Professor auxiliar e a inclusão de alunos com Transtorno
do Espectro Autista
Assistant pand the inclusion of students with
Autism Spectrum Disorder
Profesor auxiliar y una
inclusión de alumnos con Trastorno del Espectro Autista
* Paulo
César Morales Mayer[1]
Professor
doutor na Universidade CEUMA, Imperatriz, Maranhão, Brasil.
paulocmayer@gmail.com
– http://orcid.org/0000-0001-9484-2118
**
Marta
Angélica Iossi Silva
Professora
doutora na Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.
maiossi@eerp.usp.br
***
Reinaldo
Antonio Silva-Sobrinho
Professor
doutor na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Foz do Iguaçu, Paraná,
Brasil.
reisobrinho@yahoo.com.br
– http://orcid.org/0000-0003-0421-4447
****
Rosane Meire Munhak
da Silva
Professora
doutora na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Foz do Iguaçu, Paraná,
Brasil.
zanem2010@hotmail.com
– http://orcid.org/0000-0003-3355-0132
*****
Adriana
Zilly
Professora
doutora na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Foz do Iguaçu, Paraná,
Brasil.
aazilly@hotmail.com
– https://orcid.org/0000-0002-8714-8205
Recebido em 10 de junho de 2018
Aprovado em 25 de maio de 2019
Publicado em 03 de julho de 2019
RESUMO
No Brasil, é direito do aluno com Transtorno do Espectro
Autista (TEA), com comprovadas necessidades, ter a presença de um acompanhante
especializado em sala de aula, o professor auxiliar; contudo, a legislação
relativa a esse profissional é recente. O presente estudo caracterizou esses
profissionais e sua percepção sobre suas atividades mediante a entrevista de 12
acompanhantes especializados da cidade de Foz do Iguaçu, Paraná. Os dados da
caracterização foram tabulados e os dados qualitativos analisados pelo método
do Discurso do Sujeito Coletivo. Todos os entrevistados eram do sexo feminino,
com média de idade de 37 anos, três tinham pós-graduação em educação especial e
oito estavam tendo sua primeira experiência em educação especial na atividade
atual. Nos discursos desses profissionais, observou-se conhecimentos limitados
sobre o autismo, pouca articulação com o professor regente, necessidade de
capacitações com atividades práticas e um misto de frustrações e realizações
pessoais em relação à atuação. Pontua-se que a atividade do professor auxiliar
ainda está em desenvolvimento, poucos estudos relatam essa atuação e ainda há
necessidade de normativas específicas delimitando seus requisitos
profissionais, abrangência e metas educacionais.
Palavras-chave: Educação
Especial; Autismo; Inclusão educacional.
ABSTRACT
In Brazil, every student diagnosed with Autism Spectrum Disorder (ASD),
with recognized needs, has the right of an assistant in the classroom. The
legislation regarding this professional is recent though. The present study
described the characteristics of these professionals, and their perspective on
the activities they perform. Twelve
teacher assistants from Foz do Iguaçu, PR, were interviewed. The characterization data were tabulated and qualitative data were analyzed according
to the Collective Subject Discourse method. All 12 interviewees were female,
only three had graduate degree in special education, the mean age was 37 years,
and eight teachers were having their first experience in special education in
their current activity. In the speeches we observe diversity of educational background, only
three assistants had academic degree in special education, limited knowledge
about autism, little articulation between the assistant and the regular
teacher, need for training in practical activities and a mixture of frustrations and personal realizations about
their actions. The teacher assistant activity is still being
established, there are few studies in Brazil about it. This study
highlights the need for specific norms stablishing
their professional credentials as well as the scope and educational aims of
their intervention.
Keywords: Special Education; Autism;
Educational Inclusion.
RESUMEN
En Brasil, es derecho del alumno con
Trastorno del Espectro
Autista (TEA), con comprobadas
necesidades, tener la presencia de un acompañante especializado en el aula, el profesor
auxiliar. Sin embargo, la legislación relativa a este profesional
es reciente. El presente estudio
apunta a caracterizar a estos
profesionales y conocer la percepción de éstos sobre sus actividades. Se entrevistaron a 12 acompañantes
especializados de Foz do Iguaçu, Paraná. Los datos de
la caracterización fueron tabulados y los datos cualitativos fueron analizados según el método del Discurso del Sujeto Colectivo. Se constató que todos los 12
entrevistados eran del sexo
femenino, apenas 03 con
post graduación en educación especial, promedio de edad de 37 años y 08 profesoras estaban teniendo su primera
experiencia en su actividad actual.
