |
22 |
12 |
SUL |
Paraná |
13 |
23 |
102 |
237 |
400 |
5 |
3 |
2 |
Rio Grande do Sul |
7 |
24 |
80 |
275 |
400 |
12 |
7 |
12 |
|
Santa Catarina |
11 |
18 |
64 |
164 |
180 |
13 |
2 |
0 |
|
Total |
- |
31 |
65 |
246 |
676 |
980 |
30 |
12 |
14 |
TOTAL GERAL |
- |
107 |
265 |
1.081 |
2.789 |
3.965 |
111 |
47 |
31 |
Fonte: Fonte da tabela (2022).
Durante a coleta e a análise dos dados, foi possível identificar dois tipos de GPs em EE, no Brasil: a) GPs relacionados à EE (76,6%); e b) GPs específicos de EE (23,3% do total). Os primeiros são aqueles que apresentam o termo Educação Especial na denominação de suas Linhas de Pesquisa e/ou repercussões do grupo. Já os grupos específicos são aqueles que apresentam o termo Educação Especial em seu título e, em seu conjunto, indicam relação direta e maior adesão a EE.
Os Grupos de Pesquisa específicos de Educação Especial
Os dados sobre os grupos específicos foram isolados e analisados na Tabela 2, a seguir.
Tabela 2 – Dados referentes aos Grupos de Pesquisa específicos de Educação Especial: região do Brasil, cidade, quantidade de Grupos por instituição (IES), Grupos e Linhas de Pesquisa, pesquisadores, estudantes, técnicos, colaboradores estrangeiros e redes de pesquisa
Região |
Estado |
IES |
Grupos de Pesquisa |
Linhas de Pesquisa |
Pesquisadores |
Estudantes |
Técnicos |
Colaboradores Estrangeiros |
Redes de Pesquisa
|
CENTRO-OESTE |
Mato Grosso do Sul |
3 |
3 |
7 |
26 |
20 |
1 |
5 |
1 |
Total |
- |
3 |
3 |
7 |
26 |
20 |
1 |
5 |
1 |
NORDESTE |
Alagoas |
1 |
1 |
3 |
4 |
6 |
0 |
0 |
0 |
Bahia |
2 |
3 |
19 |
28 |
28 |
1 |
0 |
0 |
|
Ceará |
1 |
1 |
2 |
11 |
7 |
0 |
0 |
0 |
|
Maranhão |
2 |
4 |
7 |
36 |
45 |
0 |
1 |
0 |
|
Paraíba |
2 |
2 |
5 |
21 |
32 |
0 |
1 |
0 |
|
Piauí |
1 |
1 |
2 |
10 |
8 |
0 |
0 |
0 |
|
Rio Grande do Norte |
1 |
1 |
2 |
11 |
2 |
0 |
0 |
0 |
|
Total |
- |
10 |
13 |
40 |
121 |
128 |
1 |
2 |
0 |
NORTE |
Amazonas Pará |
2 |
2 |
8 |
15 |
69 |
2 |
0 |
0 |
4 |
5 |
15 |
43 |
65 |
1 |
0 |
0 |
||
Roraima |
1 |
1 |
2 |
2 |
2 |
0 |
0 |
0 |
|
Tocantins |
1 |
1 |
2 |
3 |
2 |
2 |
0 |
0 |
|
Total |
|
8 |
9 |
27 |
63 |
138 |
5 |
0 |
0 |
SUDESTE |
Espírito Santo Minas Gerais |
2 |
6 |
13 |
41 |
44 |
1 |
2 |
5 |
2 |
4 |
19 |
133 |
36 |
0 |
3 |
0 |
||
Rio de Janeiro |
1 |
1 |
2 |
12 |
16 |
0 |
0 |
0 |
|
São Paulo |
4 |
11 |
28 |
129 |
116 |
3 |
1 |
0 |
|
Total |
|
9 |
22 |
62 |
315 |
212 |
4 |
6 |
5 |
SUL |
Paraná |
6 |
6 |
18 |
47 |
50 |
1 |
0 |
0 |
Rio Grande do Sul |
2 |
6 |
20 |
40 |
59 |
2 |
0 |
0 |
|
Santa Catarina |
2 |
3 |
9 |
26 |
12 |
0 |
0 |
0 |
|
Total |
- |
10 |
15 |
47 |
113 |
121 |
3 |
0 |
0 |
TOTAL GERAL |
|
40 |
62 |
176 |
638 |
619 |
14 |
13 |
6 |
Fonte: Dados organizados pelos autores com base em busca no DGPB, no ano de 2021.
