http://dx.doi.org/10.5902/1984686X44290
Pesquisa colaborativa em Educação Especial: uma revisão sistemática de teses e dissertações
Collaborative research in Special Education: a review literature of theses and dissertations
Investigación colaborativa en Educación Especial: una revisión sistemática de tesis y disertaciones
Raíssa Matos Ferreira
Doutoranda na Universidade Federal de Alagoas, Maceió, Alagoas, Brasil
raissamatos16@gmail.com
ORCID – https://orcid.org/0000-0003-3421-2899
Larissa Ferreira Ferro
Doutoranda na Universidade Federal de Alagoas, Maceió, Alagoas, Brasil
larissaferropsic@gmail.com
ORCID – https://orcid.org/0000-0001-9419-3840
Nágib José Mendes dos Santos
Doutorando na Universidade Federal de Alagoas, Maceió, Alagoas, Brasil
nagib.santos@fale.ufal.br
ORCID – https://orcid.org/0000-0001-9615-6752
Raquel de Lima Santos
Doutoranda na Universidade Federal de Alagoas, Maceió, Alagoas, Brasil
raqueldelima.psi@gmail.com
ORCID – https://orcid.org/0000-0002-0510-9334
Neiza de Lourdes Frederico Fumes
Professora doutora na Universidade Federal de Alagoas, Maceió, Alagoas, Brasil
neizaf@yahoo.com
ORCID – https://orcid.org/0000-0002-1913-4784
Recebido em 14 de maio 2020
Aprovado em 23 de junho de 2020
Publicado em 21 de agosto de 2020
RESUMO
Este estudo apresenta uma revisão sistemática de literatura sobre pesquisa colaborativa em Educação Especial. O estudo pretende responder o seguinte problema: o que tem sido produzido, no Brasil, sobre pesquisa colaborativa na Educação Especial? Teve como objetivo geral mapear teses e dissertações, produzidas no Brasil, acerca da pesquisa colaborativa na Educação Especial, e em específico: descrever o tipo de produção, vinculação institucional e geográfica, série histórica, identificar e analisar os aspectos temáticos, teóricos e metodológicos dos estudos. Para tanto, a produção e análise de dados foi dividida em três etapas. Foram analisadas 26 produções, a saber: 13 teses e 13 dissertações, publicadas entre 2009 e 2018. Ressalta-se que todos os estudos estão vinculados, institucionalmente, ao Programa Educação Especial (Educação do Indivíduo Especial), da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, localizada na região Sudeste. Os resultados evidenciam que os estudos abordam temáticas como: inclusão escolar, práticas pedagógicas e formação de professores. A maioria das pesquisas não explicita a perspectiva teórica. Em relação à produção de dados, destacam-se as entrevistas semiestruturadas, observação, uso de diário de campo, questionários, entre outros. Quanto à análise dos dados, a análise de conteúdo é utilizada na maioria dos estudos. Conclui-se que o mapeamento dos estudos e apresentação do panorama brasileiro de pesquisa sobre a temática discutida possibilita o avanço de futuras produções acadêmicas.
Palavras-chave: Pesquisa colaborativa; Educação Especial; revisão sistemática de literatura.
ABSTRACT
This study presents a systematic literature review on collaborative research in Special Education. The study aims to answer the following research problem: what has been produced, in Brazil, about collaborative research in Special Education? The general objective of the study was to map theses and dissertations produced in Brazil on collaborative research in Special Education and, specifically: to describe the type of production, institutional and geographical link, historical series, identify and analyze thematic, theoretical and methodological aspects studies. Therefore, data production and analysis were divided into three stages. Twenty-six were analyzed, namely: 13 theses and 13 dissertations, published between 2009 and 2018. It is noteworthy that, all studies are institutionally linked to Special Education Program (Education of Special Individual), from the Federal University of São Carlos - UFScar, located in the southeastern region. The results show that the studies address themes such as: school inclusion, pedagogical practices and teacher education. Most research does not explain the theoretical perspective. Regarding data production, semi-structured, interviews, observation, use of field diaries, questionnaires, among others. As for data analysis, content analysis is used in most studies. It is concluded that the mapping of the studies and presentation of the Brazilian panorama of research on the theme discussed, allows the advancement of future academic productions.
Keywords: Collaborative research; Special Education; systematic literature review.
RESUMEN
Este estudio presenta una revisión sistemática de la literatura sobre investigación colaborativa en Educación Especial. El estudio tiene como objetivo responder el siguiente problema: ¿qué se ha producido en Brasil sobre la investigación colaborativa en Educación Especial? El objetivo general del estudio fue mapear tesis y disertaciones producidas en Brasil sobre investigación colaborativa en Educación Especial, y específicamente: describir el tipo de producción, vinculación institucional y geográfica, series históricas, identificar y analizar aspectos temáticos, teóricos y metodológicos del estudios. Por lo tanto, la producción y el análisis de datos se dividieron en tres etapas. Se analizaron 26 producciones, a saber: 13 tesis y 13 disertaciones, publicadas entre 2009 y 2018. Es de destacar que todos los estudios están institucionalmente vinculados al Programa de Educación Especial (Educación del Individuo Especial), de la Universidad Federal de São Carlos - UFScar, ubicado en la región sureste. Los resultados muestran que los estudios abordan temas como: inclusión escolar, prácticas pedagógicas y formación docente. La mayoría de las investigaciones no explican la perspectiva teórica. En relación a la producción de datos, se destacan entrevistas semiestructuradas, observación, uso del diario de campo, cuestionarios, entre otros. En cuanto al análisis de datos, se utiliza un análisis de contenido en la mayoría de los estudios. Resulta que, el mapeo de estudios y la presentación del panorama brasileño de investigación sobre el tema discutido, permite el avance de futuras producciones académicas.
Palabras clave: Investigación colaborativa; Educación especial; Revisión sistemática de la literatura.
Introdução
A pesquisa colaborativa tem sua gênese na busca do rompimento com a tradição da cultura da pesquisa experimental-comportamentalista que, na área da educação, tinha como principal objetivo estudar o comportamento dos docentes, durante a sua atuação em sala de aula, para destacar o perfil do professor considerado eficiente quanto à execução da sua prática (PEREZ-GOMEZ, 2001).
Enquanto que, na pesquisa experimental-comportamentalista, o pesquisador é aquele que assume o protagonismo do trabalho e os participantes são aqueles que são colocados em uma situação de alvo da pesquisa, na investigação de natureza colaborativa, por meio da colaboração entre pesquisadores e participantes, os sujeitos envolvidos no processo são atores e parceiros (IBIAPINA, 2016).
Deste modo, a pesquisa colaborativa surge, então, como proposta de mudar a realidade social, uma vez que foge da mera descrição dos fenômenos observados, permitindo que seus participantes também sejam coautores da produção de conhecimento. Isto é:
[...] no desenvolvimento da pesquisa, os pesquisadores e os professores estabelecem uma rede de negociações que objetiva a mudança das práticas docentes. Esse processo investigativo favorece, sobremaneira, tanto a produção de conhecimentos quanto a formação e o desenvolvimento profissional (IBIAPINA, 2016, p. 35).
