http://dx.doi.org/10.5902/1984686X68369

Perfil de estudantes com deficiência intelectual na educação de jovens e adultos especial: o cenário de Minas Gerais

The profile of students with intellectual disabilities in special youth and adult education: the Minas Gerais scenario

Perfil de estudiantes con deficiencia intelectual en la educación especial de jóvenes y adultos: el escenario de Minas Gerais

Fabiane Maria Silva

Assistente social na Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

E-mail: fabiane_maria@yahoo.com.br ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3244-5648

Taísa Grasiela Gomes Liduenha Gonçalves

Professora doutora da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

E-mail: taisaliduenha@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5589-584X

Recebido em 04 de novembro de 2021

Aprovado em 20 de junho de 2022

Publicado em 25 de julho de 2022

RESUMO

O objetivo deste artigo1 é analisar o perfil dos estudantes com deficiência intelectual (DI) matriculados na Educação de Jovens e Adultos Especial (classes e instituições segregadas) no estado de Minas Gerais, entre 2008 e 2019. Para tanto, foram analisados os microdados do Censo Escolar da Educação Básica, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Constata-se que na modalidade da EJA Especial há uma prevalência de matrículas de estudantes com DI, sendo a maioria do sexo masculino (55% em média) e da cor/raça branca (27% em média). Além disso, a maior parte destas matrículas concentra-se na etapa de ensino de 1ª a 4ª séries (65% em média) e na faixa etária de 15 a 20 anos de idade (27% em média), o que revela o fenômeno da “juvenilização” da EJA, e confirma que os alunos não tiveram processos efetivos de escolarização na idade regular. O estudo demonstra, ainda, a manutenção das desigualdades que caracterizam o acesso à Educação no Brasil.

Palavras-chave: Educação Especial; Educação de Jovens e Adultos; Deficiência Intelectual.

ABSTRACT

This article aims to analyze the profile of students with intellectual disabilities (ID) enrolled in Special Youth and Adult Education (segregated classes and institutions) in the State of Minas Gerais, between 2008 and 2019. To achieve the paper’s main goal, we analyzed the microdata from the School Census of Basic Education, provided by National Institute of Educational Studies and Research Anísio Teixeira (Inep). It is perceived that on the Special Youth and Adult Education modality there is a prevalence of students with intellectual disabilities enrollment, the majority being of male gender (55% on average) and of white color/race (27% on average). Besides, the majority of these enrollments concentrates on elementary education stage (65% on average) and in the 15 to 20 age group (27% on average), which represents the “youthfication” of Youth and Adult Education, and confirms that students haven’t had effective schooling processes at a regular age. This study still shows the maintenance of inequalities which characterize the access to education in Brazil.

Keywords: Special Education; Youth and Adult Education; Intellectual Disability.

RESUMEN

El objetivo de este artículo es analizar el perfil de los estudiantes con Deficiencia Intelectual (DI) matriculados en la Educación Especial de Jóvenes y Adultos (clases e instituciones segregadas) en el estado brasileño de Minas Gerais, entre 2008 y 2019. Para ello, se analizaron los microdatos del Censo Escolar de Educación Básica, puesto a disposición por el Instituto Nacional de Estudios e Investigaciones Educativas Anísio Teixeira (Inep). Se constata que en la modalidad EJA Especial hay la prevalencia de matrículas de estudiantes con DI, siendo la mayoría hombres (55% en promedio) de raza blanca (27% en promedio). Además, la mayoría de estas matrículas se concentran entre el 1er y 4º año (65% en promedio) y en el grupo de edad de 15 a 20 años (27% en promedio), lo que revela el fenómeno de la “juvenilización” de la EJA, y confirma que los estudiantes no tuvieron procesos escolares efectivos a la edad regular. El estudio también demuestra el mantenimiento de las desigualdades que caracterizan el acceso a la educación en Brasil.

Palabras-clave: Educación Especial; Educación de Jóvenes y Adultos; Deficiencia Intelectual.

Introdução

Ao recuperarmos a história da Educação brasileira, verifica-se uma estrutura alicerçada na desigualdade social, no abandono pelo Poder Público e, consequentemente, a não socialização dos conhecimentos produzidos pela humanidade (GONÇALVES; SANTO; SANTOS, 2017). Durante muito tempo, as discussões sobre o direito à Educação, tanto para as pessoas com deficiência quanto para os jovens e adultos em defasagem escolar, foram deixadas em segundo plano, dispensando o debate pedagógico e o reconhecimento das singularidades dessa parcela da população (HAAS, 2015).

Ainda que tenha havido avanços na legislação brasileira para a garantia de direitos, definindo políticas e diretrizes para a Educação, constata-se que não foram suficientes para o acesso e a continuidade bem-sucedida na escola, para grande parte dos estudantes (FERRARO, 2008), especialmente aqueles que foram triplamente marginalizados: pela escola, pela condição da deficiência e pela idade escolar avançada.

Neste aspecto, verifica-se que a taxa de analfabetismo no Brasil, entre pessoas na faixa etária acima de 15 anos, equivale a 9,7% da população, totalizando 14,1 milhões de brasileiros (BRASIL, 2010), o que indica a não efetivação de um direito constitucional (CABRAL; BIANCHINI, GONÇALVES, 2018). Esses dados estatísticos informam, ainda, que em relação à população com deficiência, nessa mesma faixa etária, 4.645.145 não são alfabetizados. Quanto às pessoas com deficiência intelectual (DI) - aquelas que não conseguem de modo algum e/ou têm grande dificuldade - na idade de 10 anos ou mais, os dados demonstram que 45,6% se autodeclaram em situação de analfabetismo (BRASIL, 2010).

Conforme destaca Jesus (2017), os dados do Censo Escolar da Educação Básica no Brasil revelam que a deficiência intelectual corresponde à maior taxa de alunos da Educação Especial, atingindo metade ou mais dos casos. Esta análise é corroborada por Goes (2014), que examinou as matrículas de estudantes da Educação Especial no Brasil, entre 2007 e 2012. Os resultados do estudo indicam a prevalência de estudantes com DI, com percentual de aumento, no passar dos anos, de 147,5%, enquanto as demais deficiências cresceram 7,5%. O estudo proposto por Meletti e Bueno (2013), em nível nacional, no período de 1998 a 2010, atestam esta realidade, demonstrando que as matrículas de estudantes com DI representaram, em média, 52% da totalidade de estudantes da Educação Especial.

