Universidade Federal de Santa Maria
Ci. e nat., Santa Maria, V. 42, Special Edition, e6, 2020
DOI: http://dx.doi.org/10.5902/2179460X40470
Received: 10/10/2019 Accepted: 10/10/2019
Special Edition
Importância dos atributos de qualidade da infraestrutura de calçadas: estudo das percepções dos comerciantes da área central de Cachoeira do Sul – RS
Importance of quality attributes of sidewalk infrastructure: study of the perceptions of merchants in the central area of Cachoeira do Sul - RS (Brazil)
Caroline Alves da SilveiraI
Marceli Adriane SchvartzII
Alejandro Ruiz-PadilloIII
Carmen Brum RosaIV
Bárbara M. Giaccom-RibeiroV
I Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT) – Universidade Federal de Santa Maria, Campus Cachoeira do Sul, Brasil - caroline.alves.silveira@gmail.com
II Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT) – Universidade Federal de Santa Maria, Campus Cachoeira do Sul, Brasil - schvartz.marceli@gmail.com
III Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT) – Universidade Federal de Santa Maria, Campus Cachoeira do Sul, Brasil -alejandro.ruiz-padillo@ufsm.br
IV Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT) – Universidade Federal de Santa Maria, Campus Cachoeira do Sul, Brasil - carmenbrosa@gmail.com
V Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT) – Universidade Federal de Santa Maria, Campus Cachoeira do Sul, Brasil - barbara.giaccom@ufsm.br
Resumo
No Brasil, cerca de um terço das viagens cotidianas são realizadas a pé e nos municípios de menor porte a participação dos transportes não motorizados é ainda mais elevada, mostrando a grande importância das infraestruturas e políticas públicas voltadas ao pedestre. Este artigo descreve uma metodologia para elaborar um ranking das importâncias relativas dos fatores que influenciam na qualidade da infraestrutura das calçadas desde o ponto de vista dos proprietários dos estabelecimentos comerciais urbanos. Os atributos foram selecionados a partir de uma busca nas principais bases científicas e organizados em um instrumento de pesquisa no formato de um questionário fechado e foi aplicado nas quatro principais ruas comerciais da área central da cidade de Cachoeira do Sul - RS. O questionário foi respondido pelos 212 responsáveis pelos estabelecimentos comerciais e de serviços ao longo da área delimitada para o estudo. A ponderação dos atributos foi realizada através da aplicação em conjunto da Técnica Delphi e a Lógica Fuzzy. Com isso, o principal resultado deste estudo é a geração de um ranking de importância dos atributos que permite auxiliar na tomada de decisões para melhorias da infraestrutura das calçadas, de forma mais eficiente e justificada.
Palavras-chave: Análise multicritério; Ponderação de atributos; Técnica Delphi-Fuzzy
Abstract
In Brazil, about one third of daily trips are made on foot and in smaller municipalities the participation of non-motorized transport is even higher, showing the great importance of pedestrian-oriented infrastructure and public policies. This paper describes a methodology for ranking the relative importance of the factors that influence the quality of sidewalk infrastructure from the point of view of owners of urban commercial establishments. The attributes were selected from a search in the main scientific bases and organized in a research instrument in the form of a closed questionnaire and were applied in the four main shopping streets of the central area of Cachoeira do Sul - RS. The questionnaire was answered by the 212 responsible for the commercial and service establishments throughout the study area. Attribute weighting was performed by applying the Delphi Technique and Fuzzy Logic together. Thus, the main result of this study is the generation of a ranking of importance of attributes that allows to assist in making decisions to improve sidewalk infrastructure, more efficiently and justifiably.
Keywords: Multicriteria analysis; Attributes weighting; Fuzzy-Delphi Technique
1 Introdução
Andar é o principal e mais antigo meio de deslocamento e confere diversos benefícios à saúde, no entanto, apresenta aos planejadores o desafio do aumento da acessibilidade e segurança das áreas de passeio (WOLDEAMANUEL; KENT, 2015). A caminhabilidade é uma qualidade do lugar que pode motivar mais pessoas a adotar o caminhar como forma de deslocamento efetiva (BRADSHAW, 1993). Essa qualidade está condicionada consideravelmente ao comprometimento de recursos visando à reestruturação da infraestrutura física, garantindo calçadas e passeios adequados e atrativos ao pedestre (GHIDINI, 2011).
