Características de qualidade do professor na percepção de
alunos com altas habilidades/superdotação
Characteristics of teacher quality in the perception of students with
high ability/giftedness
Características de
calidad del profesor en la percepción de alumnos con superdotación
* Fernanda
Cardoso Fraga Fonseca
Mestre
pela Universidade de Taubaté, Taubaté, São Paulo, Brasil.
ferfragapsi@yahoo.com.br
**
Maria
José Milharezi Abud
Professora
doutora na Universidade de Taubaté, Taubaté, São Paulo, Brasil.
m.jose.abud@uol.com.br
Recebido em 21 de outubro de 2018
Aprovado em 01 de março de 2019
Publicado em 03 de julho de 2019
RESUMO
Este trabalho expõe uma pesquisa que tem como tema a
percepção de alunos com altas habilidades/superdotação,
a respeito das características docentes que contribuem para o êxito do processo
de ensino e aprendizagem em sala de aula. Assim, este estudo tem como objetivo
geral oferecer contribuições para a prática de professores que trabalham com
alunos com altas habilidades/superdotação, e, como
objetivo específico, investigar, segundo a percepção de alunos com altas
habilidades, quais são as características docentes que contribuem para o êxito
de sua aprendizagem. Participaram desta pesquisa 40 alunos com altas
habilidades/superdotação do 8º e 9º ano do Ensino
Fundamental que fazem parte de um projeto de um instituto social de uma cidade
do interior paulista. Foi utilizado como instrumento metodológico para coleta
de dados um questionário composto por uma questão aberta que foi respondida por
todos os alunos. Para a análise das respostas desses participantes, foram
empregados os constructos da análise de conteúdo de Bardin
(2011). Os resultados dessa pesquisa apontam que, na percepção da maioria dos
alunos participantes, as principais características docentes que contribuem
para o êxito de sua aprendizagem estão relacionadas à boa didática/ao bom
trabalho didático do professor. Embora com menor frequência, também foram
mencionadas como características de qualidade o bom relacionamento, o bom senso
de humor e a disposição do professor para aprender. Concluiu-se que as
características obtidas na presente pesquisa são atributos necessários a todos
os professores e benéficos a todos os alunos e não apenas aos alunos com altas
habilidades/superdotação.
Palavras-chave: Formação
de professores; Altas habilidades/superdotação;
Educação inclusiva.
ABSTRACT
This paper presents a research focused on the
perception of students with high ability/giftedness, regarding the
characteristics of teachers that contribute to the success of the process of
teaching and learning in the classroom. Thus, this study has as its general
objective to contribute to the practice of teachers who work with students with
high ability/giftedness. Moreover, the specific objective of this work is to
investigate, according to the perception of students with high
abilities/giftedness, what are the teaching characteristics that contribute to
the success of their learning. 40 students with high ability/gifted from the
8th and 9th grade of Elementary School from an social institute’s project in a
city in São Paulo state participated in this research. As a methodological tool
for the data collection was created a questionnaire
which consists of five open-ended questions. For the analysis of the responses
of these participants was used the content analysis constructs by Bardin (2011). The results of this research show that, in
the perception of the majority of the participating students, the main teaching
characteristics that contribute to the success of their learning are related to the good didactic/good didactic work of the
teacher. Although less frequently, good relationships, good sense of humor and
a willingness to learn were also mentioned as quality
characteristics. In addition, the characteristics obtained in the presented
research are necessary to all teachers and beneficial not only to the students
with high ability/giftedness but to all of them.
Keywords: Teacher training; High
ability/giftedness; Inclusive education.
RESUMEN
Este trabajo expone una investigación que tiene como tema la percepción de alumnos con altas capacidades, respecto a
las características de los
docentes que contribuyen al éxito
del proceso de enseñanza y aprendizaje en el aula. Así,
este estudio tiene como
objetivo general ofrecer contribuciones
en la práctica
de profesores que trabajan con alumnos con
altas capacidades, y como objetivo específico investigar, según
la percepción de los alumnos con
altas habilidades, cuáles son
las características de los
docentes que contribuyen al éxito
de su aprendizaje. Participaron de esta investigación
40 alumnos con altas
capacidades del 8º y 9º año
de la Enseñanza Fundamental
que forman parte de un proyecto en un
instituto social de una ciudad del
interior paulista. Se utilizó como instrumento
metodológico para la recolección
de datos, un cuestionario compuesto por una
pregunta abierta que fue
respondida por los alumnos.
Para el análisis de las respuestas de estos participantes, fueron empleados los constructos del análisis de contenido de Bardin (2011). Los
resultados de esta investigación apuntan
que, en la percepción de la mayoría de los alumnos participantes, las principales características de los
docentes que contribuyen al éxito
de su aprendizaje están relacionadas a la buena didáctica
/ al buen trabajo didáctico del profesor.