Pletsch (2009) avalia que um dos grandes desafios para a Educação tem sido o acompanhamento pedagógico do estudante com déficit cognitivo, tendo em vista as dificuldades apresentadas pela escola para trabalhar com o aluno que apresenta deficiência, uma vez que se acostumou a lidar com o aluno “ideal”, “sem considerar a diversidade humana e as possibilidades de escolarização de pessoas com deficiência intelectual” (PLETSCH, 2009, p. 88).

Nos dias de hoje, ainda é frequente a compreensão de professores e da sociedade de que os processos de desenvolvimento e de aprendizagem do aluno com deficiência intelectual estão subordinados, definitivamente, aos aspectos biológicos (VALENTIM, 2011). Tal compreensão, que durante muito tempo os segregou e os manteve em espaços especializados de ensino, contribui para a criação de barreiras que dificultam a efetivação do processo escolar (VALENTIM, 2011).

Como consequência, observa-se que, na atualidade, uma parcela significativa de estudantes com deficiência intelectual continua sua trajetória escolar em espaços segregados, indicando um rompimento com o direito educacional de estarem inseridos em espaços regulares de ensino, usufruindo da estrutura formal de ensino, que possibilite o acesso ao conhecimento científico, com vistas ao seu desenvolvimento e emancipação (SILVA, 2021).

Um exemplo dessa situação é a denominada EJA Especial, que representa um espaço segregado ao estudante com deficiência em instituições e classes especiais (GONÇALVES, 2020). No estudo desenvolvido pela autora (2020), identificou-se que, no Brasil, a maior parte das matrículas de estudantes da Educação Especial, na EJA Especial, concentra-se nos estados do Paraná e de Minas Gerais.

Considerando tal contexto, o objetivo deste artigo é analisar o perfil de estudantes com deficiência intelectual matriculados na Educação de Jovens e Adultos Especial (classes e instituições segregadas), no estado de Minas Gerais, entre 2008 e 2019, por meio dos microdados do Censo Escolar da Educação Básica do Inep. Busca-se, assim, contribuir para a produção de conhecimento sobre a educação de pessoas com deficiência na EJA, favorecendo a análise de indicadores que possam subsidiar a concepção e os rumos das políticas públicas na área da Educação no País.

A política educacional para jovens e adultos no estado de Minas Gerais

A política educacional para jovens e adultos no estado de Minas Gerais ganhou materialidade a partir do Parecer nº 584/01 e da Resolução nº 444/01, que regulamentaram, no Sistema de Ensino do estado, a Educação de Jovens e Adultos, reconhecendo-a como modalidade da Educação Básica nas etapas de Ensino Fundamental e Ensino Médio, nos termos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394 de 1996. Igualmente, em 2002, a Resolução nº 171/02 regulamentou a EJA na Rede Estadual de Minas Gerais (MATOS, 2018).

Os estabelecimentos responsáveis pela oferta da EJA semipresencial, na década de 1970, no estado de Minas Gerais, eram denominados “Centros de Estudos Supletivos” (CESUs) (MATOS, 2018). Além destes Centros, foram criados no estado os Postos de Ensino Supletivo (PES) (TEIXEIRA, 2017). O atendimento educacional concebido aos jovens e adultos por meio dos CESUs realizou-se mediante exames de massa, para os quais o aluno adquiria o material didático (módulos instrucionais), dedicando-se aos estudos de forma individual e conforme o seu tempo, podendo valer-se do professor para o esclarecimento de dúvidas e orientações (SOARES, 1995).

Neste período, evidencia-se o advento de diversos cursos livres de iniciativa privada, visando preparar para os exames “em massa”, realizados semestralmente pela Secretaria Estadual de Educação (SEE). Todavia, conforme explica Soares (1998), apenas dois cursos privados – Roma e Promove – localizados na cidade de Belo Horizonte foram autorizados a realizar a avaliação no processo e a emitirem Certificados de Conclusão.

Na década de 1990, após a V CONFINTEA, destaca-se, no cenário brasileiro, o surgimento dos Fóruns de Educação de Jovens e Adultos, sendo que, em Minas Gerais, o primeiro “Fórum Mineiro de EJA” acontece em 1998, vindo a expandir-se e a abranger várias regiões do estado no decurso do tempo (CAMPOS; VENÂNCIO; SOARES, 2007). Conforme destacam os autores (2007), nesse processo de criação dos Fóruns, Minas Gerais foi o segundo estado a se preparar para fomentar discussões concernentes à EJA. Segundo Soares (2004), os Fóruns representam um local de encontros permanentes, de ações em parceria, entre vários segmentos dedicados à Educação de Jovens e Adultos.

Logo após o estabelecimento do Fórum Mineiro, houve, no estado, a publicação da Resolução nº162/2000, responsável por alterar a denominação do CESU para “Centro Estadual de Educação Continuada” (CESEC), assim como a designação dos PES para “Posto de Educação Continuada” (PECON), encarregados de atender jovens e adultos que não cursaram ou concluíram as etapas da Educação Básica correspondentes aos anos finais do Ensino Fundamental (MINAS GERAIS, 2016), operando em bairros, distritos e outros municípios que não fossem do CESEC-matriz (VOLPE, 2010). Conforme Matos (2018), uma das proposições dos CESECs é “reconhecer os jovens e adultos como sujeitos centrais de sua prática educativa, caracterizando o atendimento diferenciado, individualizado e flexível” (MATOS, 2018, p. 38).

Neste mesmo ano, destaca-se a publicação da Resolução nº 2.843/16, que “dispõe sobre a organização e o funcionamento da Educação de Jovens e Adultos – cursos presenciais, nas escolas da Rede pública estadual de Minas Gerais” (MINAS GERAIS, 2016) e nas escolas dos municípios que não possuem Sistemas próprios de Educação. O documento recomenda a redução da escolarização básica para dois anos letivos no Ensino Fundamental e um ano e meio no Ensino Médio.