En los discursos observamos
conocimientos limitados sobre autismo, poca articulación con el maestro regente, necesidad de capacitaciones con actividades prácticas y una mezcla de frustraciones y realizaciones personales en relación
a la actuación. La actividad del profesor
auxiliar aún está en desarrollo, pocos estudios relatan esa actuación y necesitan de una normativa específica delimitando sus
requisitos profesionales, alcance y metas educativas.
Palabras clave:
Educación Especial; autismo; Inclusión
educativa
Introdução
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), ou
autismo, caracteriza-se por déficits de interação social, comprometimento da
linguagem, estereotipia comportamental e interesses restritos (APA, 2014). Tais
características podem ser acompanhadas de limitações cognitivas a depender do
grau de comprometimento e comorbidade (SCHMIDT,
2017).
Embora o autismo seja uma condição limitante
do desenvolvimento e não tenha “cura”, intervenções precoces, intensivas e
multiprofissionais, podem amenizar os comprometimentos, permitindo, inclusive,
que o indivíduo autista, leve uma vida autônoma produtiva e com qualidade
(WARREN et al., 2011). Dentre as
atividades necessárias para um desenvolvimento adequado e uma vida autônoma, a
escolaridade bem sucedida é um dos elementos fundamentais (KEEN; WEBSTER;
RIDLEY, 2016).
Gobbo, Bonfiglio e Schwartz (2016) ressaltam que um grande
avanço para a inclusão escolar dos alunos com necessidades especiais ocorreu
com a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996. Posteriormente
a essa Lei, os principais documentos que garantem os direitos educacionais de
indivíduos autistas no Brasil são: 1) a Política Nacional de Educação Inclusiva
(BRASIL, 2008), a qual afirma o direito de o aluno autista ser matriculado em
salas de ensino regular em todos os níveis educacionais; 2) a Lei nº.
12.764/12, também conhecida como Lei Berenice Piana,
que estabelece a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro Autista e assegura o direito de um acompanhante
especializado em sala de aula em caso de comprovada necessidade (BRASIL, 2012);
e 3) o Decreto nº. 8.368/14, que regulamenta a Lei nº. 12.764/12 e salienta a
obrigatoriedade da instituição de ensino em providenciar esse profissional,
quando devidamente solicitado (BRASIL, 2014).
Salienta-se que essas leis seguem uma
tendência mundial no sentido de oferecer melhores condições às pessoas
portadoras de necessidades especiais. Além de combaterem a exclusão social e
preconceito em relação ao indivíduo autista, visam ao seu efetivo aprendizado a
partir de adaptações pedagógicas compatíveis com suas necessidades.
Segundo o levantamento de Bertazzo
(2014), a prática de acompanhamento de pessoas com necessidades especiais
ganhou destaque na década de 1960 em movimentos de desinstitucionalização.
Entretanto, no contexto escolar, em especial no Brasil, essa prática está ainda
em construção. Dentre as diversas denominações e funções do acompanhante
escolar encontradas por este autor sobressai o papel de mediador das relações
entre o aluno e o meio escolar, sejam com colegas, professores ou funcionários,
além de questões relacionadas à aprendizagem e à promoção de autonomia do
aluno.
Nunes, Azevedo e Schmidt (2013) realizaram
uma revisão da literatura nacional dos estudos de inclusão escolar de alunos
autistas, no período de 2008 e 2012, e identificaram resultados promissores na
escolarização de indivíduos autistas quando havia maior colaboração entre
educadores da escola regular e da escola especial em atendimento simultâneo e
com acompanhante terapêutico ou professor auxiliar. No entanto, estes autores
salientam a necessidade de uma formação e supervisão adequadas para esses
profissionais, os quais, por vezes, são apenas estudantes de Ensino Médio
cumprindo meramente o papel de cuidadores. Outros autores como Padilha (2013),
Haas et al. (2016) e Dias (2017) corroboram a importância da
interação/colaboração entre os educadores envolvidos no processo de inclusão.
Apesar da relevância do professor auxiliar,
identificada em diferentes estudos, sua participação no ensino de alunos
autistas é um direito recente; além disso, não há demarcação clara das
exigências de formação ou do papel desse profissional nas atividades
educacionais e pedagógicas.
Nesse sentido, no presente estudo objetiva-se
caracterizar os professores auxiliares no município de Foz do Iguaçu, PR e conhecer
a percepção destes a respeito de sua atuação.
Método
Trata-se de um estudo transversal e
exploratório, de natureza qualiquantitativa, baseado
no referencial teórico da análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) de Lefevre e Lefevre (2012). Tal
perspectiva deriva da teoria de representação social, a qual considera a
comunicação como um meio simbólico partilhado por indivíduos de uma mesma
cultura, composta tanto pelos seus símbolos linguísticos quanto por um código
ideológico repleto de valores e crenças pessoais e coletivas.