Ao todo, são 62 GPs específicos de EE. Esses Grupos estão vinculados a 40 IES, concentrando 176 Linhas de Pesquisa, 638 pesquisadores, 619 estudantes, 14 técnicos, 13 colaboradores estrangeiros e seis redes de pesquisa.
A região Sudeste concentra o maior número de GPs, seguida das regiões Sul (15) e Nordeste (13). Em relação à quantidade de Grupos, linhas e recursos humanos, a região Sudeste predomina. As regiões Nordeste, Norte e Sul apresentam números com pouca diferença entre eles.
No tocante à quantidade de Linhas de Pesquisa, há um número mais expressivo na região Sudeste (62), também seguida das regiões Sul (47) e Nordeste (40). No que diz respeito aos recursos humanos, a região Sudeste apresenta maior número de pesquisadores (315), estudantes (212), colaboradores estrangeiros (seis) e redes de pesquisa (cinco).
As regiões Nordeste e Sul apresentam discreta diferença no número de pesquisadores: Nordeste (121) e Sul (113). A região Norte apresenta maior número de estudantes (138) em relação às regiões Nordeste (128) e Sul (121), mas também com pequena diferença. Em relação ao número de técnicos, há pequena distribuição nas regiões: Norte (cinco), Sudeste (quatro), Sul (três), Nordeste (um) e Centro-Oeste (um).
A região Centro-Oeste apresenta os menores índices relacionados ao número de pesquisadores (26), estudantes (20), técnicos (um) e rede de pesquisa (uma), apresentando somente maior número de colaboradores estrangeiros (cinco) do que as regiões Nordeste (dois), Norte (zero) e Sul (zero). De modo geral, pode-se verificar que os GPs em EE estão presentes em todas as regiões do Brasil, porém em um número pouco expressivo. A região Sudeste concentra o maior número de Grupos, bem como Linhas de Pesquisa e recursos humanos, enquanto, nas regiões Nordeste, Norte e Sul, há poucas diferenças entre esses elementos. A região Centro-Oeste apresenta os menores índices em relação a número de Grupos, Linhas de Pesquisa e recursos humanos.
Nota-se que os GPs em EE se espalham em diversas IES nas cinco regiões do Brasil, estando presentes em diversos Programas de Pós-Graduação onde geram seus bens acadêmicos. Pode-se avaliar que o número de Grupos de Pesquisa específicos de EE é ainda pequeno se consideramos a extensão territorial brasileira e a necessidade de formação de pesquisadores para atuação na área de Educação e da EE.
Em relação ao desenvolvimento dos GPs relacionados e específicos de EE nas últimas décadas, o Gráfico 1 indica que o primeiro Grupo de Pesquisa específico desse campo foi criado em 1985. Até o ano de 2008, o crescimento foi bem lento. A partir de 2009, houve maior crescimento, com destaque para o ano de 2020, quando surgiram dez Grupos específicos. Esses dados indicam que tem havido um interesse maior pela EE, resultado de diversos fatores, tais como: aumento na formação de doutores, ampliação da Pós-Graduação em Educação e criação de novos Programas de Pós-Graduação profissionais, como, por exemplo, o Programa de Mestrado Profissional em Educação Inclusiva em rede (Profei), criado em 2020.
Gráfico 1 – Grupos de Pesquisa relacionados à e sobre Educação Especial no período de 1985 a 2021
Fonte: Dados organizados pelos autores com base em busca no DGPB, no ano de 2021.