Devido ao caráter explicitado no excerto acima, a pesquisa colaborativa tem se mostrado bastante eficiente no âmbito das pesquisas da educação especial. Isso porque, de acordo com Braun (2012), ela apresenta algumas características, tais como: ir para além dos aspectos teóricos explorando os aspectos práticos pertinentes ao processo ensino-aprendizagem; ser emancipatória, por possibilitar o envolvimento dos participantes na pesquisa, podendo relacioná-la com a sua prática docente diária; ser interpretativa, isso por ter como relevante às opiniões dos participantes e não somente a do pesquisador; ser crítica, já que todos os participantes assumem um papel reflexivo e analítico quando confrontados com as ações que devem ser tomadas.
Além do dito acima, a pesquisa colaborativa pode ser pertinente na área da educação especial por ser um processo de investigação que tem como escopo apreender, analisar e criticar os “contextos de ação com vistas à transformação e para qual é essencial a valorização do saber e do saber fazer do professor, tomado como coautor das atividades” (SARMENTO, 2018, p. 56).
Isso posto, diante das possibilidades apontadas pelos autores supracitados de a consultoria colaborativa ser uma estratégia viável para as pesquisas em torno da educação especial, este artigo debruça-se sobre o seguinte problema: o que tem sido produzido, no Brasil, sobre pesquisa colaborativa na Educação Especial?
A fim de buscar respostas a essa questão, o objetivo geral do presente trabalho de pesquisa consiste em mapear teses e dissertações, produzidas no Brasil, acerca da pesquisa colaborativa na Educação Especial, e em específico: descrever o tipo de produção, vinculação institucional e geográfica, série histórica, identificar e analisar os aspectos temáticos, teóricos e metodológicos dos estudos. Para tanto, utiliza-se a revisão sistemática de literatura como método de investigação científica.
Método
A modernidade trouxe para o cenário da pesquisa a possibilidade de acesso à publicação de vários pesquisadores a nível mundial. A partir desses materiais já existentes, publicados em diretórios de pesquisa, é possível realizar uma revisão sistemática de literatura - RSL. Esse tipo de pesquisa consiste em uma “investigação focada em questão bem definida, que visa identificar, selecionar, avaliar e sintetizar as evidências relevantes disponíveis” (GALVÃO; PEREIRA, 2014, p. 183).
Para isso, a RSL faz uso de recursos tecnológicos no que compete à organização e à reorganização dos dados coletados a partir das várias plataformas digitais disponíveis no ambiente virtual que o pesquisador utilizou na coleta e análise dos dados (RAMOS; FARIA; FARIA, 2014).
Com critérios previamente selecionados, a coleta de dados acerca de trabalhos anteriormente publicados em diretórios de pesquisas e plataformas digitais, as quais agregam um grande número de produções científicas, constitui-se um método aberto e abrangente através de critérios, sejam palavras chaves, período de publicação, combinações de termos booleanos, ou não. Nesse tipo de pesquisa, é comum, no primeiro momento de coleta de dados, que o pesquisador encontre um número significativo de produções, no entanto, a partir de uma análise crítica dos dados coletados, o processo tende a obedecer a uma disposição do macro para o micro. Dentro desses parâmetros, o pesquisador consegue delinear uma busca condizente com os objetivos da pesquisa proposta (RAMOS; FARIA; FARIA, 2014).
Cumpre salientar que, nesse processo de RSL, é necessário que as etapas de pesquisa e os critérios adotados sejam progressivamente registrados, a fim de que outros pesquisadores, quando repetirem o procedimento da pesquisa, possam confrontar/comprovar os dados anteriormente encontrados, analisando conforme o passo a passo realizado pelo primeiro pesquisador. Frisa-se que todas as etapas dessa proposta de pesquisa possuem objetivos e finalidades anteriormente definidas (RAMOS; FARIA; FARIA, 2014).
Embora a RSL seja amparada tanto na abordagem qualitativa, quantitativa ou integrativa, (GOMES; CAMINHA, 2014), verificou-se que a primeira está mais presente nas teses e dissertações investigadas, haja vista que a maioria dos trabalhos consideraram tanto o texto como o contexto que determinado fenômeno é construído. Deste modo, a fim de exemplificar o processo de RSL adotado na produção desta pesquisa, segue o fluxograma abaixo.
Figura 1 – Etapas referentes ao levantamento e análise de teses e dissertações
Fonte: autores (2019).
Resultados e discussão
Nesta seção, apresenta-se a análise descritiva dos resultados referentes aos dados quantitativos do mapeamento das teses e dissertações.
Tabela 1 – Quantitativo total de produções publicadas entre 2009 e 2018
TESES E DISSERTAÇÕES |
TOTAL |
2009 |
45 |
2010 |
- |
2011 |
- |
2012 |
- |
2013 |
52 |
2014 |
29 |
2015 |
37 |
2016 |
38 |
2017 |
41 |
2018 |
44 |
286 |
Fonte: autores (2019).
Em relação aos resultados da etapa inicial deste estudo, o primeiro levantamento sem o uso dos filtros apontou o quantitativo total de 672865 teses e dissertações. Após o uso dos seguintes filtros: teses e dissertações, recorte temporal (2009-2018), grande área de conhecimento (Ciências Humanas) e área de Conhecimento (Educação Especial), referentes à etapa de refinamento, obteve-se o quantitativo total de 286 estudos, sendo 112 teses e 174 dissertações. Quanto à série histórica, percebe-se o maior quantitativo total de 52 produções publicadas no site em 2013. No entanto, nos anos de 2010, 2011 e 2012, não foi publicada nenhuma produção, conforme os descritores escolhidos a priori. Pontua-se que todos os estudos estão vinculados, institucionalmente, ao Programa Educação Especial (Educação do Indivíduo Especial), da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, localizada na região Sudeste do país.
Gráfico 1 – Quantitativo parcial de teses e dissertações entre 2009 e 2018
Fonte: autores (2019).
No que se refere ao quantitativo parcial, percebe-se os maiores quantitativos parciais de teses em 2017 e 2018, sendo 22 estudos publicados em cada ano. Além disso, o maior quantitativo parcial de dissertações em 2009, com 37 estudos publicados.
Tabela 2 – Quantitativo total de produções com os descritores nos títulos ou resumos por ano
TESES E DISSERTAÇÕES |
TOTAL |
2009 |
2 |
2010 |
- |
2011 |
- |
2012 |
- |
2013 |
5 |
2014 |
1 |
2015 |
2 |
2016 |
5 |
2017 |
3 |
2018 |
8 |
26 |
Fonte: autores (2019).
No que tange aos resultados do refinamento final da segunda etapa deste estudo, as produções com a presença de algum dos descritores no título ou resumo apontaram o quantitativo total de 26 teses e dissertações, sendo 13 teses e 13 dissertações. Com isso, nota-se que o maior quantitativo de produção deu-se em 2018, com 8 estudos publicados.
Gráfico 2 – Quantitativo parcial de produções com os descritores nos títulos ou resumos por ano
Fonte: autores (2019).
Quanto ao quantitativo parcial, observa-se os maiores quantitativos parciais de teses em 2013 e 2018, sendo 3 estudos publicados em cada ano. Ademais, o maior quantitativo parcial de dissertações em 2018, com 5 produções.
Tabela 3 – Presença de descritores nos títulos e resumos de teses e dissertações entre 2009 e 2018
TESES |
DISSERTAÇÕES |
TOTAL |
|
Títulos |
5 |
6 |
11 |
Resumos |
8 |
7 |
15 |
Fonte: autores (2019).
Ainda sobre a presença de algum dos descritores no título ou resumo dos estudos, nota-se que há mais descritores presentes nos títulos de dissertações em comparação ao quantitativo parcial de descritores nos títulos de teses. No entanto, há mais descritores nos resumos de teses do que nas dissertações. No quantitativo total, percebe-se que há mais descritores nos resumos de teses e dissertações, totalizando 15.
