Universidade Federal de Santa Maria
Ci. e nat., Santa Maria, V. 42, Ed. Especial, e47, 2020
DOI: http://dx.doi.org/10.5902/2179460X 40664
Received: 10/10/2019 Accepted: 10/10/2019
Special Edition
IUniversidade Federal de Santa Maria - Campus Cachoeira do Sul (UFSM-CS), Cachoeira do Sul, Brasil - clarissamoraes37@outlook.com
IIUniversidade Federal de Santa Maria - Campus Cachoeira do Sul (UFSM-CS), Cachoeira do Sul, Brasil - zanandraboff@gmail.com
IIIUniversidade Federal de Santa Maria - Campus Cachoeira do Sul (UFSM-CS), Cachoeira do Sul, Brasil - helodegois@gmail.com
IVUniversidade Federal de Santa Maria - Campus Cachoeira do Sul (UFSM-CS), Cachoeira do Sul, Brasil - iraja_14@yahoo.com.br
VUniversidade Federal de Santa Maria - Campus Cachoeira do Sul (UFSM-CS), Cachoeira do Sul, Brasil - larrissarodriguesmtm@gmail.com
VIUniversidade Federal de Santa Maria - Campus Cachoeira do Sul (UFSM-CS), Cachoeira do Sul, Brasil - tiagotondololink@hotmail.com
VIIUniversidade Federal de Santa Maria - Campus Cachoeira do Sul (UFSM-CS), Cachoeira do Sul, Brasil - leomaffini79@gmail.com
The objective of this study was to analyze the development of diferente soybean cultivars in two sowing dates in Cachoeira do Sul – RS. A field experimente was carried out at UERGS agronomic station, whose soil is classified as Red Argisol. The experimental desing used was in factorial desing (2x3). Factor “A” constitued two sowing dates (11/21/2018; 01/11/2019) and fator “B” constitued three soybean cultivars (NS4823; NA5909; NS6909). Phenological evaluations were performed weekly. Data were organized into 2 subperiods: emergence at full bloom (EM-R1) and full bloom at physiological maturity (R1-R8). In the subperiod EM-R1, the cultivars NS6909 and NA5909 did not present statistical differences among themselves, but differed from the cultivar NS4823, with duration of 49, 48 and 38 days, respectively. In the R1-R8 subperiod, no statistical differences were observed for cultivars NS6909 and NS4823, which differed from cultivar NA5909, with duration of 66, 67 and 71 days, respectively. Late sowing resulted in a shortening of 15 days in the total cycle, which may reflect yield reductions.
Keywords: Soybean; Development; Cultivars
1 Introdução
A agricultura tem apresentado um crescimento mundial nos últimos anos, devido ao emprego de novas tecnologias e estudos avançados. O cultivo da soja (Glycine max) destaca-se neste cenário. A cultura é considerada uma das mais importantes entre as leguminosas, originada de clima temperado, possui ampla adaptação aos climas subtropicais e tropicais e, em função dos teores elevados de proteína (40%) e óleo (20%) e de sua produtividade de grãos, apresenta grande importância econômica (BONATO et al., 2000; SEDIYAMA et al., 2005). O farelo é importante na alimentação humana, animal e fabricação de outros produtos (SEDIYAMA et a., 2015). Segundo Streck et al. (2008) a cultura da soja é a principal fonte de óleo vegetal do mundo.
De acordo com dados divulgados pela Embrapa (2018), no ano agrícola 2017/2018, foram produzidos 336,699 milhões de toneladas no mundo em uma área plantada de 124,580 milhões de hectares. A região subtropical da América do Sul (Brasil, Argentina e Paraguai) tem a maior área de cultivo de soja no mundo, com mais de 50 milhões de hectares cultivados anualmente (FAO, 2017). O Brasil aparece como o segundo maior produtor mundial da cultura e produz aproximadamente 28% do total produzido no mundo. Na mesma safra, produziu 116,996 milhões de toneladas em uma área de 35,100 milhões de hectares. Apesar de não ser o líder mundial em quantidade produzida, o país apresenta uma média de produtividade de 3,333 kg ha-1, ultrapassando a produtividade média de 3,299 kg ha-1 apresentada pelos Estados Unidos da América, que é o atual maior produtor mundial do grão (EMBRAPA, 2018).