A característica central do DSC é a
preservação da essência e profundidade do método qualitativo ao trabalhar com
discursos ao invés de respostas fechadas, adicionando a estes um elemento
quantitativo ao trabalhar com a síntese de discursos, opiniões e argumentos em
comum apresentados por diferentes indivíduos. Esse método permite maior
generalização dos dados por identificar uma perspectiva coletiva da população
estudada em relação ao fenômeno abordado (LEFEVRE; LEFEVRE, 2012).
Participantes
A população do estudo foi composta de 12
professores auxiliares[2] da rede
municipal de ensino da cidade de Foz do Iguaçu, PR. O critério de inclusão era
ser professor auxiliar desse município, de pelo menos um aluno diagnosticado
com autismo. Por questões éticas, foram excluídos do grupo de sujeitos
participantes, professores com idade inferior a 18 anos. A coleta de dados foi
conduzida entre os meses de setembro e outubro de 2016.
Material
Foi utilizado um roteiro de entrevista,
semiestruturado, com questões relativas à caracterização dos participantes e
questões abertas envolvendo temas relativos aos conhecimentos do professor
sobre o autismo, a inserção do professor na atividade que exerce e sua relação
com o professor regente.
Local
A pesquisa foi realizada em oito escolas da
rede municipal de ensino de um município do Estado do Paraná, Foz do
Iguaçu. O município conta com 51 escolas
públicas de ensino fundamental I (1º ao 5º ano), com registro de 18.374
matrículas em 2016. É meta, traçada no plano municipal de educação do município,
universalizar acesso à educação básica para alunos autistas entre 4 e 17 anos
de idade, com atendimento educacional especializado, priorizando sua
permanência na rede regular de ensino.
Procedimentos
Em contato com a Secretaria Municipal da
Educação do município de Foz do Iguaçu, PR, foi identificado um total de 22
professores auxiliares atuantes com alunos autistas, alocados em 15 escolas.
Após contato com as escolas, verificou-se que 14 professores continuavam
atuando em oito escolas; destes, dois eram estagiários do magistério com idade
inferior a 18 anos e não foram incluídos no estudo. Através de contato por telefone com a
diretora de cada escola, foi agendado um horário para apresentação dos
objetivos do projeto, verificação do interesse da escola em participar do
estudo e contato com o professor para realização das entrevistas. Todas as
escolas contatadas, que possuíam aluno autista matriculado e professor auxiliar
atuando em sala de aula, demonstraram interesse em participar do estudo. Do
mesmo modo, todos os professores auxiliares contatados aceitaram participar da
entrevista e autorizaram gravação em áudio. Um total de 12 entrevistas foram
realizadas.
As entrevistas duraram, em média, 30 minutos
(variando de 15 a 62 min.) e foram conduzidas em uma sala reservada, concedida
pela direção de cada escola, permanecendo no local apenas o professor
entrevistado e o entrevistador a fim de possibilitar um ambiente acolhedor e
privativo. Todas entrevistas foram conduzidas e transcritas na íntegra pelo
primeiro autor.
Análise de Dados
Na trajetória analítico-interpretativa dos
dados, o conteúdo das entrevistas foi categorizado de acordo com os temas de
interesse (i.e. autismo, educação especial, inclusão escolar, trajetória
profissional) e as falas dos participantes
analisadas pelo método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) de Lefevre e Lefevre (2012).
Tal método visa agrupar, em discursos-síntese,
o conteúdo de percepções e opiniões partilhadas por diferentes sujeitos
pertencentes a um determinado coletivo a respeito de temas específicos
abordados nas entrevistas. Uma vez obtidas as falas individuais pela
entrevista, é preciso tratar esses dados a fim de que possam expressar a voz da
coletividade. Quantificar a frequência com que certas partes do texto se fazem
presentes no discurso é uma forma de qualificá-lo e classificá-lo (LEFEVRE;
LEFEVRE, 2012). Para isso, o DSC possui algumas ferramentas metodológicas:
Expressões-Chave (ECH); as Ideias Centrais (Ics); as
Ancoragens (Acs) e o Discurso do Sujeito Coletivo
(DSC), propriamente dito. A utilização desse método permite a identificação de
um pensamento coletivo; assim, cada indivíduo expõe seu pensamento social
internalizado e o conjunto dessas individualidades opinantes representa uma
coletividade, estabelecendo a relação social (LEFEVRE; LEFEVRE, 2006).
A partir da transcrição das entrevistas, foram
extraídos, das falas de cada participante, os temas e as expressões-chave referentes
a cada assunto que se relacionavam à uma ideia central, partilhada por
diferentes indivíduos, e destacado o trecho da fala correspondente. As falas de
cada participante foram então agrupadas de acordo com a compatibilidade das
expressões chaves e falas que expressavam uma mesma ideia central e
sintetizadas em discursos pontuais, contendo trechos representativos. Tanto a
extração quanto a construção das ideias centrais foram realizadas pelo primeiro
autor do estudo e revisadas pelos demais autores.