Além da complexidade apresentada, evidencia-se a constituição da denominada EJA Especial, realizada em espaços segregados, que vem se mantendo e se fortalecendo no Brasil, sendo o estado de Minas Gerais um dos percursores deste movimento. Gonçalves (2020) destaca a concentração das turmas de EJA Especial nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A autora, ao comparar os dados brasileiros de EJA Especial no ano de 2017 com 2007, verifica uma ampliação de 2.085 turmas nos anos iniciais do Ensino Fundamental, 901 nos anos finais do Ensino Fundamental e de 45 no Ensino Médio. Em outras palavras, a EJA Especial está avançando, conservando os atendimentos em espaços segregados com o financiamento privado e predomínio da filantropia, sem um projeto de educação escolar.

O estudo de Silva (2021) identificou que, entre 2008 e 2019, 45,14% das matrículas de estudantes da Educação Especial em Minas Gerais estão concentradas na EJA Especial, classes e instituições segregadas de ensino. Em relação à Educação da pessoa com deficiência intelectual, na modalidade da EJA Especial, a autora (2021) revela que 92,23% das matrículas prevalecem sob a égide das instituições privadas assistenciais, de natureza filantrópica (98,2%), demonstrando a força política destas instituições no estado e a permanência da iniciativa privada na Educação deste público, não obstante, as políticas de inclusão na escola regular pública.

Diante disso, busca-se neste estudo romper com a perspectiva assistencialista e médico-psicológica, ao compreender a condição da pessoa com deficiência e seu desenvolvimento na escola.

A pessoa com deficiência e as contribuições da Psicologia histórico-cultural para o processo de desenvolvimento humano

Bueno (2011) afirma que as deficiências ou distúrbios orgânicos e não-orgânicos são determinados “não pela simples diferença biológica, mesmo quando de origem orgânica, mas porque influi na totalidade do homem como indivíduo e membro de um determinado grupo social” (p. 60). Na análise do autor (2011), o problema central reside no fato de certas características serem compreendidas como não universais da espécie humana, sobretudo as deficiências físicas, mentais e sensoriais consideradas, dentro de uma perspectiva estreita e abstrata, como a totalidade do indivíduo, que leva em consideração exclusivamente a marca divergente e negativa (BUENO, 2011).

Vigotski (1997) se opõe às concepções que recorrem a explicações unicamente biológicas para o desenvolvimento das pessoas com deficiência. Conforme destaca, é preciso compreender o problema da deficiência como uma questão social: qualquer deficiência corporal não transforma somente a relação do sujeito com o mundo ‒ primeiramente ela se manifesta nas relações sociais, o defeito orgânico se realiza como anormalidade social de conduta.

Na perspectiva da Psicologia histórico-cultural, a deficiência não deve ser concebida como uma incapacidade, limitando a vida exclusivamente a aspectos biológicos (PADILHA, 2007). Desse modo, é fundamental romper com as concepções sociais sobre a deficiência e destacar o desenvolvimento humano, considerando-o como resultado da atividade social dos homens (PINO, 2005). Ainda para Vigotski (1997), a compreensão da deficiência vinculada ao defeito e à incapacidade são construções sociais. Portanto, é necessário enfatizar as potencialidades do indivíduo para que ele se aproprie de algo que lhe é de direito: o conhecimento científico.

Na análise de Góes (2002), “não é o déficit em si que traça o destino da criança. Este “destino” é construído pelo modo como a deficiência é significada, pelas formas de cuidado e educação recebidas pela criança, enfim, pelas experiências que lhe são propiciadas” (p. 99). Desta maneira, pode-se inferir que a deficiência está relacionada a práticas sociais, à cultura e à história, não sendo mais possível, como em outras perspectivas, compreender e avaliar a deficiência tomando-se como parâmetro fatores biológicos como marcas exclusivas do sujeito (PLETSCH; OLIVEIRA, 2017).

Na sociedade capitalista, a deficiência pode ser compreendida como expressão da questão social, posto que na maior parte das vezes ela é concebida como uma questão de desvantagem social (CUNHA, 2021). “A docialização dos corpos os molda para lógicas produtivas, e as pessoas com deficiência acabam sendo excluídas do mercado de trabalho e da sociedade em si” (p. 304). Segundo avalia a autora, a exclusão não ocorre somente em razão das estruturas sociais discrepantes, mas pelo fato de os corpos não serem considerados úteis à inserção no sistema capitalista.

Conforme destacam Gonçalves, Santo e Santos (2017), no Estado capitalista, a pessoa com deficiência é vista como incapaz, desacreditada, por possuir características físicas e/ou mentais que desviam dos padrões da “normalidade”. A sociedade em questão apresenta um padrão que define a “normalidade” dos corpos. No entanto, as declarações elaboradas acerca desta temática não são homogêneas, mas elaboradas a partir de contextos históricos que são substanciais na determinação da sua experiência (CUNHA, 2021).

A deficiência intelectual, desta forma, “caracteriza-se por alterações significativas, tanto no desenvolvimento intelectual como na conduta adaptativa, na forma expressa em habilidades práticas, sociais e conceituais” (BRASIL, 2015, p. 90).

Neste contexto, a Psicologia histórico-cultural nos fornece condições de interpelar a visão organicista de deficiência intelectual, ainda tão presente em nossa sociedade, assim como nas práticas pedagógicas, posto que ela ainda é vista como condição individual, experimentada por sujeitos rotulados pela marca da não aprendizagem (CARNEIRO, 2017).

Compreendemos que esta visão negativa da pessoa com deficiência, além de concorrer para a manutenção de estigmas e preconceitos, contribui para a sua exclusão de processos efetivos de escolarização, uma vez que grande parte não teve aprendizagens significativas para se desenvolver e/ou participar plenamente de todos os contextos sociais, o que implica o retorno à escola por meio da EJA. Como consequência, presencia-se o crescente número de matrículas de estudantes da Educação Especial na EJA no Brasil (GONÇALVES, 2012).

