Uso da Tecnologia Assistiva na Educação Inclusiva no
Ambiente Escolar: Revisão Sistemática
Use of Assistive Technology in Inclusive Education in the School
Environment: Systematic Review
Uso de la Tecnología de
Asistencia en la Educación Inclusiva en el Entorno Escolar: Revisión
Sistemática
* Graziela
Ferreira Biazus
Mestre
pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre,
Rio Grande do Sul, Brasil.
gbiazus@hcpa.edu.br
– https://orcid.org/0000-0002-9655-4002
**
Carlos
Roberto Mello Rieder
Professor
doutor na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
crieder@hcpa.edu.br
Recebido em 27 de junho de 2018
Aprovado em 24 de janeiro de 2019
Publicado em 05 de junho 2019
RESUMO
O Marco de Ação da Educação 2030 e boom tecnológico são
de grande relevância na Educação Inclusiva (EI). Objetivo deste artigo é realizar
uma revisão sistemática sobre Tecnologia Assistiva (TA) na EI de alunos com
necessidades educacionais especiais (NEEs). Fontes dos dados: revisão
sistemática de artigos publicados nos últimos oito anos e disponíveis nas
seguintes bases de dados: Pubmed, SciELO, Lilacs e Medline. A estratégia de
busca incluiu a combinação das seguintes palavras-chave: educação inclusiva,
equipamentos de autoajuda, dispositivos de auto ajuda, educação especial.
Também incluiu os unitermos na língua inglesa: maintreaming child, education special, self-help devices child. A união dessas palavras foi feita sempre
com o termo AND. Síntese dos dados: A estratégia de pesquisa resultou em 610
títulos listados e 124 selecionados para a revisão. Pela leitura do título e do
resumo, 17 artigos foram selecionados e incluídos com a combinação TA na EI. A
revisão possibilitou a análise de pesquisas no âmbito nacional e internacional.
Participaram da análise 2881 alunos com NEEs, 391 pais e professores e 29
colaboradores da equipe de TA. Os principais resultados encontrados na revisão
foram que a EI depende de questões acadêmicas, comportamental, mobilidade /
acessibilidade, sociabilidade, meio de transporte e também maior compreensão
sobre aplicação da TA na EI. Conclui-se que a EI deve ser parte integrante de
um sistema educacional, permitir flexibilidade e adaptação curriculares para
alunos com NEEs e a TA tem como benefício facilitar a inserção desses no
ambiente escolar.
Palavras-chave: Inclusão
e ducacional; Equipamentos de autoajuda; Dispositivos de auto ajuda
ABSTRACT
The 2030 Education Action Framework and technological
boom are of great relevance in Inclusive Education (IE). Objective: to carry
out a systematic review on Assistive Technology (AT) in the IE of
schoolchildren with special educational needs (SEN). Sources of data:
systematic review of articles published in the last eight years and available
in the following databases: Pubmed, SciELO, Lilacs and Medline. Search strategy
included a combination of the following keywords: educational inclusion,
self-help equipment, self-help devices, special education. Also included in the
English language: maintreaming child, education special, self-help devices
child. The union of these words was always made with the term AND. Data
Synthesis: The search strategy resulted in 610 titles listed and 124 selected
for review. By reading the title and the abstract, 17 articles were selected
and included with the AT combination in the IE. The review made possible the
analysis of national and international research. 2881 students with SEN, 391
parents and teachers, and 29 AT staff participated in the analysis. The main
results found in the review were that the IE depends on several issues such as
academic, behavioral, mobility / accessibility, sociability and transportation
issues, and there should be greater understanding about the application of AT
in IE. It is concluded that IE should be an integral part of an educational
system, allow curricular flexibility and adaptation for students with special
educational needs and AT has the benefit of facilitating the insertion of these
students into the school environment.
Keywords: Maintreaming child; Education
special; Self-help devices child.