Educação Especial como campo acadêmico abrangente e diversificado
Podemos afirmar que a Educação Especial é um campo acadêmico abrangente e diversificado, atualmente com expansão ainda mais lenta, em decorrência de determinantes do campo político e econômico, mas que demonstra uma expressiva consolidação no tocante a produção de bens acadêmicos, entre os quais os grupos e linhas de pesquisa. Os termos utilizados com maior frequência nas denominações dos 265 GPs em EE (relacionados e específicos) reforçam que se trata de um campo em consonância com a complexidade dessa modalidade de ensino que possui interface com várias áreas de conhecimento.
Os dados obtidos a partir da análise dos termos contidos nos títulos dos GPs, corroboram com a pesquisa anterior de Casagrande e Mainardes (2021), a qual também revelou as inúmeras associações entre diversos campos e áreas do conhecimento desse campo amplo, mas com características específicas que só pertencem a ele.
Dentre os termos mais utilizados nos títulos dos GPs, por ordem decrescente foram:
ü Educação Especial: 62 e suas associações (inclusão social, inclusão escolar, políticas e práticas, relações étnico-raciais, Educação Inclusiva, diversidade, recursos humanos, ensino, pesquisa-ação, gestão, Libras, Educação a distância, pesquisas e fundamentos, deficiência intelectual, inclusão, práticas inclusivas, Educação Básica, Amazônia, direito escolar, políticas públicas, Educação Física adaptada, acessibilidade e tecnologias, psicanálise, política públicas).
ü Educação: 48.
ü Diversidade: 17.
ü Inclusão: 29 e suas associações (desenvolvimento humano, Pedagogia Hospitalar, educação, trabalho e saúde, tecnologia assistiva, diversidade, cidadania, diferenças, formação cultural, tecnologia assistiva, alfabetização, políticas, transtorno global do desenvolvimento, interculturalidade, relações étnico-raciais, Educação de Jovens e Adultos, gestão, entre outros).
ü Educação Inclusiva: 20 e suas associações (necessidades educacionais especiais, acessibilidade, diferenças, práticas pedagógicas, tecnologias educacionais, tecnologias comunicacionais, processos de desenvolvimento, Vygotsky, indígenas, interculturalidade, diversidade, estudos étnico-raciais, políticas curriculares, políticas públicas, tecnologia assistiva, saúde coletiva).
ü Formação de professores: 15.
ü Práticas educativas e pedagógicas: 7.
ü Política educacional: 6.
ü Diferença: 5.
ü Ensino: 5.
ü Acessibilidade: 4.
ü Aprendizagem: 4.
ü Educação Infantil e infância: 4.
ü Psicologia: 4.
ü Outros termos: 35 (aprendizagem, ciência da aprendizagem, criatividade, culturas, identidades, saberes, práticas e processos educativos, currículos, desenvolvimento infantil, família, escola, diferença, desvio, estigma, pesquisa e extensão, história, gênero, inovação pedagógica, educação, saúde, letramento, linguagem escrita, Matemática, Física, Química, Biologia, Ciências, Psicopedagogia, sexualidade, tecnologias, entre outros).
Uma das características dos Grupos de pesquisa de EE, principalmente do conjunto de grupos relacionados à EE, é o seu caráter inter e multidisciplinar, caracterizado e marcado pela multidimensionalidade de perspectivas, concepções e problemáticas, tratadas e discutidas no âmbito dessas características.
Nível de Consolidação dos Grupos de Pesquisa em Educação Especial
Os 62 GPs específicos de EE foram classificados em: a) consolidados (15), em consolidação (20), iniciantes (25) e atípicos (2) (Tabela 3).
Tabela 3 – Nível de consolidação dos Grupos de Pesquisa sobre Educação Especial, por região do Brasil – 2020/2021
Região |
GP |
Grupos consolidados |
Grupos em consolidação |
Grupos iniciantes |
Atípicos |
Centro-Oeste |
3 |
2 |
1 |
0 |
0 |
Nordeste |
13 |
1 |
6 |
5 |
1 |
Norte |
9 |
0 |
4 |
5 |
0 |
Sudeste |
22 |
10 |
6 |
6 |
0 |
Sul |
15 |
2 |
3 |
9 |
1 |
Total |
62 |
15 |
20 |
25 |
2 |
Fonte: Dados organizados pelos autores (2022).
