http://dx.doi.org/10.5902/1984686X66900

Programas de intervenção em habilidades sociais de crianças com transtorno do espectro autista: uma revisão de literatura

Intervention programs in social skills of children with autism spectrum disorder: a literature review

Intervention programs in social skills of children with autism spectrum disorder: a literature review

Mariane Voga de Oliveira

Graduada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: marianevoga@hotmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3842-3837

Patricia Lorena Quiterio       

Professora doutora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

E-mail: patricialorenauerj@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4553-6429

Recebido em 26 de julho de 2021

Aprovado em 23 de outubro de 2022

Publicado em 22 de novembro de 2022

RESUMO

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista podem ter déficits para desenvolver e ampliar seu repertório de Habilidades Sociais, o que pode prejudicar as relações interpessoais e a qualidade de vida. O Treinamento em Habilidades Sociais é uma das intervenções indicadas para favorecer a interação social. Diante disso, o artigo tem por objetivo descrever os procedimentos adotados (caracterização de participantes e delineamento de pesquisa), os resultados e as limitações de programas de intervenção em habilidades sociais de crianças com Transtorno do Espectro Autista a partir de uma revisão de literatura. Para isso, realizou-se uma revisão de publicações na base de dados SciELO, Periódicos Capes, Banco de Teses Capes, Lilacs, PsycNET e Corpus HS. Para refinamento da pesquisa foram considerados os seguintes descritores em português e em inglês: “transtorno do espectro autista”, “autismo”, “habilidades sociais”. A análise dos estudos indicou que os programas de intervenção contemplaram a faixa etária entre 4 e 18 anos de idade com foco em crianças e adolescentes com TEA com nível de apoio leve. A maioria das intervenções utilizou delineamento quase experimental, e os resultados indicaram uma ampliação no repertório de Habilidades Sociais dos participantes após a intervenção. A revisão de literatura indicou a necessidade de ampliar os estudos nesta área, especialmente em contexto nacional. Conclui-se, pela necessidade de intervenções voltadas para indivíduos, que exigem apoio muito substancial.

Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista; Treinamento em Habilidades Sociais; Revisão de Literatura.

ABSTRACT

People with Autism Spectrum Disorder may have deficits to develop and expand their Social Skills repertoire, which can impair interpersonal relationships and quality of life. Training in Social Skills is one of the interventions indicated to benefit social interaction. Therefore, this article aims to describe the adopted procedures (characterization of participants and research design), the results and limitations of intervention programs in social skills for children with Autism Spectrum Disorder from a literature review. For this, a review of publications was carried out in the SciELO database, Capes Periodicals, Capes Theses Bank, Lilacs, PsycNET and Corpus HS. In order to refine the research, the following key expressions were considered in Portuguese and English: “autistic spectrum disorder”, “autism”, “social skills”. The analysis of the studies indicated that the intervention programs covered the age group between four and 18 years old, with a focus on children and adolescents with ASD in a mild level of support. Most interventions used a quasi-experimental design, and the results indicated an expansion in the participants' Social Skills repertoire after the intervention. The literature review indicated the need to expand studies in this area, especially in the national context. The conclusion is that there is a need for interventions aimed at individuals who require very substantial support.

Keywords: Autism Spectrum Disorder; Social Skills Training; Literature Review.

RESUMEN

Las personas con trastorno del espectro autista pueden tener deficiencias en el desarrollo y la ampliación de su repertorio de habilidades sociales, lo que puede afectar las relaciones interpersonales y la calidad de vida. La formación en Habilidades Sociales es una de las intervenciones indicadas para favorecer la interacción social. Por tanto, el artículo tiene como objetivo describir los procedimientos adoptados (caracterización de los participantes y diseño de la investigación), los resultados y las limitaciones de los programas de intervención en habilidades sociales para niños con Trastorno del Espectro Autista a partir de una revisión de la literatura. Para ello, se realizó una revisión de publicaciones en la base de datos SciELO, Capes Periodicals, Capes Theses Bank, Lilacs, PsycNET y Corpus HS. Para afinar la investigación, se consideraron los siguientes descriptores en portugués e inglés: “trastorno del espectro autista”, “autismo”, “habilidades sociales”. El análisis de los estudios indicó que los programas de intervención cubrieron el grupo de edad entre cuatro y 18 años, con un enfoque en niños y adolescentes con TEA con un nivel de apoyo leve. La mayoría de las intervenciones utilizaron un diseño cuasi-experimental y los resultados indicaron una expansión en el repertorio de habilidades sociales de los participantes después de la intervención. La revisión de la literatura indicó la necesidad de ampliar los estudios en esta área, especialmente en el contexto nacional. Se concluye que existe la necesidad de intervenciones dirigidas a personas que requieren un apoyo muy sustancial.

Palabras clave: Trastorno del espectro autista, Entrenamiento en habilidades sociales, Revisión de literatura.

Introdução

O diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) deve ser realizado a partir de dois critérios essenciais, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-V (APA, 2013): prejuízo persistente na comunicação social recíproca e na interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Esses sintomas devem estar presentes desde o início da infância, além de limitar ou prejudicar o funcionamento cotidiano do indivíduo.

O comprometimento funcional e a necessidade de apoios específicos são os dois aspectos do diagnóstico de TEA considerados para classificar o transtorno em três níveis: (1) exigindo apoio; (2) exigindo apoio substancial; (3) exigindo apoio muito substancial (APA, 2013). O processo de reabilitação tem uma abordagem múltipla, que envolve, dentre outros fatores, a promoção de Habilidades Sociais (HS).

As HS correspondem aos comportamentos emitidos pelos indivíduos durante as interações sociais que são valorizadas pela cultura na qual estão inseridos (DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, 2017). Visto que a infância é um dos períodos da vida mais decisivos para o aprendizado e desenvolvimento das HS, Del Prette e Del Prette (2005) propuseram um sistema de sete classes de HS: Autocontrole expressividade emocional, Civilidade, Empatia, Assertividade, Fazer amizades, Solução de problemas interpessoais e Habilidades sociais acadêmicas.

Na infância e na adolescência, a aquisição das HS ocorre por meio de três processos básicos: instrução, modelação e consequências vivenciadas nas interações sociais cotidianas (DEL PRETTE, Z.; DIAS; DEL PRETTE, 2019). Quando a criança não encontra condições favoráveis para o aprendizado das HS ou quando apresenta transtornos psicológicos associados às dificuldades interpessoais, podem ocorrer déficits em HS que influenciam negativamente a qualidade de suas relações interpessoais (DEL PRETTE, Z.; DEL PRETTE, 2005).