Tabela 4 – Presença de descritores nos títulos de teses e dissertações entre 2009 e 2018
DESCRITORES |
TESES |
DISSERTAÇÕES |
TOTAL |
Pesquisa Colaborativa |
- |
- |
- |
Colaborativa |
1 |
2 |
3 |
Colaborativo |
- |
2 |
2 |
Colaboração |
1 |
1 |
2 |
Consultoria Colaborativa |
3 |
1 |
4 |
Fonte: autores (2019).
Em relação à presença de descritores nos títulos das publicações, observa-se que o descritor Consultoria Colaborativa está mais presente em 3 teses e 1 dissertação. Porém, o descritor Pesquisa Colaborativa não está presente nos títulos de teses e dissertações.
Tabela 5 – Presença de descritores nos resumos de teses e dissertações entre 2009 e 2018
DESCRITORES |
TESES |
DISSERTAÇÕES |
TOTAL |
Pesquisa Colaborativa |
2 |
7 |
9 |
Colaborativa |
13 |
19 |
32 |
Colaborativo |
8 |
13 |
21 |
Colaboração |
10 |
13 |
23 |
Consultoria Colaborativa |
17 |
12 |
29 |
Fonte: autores (2019).
No que tange à presença de descritores nos resumos das publicações, percebe-se que o descritor Colaborativa está mais presente em 19 dissertações e 13 teses. No entanto, o descritor Pesquisa Colaborativa é o que menos aparece nos resumos, sendo em 7 dissertações e 2 teses, enquanto o descritor Pesquisa Colaborativa está menos presente em 7 dissertações e 2 teses.
A seguir, apresenta-se a identificação e análise dos aspectos temáticos, teóricos e metodológicos de teses e dissertações.
Quadro 1 – Descrição dos resultados em função dos autores, temáticas e perspectiva teórica de teses
AUTOR/A (ANO) |
TEMÁTICAS |
PERSPECTIVA TEÓRICA |
PEREIRA (2009) |
Consultoria colaborativa, práticas pedagógicas, Psicologia e surdez. |
Conceitos da Análise Funcional |
ASSIS (2013) |
Consultoria colaborativa, formação de terapeutas ocupacionais e Plataforma Moodle. |
- |
MARQUES (2013) |
Consultoria colaborativa, deficiência visual ocular e cortical e formação de profissionais da área de Educação Especial. |
- |
TANNÚS-VALADÃO (2013) |
Programa de formação continuada para educadores de Educação Especial e Pesquisa-ação Colaborativa. |
- |
VILARONGA (2014) |
Colaboração, práticas pedagógicas e coensino. |
- |
FERNANDES (2015) |
Escolarização e pessoa com deficiência. |
Princípios do materialismo histórico-dialético |
FERNANDES (2016) |
Educação Especial e prospecção semântica de dados qualitativos. |
As teorias de mineração de textos, ontologia computacional e técnicas de anotação semântica. Perspectiva da Engenharia de Software. |
RABELO (2016) |
Formação continuada à distância de professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE). |
Pressupostos da pesquisa-ação colaborativa numa perspectiva Sócio-histórica. |
OLIVEIRA (2017) |
Programa de consultoria para professores de Educação Física Escolar. |
- |
PAULINO (2017) |
Coensino, mediação pedagógica e estudantes com cegueira congênita. |
- |
OLIVEIRA (2018) |
Consultoria colaborativa, professores de Educação Física Escolar e estudantes com deficiência. |
- |
SILVA (2018) |
Inclusão escolar e pesquisadores da Educação Especial. |
- |
ZERBATO (2018) |
Desenho Universal para a Aprendizagem, inclusão escolar e professores da Educação Básica. |
- |
Fonte: autores (2019).
Diante do exposto, percebe-se uma diversidade de temáticas que são abordadas nas teses. Pontua-se que questões relacionadas à inclusão escolar, práticas pedagógicas e formação de professores são discutidas em todos os estudos. Por vezes, a formação continuada para professores de Educação Física Escolar e outros professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE).
Além disso, o uso da consultoria colaborativa fez-se presente na realização de quatro pesquisas. Quanto aos tipos de deficiências, os trabalhos abordam sobre deficiência visual ocular e cortical, cegueira congênita, surdez e deficiência física. Em relação aos aspectos teóricos, 11 estudos não apontam, de modo explícito, se são subsidiados por alguma perspectiva teórica. Porém, o estudo realizado por Pereira (2009) utiliza os conceitos da análise funcional, de acordo com Skinner (1998).
Fernandes (2015) utiliza os princípios do materialismo histórico-dialético. Ademais, Fernandes (2016) indica que, as teorias de mineração de textos, ontologia computacional e técnicas de anotação semântica são utilizadas no estudo, pautadas pela perspectiva da Engenharia de Software. O estudo realizado por Rabelo (2016) também indica a perspectiva utilizada na pesquisa. A autora utiliza os pressupostos da pesquisa-ação colaborativa numa perspectiva sócio-histórica.
No que tange aos aspectos metodológicos, também há uma diversidade de tipos de pesquisa, produção e análise de dados. Pereira (2009) realizou um estudo que teve como objetivo investigar sobre práticas pedagógicas no ambiente escolar que possam favorecer a inclusão a partir da consultoria colaborativa. Para tanto, 6 professoras de 3 classes comuns dos primeiros anos do Ensino Fundamental de uma escola pública, 3 efetivas e 3 substitutas foram os sujeitos de pesquisa. A autora utilizou como procedimentos de produção de dados a observação sistemática e o diário de campo. As observações foram realizadas quinzenalmente em salas de aulas onde ocorriam as atividades de consultoria.
Pereira (2009) destaca que também participaram do estudo estudantes surdos e ouvintes, os quais responderam um Teste de Desempenho Escolar (TDE). Ademais, foram utilizados como instrumentos duas escalas comportamentais, respondidas pelas professoras para identificar 6 estudantes com indicativos de comportamento socialmente aceito e outros seis com problemas de comportamento. Como resultados alcançados, a autora destaca a parceria colaborativa, realizada de forma efetiva com 3 das 6 professoras das 3 turmas. Vale pontuar que 2 das 3 turmas tiveram a substituição de professoras, o que acarretou alguns retrocessos no processo de aprendizagem dos estudantes. Porém, a evolução deles foi perceptível durante o ano letivo em relação aos comportamentos sociais e acadêmicos.
O estudo de Assis (2013) também utilizou a consultoria colaborativa, que teve como objetivo desenvolver, implementar e avaliar um programa de ensino on-line em consultoria colaborativa na escola para terapeutas ocupacionais. Os sujeitos da pesquisa foram 7 terapeutas ocupacionais e 6 professores de estudantes com deficiência. Para tanto, a autora utilizou a pesquisa-ação e a Plataforma Moodle como o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Além disso, utilizou uma diversidade de instrumentos de produção de dados como: estudos de caso, diários de campo, relatórios sobre a prática, roteiros para realização do grupo focal, e protocolo de avaliação do programa. No entanto, utilizou como único instrumento padronizado a Medida Canadense de Desempenho Ocupacional.