Percurso metodológico

O instrumento utilizado para a análise do objeto de estudo, nesse artigo e na pesquisa que o originou, foi um indicador social, tratando-se de uma medida quantitativa de caráter significativo, com o propósito de subsidiar a elaboração, monitoramento e avaliação de políticas públicas (JANNUZZI, 2002). O indicador social pode ser empregado como dado para se compreender, teoricamente, a realidade, posto que evidencia aspectos do cenário social, além de possibilitar o entendimento sobre mudanças que acontecem no contexto social (2002). De acordo com o autor, quando um indicador social é analisado para a produção de conhecimento científico, sua função é possibilitar, mediante a pesquisa, discussões teóricas sobre evidências empíricas.

Considerando-se que a construção de um indicador social se dá a partir do propósito de analisar a realidade e/ou subsidiar as políticas públicas, é fundamental compreender que a sua constituição está condicionada ao acesso à matéria-prima, que se refere às estatísticas públicas. As estatísticas públicas são compreendidas como o “dado bruto” que elucida um determinado contexto social (JANNUZZI, 2005).

No processo de construção do indicador social é necessário, inicialmente, definir a temática, assentado no interesse de pesquisa ou de demanda pública. Logo após, é preciso categorizar os diversos modos de interpretá-lo, dando-lhe condições para ser compreendido como um indicador, de modo quantitativo. Posteriormente à definição do objeto de investigação, deve-se extrair os dados das estatísticas públicas disponibilizadas e, por último, organizar um sistema de indicadores, para atender e suprir a demanda inicial (JANNUZZI, 2002).

Partindo desse entendimento, trabalhou-se, neste estudo, com o indicador social de “educação”, no caso, o Censo Escolar, a partir dos microdados divulgados pelo Inep, para analisar o perfil de estudantes com deficiência intelectual inscritos na Educação de Jovens e Adultos Especial em Minas Gerais, entre 2008 e 2019. A seleção deste período justifica-se porque, no ano de 2008, foi instituída a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, e o ano de 2019 contém os dados mais recentes do Censo Escolar no momento da realização desta investigação.

O processamento e o tratamento estatístico dos microdados foram realizados por meio do software IBM SPSS Statistics 20 (Statistical Package for the Social Sciences). Inicialmente, para obter os dados no software SPSS foi necessário inserir a sigla da unidade federativa (UF) que se planejava investigar, no caso, Minas Gerais. Considerando que a questão central são as matrículas de estudantes com deficiência intelectual na EJA Especial, foi preciso se proceder à análise de todos os anos, de 2008 a 2019, separadamente. As informações relativas à EJA Especial foram estabelecidas a partir da modalidade de ensino “Educação Especial” (IN_ESPECIAL_EXCLUSIVA), que engloba o atendimento das classes especiais e instituições especiais.

Na sequência, para localizar as matrículas de estudantes na EJA Especial, segundo o tipo de deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação, realizou-se a seleção do código de Minas Gerais (MG) e da modalidade de ensino (CO_UF=31 & IN_ESPECIAL _EXCLUSIVA=1). Em seguida, efetuou-se um CROSS TABS (cruzamento de dados) das variáveis: (IN_EJA) by (IN_CEGUEIRA) by (IN_SURDEZ) by (IN_SURDOCEGUEIRA) by (IN_BAIXA_VISÃO) by (IN_DEF_INTELECTUAL) by (IN_DEF_AUDITIVA) by (IN_DEF_FISICA) by (IN_DEF_MULTIPLA) by (IN_NEC_ESPECIAL).

Por fim, para identificar as matrículas de estudantes com deficiência intelectual na EJA Especial, segundo o sexo, cor/raça, faixa etária e etapa de ensino em Minas Gerais (2008-2019), realizou-se um SELECT CASE (seleção de casos), a partir do código do estado, da modalidade de ensino e da deficiência intelectual (CO_UF=31 & IN_ESPECIAL_EXCLUSIVA=1 & IN_DEF_INTELEC TUAL=1). Em seguida, executou-se um CROSS TABS da variável “sexo” com a variável “etapa de ensino” (TP_SEXO by IN_EJA), da variável “cor/raça” com a variável “etapa de ensino” (TP_COR_RAÇA by IN_EJA), assim como da variável “idade” com a variável “etapa de ensino” (NU_IDADE by TP_ETAPA_ENSINO).

Resultados e discussão

A distribuição de matrículas de estudantes na EJA Especial, por tipo de deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação pode ser visualizada na Figura 1:

Figura 1 – Matrículas de estudantes na EJA Especial, por tipo de deficiência, TGD, altas habilidades ou superdotação, em Minas Gerais (2008-2019)

Fonte: Microdados do Inep/MEC (2008 a 2019).

Entre 2008 e 2019, a média das matrículas de estudantes com deficiência intelectual (67,42%) se sobressaiu em relação à deficiência múltipla (13,29%), acompanhada pela deficiência física (10,82%), transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação (3,66%), baixa visão (1,42%), surdez (1,40%), deficiência auditiva (1,38%), cegueira (0,57%) e surdocegueira (0,04%).

A respeito desta realidade, Laplane, Frederico e Coca (2017) ponderam se as matrículas correspondem, de fato, aos alunos com deficiência intelectual ou se a classificação não está relacionada a uma diversidade de fatores relacionados à aprendizagem escolar e ao desenvolvimento acadêmico, que podem incluir “desajustes de comportamento” e dificuldades de aprendizagem.

Segundo Bridi (2013), o diagnóstico e a classificação da deficiência, assim como os resultados destes processos são práticas vivenciadas na escolarização dos alunos, pois procuram-se, nas diferentes categorizações, justificativas em relação ao comportamento do sujeito já “preso” à sua classificação” (p. 15).

Meletti e Bueno (2011) destacam que a expansão das matrículas de estudantes com deficiência intelectual deve ser analisada criteriosamente, tendo em vista a predisposição de focar apenas o aluno pela não aprendizagem, sendo também necessário considerar a fragilidade dos processos pedagógicos e da avaliação destes estudantes, bem como a conjuntura educacional brasileira.

Sobre este aspecto, Gonçalves, Santo e Santos (2017, p. 384) consideram que, uma vez gerada “a deficiência intelectual focada no sujeito, desconsiderando suas condições concretas de vida [...]”, fica direcionada a compreensão de deficiência associada à doença, isto é, a disfunção orgânica que precisa ser tratada e para tal, medicalizada.