Uma vez que as HS são aprendidas, ou seja, o repertório necessário para lidar de forma satisfatória com as situações interpessoais não é inato, os déficits em HS podem ser superados por meio de aprendizagem (DEL PRETTE, Z.; DIAS; DEL PRETTE, 2019). Essa superação requer intervenções educativas e/ou terapêuticas, como o Treinamento em Habilidades Sociais (THS), que, geralmente, é embasado nas abordagens comportamental, cognitiva e Cognitivo-Comportamental (DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, 2017).

De acordo com Del Prette e Del Prette (2005), os programas de THS devem contribuir para a ampliação do repertório de HS dos participantes, assim como para que essas habilidades sejam utilizadas com mais frequência, funcionalidade e fluência; promover a manutenção das habilidades aprendidas e a generalização para diversos ambientes e para interações sociais com diferentes interlocutores. Os programas de THS podem ser agrupados, em categorias, de acordo com os objetivos e o público de atendimento (MURTA et al., 2015): (a) prevenção – voltado para indivíduos ou grupos que, apesar de estarem expostos a fatores de risco, não apresentam problemas interpessoais; (b) promoção – desenvolvido junto a indivíduos ou grupos sob efeito de fatores de risco para problemas interpessoais; (c) tratamento – dirigido a indivíduos ou grupos que apresentam déficits acentuados em HS, como é o caso de pessoas com TEA.

As características deste transtorno podem prejudicar a qualidade das relações sociais dos indivíduos com TEA, dado que este público tem mais dificuldade de identificar demandas do contexto social, planejar e emitir comportamentos socialmente competentes (TOGASHI; WALTER, 2016). Ademais, destaca-se a importância de programas de THS para o ensino de HS e, consequentemente, a redução de comportamentos desadaptativos (DEL PRETTE, Z.; DEL PRETTE, 2005; MURTA et al., 2015). Esses programas podem incluir a Comunicação Alternativa (CA), enquanto área de prática e pesquisa, cujos recursos visam promover a comunicação de pessoas sem fala articulada, possibilitando incluir indivíduos com TEA em seus diferentes níveis e ampliando as possibilidades de interação com os interlocutores, favorecendo os relacionamentos interpessoais (QUITERIO; NUNES, 2018).

Os programas de THS têm sido utilizados como mecanismo de inclusão de crianças com deficiência, sendo indicados como intervenção complementar para pessoas com TEA (DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, 2017). Apesar disso, observa-se uma escassez de estudos no contexto brasileiro voltados para essa temática. Em 2018, Quiterio e Nunes encontraram apenas quatro programas de THS nacionais desenvolvidos junto a pessoas com as seguintes deficiências: TEA (AQUINO, 2002); deficiência intelectual (DI) (AGUIAR, 2006); deficiência física (PEREIRA, 2010) e deficiência visual (FERREIRA, 2012). Destaca-se que a intervenção realizada por Aquino (2002) não ocorreu diretamente com as crianças com TEA, mas junto a seus familiares.

Somado aos estudos encontrados por Quiterio e Nunes (2018), foram localizadas 10 pesquisas, em âmbito nacional, destinadas à clientela com as seguintes deficiências: DI (CAMPOS, 1999; KHATER, 2000; CAMPOS, 2006), deficiência visual (FREITAS, 2005; GOTO; 2010), alunos com necessidades educacionais especiais (ROSIN-PINOLA, 2009), Síndrome de Williams (MARTIN, 2011), paralisia cerebral (QUITERIO, 2015), altas habilidades (OLIVEIRA, 2016) e deficiência auditiva (PRADO, 2017). Esses estudos nacionais abordaram a temática de programas de THS junto a familiares, professores e pessoas com outras deficiências, que não o autismo.

Quanto à produção internacional, Santos-Carvalho et al. (2018) empreenderam uma revisão sistemática de artigos publicados em periódicos científicos acerca de intervenções para a promoção de HS de indivíduos com TEA. Durante o período de 2009 a 2013, foram encontrados 421 estudos sobre HS e TEA na base de dados Corpus HS ao utilizar a palavra-chave “autis”. Foram selecionados e analisados 84 artigos internacionais. Dos artigos selecionados, a maioria (27 artigos) foi publicada em 2013. Houve uma concentração de estudos com crianças e a maioria dos participantes foi diagnosticada com TEA com nível de apoio leve. A maior parte das intervenções foi realizada em grupo e o procedimento mais utilizado foi o THS (29 estudos). Nesses programas, utilizou-se a seguinte estrutura: revisão da tarefa de casa, apresentação didática, ensaio comportamental, atividades de assimilação e explicação da próxima tarefa de casa. O delineamento quase experimental foi o mais utilizado (22 estudos) e aplicaram-se instrumentos padronizados de avaliação das HS no pré- e no pós-teste. Apesar de todas as intervenções analisadas terem sido eficazes, os autores identificaram diversas limitações e sugestões para estudos futuros: amostras maiores; inserção de grupo controle; utilização de avaliação das HS específicos e padronizados para TEA; importância de avaliadores cegos; avaliação da generalização dos repertórios recém-adquiridos para outros ambientes; realização de treinos no ambiente natural da criança; avaliação dos efeitos da intervenção em longo prazo; e escassez de estudos com procedimentos adequados para indivíduos com TEA com um nível de comprometimento mais grave.

Além do estudo de Santos-Carvalho (2018), outras pesquisas investigaram a produção internacional de programas de THS para pessoas com TEA. Davenport et al. (2018) revisaram 329 estudos e concluíram que apenas cinco incorporaram adaptações culturais. A investigação de Gunning et al. (2019) identificou que poucos estudos relatam a generalização e a manutenção dos resultados das intervenções. E Wolstencroft et al. (2018) revisaram oito estudos sobre programas de THS com pessoas com TEA, nível 1. Observou-se que os programas que incluíram grupos de pais tiveram resultados mais satisfatórios.