RESUMEN
El
Marco de Acción de la Educación 2030 y boom tecnológico son de gran relevancia
en la Educación Inclusiva (EI). Objetivo: realizar una revisión sistemática
sobre Tecnología Asistiva (TA) en la EI de alumnos con necesidades educativas
especiales (NEE). Fuentes de datos: revisión sistemática de artículos
publicados en los últimos ocho años y disponibles en las siguientes bases de
datos: Pubmed, SciELO, Lilacs y Medline. La estrategia de búsqueda incluyó la
combinación de las siguientes palabras clave: educación inclusiva, equipos de
autoayuda, dispositivos de auto ayuda, educación especial. También incluyó los unitermos en la lengua inglesa:
maintreaming child, education special, self-help devices child. La
unión de estas palabras se hizo siempre con el término AND. Síntesis de los
datos: La estrategia de búsqueda resultó en 610 títulos listados y 124
seleccionados para la revisión. Por la lectura del título y del resumen, 17
artículos fueron seleccionados e incluidos con la combinación TA en la EI. La
revisión posibilitó el análisis de investigaciones a nivel nacional e
internacional. Participaron del análisis 2881 alumnos con NEE, 391 padres y
profesores y 29 colaboradores del equipo de TA. Los principales resultados
encontrados en la revisión fueron que la EI depende de diversos abordajes tales
como cuestiones académicas, conductuales, movilidad / accesibilidad,
sociabilidad, y medio de transporte y también debe haber mayor comprensión
sobre la aplicación de la TA en la EI. Se concluye que la EI debe ser parte
integrante de un sistema educativo, permitir flexibilidad y adaptación
curriculares para alumnos con NEEs y la TA tiene como beneficio facilitar la
inserción de esos alumnos en el ambiente escolar.
Palabras clave:
Inclusión educativa; Equipos de autoayuda; Dispositivos de autoayuda.
Introdução
Em 1994 foi organizada, pelo governo da
Espanha, em cooperação com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e Cultura (UNESCO), a Estrutura de Ação em Educação Especial
(Declaração de Salamanca), que propõe Educação Especial, da qual todas as
crianças possam se beneficiar. Esta Declaração assume que as diferenças humanas
são normais e que, a aprendizagem deve ser adaptada às necessidades da criança
e promoção de uma pedagogia centrada a todos os estudantes e, consequentemente,
à sociedade como um todo. Esta Estrutura de Ação compõe-se das seguintes
seções: novo pensar em educação especial, (política e organização; fatores
relativos à escola; recrutamento e treinamento de educadores; serviços externos
de apoio; áreas prioritárias; perspectivas comunitárias e requerimentos
relativos a recursos), (UNESCO, 1994; KOYAMA & SILVIA, 2017).
A Assembleia Geral da ONU, em 2007, adotou a
resolução que estabeleceu a Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, com a qual buscou-se defender e garantir condições de
vida com dignidade a todas as pessoas com deficiência, seja ela física, motora,
intelectual ou sensorial. Uma das recomendações dessa convenção é que as
crianças com deficiência devem ter pleno gozo de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais, em condições de igualdade com as outras crianças
(BRASIL, 2009).
A UNESCO organizou o Fórum Mundial de
Educação 2015, onde foi elaborada a Declaração de Incheon para a Educação 2030,
que estabelece uma nova visão para a educação para os próximos quinze anos. A
Declaração de Incheon constitui o compromisso da comunidade educacional com a
Educação 2030 e a Agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030 e, assim,
reconhece o importante papel da educação como principal motor do
desenvolvimento. O Marco de Ação da Educação 2030, visa a oferecer orientações
para a educação até 2030, mobilizar os países e parceiros em torno dos
objetivos de desenvolvimento sustentável sobre educação e suas metas, além de
propor formas de implementar, coordenar, financiar e monitorar a Educação 2030
para garantir oportunidades de educação de qualidade inclusiva e equitativa,
assim como de aprendizagem ao longo da vida para todos (UNESCO, 2015).