Os dados de matrículas de estudantes com deficiência intelectual, segundo sexo, na EJA Especial, encontram-se representados a seguir:

Figura 2 – Matrículas de estudantes com deficiência intelectual, segundo sexo, na EJA Especial em Minas Gerais (2008-2019)

Fonte: Microdados do Inep/MEC (2008 a 2019).

Observa-se que, entre 2008 e 2015, houve um crescimento do número de matrículas de pessoas do sexo masculino e, da mesma maneira, entre 2008 e 2014, para as do sexo feminino, o que indica um incremento de 5.196 matrículas de estudantes com DI do sexo masculino na EJA Especial, equivalente a 152,73% no período analisado. Ao se comparar o ano de 2014 com 2008 para o sexo feminino, observa-se o registro de 4.464 novas matrículas – o que corresponde a 155,70%.

Entre os anos de 2016 e 2019, observa-se um movimento de queda do número de matrículas para o sexo masculino e, desde 2015, para o sexo feminino. Em relação ao sexo masculino, ao se comparar o ano de 2019 com 2015, há uma queda de 2.615 matrículas, ou seja, (-30,41%). Da mesma maneira, ao se analisar o ano de 2019 com 2014, para o sexo feminino, há uma redução de 2.491 matrículas, que corresponde a (-33,98%). Conquanto, ao eleger-se como referência um período mais amplo, ou seja, matrículas de estudantes com DI, de ambos os sexos, de 2008 até 2019, verifica-se o incremento de 2.581 (sexo masculino) e de 1.973 (sexo feminino) matrículas – o que equivale a 75,87% e 68,82%, respectivamente.

Com base nos dados apresentados na Figura 2, elaborou-se a Figura 3 que apresenta a média de matrículas de estudantes com deficiência intelectual, segundo sexo.

Figura 3 – Média de matrículas de estudantes com deficiência intelectual, segundo sexo, na EJA Especial em Minas Gerais (2008-2019)

Fonte: Microdados do Inep/MEC (2008 a 2019).

A análise da Figura 3 constata que as matrículas de estudantes com DI do sexo masculino, na EJA Especial, são superiores em relação às matrículas do sexo feminino, representando 54,56% (masculino) e 45,44% (feminino), no período entre 2008 e 2019.

De acordo com a análise de Vigano e Laffin (2016, p. 11), a prevalência de matrículas de homens em relação às mulheres demonstra que, apesar da emancipação feminina ser uma realidade cada vez mais presente na sociedade e “a ideia de ‘igualdade’ entre os sexos se demonstre nos direitos humanos, elas ainda permanecem ‘presas’ a um sistema em que predomina o domínio masculino.”

Rosemberg (1994) avalia que, embora exista um número expressivo de mulheres frequentando as salas de aula da EJA, a expectativa para que elas concluam esta modalidade de ensino são menores, tendo em vista as limitações de ordem social, locomoção, turno (escolas distantes e geralmente no período noturno), o cansaço resultante da jornada de trabalho diária, as atividades domésticas e os cuidados com filhos e/ou netos terminam por afastá-las ainda mais da escola, dado que ainda são condicionadas e se reconhecem como tal, supondo ser encarregadas pelos cuidados dos outros e da família, e não de si própria, distintamente dos homens, condicionados e educados para o cuidado de si, em primeiro lugar.

No estudo desenvolvido por Azevedo (2017) sobre os desafios enfrentados pelas estudantes na EJA, a autora destaca que várias mulheres declaram que a interrupção da escolarização na infância e/ou adolescência é resultante das suas atribuições no âmbito familiar, isto é, devido ao trabalho doméstico.

A Figura 4, a seguir, apresenta as matrículas de estudantes com deficiência intelectual na EJA Especial, segundo a cor/raça.

Figura 4 – Matrículas de estudantes com deficiência intelectual, segundo cor/raça, na EJA Especial em Minas Gerais (2008-2019)

Fonte: Microdados do Inep/MEC (2008 a 2019).

Ao realizar a média do período (2008-2019), constatou-se que as matrículas de estudantes com DI da cor/raça branca (26,57%) sobressaíram em relação à parda (20,79%), seguida da preta (6,73%), amarela (0,18%) e indígena (0,06%). Os dados não declarados equivalem a 45,67%.

Pelas análises apresentadas, nota-se que, em Minas Gerais, na EJA Especial, há uma supremacia de matrículas de estudantes com deficiência intelectual do sexo masculino em relação às mulheres, assim como de pessoas de cor/raça branca em relação as de cor/raça preta – o que traduz a reprodução sucessiva da desigualdade que recai sobre a população preta em relação à população branca, seja ela de homens ou mulheres (FERRARO, 2009).

Segundo Pereira (2016), a associação destes fatores - deficiência, raça e gênero - reforça ainda mais as desigualdades de acesso ao ensino, sendo que as mulheres negras são as que apresentam as maiores desvantagens.

No que tange ao acesso à escolarização e à diferença que há entre brancos e negros, Rosemberg e Piza (1996) consideram que a intensa desigualdade que se presencia nas taxas de analfabetismo entre brancos e negros, para ambos os sexos, representa uma “herança do passado escravista” somada aos “processos atuais de estigmatização e exclusão social deste segmento racial” (ROSEMBERG; PIZA, 1996, p. 116).

Conforme Lima (2017), as desigualdades raciais no Brasil constituem barreiras que têm impossibilitado milhões de negros/as de terem acesso aos direitos fundamentais. Esta realidade comprova que o racismo traz repercussões para a população negra em todos os espaços da vida social, tais como no trabalho, na educação, na saúde, na moradia, na expectativa de vida (PASSOS, 2012).