Aspectos Éticos
O presente estudo foi aprovado no Comitê de
Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Unioeste de
Cascavel-PR, parecer nº 1.665.147.
Resultados
Caracterização da população
A Tabela 1 apresenta as características das 12
participantes, todas do sexo feminino. No tocante à formação, uma professora
possui ensino superior completo e as demais (n=11), especialização ou mestrado,
sendo três em áreas relacionadas à educação especial ou inclusão escolar, além
de duas professoras estagiárias do magistério não incluídas no estudo por terem
idade inferior a 18 anos.
A idade média das entrevistadas era de 37
anos, variando de 22 a 55, sendo 50% com idade inferior a 40 anos. Quanto à experiência
profissional, quatro professoras tinham mais de 20 anos de experiência
especificamente com educação especial, oito professoras estavam tendo sua
primeira experiência na atividade atual.
Inserção como professor
auxiliar
Em relação à forma da inserção dos
professores como auxiliares de aluno autista, em dois casos a prefeitura
indicou o profissional devido à falta de pessoal na escola, sendo duas estagiárias que estavam cursando o
magistério. Nos demais casos, as professoras exerceram a atividade simplesmente
pelo acaso de ser a vaga disponível no momento. Os DSCs
do Quadro 1 ilustram a descrição das professoras de sua convocação a serem
professoras auxiliares.
Tabela 1
– Caracterização dos professores auxiliares atuantes no município pesquisado,
listados em ordem crescente a partir da idade, Foz do Iguaçu, 2016
|
PARTICIPANTE |
SEXO |
IDADE |
FORMAÇÃO |
PROFESSOR |
TEMPO DE ATUAÇÃO ED. ESPECIAL |
TEA |
|
P1 |
Fem. |
22 |
Ensino
Superior |
3
anos |
7
meses |
7 meses |
|
P2 |
Fem. |
25 |
Especialização* |
3
anos |
3
semanas |
3
semanas |
|
P3 |
Fem. |
25 |
Especialização |
15
anos |
4 anos |
4 meses |
|
P4 |
Fem. |
28 |
Especialização |
10
anos |
2 anos |
2 meses |
|
P5 |
Fem. |
30 |
Especialização |
6
anos |
1 mês |
1 mês |
|
P6 |
Fem. |
36 |
Especialização |
17
anos |
9 meses |
9 meses |
|
P7 |
Fem. |
37 |
Especialização |
10
anos |
1 mês |
1 mês |
|
P8 |
Fem. |
42 |
Especialização (Andamento) |
6
anos |
2 anos |
2 anos |
|
P9 |
Fem. |
49 |
Especialização |
20
anos |
8 anos |
2 meses |
|
P10 |
Fem. |
51 |
Mestrado |
27
anos |
5 meses |
5 meses |
|
P11 |
Fem. |
52 |
Especialização |
21
anos |
4 anos |
2 anos |
|
P12 |
Fem. |
55 |
Mestrado |
33
anos |
3 meses |
3 meses |
* indica formação relacionada à
educação especial ou inclusão escolar.
Fonte:
Autores.
Quadro 1–
Ideias Centrais e Discursos do Sujeito Coletivo referente ao motivo da inserção
da profissional como professor auxiliar, Foz do Iguaçu, 2016
|
IC |
DSC |
|
Concurso |
“Assumi
o concurso, na verdade foi uma necessidade da escola, precisavam do professor
de apoio”. |
|
Afastamento |
“Estava
afastada e precisavam de professor auxiliar quando voltei da licença”. |
|
Transferência |
“Eu
pedi transferência de uma escola que eu trabalhava e fui para outra”. |
|
Ampliação
de carga horária |
“Surgiu
a oportunidade, como eu queria dobrar a carga horária, deu certo”. |
Fonte: Autores.
Instruções de atuação
Quando questionadas acerca das instruções que
receberam da direção ou da coordenação da escola sobre sua atuação como
professor auxiliar, dois discursos puderam ser identificados: um apontando o
caráter vago e com instruções genéricas e outro no qual eram apenas fornecidas
informações referentes aos alunos que teriam de acompanhar (Quadro 02)
Quadro 2– Ideias Centrais e Discursos do Sujeito Coletivo
referente às instruções recebidas sobre a atividade de professor auxiliar, Foz
do Iguaçu, 2016
|
IC |
DSC |
|
Instruções
genéricas |
“Mostrou que a
inclusão está amparada pela lei e que eu teria liberdade de trabalhar com a
criança.” |
|
Apenas informações
sobre o aluno |
“Não recebi nenhuma
instrução, só explicaram sobre qual aluno seria, me informaram que eu ficaria
com um autista, recebi as informações do quadro que criança tinha.” |
Fonte: Autores.