No plano nacional, o Brasil teve na
Constituição Federal de 1988 a primeira norma com garantias aos direitos das
pessoas com deficiência (BRASIL, 1988). Em 2001, o Conselho Nacional de
Educação / Câmara de Educação Básica determina as Diretrizes Nacionais para a
Educação Especial na Educação Básica. Através
do artigos 5° que diz:
Art.5°
Consideram-se educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante
o processo educacional, apresentarem:
I - Dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no
processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades
curriculares,compreendidas em dois grupos:
a) aquelas não vinculadas a uma causa orgânica específica;
b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou
deficiências.
II - Dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos
demais alunos, demandando a utilização de linguagens e códigos aplicáveis.
III - Altas habilidades/superdotação, grande facilidade de
aprendizagem que os leve a dominar rapidamente os conceitos, os procedimentos e
as atitudes.
Frente a essa nova realidade da escola, é necessário buscar
subsídios que determinam as características daquilo que se entende por
Necessidades Educacionais Especiais no contexto escolar (BRASIL, 2001).
Em 2015 foi sancionada a Lei Brasileira de
Inclusão (BRASIL, 2015) que seguiu as tendências internacionais, inaugurando a
ideia do modelo biopsicossocial.
De acordo com Teles, Resegue e Puccini (2013), a Educação Inclusiva (EI) é
definida como um conjunto de processos educacionais decorrentes da execução de
políticas articuladas que impeçam qualquer forma de segregação ou isolamento.
Essas políticas buscam favorecer o acesso à escola regular, ampliar a
participação e assegurar a permanência de todos os alunos, independentemente de
suas particularidades. Em termos práticos a EI é um direito humano legal e de
grande valor prático para os estudantes com deficiência (GORDON, 2013).
Tecnologia Assistiva (TA) é uma área do
conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos,
recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover
a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com
deficiência, incapacidade ou mobilidade reduzida, visando à sua autonomia,
independência, qualidade de vida e inclusão social (SOUSA, JURDIB & SILVA,
2015)
Com o boom
tecnológico da última década, a TA tem sido utilizada para melhorar as
habilidades da EI. Há uma necessidade de evidência que apoie abordagens
educacionais para o uso adequado de AT no ambiente escolar, bem como ampliar o
conhecimento familiar sobre a implementação do seu uso (BURNE et al., 2011).
Considerando a importância do tema, o Marco
de Ação da Educação 2030, o boom tecnológico e a relevância da Educação
Inclusiva (EI), pretende-se como objetivo deste artigo realizar uma revisão
sistemática das publicações que abordam aplicação da TA na Educação Inclusiva
no ambiente escolar.
Método
Fontes dos dados
Foi feita a revisão sistemática de artigos
publicados nos últimos oito anos e disponíveis nas seguintes bases de dados:
Pubmed (US National Library of Medicine National Institutes of Health), SciELO
(Scientific Electronic Library Online), Lilacs (Latin American and Caribbean
Health Sciences) e Medline (National Library of Medicine United States). A
estratégia de busca incluiu a combinação das seguintes palavras-chaves:
inclusão educacional, equipamentos de autoajuda, dispositivos de autoajuda,
educação especial. Também incluiu- se os unitermos na língua inglesa: maintreaming child, education special,
self-help devices child. A união dessas palavras foi feita sempre com o
termo (AND). A pesquisa foi feita da mesma forma em todas as bases de dados. As
palavras-chaves foram selecionadas com base na pesquisa de termos Decs/MeSH
(Lilacs e SciELO).
Critérios de seleção
Estudos foram incluídos na presença dos
seguintes critérios: (a) Artigos que envolvessem aplicação da Tecnologia
Assistiva na Educação Inclusiva entre escolares com NEEs, nos últimos 8 anos
(1° de janeiro de 2011 a 1° de janeiro de 2018); (b) Que apresentassem um dos
seguintes delineamentos: estudo observacional, de corte (prospectivos ou
retrospectivos), estudo transversal, estudo de caso controle, revisões de
literatura; (c) Que o idioma da publicação fosse português, espanhol ou inglês.
Todos os estudos que preencheram os critérios de inclusão foram submetidos à
extração de dados e ao processo de avaliação crítica. As principais
características foram sintetizadas de acordo com um modelo de extração de dados
constituído por: autor/local; método e amostra; instrumento aplicado no estudo;
principais resultados; aspectos relevantes do estudo e principais conclusões
dos artigos revisados.