Para Martins (1997), na atualidade, a nova desigualdade social realiza-se a partir da inclusão subalterna de uma parcela significativa da população. O autor avalia que não existe exclusão e, sim, contradição:

Existem vítimas de processos sociais, políticos e econômicos excludentes; existe o conflito pelo qual a vítima dos processos excludentes proclama seu inconformismo, seu mal-estar, sua revolta, sua esperança, sua força reivindicativa e sua reivindicação corrosiva. (MARTINS, 1997, p. 14)

O autor (1997) explica que os problemas estão na inclusão, posto que, para ele, todas as pessoas estão, de alguma forma, incluídas no meio social. Da mesma maneira, em uma sociedade fundamentada no modo de produção capitalista, refletir sobre a causa da inclusão não é pensar em um processo contrário à exclusão, mas sim em um processo no qual se depende da exclusão para se constituir. Ou seja, a sociedade exclui para incluir, mas incluir de forma precária, sustentando modos desumanos de participação (MARTINS, 2002).

A Tabela 1, a seguir, retrata as matrículas de estudantes com DI, por idade e etapa de ensino (na forma presencial e semipresencial), na EJA Especial.

Tabela 1 – Matrículas de estudantes com DI, por idade e etapa de ensino (2008-2019)

ANO

ETAPAS DE ENSINO

FAIXA ETÁRIA

TOTAL

≤ 14

15-20

21-25

26-30

31-35

36-40

41-45

46-50

51-55

56-60

≥ 61

2008

1ª a 4ª Séries

229

1 543

1 308

1 070

642

493

319

203

150

72

107

6 136

5ª a 8ª Séries

0

0

1

0

0

0

0

0

1

0

0

2

Ensino Médio

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Ensino Profissional

5

51

24

22

14

5

4

2

0

2

2

131

 

TOTAL

234

1 594

1 333

1 092

656

498

323

205

151

74

109

6 269

2009

1ª a 4ª Séries

177

1 919

1 567

1 358

879

601

448

279

173

100

146

7 647

5ª a 8ª Séries

0

1

4

2

7

2

4

0

3

2

1

26

Ensino Médio

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Ensino Profissional

1

29

14

13

6

9

6

7

2

2

2

91

 

TOTAL

178

1 949

1 585

1 373

892

612

458

286

178

104

149

7 764

2010

1ª a 4ª Séries

159

2 704

2 218

1 850

1 270

858

625

413

264

144

208

10 713

5ª a 8ª Séries

0

3

7

6

2

4

0

0

0

0

1

23

Ensino Médio

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Ensino Profissional

3

24

32

26

23

22

14

9

5

6

4

168

 

TOTAL

162

2 731

2 257

1 882

1 295

884

639

422

269

150

213

10 904

2011

1ª a 4ª Séries

140

2 689

2 244

1 773

1 296

900

647

454

291

158

217

10 809

5ª a 8ª Séries

2

23

17

13

9

3

5

4

2

0

0

78

Ensino Médio

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Ensino Profissional

1

41

50

39

49

32

17

11

7

7

8

262

 

TOTAL

143

2 753

2 311

1 825

1 354

935

669

469

300

165

225

11 149

2012

1ª a 4ª Séries

117

2 846

2 246

1 804

1 390

957

670

463

284

189

182

11 148

5ª a 8ª Séries

7

459

313

202

123

74

52

45

17

9

10

1311

Ensino Médio

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Ensino Profissional

0

22

29

21

35

21

16

15

7

4

8

178

 

TOTAL

124

3 327

2 588

2 027

1 548

1 052

738

523

308

202

200

12 637

2013

1ª a 4ª Séries

92

2 563

1 957

1 656

1 295

893

603

448

272

213

187

10 179

5ª a 8ª Séries

14

1 199

824

577

438

261

162

109

67

27

35

3 713

Ensino Médio

0

10

4

7

0

2

0

2

1

0

0

26

Ensino Profissional

0

5

7

5

7

10

7

5

3

2

4

55

 

TOTAL

106

3 777

2 792

2 245

1 740

1 166

772

564

343

242

226

13 973

2014

1ª a 4ª Séries

130

2 169

1 716

1 458

1 204

844

604

427

266

179

187

9 184

5ª a 8ª Séries

17

2 060

1 436

998

769

482

302

214

133

75

66

6 552

Ensino Médio

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Ensino Profissional

2

52

45

33

18

15

9

4

5

3

4

190

 

TOTAL

149

4 281

3 197

2 489

1 991

1 341

915

645

404

257

257

15 926

2015

1ª a 4ª Séries

81

1 588

1 354

1 128

946

706

497

384

252

167

180

7 283

5ª a 8ª Séries

39

2 516

1 773

1 280

996

712

436

294

201

99

104

8 450

Ensino Médio

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Ensino Profissional

2

5

11

9

5

7

12

4

3

2

3

63

 

TOTAL

122

4 109

3 138

2 417

1 947

1 425

945

682

456

268

287

15 796

2016

1ª a 4ª Séries

48

1 416

1 210

983

870

651

471

345

253

160

201

6 608

5ª a 8ª Séries

36

2 640

1 788

1 313

990

733

478

308

211

116

118

8 731

Ensino Médio

0

5

0

0

0

0

0

0

0

0

0

5

Ensino Profissional

0

11

18

11

4

9

8

3

2

1

2

69

 

TOTAL

84

4 072

3 016

2 307

1 864

1 393

957

656

466

277

321

15 413

2017

1ª a 4ª Séries

52

1 224

1 060

873

757

633

439

327

215

141

210

5 931

5ª a 8ª Séries

21

2 600

1 628

1 084

879

684

456

300

203

117

124

8 096

Ensino Médio

0

3

5

8

7

1

3

3

2

0

1

33

Ensino Profissional

0

7

9

6

1

6

0

1

0

0

0

30

 

TOTAL

73

3 834

2 702

1 971

1 644

1 324

898

631

420

258

335

14 090

2018

1ª a 4ª Séries

38

984

823

684

630

555

404

301

218

140

205

4 982

5ª a 8ª Séries

24

2 522

1 469

1 017

819

632

408

249

205

121

129

7 595

Ensino Médio

0

5

7

6

11

5

5

5

3

1

0

48

Ensino Profissional

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

 

TOTAL

62

3 511

2 299

1 707

1 460

1 192

817

555

426

262

334

12 625

2019

1ª a 4ª Séries

17

761

660

547

500

488

348

256

195

135

186

4 093

5ª a 8ª Séries

24

2 401

1 139

858

705

575

347

238

170

122

139

6 718

Ensino Médio

0

1

4

2

1

1

2

0

0

0

1

12

Ensino Profissional

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

 

TOTAL

41

3 163

1 803

1 407

1 206

1 064

697

494

365

257

326

10 823

Fonte: Microdados do Inep/MEC (2008 a 2019).