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997), as calçadas são “parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano, sinalização, vegetação e outros fins”. Os princípios para determinação da qualidade de uma calçada são muito variados e numerosos estudos têm identificado quais indicadores apresentam maior impacto na percepção de conforto e segurança dos pedestres com o objetivo de medir o quão favorável é o ambiente para que as pessoas possam satisfazer suas necessidades diárias de deslocamento por meio de viagens a pé (CERVERO, 1996; LARRAÑAGA et al., 2011; SANTOS et al., 2017; RUIZ-PADILLO et al., 2018).
No Brasil, 36% das pessoas utilizam como principal meio de transporte seus próprios pés (ANTP, 2017). Nos municípios de pequeno porte, com população de até 100 mil habitantes, a participação dos transportes não motorizados é ainda mais elevada, com maior quantidade de viagens a pé do que municípios maiores (ANTP, 2016). Porém, a infraestrutura destinada à mobilidade, particularmente aquela voltada aos pedestres, apresenta, em geral, piores condições nas cidades de pequeno porte (DOESCHER et al., 2014).
Uma das principais dificuldades no tratamento das questões relacionadas à qualidade dos espaços urbanos é a definição de um instrumento para avaliar o nível da qualidade do serviço oferecido por esses espaços (FERREIRA; SANCHES, 2001). O estudo dos aspectos de infraestrutura que promovem o deslocamento a pé nas cidades leva à identificação dos elementos físicos do espaço público que tornam o ambiente mais harmônico, para entender o quanto as pessoas normalmente caminham e por quais motivos, além de relacionar a disponibilidade de infraestrutura ao aumento da caminhada.
Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo a elaboração de uma metodologia de ponderação dos atributos que influenciam na percepção da qualidade das calçadas para geração de um ranking de importância desde o ponto de vista dos proprietários dos estabelecimentos comerciais urbanos. A metodologia foi testada nas quatro principais ruas comerciais da cidade de Cachoeira do Sul, uma cidade de pequeno porte do centro do Estado do Rio Grande do Sul. Espera-se que este estudo contribua como uma ferramenta de suporte de análise à decisão de planejadores na busca de melhorias dos passeios públicos.
2 Referencial Teórico
Diversos trabalhos versam sobre métodos de avaliação da qualidade de espaços para pedestres. Khisty (1994), na proposição do seu método, levou em consideração a percepção dos pedestres e utilizou sete medidas de desempenho: atratividade, conforto, conveniência, segurança, seguridade, coerência do sistema e continuidade do sistema. Cada uma dessas características foi avaliada em escala de 0 a 5, sendo que 5 representa a melhor qualidade e 0 representa a pior. A importância relativa, atribuída pelos pedestres a cada uma das medidas de desempenho foi definida por meio de entrevistas utilizando o método de comparação por pares. A avaliação final de um trecho de calçada foi obtida pelo somatório da nota atribuída a cada um dos aspectos considerados, ponderada pela importância relativa de cada aspecto.
Ferreira e Sanches (2001), para determinar o índice de qualidade das calçadas, desenvolveram um estudo em três etapas, onde (i) foi feita a avaliação técnica das calçadas com base em cinco indicadores de qualidade (i.e., segurança, manutenção, largura efetiva, seguridade e atratividade visual); (ii) foram ponderados os indicadores da primeira etapa de acordo com a percepção dos usuários por meio de questionários; e (iii) foi realizada a avaliação dos espaços de pedestres. Por sua parte, Gallin (2001) desenvolveu um estudo baseado em atributos que podem ser relacionados ao nível de serviço de locais para pedestres. Os atributos foram divididos em três categorias: características físicas, ambientais do local e características pessoais dos pedestres, e, posteriormente foram hierarquizados por importância relativa. Com isso, uma escala foi desenvolvida para descrever o nível de serviço oferecido aos pedestres.