Síntese/análise dos dados
A estratégia de pesquisa resultou em 610
títulos listados e 124 selecionados para a revisão. Pela leitura do título e do
resumo, 107 artigos foram excluídos, com base nos critérios de inclusão. Os 17
artigos selecionados foram incluídos na revisão sistemática de acordo com os
critérios descritos. Sendo considerado na categoria participantes conjunto de
estudos da revisão sistemática, cujos dados são oriundos de diferentes
trabalhos. Pela diversidades de estudos incluídos na revisão pode-se escrever
um panorama maior do entendimento da TA na Educação Inclusiva.
Resultados
Na análise das localidades, Estados Unidos e
Brasil, apresentaram destaque na publicação de estudos, após Espanha, Áustria,
Itália, províncias da África, Holanda, Tailândia, Hong Kong e Suécia.
Percebe-se que houve uma diversidade de países e continentes interessados neste
tema. Desta forma, pode-se compreender que a EInos escolares com NEEs é de
interesse mundial. As características dos estudos estão descritas na Tabela 1.
Tabela 1 – Características dos estudos envolvendo o uso da
Tecnologia Assistiva na Educação Inclusiva
Discussão
Após revisão dos 17 artigos possibilitou a
análise de pesquisas no âmbito nacional e internacional. Participaram da
análise 2881 alunos com NEEs entre 2 a 18 anos de idade, 391 pais e professores
e 29 colaboradores da equipe de TA. A maior parte dos estudos apresentaram
delineamento transversal, não foi descrito nenhum ensaio clínico controlado
randomizado. Houve uma diversidade de Tecnologia Assistiva aplicada na Educação
Inclusiva abordada pelos artigos revisados, tais como: acessibilidade na casa e
na escola, ética na inclusão escolar, serviços especiais educativos ou de
apoio, aplicativo de comunicação aumentativa, robô para crianças com deficiência
física severa, programa de design inclusivo, uso de computadores, materiais e
tarefas adaptadas.
Os principais instrumentos de avaliação
utilizados na revisão dos 17 artigos foram: Gross
Motor Function Classification System, Spanish
version of European Child Environment Questionnaire, Screening and Promotion for Health-Related Quality of Life in Children
and Adolescents (KIDSCREEN-52), escala de Likert-type-27, avaliação da participação social, questionários para quantificar a qualidade
estrutural e do processo de ensino,
relatórios de diagnóstico, indicadores sociodemográficos e
socioeconômicos, lista de verificação de
TA e entrevista semiestruturada, Inventário de Avaliação Pediátrica de
Incapacidades, Goal Attainment Scaling,
diário de uso de computador, Psychosocial
Impact of Assistive Devices Scale e opiniões
dos professores sobre a definição de metas para implementação da TA.
Dessa forma pode-se observar que há uma ampla
variedade de instrumentos que podem ser aplicados. Embora a qualidade da sala
de aula seja uma consideração importante, poucos estudos examinaram o processo
e a qualidade estrutural nas escolas de Educação Infantil, Educação Fundamental
e salas de aula inclusivas (PELATTI et al., 2016). O processo inclusivo permite
que uma sala de aula se torne um local de educação geral para pessoas com
deficiência acadêmica ao lado de seus colegas (REYES et al. 2017). O ensino
colaborativo é um método amplamente utilizado para incluir e apoiar os alunos
com NEEs para proporcionar a todos os alunos acesso igual à educação. Segundo
Rivera, Mcmahon e Keys (2014) há uma escassez de pesquisa sobre sua
implementação e resultados, e os poucos estudos existentes estão limitados aos
resultados acadêmicos e testes.