Aunque con menor frecuencia, también se han mencionado como características de calidad:
a la buena relación, el buen
sentido del humor y la disposición del profesor para aprender. Se concluyó
que las características obtenidas
en la presente investigación son atributos necesarios a los profesores y beneficiosos a todos
los alumnos y no solamente aquellos con altas capacidades.
Palabras clave:
Formación de profesores;
Altas capacidades; Educación inclusiva.
Introdução
Este tema foi escolhido, pois, nas
publicações científicas brasileiras, pouco se encontra a respeito das
características e/ou modos de atuação pessoais-profissionais dos professores
para o aluno com altas habilidades/superdotação
(AH/SD). Essa carência de trabalhos sobre as características necessárias ao
professor foi observada também em outros países. Nos trabalhos encontrados e
que compõem a fundamentação teórica do presente artigo, autores como Vialle e Tischler (2005), Rech e Freitas (2005b) e Martins e Alencar (2011), entre
outros, consideram que o professor de alunos com altas habilidades/superdotação deve ter características específicas para a
eficácia do seu trabalho. Sendo assim, é preciso identificá-las, dado que há
divergência no conjunto de características apresentadas por cada autor.
As autoras Vialle e
Tischler (2005), por exemplo, realizaram um estudo na
literatura para levantar o que outros autores apresentaram em suas pesquisas
como características desejáveis em professores de alunos com AH/SD, sendo que
tais pesquisas incluíram entre seus sujeitos especialistas em educação para
dotados, professores, estudantes e seus pais. As autoras concluíram que as
características levantadas poderiam ser divididas em três grupos:
pessoais-sociais (personal-social characteristics),
estratégias e abordagens de ensino (teaching strategies and approaches) e
características intelectuais (intellectual characteristics).
As características levantadas são
apresentadas a seguir de acordo com o agrupamento proposto por Vialle e Tischler (2005, tradução
nossa).
Quadro 1 - Características desejáveis em professores de alunos com
AH/SD
Pessoais-sociais |
Fonte |
compreende as necessidades
cognitivas, emocionais e sociais dos
estudantes dotados |
Bishop, 1980; Burg, 1988; Burg, 1988; Davalos
& Davalos &Griffin, 1999; Griffin, 1999; Feldhusen, 1991; Feldhusen,
1991; Goodnough, 2001; Goodnough,
2001; Hansen & Feldhusen, Hansen & Feldhusen, 1994; 1994; Landvogt,
2001; Landvogt, 2001; Nelson & Prindle, Nelson & Prindle,
1992; 1992; Whitlock & DuCette, 1989 Whitlock
& DuCette, 1989. |
possui bom senso de humor
|
Bernal, 1994; Burg, 1988; Burg, 1988; Goertz
& Goertz &Phemister,
1994; Phemister, 1994; Maddux et al., 1985 Maddux
et al., 1985. Bernal, 1994; |
admite os próprios erros |
Bernal, 1994; Whitlock & DuCette, 1989
Whitlock & DuCette, 1989.Feldhusen, 1991; |
é entusiasmado |
Feldhusen, 1991; Goertz & Phemister,
Goertz & Phemister,
1994; 1994; Hansen & Feldhusen, 1994; Hansen
& Feldhusen, 1994; Whitlock & DuCette, 1989; Whitlock & DuCette,
1989. |
é culturalmente sensível |
Bernal, 1994;Baldwin, et al., 2000; Baldwin, et al., 2000; Chan, 2001;
Chan, 2001; Ford Ford & Trotman, 2001&
Trotman, 2001. |
Estratégias e abordagens de ensino |
Fonte |
tem habilidades em diferenciar o
currículo para os estudantes dotados |
Feldhusen, 1991; Nelson
& Prindle, Nelson & Prindle,
1992; 1992; Whitlock & DuCette, 1989 Whitlock
& DuCette, 1989. |
emprega estratégias que
promovam formas mais elevadas de pensamento |
Feldhusen, 1991; Hansen
& Feldhusen, Hansen & Feldhusen,
1994; 1994; Nelson & Prindle, 1992 Nelson &
Prindle, 1992. |
encoraja os estudantes a
serem aprendizes independentes |
Feldhusen, 1991; Goertz & Phemister, Goertz & Phemister, 1994;
1994; Hansen & Feldhusen, 1994; Hansen & Feldhusen, 1994; Nelson Nelson
& Prindle, 1992;& Prindle,
1992; Whitlock & DuCette, Whitlock & DuCette, 1989 1989. |
promove oportunidades de
aprendizado centradas no aluno |
Bishop,
1980; Davalos & Griffin, 1999; Davalos & Griffin, 1999. |
age como um facilitador |
Bernal, 1994;
Whitlock & DuCette, 1989 Whitlock & DuCette, 1989. |
cria um ambiente de aprendizagem não
ameaçador |
Hansen & Feldhusen, 1994. |
é bem organizado |
Bishop, 1980; Feldhusen, 1991; Feldhusen, 1991; Maddux, Maddux, et al., 1985 et al.,
1985. |
possui conhecimento aprofundado da matéria
que ensina |
Bishop, 1980; Burg, 1988; Burg, 1988; Emerick,
Emerick, 1992; 1992; Feldhusen,
1991; Feldhusen, 1991; Landvogt,
2001; Landvogt, 2001; Lewis, 1982; Lewis, 1982; Goertz & Phemister, 1994; Goertz & Phemister, 1994;