Por outro lado, Zampieri et al. (2008) propuseram uma metodologia baseada na sintaxe espacial e medidas de desempenho dos passeios, relacionando o efeito da malha urbana como indutora do movimento de pedestres juntamente com a criação de maneiras de avaliar a qualidade do passeio. Além disso, tiveram como objetivos (i) descrever e compreender as relações entre o espaço e o fluxo de pedestres, determinando os níveis de serviço e, por meio dos valores associados a cada variável encontrada, (ii) implementar um modelo de fluxo de pedestres em comparação aos padrões encontrados.
Dixon (1996) utilizou uma metodologia desenvolvida para avaliar o nível de serviço para pedestres e ciclistas, em Gainesville, na Flórida (EUA), visando encorajar o uso de transportes não motorizados. Os indicadores utilizados na avaliação foram: a existência, continuidade e largura das calçadas, os conflitos de pedestres com veículos, o estado de conservação das calçadas e a existência de medidas de moderação de tráfego, definindo então diversas medidas de desempenho para avaliar esse nível de serviço.
Portanto, fica evidente a grande quantidade e diversidade de fatores que influenciam na avaliação da qualidade das calçadas. Assim, por meio de uma pesquisa bibliográfica levantou-se um conjunto de trabalhos e pesquisas publicadas nacional e internacionalmente, além de Normas Técnicas e processos construtivos, os quais destacam atributos que podem ser considerados na análise da infraestrutura das calçadas. A partir da seleção dos trabalhos, foram identificados os dez atributos citados com maior frequência nas publicações e que podem assim ser considerados os mais relevantes para descrever as características da infraestrutura das calçadas. São os seguintes:
· Condições da superfície, que se refere quanto ao pavimento ser firme e contínuo ou se apresenta fissuras e buracos, de modo a identificar o grau de conforto para os pedestres realizarem seus deslocamentos (KHISTY, 1994; DIXON, 1996; FERREIRA; SANCHES, 2001; LARRAÑAGA et al., 2011; VELHO et al., 2015);
· Material da superfície, que depende do tipo de pavimento, cuja escolha está influenciada por diversos fatores, como a função da calçada, o fluxo de pedestres, a topografia do local, o tipo de subsolo, a periodicidade de manutenção, o uso e ocupação do solo e a carga à qual o piso será exposto para a definição do tipo de piso conforme sua resistência específica. Tais fatores devem ser considerados pelo município no momento da especificação das tipologias aprovadas, uma vez que o material escolhido deve ter qualidade, durabilidade, conforto de rolamento, características antiderrapantes e facilidade de manutenção e reposição (KHISTY, 1994; DIXON, 1996; KNOBLAUCH, 1996; FERREIRA; SANCHES, 2001; FERREIRA; SANCHES, 2005; PRADO, 2010; LARRAÑAGA et al. 2011; VELHO et al. 2015; SANTOS et al., 2017);
· Declividade, que se refere à inclinação da superfície da calçada, número de subidas, descidas e degraus em um trecho (KNOBLAUCH, 1996; FERREIRA; SANCHES, 2005; PRADO, 2010; VELHO et al., 2015), podendo ser analisados os trechos por limites que são definidos por mudanças na declividade transversal e longitudinal;
· Drenagem, pois se sabe que as calçadas que acumulam água tornam-se inapropriadas para os pedestres, que acabam arriscando a sua segurança ao desviar de sua rota pelo leito dos carros (KNOBLAUCH, 1996; PRADO, 2010; SANTOS et al., 2017). Na execução das calçadas pode ser previsto o uso de medidas que auxiliem a drenagem e o manejo de águas pluviais, colaborando assim no combate às enchentes, como o uso de pavimento permeável e de jardins de chuva;
· Sinalização (horizontal, vertical e dispositivos auxiliares), que formam o conjunto de sinais que orientam os pedestres no espaço urbano (LUNARO; FERREIRA, 2005; SANTOS et al., 2017) com a finalidade de prover informações sobre a cidade na escala do pedestre;
· Iluminação, que deve garantir condições mínimas para o tráfego de pedestres quando não há luz natural. Além das calçadas, as faixas de travessia, interseções, passarelas e outros trechos da rota de pedestres devem também ser bem iluminados (KNOBLAUCH, 1996; ARANGO, 2008; RASTOGI, 2011; SANTOS et al., 2017);