A maioria dos Grupos caracterizou-se como iniciantes, com surgimento a partir do ano de 2016, ainda em processo de ampliação de orientações de Mestrado e Doutorado e de produções científicas. Os Grupos em consolidação são aqueles que são mais novos que os consolidados, em que a formação de pesquisadores mestres e doutores está em processo inicial. Os GPs consolidados são aqueles que produzem inúmeros bens acadêmicos capazes de impactar positivamente no desenvolvimento do campo acadêmico. São Grupos liderados por pesquisadores com larga experiência acadêmica, muitos deles precursores do campo, com um número expressivo de orientações de Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado e de produções científicas. Os Grupos atípicos são aqueles que não possuíam estudantes ou apenas um pesquisador.
As produções dos GPs em EE são resultado de ações políticas mais amplas, como políticas de financiamento que promovem o surgimento e expansão dos Programas de Pós-Graduação, criação e expansão de IES e ampliação de concursos públicos docentes.
Análise da produção acadêmica dos Grupos de Pesquisa específicos sobre Educação Especial
Uma forma de avaliar o nível de consolidação de um Grupo de Pesquisa é a atividade de produção científica dos líderes. Em geral, os Grupos apresentam dois líderes, mas eventualmente há apenas um. Esses líderes são, em muitos casos, professores de IES que possuem formação acadêmica específica e engajamento com a elaboração e a publicação de artigos em periódicos e eventos da área. Essa produção é um medidor de consolidação ou não de um Grupo e demonstra a sua capacidade de impactar o campo por meio da produção de conhecimento.
A Tabela 4, a seguir, demonstra a produção geral dos GPs em EE cadastrados no DGPB/CNPq. Ao todo, os 265 Grupos são liderados por 419 pesquisadores que produziram, entre 2015 e 2021, um total de 3.386 artigos e 1.264 orientações de Mestrado, 395 de Doutorado e 103 de Pós-doutorado. Essas produções envolvem os Grupos relacionados e específicos de EE, no Brasil. Essas atividades científicas dos Grupos demonstram sua capacidade produtiva, o que gera impactos no campo acadêmico em relação à expansão de conhecimento, de formação de novos pesquisadores e de estudantes.
Tabela 4 – Produções dos líderes dos Grupos de pesquisa relacionados e sobre Educação Especial: artigos e orientações concluídas, por região do Brasil
Região |
GP |
Líderes |
Artigos (2015-2021) |
Orientações |
||
Mestrado |
Doutorado |
Pós-doutorado |
||||
Centro-Oeste |
18 |
26 |
292 |
109 |
18 |
12 |
Nordeste |
54 |
82 |
460 |
142 |
48 |
1 |
Norte |
34 |
54 |
278 |
123 |
14 |
4 |
Sudeste |
94 |
148 |
1.548 |
592 |
225 |
63 |
Sul |
65 |
109 |
808 |
298 |
90 |
23 |
Total |
265 |
419 |
3.386 |
1.264 |
395 |
103
|
Fonte: Dados da pesquisa organizados pelos autores (2022).
André (2007) destaca que a pesquisa está diretamente articulada aos aspectos políticos, por meio dos quais se pode observar a “deteriorização das condições de produção do conhecimento” (p. 135). Em extensão ao que afirma a autora, apontamos que os investimentos em pesquisas no campo da Educação, no atual cenário político, são atualmente quase inexistentes. Há necessidade de uma discussão acerca da possibilidade de transformar os GPs em espaços de formação, que envolvam pesquisadores e orientandos no fortalecimento das Linhas de Pesquisa, bem como na consolidação dos Grupos.
Os GPs, formados pelo orientador, pelos pesquisadores e pelo grupo de orientandos, assumem o objetivo principal dos Grupos que é o fortalecimento da pesquisa e a formação de futuros pesquisadores.