Conhecimentos sobre autismo
No Quadro 3, observa-se o conteúdo dos
discursos das professoras quando questionadas sobre o que entendiam por
autismo. Diferentes discursos foram identificados, desde dificuldades em
estabelecer uma definição a definições derivadas de uma linguagem técnica.
Quadro 3–
Ideias Centrais e Discursos do Sujeito Coletivo referente à concepção de
autismo da professora auxiliar, Foz do Iguaçu, PR, 2016
|
IC |
DSC |
|
Dificuldade de
definição |
“Eu não sei definir
para você. Eu realmente não tenho conhecimento.” |
|
Definição técnica |
“Um transtorno
global do desenvolvimento, uma síndrome, um distúrbio neurológico.” |
|
Diferentes
características |
“Depende, tem
diferença, depende do nível de comprometimento que essa pessoa tem. Uma pessoa que tem autismo, ela não vai ser
exatamente como a outra, porque existem vários níveis. Antes se falava
síndrome de Asperger.” |
|
Dificuldades de
socialização |
“São muito
fechados, precisam de confiança do outro, precisam entender o processo de
relacionamento, senão não se relacionam.” |
|
Inteligência com
dependência |
“É limitado, com algumas
peculiaridades, mas inteligente. Só que se você não ficar do lado dele, ele
não faz nada.” |
|
Estereotipia |
“Ela tem algumas
manias, possui alguns movimentos repetitivos.” |
|
Instabilidade
emocional |
“Eles ficam
nervosos muito fácil, perdem o controle. Tem dia que eles estão bem, estão
num humor bom, mas tem dias que eles estão incapacitados pra trabalhar
[...].” |
|
Sensibilidade
auditiva |
“Problemas com
barulho.” |
Fonte: Autores.
Acesso
a conhecimento e necessidades
Outro item investigado com as professoras
auxiliares foi onde ou a quem elas recorriam quando buscavam conhecimentos
relativos ao autismo. A fonte mais mencionada foi a internet, através de
vídeos, sites e textos, sem menção a artigos científicos (n=11).
Quando questionadas se consideram seus conhecimentos
suficientes para trabalhar com um aluno autista, todas as professoras afirmaram
que não, apresentando um DSC único para essa questão: “Com certeza não,
considero meu conhecimento superficial pra trabalhar com ele. Eu tenho que
estudar, aprender, ler...”.
Em relação ao tipo de curso e conteúdos
relacionados ao autismo que gostariam de ter acesso, os discursos variaram,
desde professores que não souberam especificar o conteúdo ou que gostariam de
informações básicas à solicitação de treinamento em métodos de ensino
específicos e alternativos ou de manejo comportamental, conforme o disposto no
Quadro 4.
Quadro 4–
Ideias Centrais e Discursos do Sujeito Coletivo referente ao tipo de cursos
sobre autismo que as professoras auxiliar gostariam de ter acesso, Foz do
Iguaçu, 2016
|
IC |
DSC |
|
Genérico |
“Não tem assim um
conteúdo específico, o que vier vai ser bem vindo, não dá pra dizer nada
específico”. |
|
Informações básicas |
“Seria em relação a
entender melhor o autismo, o comportamento, a questão cognitiva... Antes era Asperger, agora é autismo só que em níveis diferentes”. |
|
Treinamento com
métodos alternativos |
“Gostaria que
tivesse cursos que transmitissem métodos e materiais pra trabalhar com esses
alunos. Como trabalhar e organizar um currículo para que ele possa acompanhar
todas as disciplinas”. |
|
Manejo
comportamental |
“Seria interessante
ter alguém que viesse falar mais práticas para lidar com as crianças”. |
Fonte: Autores.
Relação/planejamento
com professor regente
Também foi abordado com as professoras
auxiliares sobre como era seu relacionamento profissional com o professor
regente e o tipo de planejamento conjunto para o atendimento do aluno autista.
O discurso mais frequente foi o de que não há um planejamento conjunto das
atividades realizadas (Quadro 5).
Quadro 5–
Ideias Centrais e Discursos do Sujeito Coletivo referente ao planejamento e
convívio entre o professor regente e o professor auxiliar, Foz do Iguaçu, 2016
|
IC |
DSC |
|
Sem planejamento |
“Planejamento não,
nós não conseguimos montar um currículo diferenciado, a gente troca ideias,
opinião...” |
|
Há um acordo |
“Ele(a) participa
se tiver condições de participar, caso contrário não.” |
|
Relação harmoniosa |
“É bem tranquila,
tenho liberdade para trabalhar de uma maneira diferente se necessário.” |
|
Relação conflituosa |
“Às vezes a gente
não concorda com a forma com que o professor do ensino regular está
conduzindo e isso causa divergências.” |
Fonte: Autores.