Maddux et al., 1985; Maddux et al., 1985; Milgram, 1979 Milgram, 1979. |
tem amplos interesses, envolvendo
interesses culturais e literários |
Bishop, 1980. |
Intelectuais |
Fonte |
tem inteligência acima da média |
Bishop, 1980; Feldhusen, 1991; Feldhusen, 1991; Lewis, Lewis, 1982; 1982; Milgram, 1979
Milgram, 1979. |
é um eterno aprendiz |
Bishop, 1980; Lewis, 1982; Lewis, 1982; Hansen & Hansen &Feldhusen, 1994; Feldhusen,
1994; Maddux et al., 1985; Maddux et al., 1985; Milgram, 1979; Milgram, 1979;
Nelson & Prindle, 1992; Nelson & Prindle, 1992; Rejskind, 2000 Rejskind, 2000 |
possui excelentes habilidades de
comunicação |
Bishop, 1980; Lewis, 1982 Lewis, 1982. |
Fonte: Vialle e Tischler (2005, tradução
nossa)
O autor de renome internacional Joseph Renzulli (1980) dá especial destaque ao comportamento do
professor. O mais interessante neste tipo de abordagem é o fato de o autor
enfatizar a possibilidade de treinar os professores para que emitam alguns
comportamentos específicos: “Para ter certeza, podemos treinar todos (ou quase
todos) os professores para serem mais flexíveis, para elaborarem questões de
mais alto nível, e para darem lições que promovam criatividade e
desenvolvimento afetivo[1]”
(RENZULLI, 1980, p. 8, tradução nossa). Essa possibilidade de mudança de
comportamento é importante ser observada porque, de certa forma, tira o docente
e as instituições de sua zona de conforto e os colocam como uma espécie de
corresponsáveis no desenvolvimento de tais comportamentos.
No cenário brasileiro também foram
encontradas pesquisas abordando este tema, como a de Rech
e Freitas (2005b), na qual explicam que a atuação do professor seja como a de
um mediador no processo ensino-aprendizagem, que entenda as diferenças entre os
alunos e as necessidades educacionais especiais, que observe se algum fator
externo está atrapalhando o rendimento do aluno, e que seja responsável por
oferecer estímulos aos alunos e instigá-los a buscar novos desafios. Por
último, que procure ajuda de profissionais capacitados para orientação em
relação à educação dos alunos com AH/SD. Entretanto, tudo isso só se torna
possível quando o professor sabe identificar quem é o aluno com AH/SD.
Martins e Alencar (2011) realizaram uma
pesquisa qualitativa junto a professores do Ensino Fundamental e do curso de
Pedagogia, que teve, entre outros objetivos, investigar quais as
características que eles apontavam como desejáveis aos docentes no atendimento
aos alunos com AH/SD.
Na conclusão das autoras, os dois grupos de
participantes não apresentaram diferenças expressivas em relação às suas
respostas. Os professores de ambos os grupos consideraram tanto características
profissionais, ao apontar fatores mais diretamente relacionados à profissão,
quanto atributos personológicos, ao apontar traços de
personalidade e habilidade intelectual, conforme denominam as autoras, como
atributos importantes para a prática profissional. Os atributos personológicos listados são, entre outros:
apresentar
habilidade intelectual elevada; ser compreensivo; ser uma pessoa atenciosa; ser
uma pessoa flexível, criativa e dinâmica; ser uma pessoa sensível e tranquila,
ser uma pessoa responsável, compromissada e dedicada; ter autoestima elevada e
ser paciente. (MARTINS; ALENCAR, 2011, p. 39).
E as características profissionais listadas
como desejáveis são, entre outras:
capacidade de
observação para identificar as necessidades de aprendizagem do seu aluno;
conhecimento sobre o assunto; facilidade em estabelecer uma relação de
integração com o aluno; habilidades para atender esse público e interesse em
conhecer as necessidades do aluno. (MARTINS; ALENCAR, 2011, p. 39-40).
Portanto, na conclusão das autoras, os
atributos desejáveis em docentes de alunos com AH/SD referem-se a
características personológicas (traços de
personalidade e habilidade intelectual) e a características profissionais. E,
conforme observam as autoras, para mais da metade dos professores
participantes, o educador ideal é aquele que apresenta grande número dos
atributos que foram elencados na pesquisa.
Valle-Ribeiro e Barbosa (2014) realizaram um
estudo objetivando investigar a produção sobre os professores de alunos com
AH/SD, nomeados por eles como dotados e talentosos, D&T, em artigos publicados
em duas bases de dados internacionais a ERIC (Education
Resources Information
Center) e a PsychINFO. Na análise de conteúdo dos
artigos encontrados, os autores observaram que se destacam tanto as
características pessoais quanto as profissionais, e ainda ressaltaram que as
qualidades pedagógicas do professor estão presentes em grande parte dos
artigos.