Considerando os efeitos que as dificuldades no processo de interação e relacionamento interpessoal ocasionam em diferentes domínios da vida de pessoas com TEA (DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, 2017; QUITERIO; NUNES, 2018; TOGASHI; WALTER, 2016) e que a revisão de literatura permite avaliações de manuscritos publicados, bem como possibilita a análise referente ao progresso da temática em estudo (HOHENDORFF, 2014), o presente artigo tem por objetivo descrever os procedimentos adotados (caracterização de participantes e delineamento de pesquisa), resultados e limitações de programas de intervenção em habilidades sociais de crianças com Transtorno do Espectro Autista a partir de uma revisão de literatura.

Método

Trata-se de um estudo de Revisão Integrativa de Literatura (RIL) com a seguinte questão norteadora: os programas de intervenção em habilidades sociais para crianças e adolescentes com TEA tem sido contemplados como tema de estudos empíricos? A RIL tem o objetivo de identificar, analisar e sintetizar os resultados de estudos que abordam a mesma temática, sendo composta por seis etapas: elaboração da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação da revisão integrativa (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010). Todas as etapas foram elaboradas e debatidas em conjunto pelas autoras.

Realizou-se a busca eletrônica de artigos, teses e dissertações publicados entre 2014 e 2020 nas bases de dados SciELO, Capes e Lilacs em relação aos estudos nacionais. E, em relação aos estudos internacionais, em duas bases: PsycNET e Corpus HS. Para refinamento da pesquisa foram considerados os seguintes descritores: “transtorno do espectro autista”, “autismo”, “habilidades sociais”. Os mesmos descritores foram utilizados em inglês: “autism spectrum disorder”, “autism”, “social skills”. Ressalta-se que na última base de dados utilizaram-se somente os dois primeiros descritores, visto ser uma base específica de HS.

Os critérios de inclusão para seleção dos artigos foram: (a) estudos que descreveram intervenções diretas com o objetivo de promover HS em crianças ou adolescentes com TEA; (b) ter a publicação na íntegra, e (c) ser de acesso livre. Foram excluídas as publicações que não atendessem aos critérios acima. Após a leitura e análise dos resumos, foi realizado o fichamento dos artigos selecionados. No total, foram analisadas, de forma descritiva, 15 produções, conforme demonstra a Figura 1. Esses artigos foram lidos na íntegra e realizou-se a análise dos procedimentos adotados nos programas de intervenção descritos (delineamento de pesquisa, caracterização de participantes, tipo e contexto da intervenção e principais resultados).

Figura 1 – Fluxograma dos artigos encontrados nas bases de dados

Fonte: Elaborada pelas autoras (2021).

Resultados

Foram selecionados 15 estudos que contemplaram os critérios de inclusão, todos internacionais. Inicialmente, para compreensão dos resultados, os conteúdos dos textos foram descritos e, em seguida, os estudos foram organizados em formato de quadro. Após os resultados, procedeu-se à discussão das informações apresentadas.

O THS para jovens com TEA com nível de apoio leve, denominado “The Program for the Education and Enrichment of Relational Skills” (PEERS), foi desenvolvido na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), e sua estrutura e formato foram derivados do Children's Friendship Training (CFT) (KARST et al., 2015). A intervenção visa ensinar habilidades para fazer e manter amizades, alternativas para manejar conflitos e rejeição dos pares. O programa utiliza estratégias da Terapia Cognitivo-Comportamental: intervenção em grupo, psicoeducação, questionamento socrático, role-play, técnicas cognitivas, táticas de resolução de problemas sociais, ensaio comportamental, feedback do desempenho, tarefas de casa e envolvimento dos pais.

O programa PEERS, composto por 14 encontros semanais de 90 minutos, foi aplicado por Chang et al. (2014) em 60 adolescentes com TEA de nível 1 (exigindo apoio). A faixa etária dos adolescentes situou-se entre 12 e 17 anos. Os melhores resultados foram obtidos pelos participantes que, antes do programa, tiveram suas HS melhor avaliadas por seus pais, sugerindo que possuíam um repertório prévio de HS, e que tiveram menor percepção do seu funcionamento social, indicando que estavam conscientes de seus déficits sociais.

Laugeson et al. (2014) avaliaram a eficácia de uma adaptação do PEERS para o contexto escolar. Realizou-se o ensino diário de HS, durante 30 minutos, ao longo de 14 semanas. O programa foi facilitado pelos professores de 73 adolescentes com TEA com faixa etária entre 12 e 14 anos e com a participação dos pais. De acordo com os relatos dos professores, em comparação com o grupo controle ativo, os participantes do grupo experimental aprimoraram o funcionamento social em responsividade social, comunicação social, motivação social, consciência social e maneirismos autísticos reduzidos, além de uma tendência a apresentarem progressos na cognição social. Somado a isso, observou-se uma ampliação do conhecimento das HS e da frequência das interações com pares. Os relatos dos pais sugeriram diminuição da ansiedade social dos filhos, mas devido à baixa taxa de resposta dos pais, este resultado não pode ser generalizado.

Diante da escassez de estudos de follow-up sobre programas de THS para adolescentes com TEA, Mandelberg et al. (2014a) avaliaram a manutenção em longo prazo das habilidades relacionadas a fazer e manter amizades de 53 adolescentes, com idades entre 12 e 18 anos, que participaram da intervenção PEERS de 1 a 5 anos antes. Os resultados da avaliação de follow-up indicaram que os participantes apresentaram progresso contínuo em seu repertório de HS, na responsividade social, na frequência de suas interações com pares e no conhecimento sobre as HS, ampliando os ganhos verificados na avaliação realizada 14 semanas após a intervenção. O envolvimento dos pais no tratamento parece ter contribuído para a generalização e manutenção dos resultados.

Visto que o TEA pode ter impactos negativos na dinâmica familiar, Karst et al. (2015) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar o efeito da intervenção PEERS em dificuldades de manejo na dinâmica familiar, no nível de estresse e na autoeficácia dos pais dos participantes com TEA. Participaram do estudo 64 díades de pais-filhos (32 do grupo experimental e 32 do grupo controle). Observaram-se resultados positivos em relação ao manejo familiar e ao aumento da autoeficácia dos pais do grupo experimental em comparação com o grupo controle. No entanto, não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos em relação ao estresse parental.