Conclusões
Este artigo teve por objetivo analisar os Grupos de Pesquisa em Educação Especial, cadastrados no DGPB/CNPq. Para tal, organizamos os elementos constituintes do total de 265 Grupos: distribuição por regiões brasileiras, Linhas de Pesquisa, participantes, número de pesquisadores, estudantes, técnicos, colaboradores estrangeiros e redes de pesquisa e produção dos líderes.
Foram analisados também os títulos dos Grupos e a presença do termo “Educação Especial” no objetivo e nas repercussões, o que permitiu estabelecer duas categorias: a) Grupos de Pesquisa relacionados à Educação Especial; e b) Grupos de Pesquisa específicos sobre Educação Especial. Os Grupos relacionados à EE compõem 76,6% do total, e os específicos, 23,3%. Esses dados demonstram que os Grupos relacionados à EE estão inseridos no âmbito de GPs com temáticas mais amplas. A presença da EE nesses grupos mais amplos pode ser avaliada como positiva, pois permite que as questões de EE sejam debatidas em espaços variados e ainda contribuem para ampliar o número de pesquisadores que empreendem esforços para garantir avanços teórico-práticos na EE e no atendimento educacional especializado (AEE).
Em resposta à problemática de pesquisa (Quais as características dos GPs em EE no Brasil?), os dados agrupados indicam que, de modo geral, o campo da EE vem crescendo de forma significativa, embora ainda insuficiente para o tamanho do país e suas demandas. Os GPs relacionados à EE indicam que os pesquisadores do campo que atuam em instituições que possuem poucos pesquisadores do campo tendem a criar Linhas de Pesquisa em outros Grupos, o que é relevante para o contínuo fortalecimento dos GPs relacionados ao campo.
Há um número significativo de pesquisas sobre Educação Especial sendo produzidas no âmbito de Grupos da área da Educação, desde a década de 1970. No total, os Grupos relacionados e específicos sobre EE são muito produtivos, o que impacta positivamente na formação de pesquisadores e na publicação de pesquisas.
Apesar do surgimento de dez GPs em EE em 2020, a expansão dos Grupos tem ocorrido de forma lenta. Até o presente, ainda são poucos os PPGEs da área básica Educação Especial: UFSCar (Mestrado acadêmico e Doutorado), UFRN (Mestrado Profissional) e UEMA (Mestrado Profissional em Rede). A ampliação da oferta de Pós-Graduação Stricto Sensu poderia contribuir para a ampliação dos Grupos de pesquisa e do campo acadêmico da Educação Especial em geral.
Importante considerar que há limitações técnicas e procedimentais no DGPB/CNPq, pois os indicadores são genéricos e não contemplam informações que poderiam auxiliar com mais eficiência as características dos GPs, seus integrantes e suas produções. Há também problemas técnicos, de manutenção que dificultam a coleta de dados.
Os GPs impactam de forma positiva o campo acadêmico da EE e, portanto, a apropriação do conhecimento, haja visto a quantidade de recursos humanos envolvidos e a produção elevada de bens acadêmicos, dentre eles: produções em forma de artigos, teses e dissertações; organização de eventos regionais e nacionais, formação de especialistas, mestres e doutores e atuação na formação de recursos humanos para atuação na EE. Os pesquisadores do campo acadêmico da EE e suas produções podem servir como ferramentas de luta no estabelecimento de políticas inclusivas e na resistência pela sua manutenção e efetivação.
Esta pesquisa é apenas um ponto de partida que pretende estimular o desenvolvimento de outros estudos voltados aos aspectos teóricos, metodológicos, epistemológicos e ontológicos dos Grupos de Pesquisa em Educação Especial.
Referências
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmázio Afonso de. Grupos de pesquisa: Formação ou burocratização? Revista de Educação PUC-Campinas, Campinas, v. 23, p. 133-138, 2007.
BIANCHETTI, Lucídio. Grupos de pesquisa e formação de orientadores: Tributo à Marli André (in memoriam). Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica, Salvador, v. 6, n.17, p. 181-190, 2021. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/11910. Acesso em: 23. abr. 2022.