· Acessibilidade universal: o artigo 5º da Constituição Federal (BRASIL, 1988) estabelece o direito de ir e vir de todos os brasileiros e tem a calçada como espaço público, de modo que esta deve ser acessível a qualquer cidadão. A acessibilidade universal inclui pessoas com as mais diversas características antropométricas e sensoriais, como pessoas com restrição de mobilidade (COTRIM et al., 2012; GOUVEIA, 2013; SANTOS et al., 2017);
· Dimensionamento adequado, ligado fundamentalmente à largura da calçada disponível para o trânsito dos pedestres. Dessa forma, a calçada deve contar por uma faixa livre de qualquer interferência, onde transitam os pedestres (KNOBLAUCH, 1996; FERREIRA; SANCHES, 2001; AYRES; KELKAR, 2006; ARANGO, 2008; PRADO, 2010; VELHO et al., 2015);
· Obstáculos permanentes, constituídos por elementos fixos que bloqueiam o tráfego de pedestres, como, por exemplo, postes telefônicos, árvores plantadas no meio da calçada, bancas de jornal, abrigos de pontos de ônibus, placas de sinalização ou propaganda (KHISTY, 1994; DIXON, 1996; FERREIRA; SANCHES, 2001; LARRAÑAGA et al., 2011);
· Obstáculos temporários, que são os elementos provisórios que bloqueiam o tráfego de pedestres, como, por exemplo, carros estacionados na calçada, mesas e cadeiras de bares ou restaurantes, ambulantes, entulhos (KHISTY, 1994; DIXON, 1996; FERREIRA; SANCHES, 2001; LARRAÑAGA et al.,2011).
Destaca-se que os atributos selecionados possuem diferentes importâncias e formas de avaliação, apresentando dependências espaciais distintas, o que possibilita a sua aplicação em diferentes cidades e diferentes entornos. Por outro lado, a avaliação dos atributos varia entre medição de indicadores objetivos e percepções subjetivas do usuário, o que dificulta a comparação entre os mesmos e a agregação da sua influência no julgamento da qualidade da infraestrutura em geral (RUIZ-PADILLO et al., 2018).
3 Metodologia
Os principais passos abordados para alcançar o objetivo proposto foram conduzidos em três etapas, conforme o procedimento metodológico esquematizado na Figura 1.
Figura 1 – Representação esquemática da metodologia
Fonte: os autores
Para o cumprimento do objetivo da pesquisa foi necessário obter uma fundamentação técnico–teórica para o levantamento dos atributos que mais influenciam na infraestrutura de calçadas. Essa etapa foi conduzida por meio de uma revisão da literatura especializada sobre o assunto nos Portais de Periódicos da Capes e Web of Science e foi apresentada no capítulo 2 do presente artigo. A partir da seleção dos atributos foi elaborado um instrumento de pesquisa no formato de um questionário semiaberto contendo questões fechadas, para determinar o grau de importância de cada atributo, e um questionamento aberto, para indicação de outros atributos não listados.
O julgamento dos atributos por meio da determinação do grau de importância foi estabelecido pelo respondente através de uma escala Likert de nove pontos, conforme o recorte do instrumento de pesquisa apresentado na Figura 2.
Figura 2 – Recorte do instrumento de pesquisa elaborado
Fonte: os autores
Considerando que o objetivo da pesquisa é a geração de um ranking com a importância relativa dos atributos selecionados, foi importante definir adequadamente o cenário de estudos a fim de garantir representatividade e consistência nas respostas. Nesse sentido, sabe-se que a presença de comércios e serviços é um dos fatores mais estimulantes para a caminhada (BRADSHAW, 1993; OESTREICH et al., 2018), vista a atratividade do ambiente e as condições de infraestrutura. Diante disso, o cenário de estudo determinado foi a região central da cidade de Cachoeira do Sul, localizada no centro do Estado do Rio Grande do Sul e classificada como uma cidade de pequeno porte, com 82.547 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2018). A área selecionada para aplicação do questionário apresenta grande concentração de estabelecimentos comerciais e de serviços em suas quatro principais vias, conforme mostra a Figura 3.