Além disso, Valle-Ribeiro e Barbosa (2014)
afirmam também não serem conclusivas as pesquisas no que se refere às razões
que justificam o fato de algumas características serem restritas ao professor
para a educação de alunos com D&T. Um questionamento importante que surge
com essa pesquisa é sobre quais das características desejáveis aos professores
de alunos com AH/SD seriam benéficas à turma de forma geral, e não apenas aos
alunos com AH/SD.
Portanto, há, sem dúvida, a concordância de
que o professor deve apresentar algumas características que são pontos-chave para o sucesso de seu trabalho. Torna-se
necessário, então, identificar quais são elas e se elas seriam exclusivas ao
professor de alunos com AH/SD.
Métodos
Esta pesquisa foi realizada com 40 alunos com
AH/SD do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental de escolas públicas que fazem parte
de um projeto de um Instituto social em uma cidade do interior paulista.
Tratam-se de alunos que foram selecionados por esse Instituto, quando estavam
cursando o 7º ano conforme critérios requeridos pelo próprio Instituto,
envolvendo, entre outros, ter bons resultados acadêmicos, ser proveniente de
família com renda máxima de dois salários mínimos per capita e apresentar como
perfil traços de motivação, autonomia, gosto pelos estudos e persistência. Para
tanto, eles passaram por cinco etapas de avaliações que tinham como objetivo
identificar nos alunos o que o Instituto chama “talento acadêmico”, que também
se traduz como altas habilidades/superdotação. O
projeto do Instituto prevê a condição de que o aluno frequente a escola pública
pela manhã e, no contraturno, a escola particular,
parceira desse Instituto, durante os dois últimos anos do Ensino Fundamental
(8º e 9º ano), com o objetivo de prepará-lo para cursar posteriormente o Ensino
Médio apenas na escola particular. Por isso, esses alunos participam de um
curso denominado “curso preparatório”. Esse curso preparatório é realizado no
formato de aulas, de segunda a sexta-feira, no período da tarde, das
disciplinas: português, matemática, geografia, história, ciências, física,
química, inglês e educação física. Simultaneamente, o aluno também participa de
um programa de desenvolvimento oferecido por uma equipe técnica de psicólogos e
pedagogos do Instituto, cujo trabalho é desenvolver aspectos socioemocionais dos alunos, como autonomia, engajamento,
persistência e motivação. Para tanto, ocorrem como atividades do Instituto os
atendimentos individuais e as reuniões periódicas com alunos e famílias. O
Instituto também oferece aos alunos atividades culturais e de orientação
profissional. Alguns dos critérios de permanência do aluno no projeto estão
relacionados aos resultados acadêmicos e à participação do aluno nas atividades
do Instituto.
Para investigar, segundo a percepção de
alunos com AH/SD, quais são as características docentes que contribuem para o
êxito de sua aprendizagem, utilizou-se como instrumento metodológico para coleta
de dados um questionário composto por uma questão aberta e elaborado com base
no referencial teórico.
Desses 40 participantes, 14 são do 8º ano e
26 do 9º ano, sendo 24 deles do gênero feminino e 16 do gênero masculino, e
todos tinham entre 12 e 15 anos de idade completos.
Foi solicitado aos 40 participantes da
pesquisa, que respondessem por escrito à seguinte questão aberta: 1. Sem citar
nomes, escreva a respeito do professor com o qual você acha que aprende melhor.
A eles foi enviado por e-mail um formulário contendo essa questão aberta, a
qual foi respondida por todos.
Para a análise das respostas dos participantes
da pesquisa, foram empregados os constructos da análise de conteúdo de Bardin (2011), optando-se pelo tema como unidade de
registro. Assim, os temas que emergiram nas respostas dos participantes da
pesquisa foram agrupados em categorias sob um título genérico.
A frequência (F) e o percentual (P)
referem-se ao número de vezes que a categoria é mencionada nas respostas dadas
por eles, e não ao número de participantes da pesquisa. Assim, um mesmo
participante da pesquisa pode estar incluído em várias categorias.
A seguir, serão apresentadas as análises das
respostas.