Diversos estudos investigaram a eficácia do programa de THS denominado “Superhero Social Skills Program” (SSSP) no aumento do engajamento social de crianças com TEA (RADLEY et al., 2014a; 2014b; 2014c; 2015). Esse programa foi desenvolvido para ambiente escolar e combina estratégias com o intuito de promover a aquisição, a manutenção e a generalização das HS alvo por crianças com TEA. A intervenção seguiu o formato: apresentação da nova habilidade por super-heróis animados; apresentação de vídeos com modelos do uso adequado da habilidade; ensaio da habilidade através de role-play; exibição de uma narrativa social; jogos sociais; reforço da participação no encontro e explicação da tarefa de casa. A intervenção completa corresponde a 18 encontros semanais, nos quais são apresentadas oito habilidades: apresentação/ participação, imitação, noções básicas do corpo, expressão de desejos e necessidades, atenção compartilhada, troca de turnos, resposta a perguntas e solicitações e conversação/ manutenção de tópicos.

Radley et al. (2014a) avaliaram a eficácia do SSSP no aumento do engajamento social de quatro crianças com TEA e idades entre 8 e 10 anos durante o intervalo escolar. A intervenção foi composta por oito encontros semanais com duração de 30 minutos. Todos os participantes apresentaram melhorias no engajamento social e seus pais observaram melhorias significativas nas HS dos filhos após a intervenção, sugerindo que a incorporação de múltiplas estratégias na intervenção pode aumentar a generalização das HS aprendidas, inclusive para o ambiente familiar.

Radley et al. (2015) aplicaram o SSSP em dois pré-adolescentes com TEA (11 e 12 anos de idade). No entanto, diferentemente do estudo de Radley et al. (2014a), foram realizados dois encontros semanais, com duração de 90 minutos cada, ao longo de cinco semanas. Os resultados indicaram que a intervenção promoveu o desenvolvimento da competência social de ambos os participantes, além da generalização das habilidades aprendidas.

Outro estudo, realizado por Radley et al. (2014b), descreveu os benefícios da intervenção para dois estudantes com TEA em idade pré-escolar (4,8 e 4,9 anos). Embora o programa seja composto por 18 encontros, apenas os oito primeiros encontros foram considerados aplicáveis para crianças nessa faixa etária. Foram realizadas duas sessões semanais com duração de 30 minutos cada. A intervenção promoveu um maior envolvimento das crianças com TEA com os pares durante o período de brincadeira livre.

Em uma adaptação do programa, os pais dos participantes com TEA foram treinados para conduzir a intervenção e reforçar os comportamentos adequados dos filhos em diferentes contextos (RADLEY et al., 2014c). Participaram do estudo cinco crianças, com idades entre 5 e 7 anos, e seus pais. Realizaram-se encontros semanais ao longo de oito semanas. O programa promoveu o aumento do engajamento social de três dos cinco participantes com seus pares durante os períodos de brincadeira livre, além de reduzir o estresse parental.

Assim como o estudo anterior, a intervenção aplicada por Radley et al. (2014d) contou com o envolvimento dos pais dos participantes. O programa foi composto por 10 sessões ao longo de cinco semanas e participaram três crianças com TEA, com idades entre 10 e 14 anos. Os resultados indicaram melhoria no uso adequado das HS em contexto de treinamento e em ambiente externo, sugerindo generalização das habilidades aprendidas, além de diminuição do estresse apresentado pelos pais, corroborando com os resultados do estudo de Radley et al. (2014c).

Dentre os estudos analisados, quatro contaram com o envolvimento de pares com desenvolvimento típico na intervenção (MANDELBERG et al., 2014b; MASON et al., 2014; RADLEY et al., 2014b; 2014c). Os estudos de Radley et al. (2014b; 2014c) foram mencionados na categoria anterior, pois aplicaram o programa SSSP. O THS denominado “Children's Friendship Training” (CFT) voltou-se para a promoção das habilidades necessárias para fazer amizades (MANDELBERG et al., 2014a). Foram realizados 12 encontros semanais com duração de 60 minutos. A intervenção contou com a assistência dos pais dos participantes com TEA e de pares com desenvolvimento típico. As sessões com as crianças apresentavam quatro etapas: retorno da tarefa de casa; apresentação didática; ensaio comportamental e coaching; brincadeiras para exercitar as habilidades aprendidas e explicação da tarefa de casa, com a participação dos pais. As sessões com os pais também incluíram quatro etapas: retorno da tarefa de casa; apresentação teórica; explicação da tarefa de casa e combinados entre pais e filhos acerca da conclusão da tarefa de casa. Participaram do follow-up 24 crianças com TEA (média de 12,6 anos) que completaram a intervenção há 1-5 anos. Em comparação com a avaliação pré-intervenção, os participantes passaram a ser convidados para brincar com os pares com mais frequência, apresentaram menos conflitos durante as brincadeiras e problemas de comportamento, aprimoraram seus repertórios de HS e relataram sentir menos solidão.

O THS desenvolvido por Mason et al. (2014) propõe uma intervenção em grupo mediada por pares com o objetivo de aprimorar as HS de crianças com TEA durante o intervalo escolar. Participaram do estudo três crianças com TEA com idades entre 6 e 8 anos. A intervenção é composta pelas seguintes etapas: apresentação da habilidade, explicação do uso desta habilidade durante o intervalo escolar e escolha de uma atividade pelo grupo de alunos. Os pares foram treinados para interagir com os participantes com TEA, estimulando-os a responder e a iniciar conversação. Os resultados revelaram melhorias nos atos de comunicação dos participantes, contribuindo como evidência acerca da efetividade do ensino de habilidades de comunicação com a mediação de pares treinados. Além disso, observou-se que a presença de um pequeno grupo de crianças pode estimular e reforçar o uso de HS por crianças com TEA em contextos naturais.

O único estudo cuja intervenção ocorreu por meio de instruções em vídeo, em ambiente escolar, foi desenvolvido por Plavnick, Kaid e MacFarland (2015). Participaram do estudo quatro adolescentes com TEA e DI, com idades entre 14 e 17 anos. Realizaram-se quatro ou cinco encontros por semana de 40 minutos. Cada sessão incluiu três componentes: revisão das regras, instrução direta por meio de videomodelagem e atividade para promoção de interações sociais entre os participantes. A intervenção promoveu a ampliação dos comportamentos pró-sociais de três dos quatro participantes, com resultados mistos para o quarto. O aprendizado foi mantido em longo prazo por dois participantes, embora os resultados da generalização tenham sido mistos. Destarte, os resultados demonstram que esse modelo de intervenção pode ser eficaz para adolescentes com TEA e DI moderada.