BOURDIEU, Pierre. El ofício de científico: ciência de La ciencia y reflexividade. Barcelona: Editorial Anagrama, 2003.
BOURDIEU, Pierre.; WACQUANT, Loïc. Una invitación a la sociología reflexiva. Siglo Vintiuno. 1 ed. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2012.
CASAGRANDE, Rosana de Castro. O campo acadêmico da Educação Especial no Brasil. 2020.Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2020.
CASAGRANDE, Rosana de Castro. A Educação Especial como campo acadêmico no Brasil: fontes de pesquisa. Práxis Educativa, v. 16, p. 1-29, 2021. https://doi.org/10.5212/PraxEduc.v.16.17352.027
CASAGRANDE, Rosana de Castro; MAINARDES, Jefferson. O campo acadêmico da Educação Especial no Brasil. Revista Brasileira de Educação Especial, 27, p. 1-20. 2021. https://doi.org/10.1590/1980-54702021v27e0132
CNPQ. Chamada CNPq nº 22/2016 – Pesquisa e Inovação em Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas. Disponível em: http://resultado.cnpq.br/8345324771782023. Acesso em: 15 mar. 2022.
DEGN, Lise; FRANSENN, Thomas; SORENSEN, Mads P.; RIJCKE, Sarah. Research groups as communities of practice: a case study of four high-performing research groups. High Education, v. 76, p. 231-246, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10734-017-0205-2. Acesso em: 12 jun. 2022.
FELDMAN, Allan; DIVOLL, Kent A.; ROGAN-KLYVE, Allyson. Becoming researchers: the participation of undergraduate and graduate students in scientific research groups. Science Education, v. 97, n. 2, p. 218-243, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1002/sce.21051. Acesso em: 12 jun. 2022.
FERREIRA, Raíssa Matos. Metassíntese da temática deficiência na Psicologia em grupos de pesquisa do CNPq. 2019. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2019.
JESUS, Denise Meirelles; VICTOR, Sonia Lopes; VIEIRA, Alexandro Braga. Observatório Nacional de Educação Especial – experiência do Espírito Santo. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 17, n. 46, p. 23-39, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.12957/teias.2016.25496. Acesso em: 15 jun. 2022.
LÓPEZ-YÁÑEZ, Julián; ALTOPIEDI, Mariana. Evolution and social dynamics of acknowledged research groups. High Education, v. 70, p. 629-647, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10734-014- 9835-9. Acesso em: 17 jun. 2022.
MAINARDES, Jefferson. Panorama dos Grupos de Pesquisa de Política Educacional no Brasil. Jornal de Políticas Educacionais, Curitiba, v. 15, p. 1-26, 2021a. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5380/jpe.v15i0.79217
MAINARDES, Jefferson. Grupos de Pesquisa da área de Educação no Brasil: revisão de literatura. Cadernos de Educação, Pelotas, n. 65, p. 1-23, 2021b. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/view/21571/13621. Acesso: 2 nov. 2021
MAINARDES, Jefferson. Grupos de pesquisa em educação como objeto de estudo. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 52, p. 1-15, 2022a. Disponível em: https://orcid.org/0000-0003-0401-8112 . Acesso em: 2 nov. 2022.
MAINARDES, Jefferson. Grupos de Pesquisa de Política Educacional: análise da opinião de líderes. Educação Unisinos, São Leopoldo, v. 26, p. 1-29, 2022b. Disponível em: https://doi.org/10.4013/edu.2022.261.03
MAINARDES, Jefferson. 30 anos de Grupos de Pesquisa de Política Educacional no Brasil. In: MELEK, Marcelo Ivan; FORTUNATO, Sarita Aparecida de Oliveira (Orgs). A educação no Brasil: prioridades e desafios. Curitiba: CRV, 2022c. p. 73-82.
MANTOAN, Teresa Egler. Diversidade na escola: a experiência do LEPED. Revista Online do Professor Joel Martins, Campinas, v. 1, n. 3, p. 1-9, 2000. Disponível em: https://doi.org/10.20396/etd.v1i3.554. Acesso: 24 jun. 2022.
MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: história e políticas públicas. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2011.
MENDES, Enicéia Gonçalves. Pesquisas sobre inclusão escolar: revisão da agenda de um grupo de pesquisa. Revista Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 2, n. 1, p. 3-25, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.14244/%251982719911. Acesso em: 19 jun. 2022.
MENDES, Enicéia Gonçalves. Constituição de uma rede colaborativa de pesquisa: o Observatório Nacional de Educação Especial (ONEESP). Ciências Humanas e Sociais em Revista, Rio de Janeiro, v. 34, n. 12, p. 13-29, 2012. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4322/chsr.2014.002. Acesso em: 20 jun. 2022.
MENDES, Enicéia Gonçalves; TANNÚS-VALADÃO, Gabriela; D’ AFFONSECA, Sabrina Mazo. Impactos e desafios das redes de pesquisa: o caso do Observatório Nacional de Educação Especial. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 17, n. 46, p. 5-22, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.12957/teias.2016.25891. Acesso em: 20 jun. 2022.
MENDONÇA, Tatiana Cortez Ferreira de; SOUSA, Thiago Ferreira de; BAHIA, Cristiano Sant’Anna; COELHO, Francisco Teixeira. Caracterização dos grupos de pesquisa da área de Educação Física do Brasil que estudam a deficiência. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, João Pessoa, v. 21, n. 4, p. 313-322, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rbcs/article/view/313-322. Acesso em: 24 jun. 2022.
MORAES, Rosemary das Graças Pereira, ALMEIDA, Maria Luiza Lage de; PELEGRINO, Claudia Maria Penha Quintão; HARDOIM, Gabriela de Moraes; LANDIM, Renata Aparecida Alves. Grupos de pesquisa do NAPNE-CSCI: estratégias do público-alvo da educação especial para público-mundo. Anos Iniciais em Revista, Rio de Janeiro, p. 2-14, 2017. Disponível em: https://www.cp2.g12.br/ojs/index.php/anosiniciais/article/download/1110/812. Acesso em: 21 jun. 2022.
MUNSTER, Mey de Abreu; ROSSI, Patrícia; FERNANDES, Elisângela Ferreira Fernandes. Diretório dos grupos de pesquisa do CNPq: análise da produção científica em atividade física adaptada. Revista da Sociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada, Marília, v. 13, n. 2, p. 18-24, 2012. Disponível em: http://www.sobama.org.br//arquivos/revistas/sobama/sobama-2012-13-2-suplemento.pdf. Acesso em: 21 jun. 2022.
ORTIZ, Renato. (1983). Bourdieu: Sociologia. Tradução de Paula Monteiro e Alícia Auzmendi. Ática.
PLETSCH, Márcia Denise; ARAÚJO, Daniele Francisco; LIMA, Marcela Francis Costa. Experiências de formação continuada de professores: possibilidades para efetivar a inclusão escolar de alunos com deficiência intelectual. Periferia: Educação, Cultura e Comunicação, Duque de Caxias, v. 9, n. 1, p. 290-311, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.12957/periferia.2017.29187. Acesso em: 22 jun. 2022.
PLETSCH, Márcia Denise; OLIVEIRA, Mariana Correa Pitanga de; LIMA, Marcela Francis Costa. Experiências do Observatório em Educação Especial e inclusão escolar: em foco as práticas curriculares e a formação de professores. E- Mosaicos - Revista Multidisciplinar de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura do Instituto de aplicação Fernandes Rodrigues da Silveira, Rio de Janeiro, v. 4, n. 7, p. 63-71, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.12957/e-mosaicos.2015.17125. Acesso em: 22 jun. 2022.
PLETSCH, Márcia Denise; ROCHA, Maíra Gomes de Souza da; ALMEIDA, Simone D’ Avila. Conversas de grupo de pesquisa sobre a dialética da inclusão/exclusão nas políticas educacionais recentes. In: GOUVÊA, Fernando César Correa; OLIVEIRA, Luís Fernando de; SALES, Sandra Regina (orgs.). Educação e Relações Étnico-Raciais: entre diálogos contemporâneos, Petrópolis: De Petrus et Alii, 2014. p. 121-138. Disponível em: https://cursos.ufrrj.br/posgraduacao/ppgeduc/files/2015/03/Miolo_Educacao_e_Relacoes_Etnico-raciais.pdf. Acesso em: 23 jun. 2022.