Resultados e
Discussão
O quadro a seguir é referente à questão
respondida pelos 40 alunos participantes:
Quadro 2 - Professores
com os quais os alunos responderam que aprendem melhor. |
|||
Categorias de análise |
F |
P |
Exemplos |
Boa didática |
38 |
95% |
Aluno 1:“[...] não apresenta sinais de incômodo ao
explicar novamente algo para um aluno e cede alguns minutos de sua aula para
uma discussão sobre um assunto que não necessariamente tem relação com o
conteúdo da disciplina.” Aluno 2: “Aprendo melhor com o professor que é objetivo na hora de
ensinar e não se enrola/dispersa muito [...] opta por atividades mais
objetivas que contribuem muito mais para o aprendizado e, quando pode, leva
atividades diferenciadas e faz uso da tecnologia (lousa digital, sala de
informática e tablets).” Aluno 3: “Tal(is) professor(es) [...] mostra(m) desafios estupendos
[...].” Aluno 5: “[...], explica muito bem, se importa com os
alunos e sempre que precisamos tira nossas dúvidas,
está sempre disposto a ajudar.” Aluno 7: “Eu aprendo melhor com o professor que consegue fazer com que
as aulas não sejam tão ‘paradas’, ou seja, ele falando um monte de conteúdo e
eu apenas escutando [...].” |
Aluno 13: “[...] utilizando exemplos atuais para que eu possa entender
bem a matéria e ligá-la ao mundo atual [...]. Além de tentar sempre trazer
novidades para a aula, seja um vídeo ou um debate.” |
|||
Aluno 21: “O professor faz com que a aula se torne mais lúdica,
dependendo da matéria no caso de História, traz uma linguagem de fácil
compreensão não só para alunos mais dedicados, mas também para alunos com
dificuldades [...] é responsável e organizado.” |
|||
Aluno 28: “Ele explica muito bem a matéria com uma linguagem muito
fácil de entender [...].” Aluno 36: “Ele é
dinâmico [...] explica a matéria da melhor forma possível e não se irrita ao
ter que explicar novamente.” |
|||
Bom relacionamento |
13 |
32,5% |
Aluno 11: “Além disso, ele possui uma linguagem mais informal e
descontraída com os alunos, usando o linguajar dos jovens [...].” |
Aluno 35: “Esse(a) professor(a) lida com a sala de modo firme [...]
mantém um bom relacionamento com a turma colocando-os na linha sem precisar
extrapolar (xingar/gritar/ameaçar).” |
|||
Bom senso de humor |
12 |
30% |
Aluno 2: “[...] faz bom uso do bom humor com algumas piadas ou
brincadeiras, para quebrar um pouco o clima sério de explicação e nos manter
interessados [...].” |
Bom senso de humor |
12 |
30% |
Aluno 28: “[...] tenta ser bem descontraído nas aulas, mas ainda sim
no assunto da matéria.” |
Disposição do professor para aprender |
2 |
5% |
Aluno 6: “Ela sempre tira as dúvidas dos
alunos, e se por acaso não souber responder busca saber mais sobre o assunto
e conta para todos.” |
Fonte:
Elaboração própria |
Observa-se que a categoria mais mencionada
pelos participantes remete à “Boa didática”, o que reflete o fato de que os
alunos participantes parecem estar altamente comprometidos com seu aprendizado
e valorizando os professores que ensinam os conteúdos efetivamente. Nessa
categoria estão as respostas que evidenciam os modos de agir do professor e os
meios objetivos de que se utiliza para ensinar de maneira eficaz. Assim, os
exemplos referentes a essa categoria são respostas ligadas à habilidade de
comunicação do professor, à objetividade com que explica o conteúdo, à variação
de estratégias, ao esclarecimento de dúvidas dos alunos, à capacidade de
sintetizar o conteúdo, à capacidade de relacionar a teoria à prática, ao
dinamismo na aula, à compreensão do conteúdo pelos alunos, ao uso habilidoso e
contextualizado de equipamentos tecnológicos e materiais multimídias (lousa
digital, tablets,
vídeos e notícias).
Essas ações/atividades representativas do
trabalho didático do professor, que parecem promover oportunidades de
aprendizagem aos alunos, guardam relação com o grupo de características do
professor denominado por Vialle e Tischler
(2005) “estratégias e abordagens de ensino”, o qual seria correlato com o que
se denominou “Boa didática”, por acolher as qualidades pedagógicas do
professor. Isso ocorre, na medida em que, nessa categoria, “Boa didática”,
pelas respostas dos participantes estão implícitas as estratégias e/ou as
habilidades pedagógicas que revelam como esses professores se organizam e atuam
para ensinar os conteúdos de ensino com objetivos de aprendizagem a serem
alcançados pelos alunos.
É interessante observar que tanto os
participantes de três países diferentes da pesquisa realizada por Vialle e Tischler (2005), como
também os dessa pesquisa, valorizaram a variação nas estratégias de ensino dos
professores, expressa, neste caso, nas respostas referentes ao professor que:
não se prende a um texto, utiliza-se de múltiplos meios (vídeos, músicas, conteúdos online, etc.), equilibra as formas de ensinar,
relaciona a ‘matéria teórica’ à prática, passa exercícios e exemplifica o
conteúdo. Tal valorização, também encontra-se em consonância com Abud (2004, p. 147), quando a autora afirma que o uso de
procedimentos diferenciados, como exibição de vídeos, dinâmicas de grupos, aula
expositiva, relatos de casos, pesquisas e discussão de leituras, quando
combinados, “evidencia a predisposição desses professores pela sensibilidade,
pela razão e pela vontade”.