Além da pesquisa de Laugeson et al. (2014), foram analisados outros três estudos comparativos. Soorya et al. (2015) analisaram a eficácia do “Seaver-NETT” (Nonverbal communication, Emotion recognition, and Theory of mind Training). Participaram do estudo 69 crianças com TEA, 35 no grupo intervenção e 34 no grupo controle ativo, com idades entre 8 e 11 anos e Quociente de Inteligência (QI) superior a 70. Realizaram-se 12 sessões semanais com duração de 90 minutos com ambos os grupos de crianças, além de sessões simultâneas com os pais com duração de 30 minutos. O programa seguiu a seguinte estrutura: brincadeira livre/lanche, instrução didática e encerramento. Cada grupo foi composto por quatro a seis crianças com TEA e dois a três terapeutas. A intervenção promoveu efeitos positivos no comportamento social (comunicação não verbal, resposta empática e relações sociais) das crianças do grupo experimental, em comparação com o grupo controle ativo, de acordo com os resultados do pós-teste. No entanto, não foram observados avanços significativos na cognição social dos participantes nem diferenças significativas entre os grupos no follow-up, realizado três meses após a intervenção com, aproximadamente, metade da amostra. Afinal, o QI mais elevado associou-se significativamente a progressos nos prejuízos do comportamento social apresentados pelos participantes.

Além de comparar a eficácia de um programa de THS em grupo com atendimento clínico individual, a pesquisa de Dekker et al. (2014) averiguou se o envolvimento de pais e professores amplia a eficácia do programa e a generalização das HS aprendidas. Participaram do estudo 120 pré-adolescentes com TEA (idades entre 10 e 12 anos). Os participantes foram distribuídos aleatoriamente entre os três tipos de intervenção: THS, THS com envolvimento de pais e professores e atendimento clínico individual. O THS foi composto por 18 sessões em grupo de 90 minutos com as crianças. O objetivo do programa foi ensinar as crianças a interagirem entre si por meio de instruções, feedback, observação e role-play. No segundo tipo de intervenção, houve o acréscimo de oito sessões com os pais, além do envolvimento dos professores. As crianças em atendimento clínico individual não receberam THS. As HS dos participantes foram avaliadas antes, imediatamente após e seis meses após a intervenção. Os resultados não são apresentados no artigo.

Por fim, em 2015, Beaumont, Rotolone e Sofronoff avaliaram a eficácia de duas variantes do “The Secret Agent Society (SAS) social skills program” para crianças com TEA com nível de apoio leve. O programa é composto por um jogo de computador e outras atividades que auxiliam no ensino do reconhecimento das emoções, expressão de sentimentos, conversação e brincadeira com pares, resolução de problemas sociais e prevenção/ gerenciamento de bullying. A intervenção foi adaptada para o contexto escolar e 69 estudantes com idades entre 7 e 12 anos participaram da versão estruturada ou não estruturada do programa, ambas com duração de 10 semanas. Participaram como facilitadores do programa 18 funcionários de 17 escolas. Os resultados indicam que ambas as versões da intervenção promoveram o aprimoramento das habilidades de regulação emocional e das HS, assim como do comportamento, tanto na escola quanto em casa. Esses progressos foram mantidos durante seis semanas, conforme verificado pelo follow-up. No entanto, a intervenção estruturada proporcionou resultados superiores. O Quadro 1 apresenta um panorama referente à análise dos procedimentos adotados (caracterização de participantes e delineamento de pesquisa), dos resultados e das limitações dos artigos selecionados.


Quadro 1 – Panorama dos estudos acerca de programas de intervenção em Habilidades Sociais junto a crianças e adolescentes com autismo

TÍTULO

AUTORIA E ANO

OBJETIVO

PERFIL DOS PARTICIPANTES E FAIXA ETÁRIA

DELINEA-MENTO

PROCEDI-MENTO

RESULTADOS

LIMITAÇÕES

1.Predicting treatment success in social skills training for adolescents with autism spectrum disorders: The UCLA Program for the Education and Enrichment of Relational Skills

CHANG et al., 2014

Investigar quais características dos participantes são preditoras do aprimoramento de suas HS após a intervenção

60 (12 a 17 anos)

 

TEA - nível 1

Linha de base e pós-teste

14 sessões semanais de 90 minutos

Melhores resultados foram obtidos pelos participantes que, antes do programa, tiveram suas HS melhor avaliadas por seus pais e tinham menor percepção do seu funcionamento social

Amostra pequena, necessidade de ampliação dos avaliadores e dos instrumentos de avaliação

2.A randomized controlled study of a social skills training for preadolescent children with autism spectrum disorders: generalization of skills by training parents and teachers?

DEKKER et al., 2014

Investigar se o envolvimento de pais e professores amplia a eficácia da intervenção e a generalização das HS aprendidas

120 (10 a 12 anos)

 

TEA - nível 1; QI acima de 80

Pré e pós-teste, follow-up, avaliação processual, grupo controle e comparação entre intervenções

18 sessões de 90 minutos com as crianças e 8 sessões com os pais

Não apresenta

Não utilizou avaliadores cegos em todas as etapas da intervenção

3.The ABC’s of Teaching Social Skills to Adolescents with Autism Spectrum Disorder in the Classroom: The UCLA PEERS ® Program

LAUGESON et al., 2014

Avaliar a eficácia de uma adaptação da intervenção PEERS para o contexto escolar

73 (12 a 14 anos), seus pais e professores

 

TEA - nível 1 e sem DI

Linha de base, pré e pós-teste, grupo controle e comparação entre duas intervenções

Ensino diário de HS durante 30 minutos ao longo de 14 semanas

Participantes do grupo experimental aprimoraram o funcionamento social em diversas áreas

 

Possível viés dos avaliadores, baixa taxa de resposta dos pais, ausência de avaliação processual e follow-up

4.Long-term outcomes of parent-assisted social skills intervention for high-functioning children with autism spectrum disorders

MANDELBERG et al., 2014a

Avaliar os resultados da intervenção em longo prazo

24 (6 a 11 anos)

 

TEA - nível 1; QI acima de 60

Linha de base, pós-teste e follow-up, avaliação processual

12 encontros semanais de 1 hora

Aumento na frequência e na qualidade das interações sociais e ampliação dos repertórios de HS

Ausência de grupo controle, necessidade de ampliação dos avaliadores e dos instrumentos de avaliação