PLETSCH, Márcia Denise; SOUZA, Flávia Faisal. Fórum Permanente de Educação Especial da Baixada Fluminense: pesquisa e extensão na formação de professores. Inclusão Social, Brasília, v. 11, n. 1, p. 46-55, 2017. Disponível em: https://revista.ibict.br/inclusao/article/view/4078. Acesso em: 24 jun. 2022.
PORTO, Isabela dos Passos; FERRARI, Elisa Pinheiro; CARDOSO, Allana Alexandre; CARDOSO, Fernando Luiz. Deficiência física: contribuições dos grupos de pesquisa. Arquivos de Ciências da Saúde, São José do Rio Preto, v. 23, n. 1, p. 37-41, 2016.
RAGOUET, Pascal. Campo científico. In: CATANI, Afrânio Mendes; NOGUEIRA, Maria Alice; HEY, Ana Paula; MEDEIROS, Cristina de (orgs.). Vocabulário de Bourdieu. Belo Horizonte: Autêntica, 2017. p. 68-70.
SALES, Elielson Ribeiro. Grupo Ruaké e suas abordagens de pesquisas em educação matemática inclusiva. Revista de Matemática, Ensino e Cultura, Belém, v. 15, n. 36, 149-163, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.37084/REMATEC.1980-3141.2020.n16.p149-163.id309. Acesso em: 23 jun. 2022.
SILVA, Régis Henrique dos Reis. Balanço das dissertações e teses em educação especial e educação inclusiva desenvolvidas nos programas de pós-graduação em educação no Brasil. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 24, n. 4, p. 601-218, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1413-65382418000500009. Acesso em: 24 jun. 2022.
SILVA JUNIOR, Samuel Vinente; SILVA, Kétlen Júlia Lima da. Contribuições de um grupo de pesquisa na produção científica em educação inclusiva na região Amazônica. Revista Triângulo, Uberaba, v. 7, n. 2, p. 78-92, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.18554/rt.v7i2.561. Acesso em: 24 jun. 2022.
SOUZA, Sirlene Vieira; BARROS, Márcia Lúcia Nogueira Lima. Núcleo de pesquisas em Educação e diversidade: educação especial em foco. Revista Contemporânea de Educação, Rio de Janeiro, v. 15, n. 32, p. 204-222, 2020. Disponível em: http://dx.doi.org/10.20500/rce.v15i32.29060. Acesso em: 24 jun. 2022.
STREMEL, Silvana. Aspectos teórico-metodológicos para a análise da constituição do campo acadêmico da política educacional no Brasil. Revista de Estudios Teóricos y Epistemológicos en Política Educativa, Ponta Grossa, n. 2, p. 1-14, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.5212/retepe.v.2.001. Acesso em: 24 jun. 2022.
STREMEL, Silvana; MAINARDES, Jefferson. A constituição do campo acadêmico da política educacional no Brasil: aspectos históricos. Arquivos Analíticos de Políticas Educativas, v. 26, n. 168, p. 1-24, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.14507/epaa.26.3682. Acesso em: 24 jun. 2022.
Notas
1 Os dados completos dos Grupos de Pesquisa de Educação Especial (2018) estão disponíveis em: https://doi.org/10.13140/RG.2.2.28081.20320.
2 A respeito da situação da pesquisa sobre Grupos de Pesquisa na área de Educação, ver Mainardes (2021b) e o levantamento disponível em https://doi.org/10.13140/RG.2.2.34236.77446.
3 Os dados completos dos Grupos de Pesquisa em Educação Especial (2022) estão disponíveis em: https://doi.org./10.13140/RG.2.2.17847.19360 e https://doi.org/10.13140/RG.2.2.21202.63686.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0)