Há nas respostas dos alunos a menção a
respeito da forma de comunicação adotada pelos professores para explicar a
‘matéria’, uma vez que eles sublinham o uso da linguagem que eles compreendem e
o “saber explicar de forma que todos entendam”. E isso está em concordância com
uma característica de qualidade docente, “possuir excelente habilidade de
comunicação”, apresentada e classificada no grupo das características
intelectuais dos professores também por Vialle e Tischler (2005). Uma das respostas, a do Aluno 21, enfatiza
que além da comunicação ser acessível, é importante também que o professor seja
responsável e organizado. A organização relaciona-se com o que foi apresentado
por Bishop, conforme foi relatado por Feldhusen
(1985), sobre o professor de qualidade, para o aluno com AH/SD, ser considerado
metódico e bem organizado.
As respostas que se referem ao uso habilidoso
e contextualizado de equipamentos tecnológicos e materiais multimídias (Aluno 2
e Aluno 13) guardam relação com o proposto por Alencar e Fleith
(2001), ao afirmarem que o aluno com AH/SD precisa ter o acesso a diferentes
fontes de aprendizagem, materiais e equipamentos.
Observa-se ainda, por meio de inferências com
base nas respostas dos participantes, uma relação entre o que os alunos
responderam e o bom uso do tempo cronológico da aula. Segundo Abud (2004, p. 133) “o agir didático de efeitos positivos
do professor inclui [...] saber dispensar tratamento adequado ao aluno e ao
conteúdo trabalhado durante a cronologia da aula.” Indiretamente, o que os alunos
afirmam como aulas objetivas, sem “enrolação” e com dinamismo, podem se
traduzir em aulas em que o professor deixa claro que sabe como fazer bom uso do
tempo que dispõe com os alunos na sala de aula.
Além disso, com a boa administração do tempo
cronológico, o professor consegue se organizar para a abertura a uma discussão
de assuntos não necessariamente ligados ao conteúdo da aula, característica
valorizada pelo Aluno 1. A vontade dos alunos de refletir e discutir com o
professor assuntos que não estão relacionados ao conteúdo ensinado parece
confirmar uma das características dos alunos com AH/SD, que é o desejo de se
realizar em áreas de seu interesse, que podem ser muito variadas, e falar sobre
ideias inovadoras, numa atmosfera ‘aberta’ em sala de aula (OUROFINO;
GUIMARÃES, 2007; BRASIL, 2008; ALENCAR; FLEITH, 2001). Isso requer que o
professor, além de administrar bem o tempo de aula, esteja aberto para permitir
essas discussões em sala e, até mesmo, promovê-las de forma ordenada.
Portanto, o tempo também representa um
elemento importante, quando bem utilizado, para que o professor possa fornecer
explicações, caso algum aluno permaneça com dúvidas, tema presente nas
respostas do Aluno 36: “[...] não se irrita ao ter que explicar novamente” e do
Aluno 5: “[...] se importa com os alunos e sempre que precisamos tira nossas dúvidas, está sempre disposto a ajudar”.
Respostas relacionadas à disponibilidade do professor para explicar mais de uma
vez o conteúdo e respeitar o ritmo dos alunos com vistas a garantir o
aprendizado, também fazem parte da categoria “Boa didática”. Se, por um lado,
os alunos desejam ir além do conteúdo e discutir com o professor outros
assuntos, por outro, revelam que também possuem fragilidades acadêmicas e podem
apresentar um ritmo mais lento de aprendizagem em determinados conteúdos.
Essas afirmações desmistificam o senso comum
que diz que o aluno com AH/SD é excelente em todas as disciplinas, conforme
também o fazem Rech e Freitas (2005a). As autoras
relatam que existem mitos sobre o desempenho e as consequências de ser
superdotado, de que tudo seria fácil para eles e de que eles se destacam em
todas as áreas do currículo escolar, sempre com nota 10 em tudo. Além disso,
referenciadas em Winner (1998), essas autoras
reforçam a ideia de que as crianças superdotadas não são excelentes em todas as
áreas do conhecimento, como também afirmam que elas podem se destacar em uma
área acadêmica e apresentar distúrbio de aprendizagem em outra. A esse
respeito, Rech e Freitas (2005a) acrescentam que isso
deveria estar claro para o professor, já que na literatura isso é indiscutível.
Outro item presente nesta categoria “Boa
didática” refere-se aos desafios que o professor pode (e deve) proporcionar aos
alunos, uma vez que isso também parece atender a uma necessidade dos alunos com
AH/SD (OUROFINO; GUIMARÃES, 2007), assim como relaciona-se à característica
docente elencada por Vialle e Tischler
(2005), que é “empregar estratégias que promovam formas mais elevadas de
pensamento”. Dadas essas afirmativas, evidencia-se a importância de o professor
propor atividades que estejam no nível intelectual do aluno.
