REGENERAÇÃO NATURAL DE <i>Ocotea odorifera</i> (VELL.) ROHWER (LAURACEAE) EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA, PARANÁ, BRASIL

Autores

  • Larissa Amanda Bett
  • Dayane May

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509827756

Palavras-chave:

autoecologia, conservação, distribuição espacial, canela-sassafrás.

Resumo

A limitação do conhecimento sobre a autoecologia de Ocotea odorifera (Lauraceae) nos remanescentes conservados indica a necessidade do desenvolvimento de pesquisas que forneçam subsídios para a implantação de programas de conservação. Nesse contexto, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar a regeneração natural de Ocotea odorifera (Lauraceae), espécie ameaçada de extinção, característica da fitofisionomia Floresta Ombrófila Mista (FOM) ocorrente na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Uru, Lapa, Paraná, Brasil. A distribuição nacional dessa espécie foi levantada a partir de dados museológicos disponíveis em acervos online, e no Museu Botânico de Curitiba (MBM). Para análise da regeneração natural foram definidas 10 parcelas circulares com 40 m de diâmetro, contendo uma matriz de sementes no centro, totalizando 12.560 m² de área amostral. Todos os indivíduos regenerantes de Ocotea odorifera contidos nas parcelas foram georreferenciados e mensurados em altura e Diâmetro a Altura do Solo (DAS). Foi medida também a espessura de serapilheira e intensidade luminosa em cada parcela. As análises foram baseadas nos parâmetros fitossociológicos e o grau de dispersão da espécie foi avaliado por meio do Índice de Morisita (Id). O levantamento museológico revelou 867 registros de Ocotea odorifera, compilados em 47 coleções, com ocorrência em 16 estados brasileiros. A densidade da regeneração natural foi de 77,6 ind.ha-1 e o padrão de crescimento da regeneração natural demonstrou tendência para J-invertido, com maior abundância de indivíduos (44,7%) com altura até 0,50 m. A presença das árvores-matrizes na RPPN Uru esteve restrita às áreas de FOM em estágio avançado de sucessão, sendo que as unidades amostrais com serapilheira mais espessa foram aquelas com maior número de indivíduos mensurados. O reconhecimento das potencialidades ecológicas, especialmente quanto à capacidade regenerativa e os fatores que a influenciam em ambiente natural, atuam como base para ações conservacionistas que garantem a perpetuação da Ocotea odorifera.

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Publicado

29-06-2017

Como Citar

Bett, L. A., & May, D. (2017). REGENERAÇÃO NATURAL DE <i>Ocotea odorifera</i> (VELL.) ROHWER (LAURACEAE) EM FLORESTA OMBRÓFILA MISTA, PARANÁ, BRASIL. Ciência Florestal, 27(2), 707–717. https://doi.org/10.5902/1980509827756

Edição

Seção

Nota Técnica