5.Long-Term Treatment Outcomes for Parent-Assisted Social Skills Training for Adolescents With Autism Spectrum Disorders: The UCLA PEERS Program

MANDELBERG et al., 2014b

Examinar a manutenção dos progressos obtidos com o tratamento anos após o término da intervenção

53 (12 a 18 anos) e seus pais

 

TEA - nível 1; QI superior a 70

Linha de base, pós-teste e follow-up

12-14 sessões semanais de 90 minutos

Progresso contínuo no repertório de HS

Possível viés dos avaliadores, ausência de grupo controle e de avaliação processual

6. Peer mediation to increase communication and interaction at recess for students with autism spectrum disorders

MASON et al., 2014

Avaliar o impacto de uma intervenção em grupo mediada por pares durante o intervalo escolar no repertório de HS dos participantes

3 (6 a 8 anos)

 

TEA

Linha de base múltipla e, avaliação processual

2-3 vezes por semana durante o intervalo

Melhorias nos atos comunicativos dos participantes

Amostra pequena e necessidade de ampliação da avaliação

7.The Effects of a Social Skills Training Package on Social Engagement of Children With Autism Spectrum Disorders in a Generalized Recess Setting

RADLEY et al., 2014a

Avaliar a eficácia do SSSP no aumento do engajamento social dos participantes durante o intervalo escolar

4 (8 a 10 anos)

 

TEA

Pré e pós-teste e avaliação processual

8 encontros semanais de 30 minutos

Todos apresentaram melhorias no engajamento social

Ausência de avaliação de follow-up, amostra pequena e ausência de avaliadores cegos

8.Using a Multimedia Social Skills Intervention to Increase Social Engagement of Young Children With Autism Spectrum Disorder

RADLEY et al., 2014b

Descrever os procedimentos do SSSP por meio de um exemplo de caso

2 (4,8 e 4,9 anos)

 

TEA - nível 1

Linha de base e avaliação processual

8 encontros (2 sessões semanais de 30 minutos)

Maior envolvimento das crianças com TEA com os pares durante período de brincadeira livre

Não apresenta

9.The feasibility and effects of a parent-facilitated social skills training program engagement of children with autism spectrum disorders

RADLEY et al., 2014c

Avaliar a eficácia de uma adaptação do programa, na qual os pais dos participantes com TEA foram treinados para conduzir a intervenção e reforçar os comportamentos adequados dos filhos em diferentes contextos

5 (5 a 7 anos)

 

TEA; QI 70 ou acima

Pré e pós-teste, follow-up e avaliação processual

8 encontros semanais com as crianças e encontros de treinamento com pais no início da intervenção

Aumento do engajamento social de três dos cinco participantes com seus pares durante os períodos de brincadeira livre e redução do estresse parental

Muitos dos pares em desenvolvimento típico eram irmãos das crianças com TEA e necessidade de ampliar a avaliação do repertório de HS

10.Promoting social skill use and generalization in children with autism spectrum disorder

RADLEY et al., 2014d

Avaliar a eficácia do SSSP na promoção e na generalização das Habilidades Sociais-alvo

3 (10 a 14 anos)

 

TEA - nível 1, Transtorno de Ansiedade, TOC e DI leve

Linha de base, pré e pós-teste e avaliação processual

10 sessões semanais com duração de uma hora e meia a duas horas

Melhoria das HS, com generalização para outros contextos e redução do estresse parental

Utilização de múltiplas estratégias dificulta a análise da eficácia e as informações sobre manutenção das habilidades adquiridas em longo prazo são limitadas

11.The Secret Agent Social Skills Program for children with High-functioning Autism Spectrum Disorders: a comparison of two school variants

BEAUMONT; ROTOLONE; SOFRONOFF, 2015

Avaliar a eficácia de duas variantes do “The Secret Agent Society (SAS) social skills program” para crianças com TEA de alto funcionamento em contexto escolar

69 (7 a 12 anos)

 

TEA - nível 1; QI igual ou superior a 79

Pré e pós-teste, follow-up, avaliação processual e comparação entre duas versões da intervenção

10 sessões semanais de 90 minutos ou 20 sessões semanais de 45 minutos

Ambas as versões promoveram o aprimoramento das habilidades de regulação emocional, das HS e do comportamento, em casa e na escola

Possível viés dos avaliadores, ausência de follow-up, ausência de grupo controle e de avaliadores cegos

12.Parent and Family Outcomes of PEERS: A Social Skills Intervention for Adolescents with Autism Spectrum Disorder

KARST et al., 2015

Avaliar o efeito da intervenção PEERS no caos familiar, no nível de estresse e na autoeficácia dos pais dos participantes com TEA por meio de um estudo controlado e randomizado

64 díades de pais (32 a 56 anos) e filhos (11 a 16 anos)

 

TEA - nível 1; QI maior ou igual a 70

Pré e pós-teste e grupo controle (lista de espera)

14 sessões semanais de 90 minutos ao longo de 16 semanas

Resultados positivos em relação ao manejo familiar e aumento da autoeficácia dos pais do grupo experimental. Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos em relação ao estresse parental

Amostra pequena, população homogênea, possível viés nos relatos dos pais; ausência de avaliação processual e de follow-up

13.Effects of a School-Based Social Skills Training Program for Adolescents with Autism Spectrum Disorder and Intellectual Disability

PLAVNICK; KAID; MACFARLAND, 2015

Adaptar o protocolo de intervenção para adolescentes com TEA, ampliando-o para o ambiente escolar e alunos com TEA e DI

4 (14 a 17 anos)

 

TEA e DI

Pré e pós-teste, follow-up, avaliação processual

4 ou 5 encontros semanais de 40 minutos

Ampliação dos comportamentos pró-sociais de três dos quatro participantes, com resultados mistos para o quarto. O aprendizado foi mantido em longo prazo por dois participantes

Necessidade de ampliar a avaliação da generalização das HS adquiridas

14.Brief Report: Use of Superheroes Social Skills to Promote Accurate Social Skill Use in Children with Autism Spectrum Disorder

RADLEY et al., 2015

Avaliar o SSSP na promoção e generalização de HS de crianças com TEA

2 (11 e 12 anos)

 

TEA

Linha de base, pré e pós-teste e avaliação processual

10 encontros (2 semanais de 90 minutos)

Melhorias no uso adequado das habilidades aprendidas dentro e fora da sessão de intervenção

Possível viés na avaliação dos pais, amostra pequena, utilização de múltiplas estratégias dificulta a análise da eficácia e ausência de grupo controle e follow-up

15.Randomized Comparative Trial of a Social Cognitive Skills Group for Children With Autism Spectrum Disorder

SOORYA et al., 2015

Avaliar a eficácia de um THS em crianças em idade escolar com TEA

69 (8 a 11 anos)

 

TEA

Linha de base, pós-teste, follow-up, avaliação processual e grupo controle

12 sessões semanais de 90 minutos com as crianças e sessões de 30 minutos com os pais

Efeitos positivos no comportamento social. Não foram encontrados efeitos significativos na cognição social nem diferença significativa entre os grupos no follow-up

Possível viés na avaliação dos pais e necessidade de avaliadores cegos

Fonte: Dados da pesquisa (2020).