Os principais resultados encontrados na
revisão foram: fornecer intervenções para produzir mudanças ambientais que
contribuam para a melhoria da qualidade de vida; qualificação dos professores
como um preditor na qualidade do processo na EI; falta de serviços
especializados para estudantes com NEEs; características do aluno e do
professor combinados podem influenciar o nível de uso de TA; EI depende de
diversas abordados tais como questões acadêmicas, comportamental, mobilidade /
acessibilidade, social e meio de transporte; maior compreensão sobre aplicação
da TA na EI e novas pesquisas devem ser direcionadas a essa área.
As principais conclusões desta revisão
sistemática foram fornecer intervenções para produzir mudanças ambientais que
contribuam para a melhoria da qualidade de vida das crianças e adolescentes com
NEEs; pesquisas adicionais para analisar aplicação da TA na EI; promoção de
melhores práticas na sala de aula.Desta forma, a EI depende de diversos fatores
tais como teoria, pesquisa e práticas escolares inclusivas. Segundo Burne et
al. (2011) o uso de computadores deve ser melhorado e apesar do boom da TA na
vida das crianças, muito trabalho ainda é necessário para provar a sua
eficácia.
Revisão de literatura realizada por Habler,
Major e Hennessy (2015) relata que o uso de tablets
por crianças na escola pode viabilizar tarefas de aprendizagem (em vários
contextos e disciplinas acadêmicas). Contudo existe escassez de estudos
rigorosos, recomenda-se pesquisas futuras além da exploração para a construção
de investigações sistemáticas e aprofundadas.
Estudo realizado por Alkhateeb, Hadidi e Alkhateeb (2016)
buscou revisar e analisar pesquisas em EI em países árabes. Estes autores
revelaram que há pouca pesquisa nesta área e mais pesquisas são necessárias
para analisar as práticas de EI e demonstrar estratégias para a implementação
efetiva do IE.
No âmbito da inclusão escolar, a política educacional brasileira orienta que a educação de estudantes com deficiência seja realizada no ensino comum. Nesse sentido, torna-se necessário o favorecimento de ambientes acessíveis e com acessibilidade que possibilitem o pleno desenvolvimento dessa população no processo de escolarização, quando o uso de tecnologias, sobretudo da TA se torna ainda mais evidente (CORRÊA & RODRIGUES, 2016).
Brandão e Ferreira (2013) descrevem a
importância da inclusão nas instituições de educação pré-escolar. Todas as
crianças têm direito à educação em classes do ensino regular, em escolas
abertas à comunidade, onde se ofereça um ambiente educativo de qualidade e se
vá ao encontro das necessidades pedagógicas e terapêuticas de cada criança.
Numa filosofia de educação pré-escolar inclusiva, todos os intervenientes no
processo educativo, crianças, educadores, terapeutas e órgãos de gestão
trabalham de forma cooperativa na tarefa de ensinar e aprender, proporcionando
experiências significativas para todas as crianças.
Por meio de uma revisão de estudos realizada
por Calheiros, Mendes e Lourenço (2018) sobre conceitos e práticas da TA na
educação, foi destacado três grandes obstáculos identificados: a imprecisão do
atual conceito de TA, as dificuldades no acesso aos recursos, e a falta de
formação dos profissionais envolvidos. A direção tomada indica que há cada vez
mais demandas pela manutenção dos investimentos realizados no país, como
capacitação de recursos humanos e desenvolvimento de ações mais assertivas
quanto ao uso mais eficiente desses recursos no contexto educacional
brasileiro, no sentido de que ele realmente atinja seus objetivos na garantia
de autonomia e participação nas atividades cotidianas.
Revisão de literatura realizada por Silvia, Gonçalves
e Alvarenga (2012) descreve que, até o momento, de maneira geral, a escola
recebe, mas há muito a percorrer para incluir os alunos com NEEs, embora o
Brasil possua o escopo da inclusão. Assim, faz-se necessário o estabelecimento
de diretrizes e ações políticas visando uma inclusão efetiva. Para Alves e
Matsukura (2012) alguns desafios ainda permeiam esse contexto, estes autores
sugerem a implementação de trabalho em equipe, a participação de equipes
itinerantes no suporte escolar e a capacitação dos profissionais em sala de
aula, a fim de alcançar o desenvolvimento de habilidades e aprendizagem do
aluno em sua totalidade. Favorecer um processo no qual se amplia a participação
de todas as pessoas com deficiência na educação. Trata-se de uma reestruturação
da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que
estas respondam à diversidade de alunos como um direito de todos (SASSAKI,
1997).