Discussão
Caracterização, inserção e atuação das participantes
Observa-se no município estudado a ausência
de uma regulamentação específica para a atividade do professor auxiliar. Tal
fato se verifica pela discrepância na formação desses profissionais, apesar de
a maioria ter formação superior, especialização e mais de 10 anos de
experiência docente. A inserção desses profissionais como professores
auxiliares ocorreu, na maioria das vezes, por necessidade da escola e por falta
de opção dos professores que estavam iniciando ou retomando suas atividades na
instituição após afastamento. Apesar de uma nomenclatura distinta da encontrada
na Lei Berenice Piana, publicada em 2012), a função
exercida pelo professor auxiliar no município é a mesma apontada na lei pelo
acompanhante especializado. Outras nomenclaturas encontradas para profissionais
que exerciam essa função, encontradas ao longo do presente levantamento, foram:
professor acompanhante, auxiliar pedagógico, acompanhante educacional,
professor de apoio pedagógico, acompanhante terapêutico. Embora cada
denominação possa denotar funções distintas, todos se referiam ao professor que
acompanhava o aluno autista em sala regular, o que pode ser um indicativo da
falta de clareza de quem deve ser esse profissional.
Tanto na Lei Berenice Piana
(BRASIL, 2012) quanto no decreto que valida a atuação do acompanhante
especializado (BRASIL, 2014) há a menção de que quando reconhecida a
necessidade e solicitada a presença do acompanhante especializado é dever da
instituição de ensino providenciá-lo.
Apesar do termo “especializado”, não há qualquer especificação se esse
profissional deve ser um professor, nem qual deve ser a sua formação, nível de
especialização exigida (se técnica, latu
ou stricto sensu), ou tipo de
experiência a ser comprovada. Tal imprecisão, além de gerar ambiguidade no
momento de selecionar esses profissionais, dificulta à própria família do aluno
autista fazer exigências no que tange à qualificação desses profissionais.
Essas lacunas na legislação repercutem na diversidade de formação e na
experiência dos professores no presente estudo, incluindo estagiários com idade
inferior a 18 anos e em readequação funcional.
A contratação de estagiários, profissionais temporários e com formação
insuficiente para o cargo de acompanhante especializado também foi relatada nos
estudos de Szymanski e Stepanha
(2017), Silva e Silva (2016) e na revisão de Nunes, Azevedo e Schmidt (2013).
Da mesma maneira, o papel do acompanhante
especializado não é propriamente descrito nos documentos oficiais, é mencionado
que este deve ser providenciado pela instituição de ensino em caso de
comprovada necessidade de apoio “às atividades de comunicação, interação
social, locomoção, alimentação e cuidados pessoais” (BRASIL, 2014). Não há referência
específica quanto às necessidades pedagógicas ou escolares, podendo o
acompanhante ser alguém que meramente auxilie o aluno em alguma necessidade
motora, sem necessidade de conhecimentos educacionais. Tal fator salienta o quão diversificada pode
ser a atuação desse profissional, assim como as diferentes exigências que podem
ser solicitadas. Deixa em aberto, também, sua finalidade, ficando a cargo da
instituição de ensino que a estabeleça para cada profissional contratado.
Osório, Gomes e Silva (2016) enfatizam que o
papel do auxiliar não pode se restringir à assistência em tarefas diárias (como alimentação, ir ao
banheiro, organização do material, dentre outros) e, sim, auxiliar diretamente
na mediação da construção do conhecimento para a promoção de um desenvolvimento
significativo, em que os alunos possam, além de ter interação social e se
sentirem incluídos na sala de aula e na escola, aprender devidamente os
conteúdos, atingindo os mesmos critérios educacionais planejados para os demais
estudantes.
Salienta-se que mesmo as professoras com
especialização em educação especial e mais tempo de experiência docente tiveram
dificuldades para atuar como professoras auxiliares.
Definição de TEA
A pouca experiência com o transtorno
demonstrada pela maioria das entrevistadas deste estudo se reflete na
dificuldade que várias delas tiveram em conceituar o autismo e no fato de
muitas conseguirem apenas falar a respeito do aluno ou aluna com quem estavam
desenvolvendo suas atividades. Devido ao perfil dessas profissionais, sua
atuação parece ocorrer de forma coadjuvante, lidando mais com o manejo
comportamental do que com as devidas adaptações pedagógicas dos alunos com
necessidades especiais, comprometendo assim a efetivação da inclusão desses
alunos.