Além do mais, a autora subdividiu o estudo em três etapas: desenvolvimento, implementação e avaliação do programa. Enfatizou que o programa foi construído subsidiado pelo pragmatismo Deweyano e pela aprendizagem colaborativa e foi intitulado de COLABORA, o qual estava dividido em parte teórica e prática, com o objetivo de terapeutas ocupacionais realizarem uma experiência respaldada na consultoria colaborativa. Quanto à análise dos dados, utilizou-se o método qualitativo com categorias temáticas. Segundo a autora, os resultados obtidos estão relacionados ao desempenho dos terapeutas e dos estudantes no decorrer do estudo, ou seja, o modo colaborativo propiciou a construção de conhecimento. As discussões dos estudos de casos foram de suma importância para a compreensão dos conceitos teórico-metodológicos e, assim, as três parcerias colaborativas repercutiram de maneira positiva na escolarização dos estudantes (ASSIS, 2013).
A pesquisa de Marques (2013) também utilizou a consultoria colaborativa e teve como objetivo desenvolver e avaliar um programa de consultoria colaborativa na área da deficiência visual junto a uma equipe de profissionais de uma escola especial para estudantes com deficiência intelectual. Os sujeitos de pesquisa foram o pesquisador/consultor, 5 professoras, 2 auxiliares de classe, 1 fonoaudióloga, 1 fisioterapeuta, 1 psicóloga e 1 terapeuta ocupacional. Ademais, 46 estudantes, com faixa etária entre 7 e 37 anos de idade.
Para tanto, Marques (2013) realizou a pesquisa em 3 etapas, sendo a etapa preliminar referente à condução dos procedimentos éticos; o Estudo 1 relacionado ao diagnóstico das condições institucionais; e o Estudo 2 referente à intervenção. A produção de dados deu-se a partir da realização de entrevista dos estudos de casos e da avaliação quantitativa realizada pelos profissionais. De acordo com a autora, os resultados evidenciam o quantitativo de 30,4% com diagnóstico de paralisia cerebral; assim como com deficiência intelectual; 19,6% com síndrome de Down, e 19,6% com outros diagnósticos, sendo 83,0% desses estudantes que já haviam realizado consulta oftalmológica.
Quanto à avaliação das alterações visuais, 34,8% sem alterações; 43,5% com alterações leves; 6,5% com deficiência visual de origem ocular; 6,5% com deficiência visual cortical; 2,1% com deficiência visual ocular e cortical e 6,5% possivelmente com deficiência visual. Com isso, a autora enfatiza a importância da realização da avaliação oftalmológica, assim como a prática colaborativa entre os profissionais de saúde, educadores e familiares no processo de identificação e atendimento dos estudantes (MARQUES, 2013).
Outro estudo sobre consultoria colaborativa foi realizado por Oliveira (2018) e teve como objetivo planejar, aplicar e avaliar um programa de consultoria colaborativa como modelo de suporte à inclusão de estudantes com deficiência no contexto da Educação Física escolar. Os sujeitos de pesquisa foram 3 professores da rede regular de ensino. De acordo com a autora, o programa de consultoria colaborativa foi realizado em 4 etapas: 1) Aproximação e estabelecimento de vínculos com a comunidade escolar; 2) Identificação, definição do problema a ser solucionado e planejamento do plano de ação; 3) Implementação do programa de consultoria colaborativa e 4) Avaliação do programa de Consultoria Colaborativa.
Ademais, três programas de intervenção foram realizados com objetivo de promover subsídios para atuação de professores de educação física regular junto aos estudantes com deficiência. De modo geral, os resultados da pesquisa apontam que o programa de consultoria colaborativa foi fundamental durante o processo de inclusão de estudantes, pois suscitaram estratégias de apoio nas aulas de professores (OLIVEIRA, 2018).
Tannús-Valadão (2013) construiu um estudo que teve como objetivo desenvolver, implementar e avaliar um programa de formação continuada para educadores de Educação Especial, com foco no Plano Educacional Individualizado (PEI) para estudantes em situação de deficiência, em uma rede municipal de ensino. Os sujeitos da pesquisa foram professores e profissionais de Educação Especial. A autora utilizou a pesquisa-ação colaborativa e subdividiu a pesquisa em 5 etapas: 1) condução dos procedimentos éticos; 2) diagnóstico da situação inicial dos procedimentos de avaliação e planejamento educacional do município; 3) desenvolvimento e implementação do programa de formação e 4) avaliação da validade social do programa.
Em relação à produção de dados, utilizou 200 documentos dos planejamentos, observação, diários de campo, filmagens, entrevista coletiva e questionário fechado, e análise de conteúdo para interpretar os dados. Como resultados principais, a autora indica a produção de forma coletiva e colaborativa dos planejamentos individuais, que antes não eram construídos para todos os estudantes e, por vezes, incompletos. Além disso, o retorno positivo dos educadores acerca da realização do programa (TANNÚS-VALADÃO, 2013).
O estudo de Vilaronga (2014) também utilizou a pesquisa-ação colaborativa e teve como objetivo construir propostas de colaboração nas práticas pedagógicas do professor da Educação Especial, na sala de aula comum da escola regular. Em específico, a autora destaca: (a) Identificar indícios de colaboração entre o professor de Educação Especial e o da sala de aula comum; (b) Elaborar e realizar um programa de formação de professores para atuação no coensino; (c) Avaliar essa formação realizada com professores de Educação Especial e (d) Proporcionar espaços formativos sobre a proposta de coensino, visando discutir e fortalecer esse tipo de apoio.
Os sujeitos de pesquisa foram 6 professores de Educação Especial. Além disso, a autora aponta que o estudo foi desenvolvido em (a) Etapa Preliminar: Condução dos procedimentos éticos; (b) Etapa I: Busca de Informações Iniciais; (c) Etapa II: Desenvolvimento e Implementação do Programa de Formação e (d) Etapa III: Avaliação do programa de formação e formação dos sujeitos como mediadores. Por fim, a autora enfatiza o quão necessário é o fomento de estratégias de inserção dessa proposta na formação inicial e continuada de professores para construírem a prática de coensino no processo de inclusão de estudantes (VILARONGA, 2014).
Outro estudo que utilizou os pressupostos da pesquisa da pesquisa-ação colaborativa foi o de Rabelo (2016) e teve como objetivo analisar quais as contribuições e limites que a análise e elaboração de casos de ensino propiciam à aprendizagem e ao desenvolvimento profissional de professoras do AEE em um processo de formação continuada em ambiente virtual de aprendizagem/AVA, identificando como os casos de ensino funcionam como estratégia de pesquisa e formação eficaz. As participantes de pesquisa foram professoras do AEE. A autora realizou a pesquisa respaldada pela perspectiva sócio-histórica e indica que o estudo fundamentou-se na abordagem qualitativa.
Foi implementado um programa de formação continuada com 6 módulos, 120 horas, a distância e método de produção e análise de dados com temáticas voltadas para Educação Especial. Como resultados, a autora afirma que a produção de casos de ensino proporcionou às professoras trabalharem com a interlocução entre teoria, prática e documentos oficiais. Nessa direção, desenvolveram as análises desses casos e, consequentemente, contribuíram significativamente em suas práticas profissionais (RABELO, 2016).
Ademais, Paulino (2017) elaborou um estudo de caso pautado na pesquisa-ação colaborativa e teve como objetivo de implementar, descrever e analisar práticas pedagógicas para o acesso ao currículo por um estudante com cegueira congênita, pela via do serviço do coensino. Os sujeitos de pesquisa foram um estudante com cegueira congênita, sua professora da sala de aula regular e a pesquisadora, também educadora da Educação Especial. Segundo a autora, a pesquisa foi realizada em um 4º ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal. Além disso, os dados foram organizados em dois estudos.