A análise da caracterização dos participantes indicou que a faixa etária situou-se entre 4 e 18 anos de idade e que parte das intervenções destinou-se a crianças e adolescentes com TEA com nível de apoio leve (n = 7) e alguns estudos utilizaram o QI como critério de inclusão dos participantes (n = 7). Somado a isso, verificou-se que a quantidade de participantes variou entre 2 e 120 sujeitos e que parte dos estudos (n = 7) teve cinco ou menos participantes. Em relação à intervenção, na maioria delas (n = 14), foram realizadas sessões semanais cujas durações variaram entre 30 e 120 minutos, e um dos estudos não especificou o tempo de duração dos encontros. Na maior parte dos estudos, a intervenção durou entre 8 e 20 semanas (n = 11). Os outros programas tiveram mais de um encontro por semana e não especificaram a duração da intervenção (n = 4).

Constatou-se que a totalidade das pesquisas utilizou delineamento experimental, no qual o pesquisador planeja condições controle e experimentais com a finalidade de permitir comparações significativas entre as variáveis (SAMPAIO et al, 2009). No entanto, os autores debatem a complexidade na escolha do tipo de delineamento utilizado em uma pesquisa específica. Dentre esses, 43,8% acompanharam o grupo de intervenção após sua execução por meio do follow-up. Os estudos, de acordo com o escopo da pesquisa, desenvolveram avaliação e intervenção. Em relação à avaliação multimodal, verificou-se que 18,8% dos estudos envolveram a avaliação de três informantes, incluindo a autoavaliação, seguidos de 50% com dois informantes e 12,5% com somente um informante na avaliação das HS de crianças e adolescentes com TEA. Em relação ao programa de intervenção, 68,8% dos estudos envolveu a participação dos pais/cuidadores, seguidos de 25% com os pares e 12,5% de professores no processo interventivo. E, por fim, 37,5% das intervenções foram realizadas no contexto escolar e 31,3% em clínicas.

Discussão

Este estudo descreveu, por meio de uma RIL, os programas de intervenção em Habilidades Sociais junto a crianças e adolescentes com autismo em contexto nacional e internacional. Constatou-se que os 15 artigos são de âmbito internacional e desenvolvidos por um grupo específico de pesquisadores que utilizam o delineamento experimental como metodologia de pesquisa.

A faixa etária dos participantes dos estudos analisados situou-se entre 4 e 18 anos de idade. Considerando que a infância é uma fase decisiva para o aprendizado e o desenvolvimento de HS (DEL PRETTE, Z.; DEL PRETTE, 2005, DEL PRETTE, Z.; DIAS; DEL PRETTE, 2019), cabe destacar a necessidade de que os indivíduos com TEA tenham acesso às intervenções em seus primeiros anos de vida, o que requer adaptações nos programas de THS. No entanto, apenas um dos estudos incluídos nesta revisão (RADLEY et al., 2014b) adaptou o programa de THS para implementação junto a pré-escolares.

A maioria das intervenções destinou-se a crianças e adolescentes com TEA com nível de apoio leve, e em sete estudos o QI foi utilizado como um dos critérios de participação. Esse resultado corrobora com o estudo de Santos-Carvalho et al. (2018), que destacou a escassez de THS voltados para indivíduos com TEA que exigem apoio muito substancial. Sendo assim, faz-se necessário ampliar e adaptar as estratégias utilizadas nas intervenções para que indivíduos que necessitam de mais suporte tenham acesso a programas com eficácia comprovada cientificamente. Dentre as adaptações necessárias para que os programas de THS possam beneficiar o maior número de crianças e adolescentes com TEA, destaca-se a utilização de recursos da CA, visto que muitos indivíduos com TEA têm déficits de linguagem, podendo apresentar ou não fala articulada (APA, 2013), e que a dificuldade em emitir a fala é um obstáculo para o desenvolvimento de habilidades de comunicação e de relacionamento interpessoal (QUITERIO; NUNES, 2017). A incorporação dos recursos da CA possibilita que indivíduos com TEA sem fala articulada participem dos programas de intervenção, assim como promove a aquisição de ferramentas pelos participantes para que possam se comunicar em outros contextos (QUITERIO; NUNES, 2018; TOGASHI; WALTER, 2016).

Embora a escola tenha um papel fundamental no desenvolvimento das HS, observou-se que somente dois estudos incluíram a participação de professores (DEKKER et al., 2014; LAUGESON et al., 2014). Nesse sentido, destaca-se a importância de incluir intervenções no contexto escolar que envolvam os pares e os professores da escola (DEL PRETTE, Z.; DIAS; DEL PRETTE, 2019).

A maioria dos estudos analisados envolveu os pais dos participantes com TEA na avaliação das HS (CHANG et al., 2014; DEKKER et al., 2014; KARST et al., 2015; LAUGESON et al., 2014; MANDELBERG et al., 2014a; 2014b; RADLEY et al., 2014b; 2014c; RADLEY 2014d; SOORYA et al., 2015). Apesar disso, apenas quatro destes programas realizaram sessões junto aos cuidadores (DEKKER et al., 2014; KARST et al., 2015; MANDELBERG et al., 2014a; SOORYA et al., 2015). Essa estratégia, de acordo com os estudos de revisão de literatura de Gunning et al. (2019) e Wolstencroft et al. (2018) e os resultados do estudo de Mandelberg et al. (2014b), podem contribuir para a manutenção e a generalização dos progressos obtidos pelos participantes.