Segundo Souza e Costa (2016) a inclusão e o
processo de ensino-aprendizagem dos alunos com NEEs é um dos maiores desafios
encontrados: recursos de Tecnologia Assistiva pode auxiliar o processo de
aprendizagem. Os resultados obtidos até o momento mostram que a utilização de
recursos de Tecnologia Assistiva motiva e envolve os alunos nas atividades
realizadas incentivando-os à participação ativa em seu processo de
aprendizagem.
Dessa forma, a Educação Inclusiva deve ser
parte integrante de um sistema educacional, permitir flexibilidade e adaptação
curriculares para alunos com NEEs. A Tecnologia Assistiva tem como benefício
facilitar a inserção desses alunos no ambiente escolar, é uma área do
conhecimento, que engloba produtos, recursos, metodologias e práticas que
objetivam promover a funcionalidade. Contudo, há necessidade de maior
compreensão sobre aplicação da TA na EI e novas pesquisas devem ser
direcionadas.
Conflitos de interesse
Os autores declaram não haver conflitos de
interesse.
Notas
1 Qualidade de vida (QV).Gross Motor Function Classification
System (GMFCS) Sistema de Classificação de Função Motora Bruta. Paralisia
Cerebral (PC)l. Spanish version of European Child Environment Questionnaire (ECEQ).Screening
and Promotion for Health-Related Quality. Of Life in Children and Adolescents
(KIDSCREEN-52). Educação de Inclusão (EI). Necessidades Educacionais Especiais
(NEE). Strengths and Difficulties Questionnaires (SDQ). Comunicação Aumentada e
Alternativa (CAA).Matching Assistive Technology to Child & Augmentative
Communication Evaluation Simplified (MATCH-ACES).Tecnologia Assistiva
(TA).Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidades (PEDI).Goal Attainment
Scaling (GAS).Psychosocial Impact of Assistive Devices Scale (PIADS). 1 Qualidade
de vida (QV).Gross Motor Function Classification System (GMFCS) Sistema de
Classificação de Função Motora Bruta. Paralisia Cerebral (PC)l.
Spanish version of European Child Environment Questionnaire (ECEQ).Screening
and Promotion for Health-Related Quality. Of Life in Children and Adolescents
(KIDSCREEN-52). Educação de Inclusão (EI). Necessidades Educacionais Especiais
(NEE). Strengths and Difficulties Questionnaires (SDQ). Comunicação Aumentada e
Alternativa (CAA).Matching Assistive Technology to Child & Augmentative
Communication Evaluation Simplified (MATCH-ACES).Tecnologia Assistiva
(TA).Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidades (PEDI).Goal Attainment
Scaling (GAS).Psychosocial Impact of Assistive Devices Scale (PIADS).
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Correspondência
Graziela Ferreira Biazus – Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. R. Sarmento Leite, 245 - Centro
Histórico de Porto Alegre. CEP: 90050-170. Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
Brasil.
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[1] Qualidade de vida (QV).Gross
Motor Function Classification System (GMFCS) Sistema de Classificação de Função
Motora Bruta. Paralisia Cerebral (PC)l. Spanish
version of European Child Environment Questionnaire (ECEQ).Screening and
Promotion for Health-Related Quality. Of Life in Children and Adolescents (KIDSCREEN-52).
Educação de Inclusão (EI). Necessidades Educacionais Especiais (NEE). Strengths
and Difficulties Questionnaires (SDQ). Comunicação Aumentada e Alternativa
(CAA).Matching Assistive Technology to Child & Augmentative Communication
Evaluation Simplified (MATCH-ACES).Tecnologia Assistiva (TA).Inventário de
Avaliação Pediátrica de Incapacidades (PEDI).Goal Attainment Scaling (GAS).Psychosocial
Impact of Assistive Devices Scale (PIADS).