O Estudo 1 diz respeito à implementação do serviço de coensino e o Estudo 2 uma prática do componente curricular de Ciências respaldada pelo Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA). De modo geral, os resultados do Estudo 1 demonstraram que o currículo do estudante precisou ser adaptado, mas a prática de coensino funcionava. Porém, mesmo com o recurso pedagógico e a mediação utilizados, o estudante apresentava dificuldades em compreender conceitos. Quanto à avaliação da prática, foi possível perceber através das produções textuais que os estudantes interessaram-se pela mediação dos conceitos em relação ao estudante cego. Em relação ao Estudo 2, a professora potencializou a sua prática docente (PAULINO, 2017).
O estudo de Zerbato (2018) também utilizou o DUA e teve como objetivo elaborar, implementar e avaliar um Programa de Formação Colaborativo sobre isso. Para tanto, a autora utilizou a pesquisa qualitativa, partindo da colaboração. Os sujeitos de pesquisa foram professores da Educação Básica. Inicialmente, havia 37 inscritos no programa, mas 17 professoras concluíram a formação. Em relação à produção de dados, uma variedade de instrumentos foi utilizada, como: ficha dos participantes, casos de ensino fictícios e reais, roteiros de orientação das discussões e ficha de avaliação do Programa de Formação sobre Desenho Universal para a Aprendizagem.
Quanto à análise dos dados, eixos temáticos foram desenvolvidos. De modo geral, a autora ressalta como resultados que o DUA potencializa as práticas pedagógicas e, assim, fomenta a participação de todos os sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem. Nessa direção, o Programa de Formação Colaborativo propiciou aos professores conhecer e aprimorar os conhecimentos teórico-práticos do DUA. Portanto, o programa contribuiu no processo de inclusão dos estudantes (ZERBATO, 2018).
O estudo de Oliveira (2017) também teve como objetivo implementar e avaliar um programa de formação pela via da colaboração para os professores de Educação Física de escolas regulares de um município de médio porte do interior do estado da Bahia. Os sujeitos de pesquisa foram 3 professores e 5 estudantes com deficiência de duas escolas, sendo uma pública e uma particular.
A autora afirma que o estudo foi do tipo qualitativo e realizado em 3 etapas. Os instrumentos utilizados foram entrevistas e questionário. Logo após, 6 categorias de análise foram construídas e interpretadas qualitativamente. Como resultados, a autora enfatiza que os professores compreenderam que a colaboração é um caminho necessário no processo de inclusão de estudantes e, principalmente, reconheceram que a formação continuada é fundamental na reflexão e na transformação de suas práticas docentes com o intuito de possibilitar a superação das barreiras que perpassam nesse processo (OLIVEIRA, 2017).
O estudo de Fernandes (2015) teve como objetivo analisar o processo de escolarização do alunado da educação especial que frequenta escolas das comunidades ribeirinhas vinculadas ao sistema municipal de ensino em Belém-PA. Os sujeitos de pesquisa foram 4 coordenadores pedagógicos, 4 professoras de sala de recursos multifuncional e 5 professores de classe comum. Segundo a autora, a pesquisa teve o enfoque histórico-dialético e foi realizada em 5 escolas e 2 unidades pedagógicas, localizadas em 4 ilhas de Belém: Caratateua, Cotijuba, Combu e Mosqueiro. A produção de dados deu-se a partir de levantamento bibliográfico e análise documental, entrevistas semiestruturadas, observação, diário de campo, fotografia e indicadores socioeducacionais.
Quanto aos resultados alcançados, a autora destaca que não há produção sobre a temática pesquisada e houve redução no número de matrículas de estudantes que moravam e estudavam no campo, conforme os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Ademais, havia dificuldades de encontrar profissionais para atuarem nas ilhas. No entanto, percebeu-se, nas ilhas de Cotijuba e Mosqueiro, que os professores de sala de aula comum e salas de recursos trabalhavam de modo colaborativo. Vale pontuar que, na ilha de Caratateua, haviam mais registros de violência e ausência de pais e responsáveis pelos estudantes. Além disso, não havia acessibilidade nos transportes para os estudantes chegarem nas escolas (FERNANDES, 2015).
Fernandes (2016) desenvolveu um estudo que teve como objetivo avaliar a arquitetura tecnológica proposta de análise qualitativa de dados, tendo como base as teorias de mineração de textos, ontologia computacional e técnicas de anotação semântica, em pesquisa da educação especial, a fim de analisar os limites e possibilidades desta abordagem metodológica. O autor utilizou como método a elaboração de um protótipo, Serendipity, respaldado na perspectiva da engenharia de software.
A mineração de textos e ontologia computacional também foram utilizadas e um dicionário específico para a Educação Especial foi desenvolvido com o objetivo de articular alguns termos a sinônimos relacionados à ontologia. Além disso, classes semânticas e mapas conceituais automáticos foram construídos para facilitar a visualização dos conceitos. De antemão, o autor pontua que a proposta do estudo apresentou alguns limites desde o início da sua realização, como a questão da falta de recursos financeiros, impossibilitando, desse modo, maiores avanços. Porém, houveram avanços consideráveis, pois o Serendipity pode contribuir na análise de dados de pesquisas nacionais, mantendo a subjetividade dos pesquisadores durante todo o processo (FERNANDES, 2016).
Por fim, o estudo de Silva (2018) teve como objetivo analisar as compreensões de pesquisadores acadêmicos brasileiros da Educação Especial acerca da inclusão escolar. Os sujeitos de pesquisa foram 61 pesquisadores da Educação Especial, sendo 65 do sexo feminino e 6 do sexo masculino, de 5 regiões geográficas brasileiras. Os procedimentos de produção de dados deram-se, a partir de enquete virtual, encontros focais virtuais e grupos de trabalho presenciais. Foram construídos em 3 etapas colaborativas, sendo preparação, intervenção e sistematização. Além disso, descrição, informação e confrontação presentes em um ciclo de reflexão. Quanto à análise dos dados, o autor utilizou dados híbridos, resultantes de uma análise mista, estatísticas referentes à enquete virtual e categorização de falas dos sujeitos de pesquisa dos grupos focais sobre inclusão escolar. A partir disso, 3 categorias empíricas foram desenvolvidas: atendimento, alunado e avaliação. De modo geral, o autor aponta como resultados obtidos, principalmente, a complexidade da inclusão escolar. Nessa direção, enfatiza que se trata de um fenômeno ainda em processo de modificações. Portanto, faz-se necessário que o Coletivo de Pensamento continue investindo em debates acerca disso. Dessa forma, possivelmente, chegar-se-á a uma definição de Estilo de Pensamento sobre inclusão escolar (SILVA, 2018).
Com isso, percebe-se que a maioria das pesquisas são do tipo qualitativo. No que tange aos instrumentos de produção de dados, há várias possibilidades como: observação, entrevista coletiva, diários de campo, fotografia, questionário fechado, filmagens, fichas de avaliação, indicadores socioeducacionais, documentos, enquete virtual e grupos focais. Em relação à análise de dados, alguns estudos apontam que são utilizadas categorias temáticas, eixos temáticos e o uso da análise de conteúdo. A seguir, a análise das dissertações.