Os debates, também citados como algo positivo
para a aprendizagem, parecem denotar um desejo dos alunos de expressarem sua
voz na sala de aula, participando ativamente do seu aprendizado, comportamento
facilitado pela atitude docente de “criar um ambiente de aprendizagem não
ameaçador”, característica docente em acordo novamente com o que foi
apresentado por Vialle e Tischler
(2005). A resposta do Aluno 1 é um bom
exemplo do que mais apareceu nesta categoria quando diz que o professor “[...]
aconselha sobre meios para suprir quaisquer que sejam as dificuldades, não
apresenta sinais de incômodo ao explicar novamente algo para um aluno e cede
alguns minutos de sua aula para uma discussão sobre um assunto que não
necessariamente tem relação com o conteúdo da disciplina”. Aqui, identifica-se
também similaridade com Bishop, explicitado por Feldhusen
(1985), ao relatar que os professores bem sucedidos para os alunos superdotados
encorajavam os estudantes a expressar opiniões e a participar das atividades.
Curiosamente, um aspecto importante, mas que
não apareceu nos conteúdos das respostas dos alunos
foi o conhecimento aprofundado na ‘matéria’ por parte dos professores.
Entende-se que essa característica seja considerada pelos alunos como premissa
básica, e por isso, não seria por assim dizer um diferencial no agir docente.
Nesse sentido, estabelece-se relação com a afirmativa de Abud
(2004), de que apenas o domínio de um conteúdo específico pelo professor não é
suficiente para assegurar uma ação educativa com objetivo de aprendizagem; o
professor precisa, para, além disso, criar uma ambiência adequada às atividades
de aprendizagem dos alunos, investir no cultivo de relacionamentos favoráveis à
interação aluno-professor-conhecimento e ensinar a aplicação prática dos
conhecimentos. Esta última habilidade pedagógica do professor aparece em
evidência nas respostas dos participantes que afirmam a necessidade do estabelecimento
de uma relação teórico-prática dos conteúdos ensinados.
O “Bom relacionamento” também foi algo citado
pelos participantes. Constam 13 alunos que tiveram suas respostas nessa
categoria, representando 32,5% dos participantes. Aqui, foram reunidas as
repostas que mencionam as características do professor que facilitam o seu
relacionamento com os alunos, tais como empatia, respeito, amizade, ânimo,
simpatia, extroversão, “cabeça aberta”, boa comunicação, compreensão das
necessidades dos alunos e ser “gente boa”.
Essas características de qualidade do bom
relacionamento do professor guardam relação, em parte, com as que foram
mencionadas por professores no trabalho de Martins e Alencar (2011) e
classificadas por estas autoras como características personológicas,
envolvendo traços de personalidade e habilidade intelectual, e características
profissionais. Portanto, o bom relacionamento pode ser facilitado pelas
características personológicas, como ser uma pessoa
sensível e tranquila, responsável, compromissada e dedicada, e por algumas das
características profissionais: a facilidade em estabelecer uma relação de
integração com o aluno; habilidades para atender a esse público e interesse em
conhecer as necessidades do aluno.
Quanto ao atributo “Boa comunicação”, já
mencionado anteriormente, observa-se que ele aparece tanto na categoria “Boa
didática” como na de “Bom Relacionamento”, uma vez que há diferença de sentido
entre o que traz, por exemplo, o Aluno 28: “Ele explica muito bem a matéria com
uma linguagem muito fácil de entender [...]”, e o Aluno 11: “Além disso, ele
possui uma linguagem mais informal e descontraída com os alunos, usando o
linguajar dos jovens [...]”. O primeiro estabelece claramente a linguagem como
algo que o professor utiliza para facilitar o entendimento da matéria e o
segundo, parece referir-se a linguagem informal como um recurso para a
aproximação do professor com os alunos.
O controle disciplinar, citado por dois
alunos, também foi incluído nesta categoria “Bom relacionamento”, porque foi
mencionado como responsável pela manutenção de um clima favorável na sala de
aula. No entanto, há uma ênfase de que este controle é feito de forma
equilibrada, como pode se observar na resposta do Aluno 35: “Esse(a)
professor(a) lida com a sala de modo firme [...] mantém um bom relacionamento
com a turma colocando-os na linha sem precisar extrapolar
(xingar/gritar/ameaçar)”.
A categoria “Bom senso de humor” foi citada
por 12 alunos, 30% dos participantes. Contudo, o senso de humor é citado como
valioso quando colabora para a fluidez da aula e para a manutenção do interesse
do aluno. Estando envolvidos nessa relação o interesse e a aprendizagem do
conteúdo, talvez essa categoria seja a que mais evidencie a indissociação
entre cognição e afetividade. Nesse sentido, quando ambas estão mobilizadas,
não apenas o ensino é eficaz, como também a aprendizagem é prazerosa, sendo
recompensadora para o aluno. Isso vem ao encontro do que afirma Arantes (2003)
ao explicar que nossos pensamentos e ações são influenciados pelos estados
emocionais tanto quanto nossas capacidades cognitivas. Assim, como observa a
autora, em um experimento sobre resolução de problemas, a organização do
raciocínio parece depender na mesma intensidade dos aspectos cognitivos e dos
aspectos afetivos presentes durante o funcionamento psíquico. E ainda Justo
(2006) postula que
O humor pode contribuir,
sobretudo, para retirar dos afazeres de ensino-aprendizagem aquela atmosfera
carregada de sisudez, pesar e sofrimento. O tom de alegria e descontração do
humor pode tornar mais prazerosa e divertida a convivência com os pares na sala
de aula e com tarefas relacionadas ao conhecimento. (JUSTO, 2006, p.123)
Acrescenta-se, ainda, que o bom senso de
humor e o entusiasmo, também são elencados por Vialle
e Tischler (2005) no grupo das características
pessoais-sociais do professor.