Dificuldade similar também foi corroborada
por Szymanski e Stepanha
(2017), comprovando o quanto a seleção desses profissionais não está
condicionada aos seus conhecimentos sobre autismo. Destarte, é interessante constatar que as
características descritas pelas participantes são compatíveis com as definições
diagnósticas do autismo e com aspectos comportamentais comumente citadas na
literatura (SCHMIDT, 2017): ampla variedade fenotípica e de comprometimentos,
dificuldades de comunicação, estereotipias comportamentais, interesses
restritos, dificuldades de manutenção da atenção, instabilidade comportamental com momentos de
agressividade e sensibilidade sensorial
auditiva ou tátil.
Um discurso que parece destoar da literatura
referente ao autismo, embora não necessariamente incompatível com esta, foi que
o aluno parecia apresentar inteligência acima da média da turma. Conforme
Camargo e Bosa (2009), apenas 30% dos casos de
autismo são chamados de alto
funcionamento e apresentam inteligência acima da média. Assim, essa constatação
pode tanto ser derivada de: a) baixa expectativa em relação à capacidade
cognitiva do aluno autista, similar ao encontrado na revisão de Schmidt et al.
(2016); ou b) que a população escolar de autista seja composta de indivíduos
com comprometimentos leves, enquanto casos mais severos não estejam tendo
acesso ao ensino regular. A respeito dessa segunda hipótese, não foram
encontrados dados oficiais para o município estudado ou índices nacionais;
todavia, alguns estudos apontam para elevados índices de evasão escolar de
alunos com autismo (LIMA; LAPLANE, 2016; TALARICO; LAPLANE, 2016) e dados da
literatura internacional indicam que a população autista com baixo quociente de
inteligência (QI) é sub-representada nas escolas
(KEEN; WEBSTER; RIDLEY, 2016).
Independente da hipótese, essa afirmação está
fortemente vinculada à experiência profissional da participante: sua bagagem de
observação e vivência deve ter
influenciado para essa opinião sobre o aluno ser mais inteligente ou não.
Capacitação e busca por
aprimoramento
A necessidade de cursos, treinamentos e
formação específica identificada no presente texto parece ser uma das questões
mais recorrentes em estudos relativos a autismo (NUNES; AZEVEDO; SCHMIDT, 2013;
SCHMIDT et al., 2016; CABRAL; MARIN, 2017). Na revisão de Cabral e Marin
(2017), foi identificada a escassez de estratégias pedagógicas específicas para
essa população tanto na literatura nacional quanto internacional, fator corroborado
na revisão de Nascimento, Cruz e Braun (2017), os
quais identificaram apenas seis artigos nacionais dedicados às práticas
pedagógicas, a maioria de caráter
avaliativo das práticas implementadas pelos investigados e não de novas
propostas.
A falta de normativa específica sobre o
professor auxiliar não impacta apenas na delegação de quem será esse
profissional e na qualidade potencial dos serviços a serem prestados, mas
também na determinação suas funções, suas metas educacionais, responsabilidades
com o aluno autista e na própria delimitação do espaço e autonomia de sua
atividade em relação à do professor regente. Sobre tais questões, verificou-se
que quando chamados a trabalhar como professores auxiliares, poucas diretrizes
eram fornecidas acerca da atividade a ser realizada, em geral, apenas recebiam
informações sobre o aluno ou instruções genéricas. Tal fato indica que a própria instituição
escolar não deve estar recebendo as adaptações e acompanhamento necessários e
apenas fornece um profissional acompanhante por cumprimento de norma, sem o
devido reconhecimento de seu papel e importância.
Relação interprofissional
Observou-se ainda, pouco planejamento comum
entre a professora auxiliar e o professor regente, o que resulta em situações
de conflitos e desacordos entre esses profissionais e até da própria falta de
reconhecimento do papel do professor auxiliar enquanto profissional, como ilustra
a fala a seguir: “Às vezes o professor de apoio fica só como alguém que não
quis sala de aula ou não está trabalhando, como se fosse uma pessoa que só está
ali do lado” (participante P3). Ao entrevistar professores regulares sobre
questões relacionadas à inclusão de alunos autistas, Szymanski
e Stepanha (2017) também identificaram a falta de
articulação e de delimitação das responsabilidades entre esses profissionais,
enfatizando discursos nos quais o professor regente não se referia a si mesmo
como professor do aluno autista. Mais
uma vez, essa não parece ser uma particularidade do presente estudo ou
nacional, Sharma e Salend
(2016), ao revisarem a literatura em língua inglesa sobre o papel de auxiliares
do professor regente em turmas inclusivas, identificaram problemas similares de
falta de clareza do papel dos auxiliares e das fronteiras entre as duas
atividades.