Quadro 2 – Descrição dos resultados em função dos autores, temáticas e perspectiva teórica de dissertações
AUTOR/A (ANO) |
TEMÁTICAS |
PERSPECTIVA TEÓRICA |
GEBRAEL (2009) |
Consultoria colaborativa em Terapia Ocupacional, crianças com baixa visão e formação de professores. |
- |
MALHEIRO (2013) |
Pesquisa colaborativa, AEE e formação de professoras da Educação Especial. |
- |
MELO (2013) |
Ações colaborativas, ensino de química e estudantes com deficiência visual. |
- |
CALHEIROS (2015) |
Consultoria colaborativa à distância em Tecnologia Assistiva e formação de professoras. |
- |
ALONSO (2016) |
Inclusão escolar, práticas pedagógicas e professores da Educação Infantil. |
- |
MENDES (2016) |
Ensino colaborativo, deficiência intelectual, professor de Educação Infantil de classe comum e professor de Educação Especial. |
- |
SILVA (2016) |
Ações de uma equipe multiprofissional e Educação Especial. |
- |
PEREIRA (2017) |
Ensino colaborativo e crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). |
Conceitos da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) |
ALMEIDA (2018) |
Desenho Universal, Tecnologia Assistiva e paralisia cerebral. |
- |
BUENO (2018) |
Educação de jovens e adultos e formação continuada colaborativa entre professores da sala comum e da Educação Especial. |
- |
PEREIRA (2018) |
Plano de ensino individualizado, Educação Física Escolar e estudantes com deficiência. |
- |
SANTOS (2018) |
Tutoria, Educação Física Escolar e deficiência física. |
- |
SILVA (2018) |
Ensino colaborativo e professores da Educação Especial e classe comum. |
- |
Fonte: autores (2019).
Diante disso, percebe-se uma variedade de temáticas abordadas nas dissertações. Ressalta-se que, assim como nas teses, as questões relacionadas à inclusão escolar, práticas pedagógicas e formação de professores também são discutidas nestes estudos. Pontua-se que o uso da consultoria colaborativa e ensino colaborativo fazem-se presentes na maioria das pesquisas. Quanto aos tipos de deficiências, abordam acerca da deficiência visual, intelectual e física. Em relação aos aspectos teóricos, 12 estudos não apontam explicitamente se utilizam determinada perspectiva teórica. No entanto, o estudo realizado por Pereira (2017) utiliza os conceitos da Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
O estudo de Gebrael (2009) teve como objetivo elaborar, implementar e avaliar um programa individualizado de consultoria colaborativa em Terapia Ocupacional. Segundo a autora, os sujeitos de pesquisa foram 10 professores e 10 estudantes com baixa visão e faixa etária entre 4 e 6 anos de idade. Tratou-se de um estudo experimental, no qual 5 professores e 5 estudantes fizeram parte do grupo experimental, e os outros 5 professores e 5 estudantes do grupo controle.
A consultoria colaborativa ocorreu em 6 encontros semanais, de maneira consecutiva, com dinâmicas interativas entre a professora e a pesquisadora. Os instrumentos de produção de dados foram diários de campo, análise de filmagens e questionários com o objetivo de avaliar a implementação do programa de intervenção. Em relação aos resultados, a autora destaca, sobretudo, que a implementação do programa possibilitou um aumento do repertório de professores do grupo experimental para atuarem com as questões relacionadas à alimentação e higiene dos estudantes com baixa visão (GEBRAEL, 2009).
Calheiros (2015) também utilizou a consultoria colaborativa em seu estudo, que teve como objetivo planejar, implementar e avaliar um serviço de consultoria colaborativa a distância em Tecnologia Assistiva (TA) para professoras de sala de recursos multifuncionais (SRM) a partir das suas demandas. O autor utilizou a abordagem qualitativa do tipo exploratória. Os sujeitos de pesquisa foram 6 professores de SRM e 3 consultoras da área da Educação Especial. Os instrumentos de produção de dados deram-se a partir de atividades desenvolvidas em AVA e questionário com questões abertas e fechadas.
A intervenção foi realizada a distância, de modo que cada professora responsabilizou-se por um caso de um estudante com paralisia cerebral (PC). No que se refere à análise de dados, as respostas abertas do questionário foram interpretadas através da análise de conteúdo e as respostas fechadas pela análise descritiva. O autor indica que o desenvolvimento da consultoria colaborativa a distância foi possível e as ações realizadas contribuíram na prática docente das professoras, assim como na prática das consultoras. Nessa direção, o processo de inclusão de estudantes foi viabilizado (CALHEIROS, 2015).
Malheiro (2013) construiu um estudo que teve como objetivo descrever e analisar como as diretrizes do Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais (PISRM) têm sido traduzidas por um sistema municipal de ensino no interior paulista, a partir da organização e oferta do AEE, sob 3 eixos: serviço, formação e avaliação. Os sujeitos de pesquisa foram 25 professoras da Educação Especial e três pessoas da equipe de gestão.
Tratou-se de uma pesquisa colaborativa dividida em quatro etapas: 1ª Etapa - Caracterização da Implantação das Salas de Recursos Multiprofissionais; 2ª Etapa - Levantamento das descrições sobre os 3 eixos que norteiam esta pesquisa (serviço, formação e avaliação); 3ª Etapa - Desenvolvimento dos temas de formação demandados e 4ª Etapa - Confronto do conteúdo e indicações de Reconstrução. Como resultados principais, a autora aponta que a matrícula de estudante com deficiência em sala de aula comum contou com o apoio do AEE em salas de recurso e, ao longo da implementação do programa, vários níveis de traduções foram realizados pelos envolvidos conforme cada contexto escolar (MALHEIRO, 2013).
Melo (2013) realizou uma pesquisa-ação colaborativa-crítica com o objetivo de promover ações colaborativas. Os sujeitos de pesquisa foram 1 professora de química, 1 professora de educação especial e 4 estudantes com deficiência visual. A pesquisa foi realizada uma escola estadual do interior paulista, no primeiro ano do ensino médio. Os procedimentos de produção de dados foram divididos em etapas, sendo entrevistas semiestruturadas, reuniões coordenadas, observação e intervenção em sala de aula. Quanto aos resultados gerais, a professora de química demonstrou implicação durante o desenvolvimento das ações colaborativas, assim, ela e a professora da educação especial trabalharam na confecção e adaptação dos materiais utilizadas em sala de aula, o que, consequentemente, repercutiu de maneira positiva nas avaliações de estudantes.
Alonso (2016) investigou as práticas pedagógicas de professores de Educação Infantil que possuíam, em sua sala de aula comum, estudantes Público Alvo da Educação Especial. A autora aponta que se tratou de uma pesquisa qualitativa e foi realizada na cidade de São Carlos, interior de São Paulo. Os sujeitos de pesquisa foram 3 professoras que atuavam em escolas públicas.
Para tanto, os instrumentos de produção de dados utilizados foram diários de campo e entrevistas semiestruturadas. A autora utilizou a técnica de análise de conteúdo para interpretar os dados. Como resultados, enfatiza que, apesar da implicação das professoras, ainda há barreiras que inviabilizam a inclusão de estudantes, por exemplo, falta de formação específica na área, a presença de professor da educação especial, envolvimento dos familiares e responsáveis e não implicação de diretores e órgãos municipais (ALONSO, 2016).