A categoria “Disposição do professor para
aprender” foi suscitada pelas respostas de 2 alunos, 5% dos participantes, como
uma característica importante. Isso é evidenciado pela resposta do Aluno 6, ao
afirmar que a professora com a qual aprende melhor “[...] sempre tira as dúvidas dos alunos, e se por acaso não souber
responder busca saber mais sobre o assunto e conta para todos.” Nesse sentido,
“ser um eterno aprendiz” é uma das características intelectuais de qualidade do
professor classificadas por Vialle e Tischler (2005), com a qual observa-se bastante correlação
em relação ao que afirmaram os 2 alunos participantes dessa pesquisa.
Um fato interessante a ser observado é que,
na pesquisa de Vialle e Tischler
(2005), realizada na perspectiva de 387 alunos da Austrália, 142 da Áustria e
328 dos Estados Unidos, os alunos mais novos, da faixa etária entre 12 a 15
anos (Year 7 e Year 9 na
pesquisa), valorizaram mais as características pessoais dos professores. Nesta
pesquisa, diferentemente dessa anterior, os alunos com a mesma faixa etária
valorizaram características pertencentes aos três grupos classificados pelas
autoras: estratégias e abordagens de ensino, qualidades pessoais-sociais
favoráveis e intelectuais, contudo enfatizaram mais os professores que apresentam
as características relacionadas às estratégias e abordagens de ensino/boa
didática. Esses atributos evidenciam que os professores com quem os alunos
percebem que aprendem melhor, apresentam domínio de habilidades pedagógicas.
Considerações finais
Conclui-se então que, na percepção da maioria
dos alunos, as características docentes que contribuem para o êxito de sua
aprendizagem estão relacionadas à boa didática/ao bom trabalho didático do
professor. Isso significa que tais características profissionais referem-se,
conforme as respostas dos alunos, à objetividade com que explicam o conteúdo, à
variação de estratégias didáticas, à capacidade de relacionar a teoria à
prática, à capacidade de sintetizar o conteúdo, ao esclarecimento de dúvidas
dos alunos, ao uso habilidoso e contextualizado de equipamentos tecnológicos e
materiais multimídias, ao dinamismo da aula, à compreensão do conteúdo de
ensino pelos alunos e à habilidade de comunicação do professor.
Em suma, observou-se que, na percepção dos
alunos, o bom trabalho didático quando bem executado, efetivamente faz com que
o aluno aprenda melhor. As características bom relacionamento, bom senso de
humor e disposição do professor para aprender também aparecem, embora com menor
frequência. Ao que parece, a boa didática/o bom trabalho didático é o essencial
para os alunos e as outras características são complementares para a
aprendizagem efetiva dos conteúdos escolares.
Entende-se que a ênfase conferida pelos
alunos participantes ao trabalho didático do professor foi a principal
diferença encontrada nesse trabalho em comparação com outros similares. Uma
hipótese que explica esse fenômeno é que o Instituto valoriza o desempenho
acadêmico, tanto na seleção dos alunos quanto no desenvolvimento dos mesmos ao longo
dos anos. Por isso, esses alunos estariam mais propensos a valorizar seus
professores que os “ajudassem” a tirar notas mais altas nas avaliações.
Considera-se que o conhecimento de ações de
ensino que vêm ao encontro das necessidades desses alunos pode
possibilitar a criação de um ambiente de aprendizagem em que eles se sintam
valorizados e estimulados a desenvolver seus talentos e suas habilidades. Além
disso, considera-se que as características obtidas, na percepção desses alunos,
são atributos necessários a todos os professores e benéficos a todos os alunos
e não apenas aos alunos com AH/SD.
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Acesso em: 07 out. 2018.
Notas
1 Trecho original em inglês: “To be certain, we can
train all (or almost all) teachers to be more flexible, to ask higher level
questions, and to teach lessons that promote creativity and affective
development.”
Correspondência
Fernanda Cardoso Fraga Fonseca – Universidade
de Taubaté. R. Quatro de Março, 432 - Centro. CEP: 12020-270. Taubaté, São
Paulo, Brasil.
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work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0)
[1] Trecho original em inglês: “To be certain, we can train all (or almost all)
teachers to be more flexible, to ask higher level questions, and to teach
lessons that promote creativity and affective development.”