Algumas professoras relataram frustrações,
conflitos profissionais, falta de apoio e de direcionamento para executar suas
atividades. Também relataram interesse em buscar por conta própria formação
específica em autismo e inclusão. Todas consideraram seus conhecimentos
insuficientes para lidar com a educação de alunos autistas e embora estejam
aprendendo sobre o autismo, afirmam que aceitariam continuar trabalhando como
professor auxiliar.
Considerações finais
O professor auxiliar, ou acompanhante
especializado, conforme sua denominação oficial (BRASIL, 2012), é uma categoria
profissional recente; a própria diversidade de nomenclaturas encontradas nos
discursos das professoras entrevistadas e na literatura consultada é um
indicativo de seu processo de construção. Vale ressaltar que esta não é uma
particularidade brasileira, a literatura internacional sobre o auxiliar do
professor regente em salas de aula inclusiva é também permeada de uma variedade
de denominações o que compromete
a caracterização desse profissional e seu papel (GIANGRECO, 2013).
Muito se avançou nas políticas inclusivas e
na legislação acerca desse profissional; acredita-se que o próximo passo deva
ser a elaboração de diretrizes pontuais que diferenciem os diversos
profissionais evolvidos e delimitem claramente seus papéis e metas específicas
e conjuntas.
A colaboração da secretaria de educação do
município estudado, das instituições de ensino e das participantes, mesmo em
face às incertezas, limitações e dificuldades enfrentadas, é forte indício da
carência desses profissionais e da disponibilidade em colaboração para
implementação de práticas mais efetivas. Maior volume de estudos abrangentes
sobre o tema é elemento fundamental para a elaboração conjunta de uma política
nacional efetiva do papel do professor auxiliar e do aprimoramento da inclusão
escolar de autistas.
Neste estudo, evidenciou-se o caráter ambíguo
da função do professor auxiliar; por um lado, parece ser um cargo do qual os
professores se esquivam, uma vez que em sua maioria foram “convocados” a atuar;
por outro, é visto como um cargo de menor responsabilidade e exigência por se
restringir ao atendimento de apenas uma criança. Tal esquiva, entretanto, não
parece ser devida a essa avaliação negativa do cargo, e sim, de insegurança e
falta de conhecimento a respeito do autismo, pois enquanto os entrevistados
falavam sobre como se deu sua inserção como professoras auxiliares, eram
frequentes relatos sobre o receio à atividade por terem ouvido histórias de
instabilidade, agressividade e dificuldades por parte dos alunos.
É interessante notar que mesmo em face dos
problemas destacados, um dos objetivos da inclusão parece estar sendo atingido:
a quebra de preconceitos em relação ao autista, verificada pelo interesse dos
profissionais entrevistados em continuar se aperfeiçoando nessa atividade.
Assinala-se que a inclusão escolar é um
processo dinâmico e multifacetado, limitações e aspectos negativos não devem
ser tomados como impeditivos. Do mesmo modo, aspectos positivos também não
devem ser tomados como indício de que, mesmo em condições pouco favoráveis, as
instituições educacionais e equipes pedagógicas acabam por encontrar seus
caminhos e, então, pouco planejamento seja de fato necessário.
Diante dos dados obtidos neste estudo dentre
as questões que poderiam ser aprimoradas destacam-se: a) realização de estudos
sobre a incidência de autismo e estatísticas precisas relativas ao acesso à
escola e evasão escolar desses indivíduos; b) maior oferta de cursos de capacitação para professores,
com workshops de recursos pedagógicos específicos; c) acompanhamento e apoio
aos profissionais envolvidos diretamente na inclusão, com criação de espaços de
fala e compartilhamento de experiências; e d)
criação de diretrizes específicas e claras da atuação de cada
profissional envolvido no processo de inclusão.
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Notas
1 Este trabalho é decorrente de resultados parciais de
pesquisa de Mestrado, realizado pela primeira e orientado pela segunda autora
(CHAVES, 2019).
2 Cultural-histórica
é o termo utilizado por González Rey visando ser mais fiel aos escritos em
russo de Vigotski. A expressão histórico-cultural é
usualmente utilizada nas traduções em espanhol e português.
Correspondência
Paulo César Morales Mayer – Universidade
CEUMA. R. Barão do Rio Branco, 100 - Entroncamento, Imperatriz. CEP: 65903-093.
Imperatriz, Maranhão, Brasil.
This
work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0)
[1] O presente estudo é derivado da
pesquisa de pós-doutorado do primeiro autor sob orientação do último autor e
for parcialmente financiado pela bolsa do programa nacional de pós-doutorado
(PNPD-CAPES edital: 086/2013, processo:
1544183) concedida ao primeiro autor.
[2] Como no município estudado o
acompanhante especializado era denominado professor auxiliar, essa foi a
nomenclatura adotada neste estudo.