Cabe destacar que, de acordo com os resultados dos estudos de Beaumont, Rotolone e Sofronoff (2015) e Radley et al. (2014a), as habilidades aprendidas pelos participantes com TEA foram generalizadas para o contexto familiar, apesar dos pais não terem participado da intervenção. Somado a isso, a diminuição do estresse parental foi observada em dois estudos nos quais houve o envolvimento dos cuidadores (RADLEY et al., 2014c; 2014d). É provável que a redução do estresse dos pais esteja relacionada ao desenvolvimento de HS e, consequentemente, à redução de comportamentos desadaptativos dos filhos (DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, 2017; DEL PRETTE, Z. DEL PRETTE, 2005; QUITERIO; NUNES, 2018). No entanto, no estudo de Karst et al. (2015), não foram encontradas diferenças significativas entre o grupo controle e o experimental em relação ao estresse parental, apesar do aumento da autoeficácia dos pais do grupo experimental. Esse resultado sugere a necessidade de que mais trabalhos investiguem a relação entre as HS de crianças com TEA e o estresse de seus cuidadores.

Quanto à avaliação da intervenção, observou-se que sete estudos realizaram follow-up (BEAUMONT; ROTOLONE; SOFRONOFF, 2015; DEKKER et al., 2014; MANDELBERG et al., 2014a; 2014b; PLAVNICK; KAID; MACFARLAND, 2015; RADLEY et al., 2014c; SOORYA et al., 2015). Uma destas pesquisas (MANDELBERG et al., 2014a) promoveu avaliação de follow-up em longo prazo (1-5 anos após a intervenção). Os resultados deste estudo indicaram que os progressos foram mantidos e ampliados, sugerindo que a intervenção foi bem-sucedida em longo prazo. Somado a isso, os resultados do estudo de Beaumont, Rotolone e Sofronoff (2015) concluíram que os avanços obtidos pelos participantes foram mantidos seis meses após a intervenção. Por outro lado, a avaliação realizada no estudo de Soorya et al. (2015), três meses após a implementação do programa, não encontrou diferenças significativas entre os grupos avaliados. Conforme destacam Del Prette e Del Prette (2017) e Murta et al. (2015), faz-se necessário que mais trabalhos avaliem a manutenção dos resultados dos THS em longo prazo.

De modo geral, as intervenções analisadas promoveram uma ampliação no repertório de HS dos participantes. No entanto, os autores mencionaram as seguintes limitações: amostra reduzida (CHANG et al., 2014; MASON et al., 2014; RADLEY et al., 2014a; 2015; KARST et al., 2015); ausência de avaliadores cegos (DEKKER et al., 2014; RADLEY et al., 2014a; BEAUMONT; ROTOLONE; SOFRONOFF, 2015; SOORYA et al., 2015); ausência de grupo controle (MANDELBERG et al., 2014a; 2014b; BEAUMONT; ROTOLONE; SOFRONOFF, 2015; RADLEY et al., 2015); ausência de avaliação processual (LAUGESON, et al., 2014; MANDELBERG et al., 2014b; KARST et al., 2015); ausência de avaliação de follow-up (LAUGESON, et al., 2014; RADLEY et al., 2014a; 2015; KARST et al., 2015; possível viés dos avaliadores (LAUGESON, et al., 2014; MANDELBERG et al., 2014b; BEAUMONT; ROTOLONE; SOFRONOFF, 2015; KARST et al., 2015; RADLEY et al., 2015; SOORYA et al., 2015); necessidade de ampliação de avaliadores e instrumentos de avaliação (CHANG et al., 2014; MANDELBERG et al., 2014a; MASON et al., 2014; RADLEY et al., 2014c; PLAVNICK, KAID; MACFARLAND, 2015) e resultados limitados à amostra (TEA com nível de apoio leve) (MANDELBERG et al., 2014a; KARST et al., 2015). Somado a isso, em dois estudos (RADLEY et al., 2014d; 2015), a utilização de múltiplas estratégias dificultou a identificação daquelas que realmente estão relacionadas à ampliação do repertório de HS dos participantes.

Promover as HS de crianças e adolescentes com TEA contribui para que esta clientela desenvolva relacionamentos interpessoais satisfatórios em diversos contextos, como o escolar e o familiar, favorecendo a inclusão social e o bem-estar destes indivíduos e de seus familiares. Desta forma, a presente RIL enfatiza a necessidade de desenvolver estudos nesta área, especialmente em contexto nacional, pois todas as intervenções analisadas são internacionais. Apesar de diversas propostas de THS desenvolvidas internacionalmente, cabe destacar que estes programas não atendem as características específicas da população brasileira, visto as diferenças culturais e sociais que precisam ser consideradas no planejamento e intervenção de programas de THS (DAVENPORT et al., 2018; MURTA et al., 2015). Somado a isso, os instrumentos utilizados para avaliar as HS dos participantes não são validados para a população brasileira, o que dificultaria a reprodução das intervenções analisadas em contexto nacional. Ademais, existem instrumentos validados no Brasil para a avaliação das HS de crianças e adolescentes, destacando-se: Inventário Multimídia de Habilidades Sociais de Crianças (IMHSC-Del-Prette), Inventário de Habilidades Sociais para Adolescentes (IHSA-Del-Prette) e Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais (SSRS-BR) (BENDER; CALVETTI, 2015; FILHO et al., 2021).

Considerações finais

Identificou-se que, embora o processo de reabilitação de crianças com TEA envolva programas de THS, foram encontrados apenas estudos internacionais com este objetivo. Sendo assim, é possível perceber a necessidade de que pesquisas voltadas para este público sejam realizadas em âmbito nacional, permitindo a adaptação dos programas às características culturais da população brasileira.

Uma das contribuições desta revisão refere-se a analisar programas de intervenção internacionais, com resultados satisfatórios, contribuindo com estratégias no planejamento de programas de intervenção em HS, em âmbito nacional, com crianças e adolescentes com TEA. A ausência de estudos nacionais revela uma limitação deste campo de investigação. Somado a isso, os instrumentos utilizados para avaliar as intervenções descritas nesta RIL não foram mencionados, posto que não são validados para a população brasileira. Apesar disso, cabe destacar que a avaliação dos programas de THS é uma etapa fundamental dos mesmos. Por fim, sugere-se o desenvolvimento de intervenções voltadas para indivíduos com TEA que exigem apoio substancial, assim como a inserção de recursos da CA nos programas de THS realizados junto a este público.

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