Figura 3 – Cenário de estudo
Fonte: os autores
No cenário de estudo definido, os participantes da pesquisa, no papel de respondentes, foram os proprietários dos estabelecimentos. A escolha dos mesmos deve-se a que estes são os responsáveis pela manutenção e conservação da infraestrutura das calçadas, como é prática usual no Brasil (em Cachoeira do Sul, segundo a lei municipal 2.517/98 – CACHOEIRA DO SUL, 1998), bem como os principais interessados pela existência de calçadas de qualidade no entorno para o exercício das suas atividades.
A sequência da pesquisa foi condicionada à aplicação do questionário orientado pela técnica Delphi, que busca facilitar e melhorar a tomada de decisões feitas por um grupo de especialistas (OSBORNE et al., 2003), interrogando-os com a ajuda de questionários sucessivos, com objetivo de destacar convergências de opiniões e deduzir possíveis consensos (ASTIGARRAGA, 1997). A primeira rodada da técnica Delphi gera resultados que são analisados pelos pesquisadores a fim de conhecer as opiniões e a resposta do grupo. Os participantes têm a oportunidade de refinar, alterar ou defender as suas respostas e enviar novamente aos pesquisadores, de modo que esse processo seja repetido até se atingir um consenso (GRISHAM, 2009; SERRA et al., 2009; MIRANDA et al., 2012). Contudo, alguns autores indicam que a obtenção de consenso não é sempre possível ou desejável. Nesse sentido, Gupta e Clarke (1996) afirmam que, ao contrário de outros métodos de planejamento e previsão, o objetivo da técnica Delphi não é chegar a uma resposta única ou a um consenso, mas simplesmente obter um número representativo de respostas e opiniões de qualidade sobre o ponto em discussão. A partir dessas definições, a utilização da técnica Delphi foi proposta neste estudo e aplicada a um grupo de proprietários de estabelecimentos, de modo a subsidiar tomadas de decisão.
Nessa perspectiva, sabe-se que em um processo de avaliação de resultados os dados obtidos dos respondentes são geralmente imprecisos e contêm muitas ambiguidades, em virtude, principalmente, de como foram capturados e do caráter subjetivo das opiniões realizadas pelas pessoas. Diante disso, considerou-se apropriada a aplicação da Lógica fuzzy no tratamento dos dados. A Lógica fuzzy é uma teoria matemática que leva em consideração o aspecto da incerteza na análise de problemas do cotidiano (SARAIVA, 2000; RUIZ-PADILLO et al., 2018), fazendo o tratamento de informações qualitativas de forma rigorosa, considerando o modo como a falta de exatidão e a incerteza são descritas. Desta forma, a Lógica fuzzy vem sendo empregada para a solução de problemas reais, principalmente no domínio da análise de decisões que desempenham um papel importante (SARAIVA, 2000). O grande diferencial da Lógica fuzzy se dá no tratamento da teoria dos conjuntos com a relativização entre valores por meio do grau de pertinência de um elemento a um universo, sendo que a pertinência é retratada por uma função que assume valores que indicam o grau de atribuição de um elemento a um dado conjunto (KRYKHTINE, 2013).
A condução do tratamento dos dados foi iniciada pela organização das opiniões dos respondentes a partir do retorno do questionário proposto e a determinação dos números fuzzy triangulares para o índice 𝑂𝑖 = (𝐿𝑖, 𝑀𝑖, 𝑈𝑖) para cada atributo 𝑖. Sendo que 𝐿𝑖 indica o valor mínimo da classificação de todos os respondentes, representado pela Equação 1,
(1)
Da mesma forma, 𝑀𝑖 é a média geométrica da classificação de todos os especialistas para o atributo 𝑖 e pode ser obtido por meio da Equação 2,
(2)
E, por fim, 𝑈𝑖 indica o valor máximo da classificação dos respondentes e é calculada pela Equação 3,
(3)
Uma vez que os números fuzzy triangulares foram determinados para todos os atributos, a abordagem do Centro da Área (CA) (HSIEH; LU; TZENG, 2004) foi usada para defuzzificar os números de cada atributo de avaliação, definido pelo valor de 𝐺𝑖, representado pela Equação 4:
(4)
No presente estudo, os respondentes extraíram um julgamento sobre o grau de importância de cada atributo que foi tratado matematicamente com uma escala linguística difusa, conforme estabelece a Lógica fuzzy. Os questionários enquadrados fora do consenso foram retornados aos respondentes para que fossem respondidos novamente sob a ótica dos resultados da primeira rodada. Isto é, a média geométrica das repostas de todos os respondentes da primeira aplicação do questionário orientou a segunda rodada em busca do consenso de opiniões, caracterizando assim o método Delphi-Fuzzy. No término da última rodada de aplicação do questionário, os pesquisadores avaliaram os dados e, por meio do processo de defuzzificação, foi possível gerar um valor numérico associado a cada atributo, correspondente ao respectivo grau de importância do atributo 𝑖.