Pela Tabela 1, verifica-se que, entre 2008 e 2012, há um crescimento das matrículas de estudantes com DI de 1ª a 4ª séries. Comparando-se 2009 com 2008, nota-se o incremento de 24,63% - o que equivale, em números absolutos, a 1.511 matrículas. Da mesma maneira, ao se cotejar 2010 com 2008, observa-se um aumento de 74,59%, ou seja, 4.577 novas matrículas; e equiparando-se 2012 com 2008, 81,68%, isto é, 5.012 registros a mais. Por outro lado, entre 2013 e 2019, constata-se uma queda nas matrículas para esta etapa de ensino, posto que, ao se confrontar os dados dos anos de 2017, 2018 e 2019 com 2008, nota-se uma redução de 3,34%, 18,81% e 33,29%, que representam 205 (2017), 1.154 (2018) e 2.043 (2019) matrículas a menos.

Quanto às matrículas de 5ª a 8ª séries, entre 2008 e 2011 há um crescimento pouco expressivo, equivalendo a duas matrículas no ano de 2008, 26 em 2009, 23 em 2010 e 78 em 2011. Entre 2012 e 2016, verifica-se um crescimento considerável dos índices, equiparando-se as taxas existentes nos anos anteriores (2008 a 2011). Deste modo, ao se comparar o ano de 2012 com 2008, há o incremento de 1.309 matrículas. Ao se confrontar 2013 com 2012, verifica-se um aumento percentual de 183,82%. Porém, cotejando-se 2014 com 2012, há uma ampliação de 399,77%; e 2016 equiparado com 2012, 565,98% - o que corresponde, em números absolutos, a 2.402, 5.241 e 7.420 matrículas, respectivamente. A partir de 2017 até 2019, começa a haver uma redução, embora ainda superior aos números apresentados nos anos de 2008 a 2011. Ao se comparar os dados de 2017, 2018 e 2019 com 2016, nota-se redução na taxa de matrículas: (-7,34%), (-13,01%) e (-23,05%).

É importante destacar que, entre 2015 e 2019, as matrículas de 5ª a 8ª séries sobressaíram-se em relação às de 1ª a 4ª séries. Contudo, embora tenha havido esta inversão, é importante enfatizar que, ao se considerar a média do total de matrículas no período (2008-2019), observa-se a prevalência de matrículas nos anos iniciais da EJA (1ª a 4ª séries), equivalente a 64,27%. Quanto às matrículas da Educação Profissional de Ensino Fundamental, somente nos anos de 2008 a 2017 houve registros, sendo os maiores índices em 2008, 2010, 2011, 2012 e 2014, com 131, 168, 262, 178 e 190 matrículas, respectivamente.

Chamam ainda mais a atenção as matrículas do Ensino Médio, que apresentaram os menores índices, estando muito aquém se comparados às matrículas do Ensino Fundamental. Entre 2008 e 2012, assim como entre 2014 e 2015, não houve nenhum registro de matrícula. Em 2013, houve apenas 26 registros de estudantes com DI no Ensino Médio da EJA Especial; em 2016 (5), 2017 (33), 2018 (48) e 2019 (12). Estes dados são alarmantes, pois revelam que os estudantes com DI não estão progredindo para as etapas posteriores de escolarização, permanecendo nos anos iniciais da EJA.

Meletti e Bueno (2011) informam que no Brasil, em 2009, as matrículas gerais no Ensino Médio equivaliam a 25,9% das do Ensino Fundamental, enquanto as de estudantes com deficiência, matriculados nessa Etapa de Ensino, correspondiam a 5,6%. Tais dados revelam que o problema de acesso ao Ensino Médio se intensifica em se tratando desta população. Leite e Campos (2018) avaliam que a inconstância de políticas e programas educacionais voltados para o Ensino Médio pode ser uma das causas que dificultam o acesso e a permanência nesta Etapa de Ensino dos estudantes com deficiência.

No estudo produzido por Laplane (2014), a autora verifica a precariedade do acesso de estudantes com deficiência ao Ensino Médio, uma vez que o contexto deste ensino espelha o problema do acesso ao conhecimento. Considerando que a deficiência intelectual abarca a maior parte das matrículas dos alunos da Educação Especial, nota-se que a maioria dos estudantes permanece no Ensino Fundamental e, em seguida, frequenta a EJA e as instituições especializadas (LAPLANE, 2014).

Haas, Silva e Ferraro (2017) avaliam ainda que, em se tratando exclusivamente do Ensino Médio, compreende-se que a leitura da deficiência como incapacidade pode impactar, de forma negativa, não só o acesso, mas também o desenvolvimento nos estudos e a conclusão desta Etapa de Ensino.

Partindo desse contexto, é imprescindível a garantia do direito à educação a todas as pessoas, independentemente das suas condições biofísica, psíquica, sensorial e social, já que, “a luta pela superação da exclusão social perpassa o domínio daquilo que os dominantes dominam (dentre eles o conhecimento), condição para a autonomia dos sujeitos, quer dizer, de sua libertação” (ELOY; COUTINHO, 2020, p. 8).

Nesse aspecto, Gehlen (2015) avalia que o acesso ao Ensino Médio para todos “pode significar a construção de um novo ser humano, crítico, participativo, engajado, que possa compreender os conflitos de interesses que há na sociedade e posicionar-se com seus pares em relação a esses interesses” (GEHLEN, 2015, p. 54).

Com base nos dados apresentados na Tabela 1, elaborou-se a Figura 5, que apresenta o percentual de matrículas de estudantes com DI, por Etapa de Ensino, na EJA Especial:

Figura 5 – Percentual de matrículas de estudantes com deficiência intelectual, por Etapa de Ensino, na EJA Especial em Minas Gerais (2008-2019)

Fonte: Microdados do Inep/MEC (2008 a 2019).