O estudo de Mendes (2016) também envolveu o professor de Educação Infantil da classe comum e o professor de Educação Especial e teve como objetivo descrever e analisar o processo de intervenção entre o professor de Educação Infantil da classe comum e o professor de Educação Especial, com vistas a formação baseada no ensino colaborativo e na adaptação de atividade. Tratou-se de uma pesquisa colaborativa. Os sujeitos de pesquisa foram 1 professora da Educação Especial, e 1 professora da sala comum de uma criança com deficiência intelectual. Em relação aos instrumentos de produção de dados, foram utilizados alguns roteiros de entrevista semiestruturada inicial, observações, 11 reuniões realizadas, diário de campo e entrevista semiestruturada final.
Os dados foram analisados a partir de categorias temáticas. A autora constata que o uso do ensino colaborativo contribui na inclusão escolar. Porém, percebeu-se o quão necessário é o aprofundamento sobre a temática coensino e caminhos para a adaptação de materiais utilizados pelas professoras. Além do mais, a regulamentação do coensino no município (MENDES, 2016).
Silva (2016) também desenvolveu uma pesquisa colaborativa, que teve como objetivo descrever e analisar as ações de uma equipe multiprofissional e identificar, juntamente com os profissionais da equipe, estratégias para aperfeiçoá-lo. Os sujeitos de pesquisa foram 3 fonoaudiólogas, 3 psicólogas e 1 pedagoga, que atuavam em 5 escolas, de uma rede municipal de ensino, do interior do estado de São Paulo.
Conforme a autora, a pesquisa foi dividida em 4 etapas, a primeira sobre um estudo documental, seguido por entrevistas individuais, reflexões acerca das intervenções, e análise documental referente a proposta de trabalho da equipe após a realização das intervenções. Quanto à análise dos dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo temática e o Software Atlas-Ti. Em linhas gerais, a autora afirma que o trabalho de uma equipe multiprofissional pode contribuir significativamente em escolas, respaldada pela formação continuada e a prática colaborativa (SILVA, 2016).
Ainda sobre pesquisa colaborativa, Pereira (2017) realizou um estudo que teve como objetivo verificar os efeitos de um programa de ensino individualizado em sala de aula regular, por meio da Análise do Comportamento em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Os sujeitos de pesquisa foram 2 crianças com TEA matriculadas, na rede regular de ensino, no nível fundamental I.
A autora destaca que o estudo foi dividido em 2 etapas, a primeira acerca do levantamento de queixas e demandas, a partir do contato com a equipe escolar, e a segunda sobre o desenvolvimento de Plano Individual de Intervenção pautado nos conceitos da ABA. No que tange à análise dos dados, foi realizada qualitativamente. Os resultados indicam que o uso de ABA contribui na inclusão de estudantes com TEA no contexto escolar, pois os estudantes criaram novos repertórios de comportamento e diminuíram alguns comportamentos que dificultam a aprendizagem (PEREIRA, 2017).
Almeida (2018) também realizou uma pesquisa colaborativa, que teve como objetivo analisar a implementação de recursos de TA. Os sujeitos de pesquisa foram 1 professora da classe comum da educação infantil, 1 agente educacional, 1 estudante com paralisia cerebral e outros estudantes da classe comum. Os instrumentos de produção de dados foram roteiro semiestruturado de entrevista e observação sistemática. Em relação à análise de dados, foi utilizada a análise de conteúdo. Como resultados principais, a autora constata que a implementação e recursos de TA contribuiu no processo de aprendizagem, principalmente, a partir do desenho universal.
O estudo de Bueno (2018) teve como objetivo analisar, em conjunto com os professores da Educação de Jovens e Adultos e a professora da Educação Especial, suas práticas. Também se tratou de uma pesquisa colaborativa. Participaram da pesquisa 8 sujeitos, sendo 1 professora de Educação Especial e 7 professores que atuavam na Educação de Jovens e Adultos. O estudo foi realizado em uma escola pública municipal de uma cidade do interior do estado de São Paulo.
Os instrumentos de produção de dados utilizados foram roteiros de observação, questionários, entrevista semiestruturada, diário de campo, roteiro inicial e de questões norteadoras para a formação colaborativa e sala de aula virtual. A técnica de análise de conteúdo também foi utilizada para interpretar os dados. A autora enfatiza que a formação continuada respaldada pela discussão e reflexão sobre a prática colaborativa na educação especial contribui no processo de escolarização de estudantes (BUENO, 2018).
Ademais, Silva (2018) realizou um estudo que teve como objetivo analisar uma experiência formativa de fomento à colaboração entre professores da Educação Especial e da classe comum. Tratou-se de uma pesquisa colaborativa em um município paraense. Os sujeitos de pesquisa foram 25 professores da Educação Especial. Foram realizadas intervenção formativa e assessorias em escolas. Acerca dos resultados obtidos, sobretudo, a autora percebeu que já havia uma parceria entre os professores. No entanto, notou-se o começo de uma prática docente pautada na colaboração logo após a formação e assessoramento nas escolas.
O estudo de Pereira (2018) teve como objetivo analisar o processo de construção e a aplicabilidade do PEI ao contexto da Educação Física, sob perspectiva colaborativa, e seus desdobramentos no processo pedagógico. Os sujeitos da pesquisa foram 2 professoras de Educação Física e 3 estudantes com deficiências e seus responsáveis. A pesquisa foi realizada em 2 escolas da rede de ensino regular, em um município do estado de São Paulo. Quanto aos instrumentos de produção de dados, observação sistemática e entrevista semiestruturada foram utilizadas com o intuito de preencher o PEI. Os dados obtidos foram interpretados por meio da análise de conteúdo. Segundo o autor, os resultados propõem que o PEI pode contribuir na prática docente ao conhecer as potencialidades e desafios de estudantes. Com isso, promove caminhos para subsidiar o processo de inclusão.
Por fim, Santos (2018) desenvolveu um estudo que teve como objetivo analisar os efeitos gerados pelo auxílio dos colegas tutores na participação de um estudante com deficiência física nas aulas de Educação Física escolar. Tratou-se de um estudo de caso. Os sujeitos de pesquisa foram 1 professora de Educação Física, 1 estudante com deficiência física e 4 tutores. A pesquisa foi realizada em escola comum da rede estadual de ensino de uma cidade do interior do Estado de São Paulo.
Em relação aos instrumentos de produção de dados, foram utilizados: entrevista semiestruturada, escalas e observação sistematizada. Quanto à análise de dados, foram criadas categorias. De acordo com o autor, os resultados revelam a importância do uso da tutoria por pares, pois o Programa de Preparação de Tutores pode contribuir de modo significativo na inclusão escolar. Percebeu-se, através da fala do estudante, que ele passou a participar mais efetivamente das aulas (SANTOS, 2018).
Isso posto, nota-se que a maioria dos estudos são qualitativos. Há uma diversidade de instrumentos de produção de dados como: diários de campo, filmagens, questionários com questões abertas e fechadas, entrevistas semiestruturadas, observação sistemática, escalas, análise documental e sala de aula virtual. No que se refere à análise de dados, a maioria dos estudos indica o uso da análise de conteúdo.
Assim, com base nas produções descritas nesse artigo, foi possível perceber algumas características que são semelhantes à maioria das teses e dissertações feitas a partir da pesquisa colaborativa, a saber, são do tipo qualitativo; para obtenção e produção dos dados foram utilizados como instrumentos: diário de campo, entrevista semiestruturada, observação sistemática e questionários; o uso da análise temática como procedimento de análise dos dados; e o tema formação de professores é recorrente nas produções.