4 Resultados e discussão
Após a definição do cenário do estudo, houve a contabilização in loco dos estabelecimentos ao longo do trecho e foram contabilizados 310 estabelecimentos, dos quais foi definida como amostra representativa, com 99% de nível de confiança e 5% de margem de erro, um total de 212 questionários necessários para serem aplicados aos responsáveis dos estabelecimentos comerciais e de serviços nas ruas analisadas. Foram realizadas duas rodadas de pesquisa para tentativa de obtenção da convergência de opiniões, conforme as etapas da técnica Delphi. Apenas 60 estabelecimentos foram questionados na segunda rodada de aplicação do questionário para uma obtenção do consenso geral, pois estes apresentaram os valores mais dispersos das médias gerais dos atributos na primeira rodada de aplicação.
A partir do retorno dos questionários da segunda rodada os cálculos foram executados gerando os graus de importância de cada atributo, conforme apresentado na Figura 4.
Figura 4 – Grau de importância dos atributos de infraestrutura de calçadas
Fonte: os autores
A partir das respostas, foram feitas análises por meio da comparação entre atributos de maior e menor relevância, evidenciando as diferentes características do local e possibilitando comparações que podem auxiliar tomadas de decisão. Foi evidenciado que a acessibilidade universal é o atributo considerado com maior relevância, pois está associada à utilização de elementos para facilitar o acesso e deslocamento por todas as pessoas pela calçada. No trecho de estudo, fica comprovada a falta de infraestrutura de dispositivos auxiliares, como rampas de acesso e piso tátil, não atendendo as condições de conforto e segurança para o direito de ir e vir a qualquer cidadão.
Outro ponto de vista a ser destacado é o dimensionamento adequado, que apresentou o segundo maior grau de importância entre os atributos analisados. A dimensão correta permite que diferentes usos da infraestrutura da calçada ocorram sem gerar conflitos, fazendo com que os elementos não se tornem barreiras ao longo do trecho. Ter conhecimento sobre a composição da faixa livre, que é por onde transitam os pedestres, da faixa de serviço, onde se encontram os mobiliários urbanos, e da faixa de transição pela que se dá o acesso as edificações, facilita um dimensionamento adequado das calçadas.
Outro atributo identificado pelo estudo com maior relevância é a sinalização que tem por finalidade prover informações para o pedestre, utilizando elementos da sinalização horizontal, vertical e os dispositivos auxiliares. O cenário de estudo possui vários pontos de ônibus e entradas e saídas de veículos ao longo do trecho da infraestrutura, isso indica a necessidade de utilização e delimitação correta da sinalização, para conferir ao pedestre maior conforto para a realização de seus deslocamentos.
No outro extremo dos resultados, os atributos relativos à declividade e aos obstáculos, permanentes e temporários, foram os menos relevantes. Estes resultados mostram a relação existente com as condições locais, pois a área de estudo apresenta-se, em geral, bastante plana. Dessa forma, com este parâmetro é considerado admissível para a realização de deslocamentos dos pedestres, mesmo que algumas das quadras consistem em superfícies inclinadas o que acabou por não influenciar na percepção de importância desse atributo.