Os dados da Figura 5 demonstram que as matrículas de estudantes com deficiência intelectual na EJA Especial estão concentradas na 1ª a 4ª séries. O percentual de matrículas nesta Etapa de Ensino (anos iniciais do Ensino Fundamental) destacou-se em comparação às demais Etapas - o que corresponde a 64,27%, seguida da 5ª a 8ª séries (34,81%), Educação Profissional (0,84%) e Ensino Médio (0,08%).

Gonçalves (2012) avalia que a predominância destes estudantes na 1ª a 4ª séries da EJA pode ser em decorrência da vivência de não escolarização no ensino regular. Corroborando este entendimento, Meletti e Ribeiro (2014) consideram que a maioria dos estudantes com deficiência não tinha acesso ao conhecimento escolar, apresentando uma trajetória escolar incompleta.

Fundamentando-se na Pedagogia Histórico-crítica para refletir sobre o direito à educação, destaca-se que, para além de estar no ambiente escolar com condições de acessibilidade, é extremamente importante viabilizar acesso, na escola, aos instrumentos culturais historicamente produzidos, entendidos como alavancadores do desenvolvimento humano em sua multidimensionalidade (ELOY; COUTINHO, 2020).

Dessa maneira, amparando-se nesta teoria, o direito à educação é munido de um caráter pedagógico defendendo não só o acesso de todos(as) as pessoas à escola, mas, substancialmente, prescrevendo a transformação concreta dessa forma escolar fortemente elitista e excludente em outra, efetivamente humana, igualitária e emancipadora (ELOY; COUTINHO, 2020).

Baseando-se na análise da Tabela 1, a Figura 6, a seguir, apresenta a média de matrículas de estudantes com DI, por idade e Etapa de Ensino.

Figura 6 – Média de matrículas de estudantes com deficiência intelectual, por idade e Etapa de Ensino, na EJA Especial em Minas Gerais (2008-2019)

Fonte: Microdados do Inep/MEC (2008 a 2019).

A concentração de matrículas na faixa de 15 a 20 anos, em todas as Etapas de Ensino, evidencia o fenômeno da juvenilização da EJA, que vem apresentando uma nova identidade, com a demanda de um público mais jovem do que adulto (HADDAD; DI PIERRO, 2000). Vários fatores têm contribuído para a intensificação deste fenômeno, dentre os quais a evasão e a repetência no ensino regular, que podem explicar o descompasso entre idade e série; e o interesse pela certificação escolar, com vistas ao ingresso na vida profissional (PEREIRA; OLIVEIRA 2018).

Conforme avalia Meletti (2018), os dados de relação idade-série denunciam a precarização da permanência e da inserção da população com deficiência em processos efetivos de escolarização. Ferraro (1999, p. 24) afirma que os estudantes com mais de dois anos de defasagem compõem o grupo dos excluídos da escola, isto é, “[...] exclusão operada dentro do processo escolar, por meio dos mecanismos de reprovação e repetência.” Esta realidade, segundo análise de Meletti (2018), parece representar grande parte dos alunos da Educação Especial brasileira.

Em face dessa realidade, Eloy e Coutinho (2020) defendem a necessidade de que a educação escolar seja

oportunizada para o desenvolvimento da pessoa como forma de humanização integral e não se realizando apenas com o acesso dos indivíduos à escola, não bastando passar pela escola sem que se tenham aprendizagens que gerem desenvolvimento efetivo. (ELOY; COUTINHO, 2020, p. 12)

Conforme afirmou Santos (2020), um Sistema educacional de qualidade para as pessoas com deficiência só será possível a partir do momento em que o acesso, a permanência e o sucesso forem garantidos, porque apesar de esses sistemas promoverem o acesso ao ensino, os altos índices de evasão e defasagem demonstram que a permanência e a apropriação do conhecimento científico não são, de fato, alcançados.

Por fim, um dado importante a se destacar, na análise da Figura 6 e da Tabela 1, é o índice de matrículas de estudantes com DI na EJA Especial na faixa etária igual ou inferior a 14 anos, em quase todas as Etapas de Ensino, representando 1,35% na 1ª a 4ª séries; 0,36% de 5ª a 8ª séries; e 1,13% no Ensino Profissional. A ocorrência de matrículas nesta faixa de idade contraria o que está disposto na LDBEN/1996 sobre a EJA, que orienta que o Ensino Fundamental é destinado aos estudantes maiores de 15 anos e o Ensino Médio para maiores de 18 anos.

Considerações finais

O presente artigo teve como objetivo analisar o perfil de estudantes com deficiência intelectual matriculados na Educação de Jovens e Adultos Especial em Minas Gerais, entre 2008 e 2019, a partir dos microdados do Censo Escolar da Educação Básica.

Constata-se que, na EJA Especial, em Minas Gerais, prevalecem matrículas de estudantes com deficiência intelectual (67,42%) em relação aos outros alunos da Educação Especial, sendo a maioria do sexo masculino e da cor/raça branca. Além disso, verifica-se um alto índice de matrículas de estudantes com deficiência intelectual de 1ª a 4ª séries (64,27%) e na faixa etária dos 15 aos 20 anos, confirmando que os alunos não tiveram processos efetivos de escolarização na idade regular. Logo, a alternativa para a reparação da dívida educacional se dá pela Educação de Jovens e Adultos que deve ser considerada um espaço de formação integral do ser humano.

Conforme Carrano e Costa (2011), o retorno dos jovens à escola, por meio da EJA, tem como finalidade a reconfiguração de projetos adiados, contudo, destaca-se a negação de um direito. Além disso, problematiza-se a constituição da EJA Especial e seu fortalecimento no estado mineiro. As matrículas analisadas neste estudo retratam a realidade de pessoas que não podem se manter invisíveis nas políticas públicas e no contexto escolar.

Nesse sentido, compartilhamos do entendimento de Cabral, Bianchini e Gonçalves (2018), de que a presença de estudantes da Educação Especial nesta modalidade de ensino pode significar mais um espaço de acesso e conhecimento. Em contrapartida, pode representar um espaço de desaparecimento do sujeito, quando não há uma finalidade pedagógica voltada para a emancipação dos jovens e adultos.

Referências

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Notas

1 Agradecemos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio da Chamada Pública 01/2016, pelo apoio à pesquisa que originou esse artigo.

 

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