Sobre a predominância da pesquisa qualitativa presente nas teses e dissertações, acredita-se que isso ocorre, porque a pesquisa qualitativa, segundo André (2005), concebe os sujeitos como sendo ativos, isto é, como protagonistas em seu processo de formação. Tal característica também é comum à pesquisa colaborativa, já que, por meio da colaboração, é possível proporcionar uma maior aproximação entre quem realiza a pesquisa e o mundo exterior, uma vez que o campo da pesquisa não é um lugar específico como um laboratório, por exemplo, ao invés, permite investigar os fenômenos sociais tão específicos à área das humanas (FLICK, 2004).
Sobre os instrumentos utilizados nas teses e dissertações para a obtenção e produção dos dados em pesquisas colaborativas, Braun (2014) salienta a importância do cuidado que se deve ter, pois, para a escolhas destes, é imprescindível que os pesquisadores levem em consideração as possibilidades e os limites inerentes ao campo no qual a pesquisa será realizada. Atentar-se para esta questão, para Braun (2014, p. 92), é de extrema relevância para que se dê “credibilidade ao processo investigativo efetuado”.
Como foi possível observar, nas teses e dissertações descritas neste artigo, a análise temática aparece com frequência. A pesquisa colaborativa tem como ponto de partida o coletivo e seus interesses são oriundos do “cotidiano e na transformação social” (BRAUN, 2014, p. 91). Neste sentido, o uso da análise temática é considerado propício, nesse tipo de pesquisa, por ouvir as vozes dos participantes que, no caso da pesquisa colaborativa, são os autores e, a partir dessas vozes, construir os temas de análise (SEVERINO, 2016).
Um outro tema recorrente, e que merece destaque neste trabalho, é o da formação inicial e continuada. A formação inicial e continuada dos docentes é, sem sombra de dúvidas, essencial para o êxito do processo educacional-inclusivo. Ela tem como finalidade, de acordo com Ropoli et al. (2010), levar os professores, tomando como base uma nova produção de conhecimento, a localizarem o seu aluno como o real centro do processo ensino-aprendizagem. Contudo, ainda são muitas as barreiras encontradas pelos docentes para ter acesso a uma formação de qualidade, que possa dar subsídios às suas práticas pedagógicas.
Destarte, para essa finalidade, a pesquisa colaborativa é apontada como relevante, já que ela pode promover nos docentes algumas possibilidades de resolver os problemas, que são inerentes ao processo educacional inclusivo, de forma criativa, assim como incentivar a partilha de responsabilidades entre os sujeitos envolvidos, apoiando-se mutuamente (MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011).
Acerca da formação docente, as autoras supracitadas consideram a pesquisa colaborativa por possibilitar a aprendizagem colaborativa. Sobre este aspecto, consideram do seguinte modo:
a aprendizagem colaborativa oferece grandes vantagens que não estão disponíveis em ambientes de aprendizagem mais tradicionais, uma vez que o grupo permite um grau mais significativo de aprendizagem e reflexão do que qualquer indivíduo poderia fazer de forma isolada. Durante todo o diálogo, a maneira que cada pessoa tem de pensar se torna público e ela explica e defende seu ponto de vista (MENDES; ALMEIDA; TOYODA, 2011, p. 09).
Também foi observado que a consultoria colaborativa fez-se presente na realização de 6 produções supracitadas. Esta forma de intervenção é eficiente, no apoio ao processo da inclusão escolar, por proporcionar o envolvimento entre os profissionais da escola regular e os profissionais especializados (consultores), a fim de elaborar estratégias com a finalidade de incluir alunos com deficiência nas escolas regulares (ZANATA, 2004). Assim, de modo diferente das outras consultorias, a consultoria colaborativa parte do princípio da não hierarquização dos sujeitos participantes do processo de consultorias.
Considerações finais
Abordar a análise sistemática de literatura como método de análise em pesquisa expõe como os dados primários, isto é, pesquisas anteriormente publicadas nas plataformas digitais, tornam-se um vasto campo de investigação. Esse tipo de procedimento metodológico, amparado em critérios consistentes e previamente estabelecidos, possibilita que os estudos, que têm como base a RSL, sejam replicados e, consequentemente, ampliados pelos próximos pesquisadores, aspecto esse que demonstra a veracidade da pesquisa, no que tange à investigação realizada. Com critérios previamente selecionados para realizar a produção de dados, a RSL, junto ao uso de ferramentas digitais, permitiu mapear e, consequentemente, ampliar o olhar acerca das pesquisas anteriormente desenvolvidas, se estas são condizentes com os descritores anunciados e utilizados nos filtros de pesquisa. Embora a maioria das pesquisas aqui suscitadas possua uma abordagem qualitativa e utilize a análise de conteúdo com instrumentos metodológicos semelhantes, considera-se a RSL um campo fértil quanto à multiplicidade de conteúdos, no tocante à pesquisa colaborativa como uma abordagem de pesquisa.
Diante disso, ressalta-se que os estudos analisados avançam no desenvolvimento da área da Educação Especial, ao utilizarem a pesquisa colaborativa, pois viabilizam a construção de estudos crítico-reflexivos com os sujeitos, distanciando de outros tipos de pesquisas sobre os sujeitos, os quais não são considerados como partícipes desse processo dinâmico, envolto de subjetividades, e que têm como objetivo possibilitar transformações.
Porém, pontua-se, como principais limites, a não explicitação da perspectiva teórica, ou o não aprofundamento dos fundamentos que sustentam algumas produções, principalmente, nas dissertações. No entanto, percebe-se que algumas teses aprofundaram seus fundamentos teóricos. Com isso, nota-se uma preocupação maior de autores em explicitar e discutir suas bases conceituais, viabilizando caminhos de compreensão ao leitor.
Por fim, sugere-se aos pesquisadores que discorram sobre RSL e as temáticas abordadas a partir de outras possibilidades de percurso metodológico, caso pretendam investir no avanço de seus estudos, por exemplo, a construção de outros critérios de inclusão e exclusão de produções na segunda etapa desse estudo para contemplar outras pesquisas, considerando os objetivos da RSL de cada pesquisador, ou a ampliação do quantitativo de descritores, recorte temporal e escolha de outras bases de dados, ainda na etapa inicial de levantamento, com o propósito de selecionar outras produções. Outra possibilidade seria realizar estudos que analisem outros tipos de produção na íntegra, como artigos científicos publicados em periódicos e/ou eventos científico-acadêmicos da área da Educação Especial.
Referências
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ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Estudo de caso em pesquisa e avaliação educacional. Brasília, DF: Liberlivros, 2005.
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BRAUN, Patrícia. Uma intervenção colaborativa sobre os processos de ensino e aprendizagem do aluno com deficiência intelectual. 2012. 324 f. Tese (Doutorado) Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Educação, Rio de Janeiro, 2012.
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CALHEIROS, David dos Santos. Consultoria colaborativa à distância em tecnologia assistiva para professores de salas de recursos multifuncionais. 2015. 165f. Dissertação (Mestrado em Educação Especial) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015.
FERNANDES, Ana Paula Cunha dos Santos. A escolarização da pessoa com deficiência nas comunidades ribeirinhas da amazônia paraense. 2015. 280f. Tese (Doutorado em Educação Especial) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015.
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FLICK, Uwe. Uma introdução à pesquisa qualitativa. Tradução: Sandra Netz. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2004.
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Correspondência
Raíssa Matos Ferreira – Universidade Federal de Alagoas, Av. Lourival Melo Mota, s/n, Tabuleiro do Martins, Maceió, Alagoas, Brasil.
CEP: 57072-900
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