A pouca importância dada aos obstáculos, tanto temporários como permanentes, pode estar relacionada com a ausência, ou com a baixa concentração de elementos que bloqueiam o tráfego de pedestres. O cenário de estudo é uma região com alta taxa de concentração de estabelecimentos comerciais e isso influencia nos elementos que compõe a infraestrutura da calçada, como, por exemplo, ao longo do trecho, existem poucas árvores, postes telefônicos e bancas de jornais, o que facilita um melhor deslocamento ao pedestre. Essa análise altera-se quando comparado com trechos que possuem uma maior concentração de bares, restaurantes, confeitarias e cafés, estabelecimentos que, por vezes, utilizam o espaço da calçada para colocar mobiliário, como mesas e cadeiras, e interferem diretamente no deslocamento dos pedestres.
É possível observar que houve diferença entre os atributos com maior e menor relevância na importância relativa da infraestrutura das calçadas da cidade, mostrando que os resultados estão relacionados com a percepção das condições das calçadas de cada local. Assim, a metodologia utilizada para avaliação dessa percepção fornece resultados adequados quando comparados com a realidade local. Estes resultados enfatizam a importância do estudo para tomada de decisões dos gestores no processo de implementação de políticas públicas de melhoria ou fiscalização dos atributos de qualidade da infraestrutura, priorizando investimentos e esforços onde o efeito pode ser maior.
5 Conclusões
O objetivo deste estudo foi analisar as características de infraestrutura das calçadas na perspectiva dos estabelecimentos das ruas comerciais em Cachoeira do Sul, cidade de pequeno porte do interior do Rio Grande do Sul mediante a aplicação de um questionário e análise da importância dos atributos selecionados, e posteriormente a utilização conjunta da técnica Delphi e Lógica fuzzy. Para isso, foi necessário selecionar previamente os atributos de maior influência na qualidade da infraestrutura de calçadas a partir de estudos conceituados na literatura.
Os resultados obtidos por meio da aplicação dos questionários levaram a significativas conclusões, que confirmam a importância da opinião e percepção dos proprietários dos estabelecimentos em relação à relevância dos atributos da infraestrutura das calçadas. Através dessa percepção e análise, foi permitido possível constituir uma ordem de prioridade dos atributos, possibilitando que os gestores públicos saibam quais os atributos são os que necessitam de um maior investimento de acordo com seu grau de importância. Além disso, a metodologia utilizada para análise das características de infraestrutura das calçadas fornece resultados adequados quando comparados com a realidade da região do estudo, mostrando ser eficiente e de fácil aplicação para avaliação da infraestrutura atual.
Segundo o ponto de vista dos proprietários dos estabelecimentos comerciais da região do estudo, os atributos com maior relevância são a acessibilidade universal e o dimensionamento adequado, mostrando a importância de um maior investimento para garantir o conforto e a segurança dos usuários. Em contrapartida, os atributos com menor relevância nessa análise, foram os obstáculos permanentes e temporários e a declividade, o que pode estar associado às características da região da aplicação do estudo, pois a mesma encontra-se em uma área que não possui uma alta concentração de elementos que bloqueiam o tráfego de pedestres e as calçadas, em geral, são largas; como tampouco possui números relevantes de subidas, descidas e degraus.
Esses diferentes critérios e análises permitem aos planejadores conferirem maior importância às necessidades dos usuários que são menos atendidas, além do método obter os indicadores para a caracterização das condições de mobilidade nos espaços urbanos a serem estudados. Igualmente, a aplicação proposta por esse estudo pode ser utilizada em trabalhos futuros para permitir aos gestores públicos a avaliação da qualidade dos atributos da infraestrutura das calçadas, e, assim, poder identificar quais os locais necessitam de melhorias e também quais os tipos de intervenções devem ser realizadas. Finalmente, cabe destacar, como possibilidade de trabalhos futuros, a continuidade do estudo de forma a abranger os demais bairros da cidade de Cachoeira do Sul, bem como a aplicação em outras cidades de diferentes características, considerando-se a calibração e adaptação da metodologia para as características de cada local.
Agradecimentos
As acadêmicas Caroline Alves da Silveira e Marceli Adriane Schvartz agradecem o apoio do Programa Institucional de Voluntários em Iniciação Científica (PIVIC) da Universidade Federal de Santa Maria. O professor Alejandro Ruiz-Padillo agradece ao CNPq pelo apoio financeiro (Processo 308870/2018-2 e Processo 422635/2018-9).
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