O estado do Rio Grande do Sul aparece em terceiro lugar no ranking entre os estados que mais produzem soja no Brasil. No ano de 2018, produziu 17,08 milhões de toneladas cultivadas em 5,71 milhões de hectares. Se considerada a evolução da cultura nos últimos 10 anos, houve uma ampliação de 112,92% na produção (de 8,02 milhões de toneladas, em 2009, para 17,08 milhões de toneladas, em 2018), enquanto que a área cresceu 49,35% (EMATER, 2018a). Castro e Viana (2013) observaram que houve um aumento de 7,28% da área plantada na região central do estado. Nesta região, destaca-se o município de Cachoeira do Sul, como segundo maior produtor do grão no estado, com uma área cultivada de 142,7 mil hectares, produzindo aproximadamente 390 mil toneladas (EMATER, 2018b).
Nascimento et al. (2018), avaliando os aspectos agronômicos para a escolha de cultivares de soja, observaram que dentre as inúmeras decisões que o agricultor deve tomar em todas as safras, questões referentes ao genótipo, ambiente de produção e a interação entre eles ocupam posição de destaque. Visando a otimização da utilização dos recursos ambientais tais como radiação, água e nutrientes a escolha do genótipo a ser utilizado (mais adaptado a região de cultivo) e o arranjo espacial das plantas (ou população: combinação entre densidade de semeadura e espaçamento) são algumas das tomadas de decisão iniciais mais relevantes em se tratando da definição do potencial produtivo das lavouras. De acordo com Cunha et al. (2001), dentre as técnicas de manejo capazes de sobrepujar total ou parcialmente a deficiência hídrica, pode-se destacar a escolha da cultivar, a época de semeadura, o aumento do nível de matéria orgânica, o plantio direto, a irrigação, o uso de quebra-ventos e o menor espaçamento entre linhas. Também é fundamental que se evite semear em épocas de risco indicadas por estudos de zoneamento agroclimático (MOTA, 1983; NEUMAIER et al., 2000). Concordando com Matzenauer (2003), que identificou que além da irrigação suplementar, o escalonamento da semeadura e a utilização de cultivares de distintos grupos de maturação podem reduzir os riscos causados pela deficiência hídrica.
Devido à importância econômica dessa cultura para o Brasil e para o estado do Rio Grande do Sul novas cultivares de soja são lançadas anualmente. Vernetti e Vernetti Junior (2009) indicam que estudos básicos devem ser realizados de forma constante para auxiliar extensionistas e consultores a entenderem melhor os aspectos relacionados ao crescimento e ao desenvolvimento dessas novas cultivares.
Assim, o objetivo do presente estudo é avaliar o desenvolvimento de diferentes cultivares de soja em função da época de semeadura no município de Cachoeira do Sul – RS.
2 Materiais e Métodos
O experimento a campo foi realizado na Universidade Estadual Rio Grande do Sul, Campus de Cachoeira do Sul - RS, localizado no distrito da Três Vendas (29°53’ S e 53° 00’ W e altitude de 125 metros). O clima da região é classificado por Köppen como subtropical úmido, predominante na região Sul (ALVARES et al., 2014). O solo do experimento foi classificado como Argissolo Vermelho distrófico típico (EMBRAPA, 2013).
O delineamento experimental utilizado foi o de faixas no esquema fatorial (3x2), com oito repetições. Os tratamentos constituíram de: Fator “A” três cultivares de soja: Nidera 6909 IPRO (NS6909), Nidera 5909 RG (NA5909) e Nidera 4823 RR (NS4823); Fator “B” duas datas de semeadura (21/11/2018; 11/01/2019). O experimento foi composto de 48 unidades experimentais, cada unidade experimental possuiu uma área de 12,5 m² (2,5 x 5 m).
A cultura da soja foi semeada com um conjunto trator/semeadora no sistema de plantio direto sob rotação de cultura com aveia branca e nabo. A densidade de semeadura foi de 280.000 sementes hectare-1, com uma distribuição de 14 sementes por metro linear com espaçamento entrelinha de cultivo de 0,50 metros. A adubação de base constituiu da aplicação de 340 kg ha-1 da composição 02-30-15 de nitrogênio-fosforo-potássio (NPK), conforme análise química do solo previamente realizada. Demais tratos agronômicos e fitossanitários, seguiram a recomendação agronômica para a cultura da soja.
A partir da emergência das plantas de soja, foram marcadas uma planta por unidade experimental nas quais foram realizadas avaliações fenológicas semanalmente, utilizando-se a escala fenológica proposta pela Embrapa (2007). Os dados fenológicos foram organizados em 2 subperíodos: vegetativo que compreende de emergência ao início da floração (EM – R1) e reprodutivo que compreende do início da floração a maturação plena (R1- R8); analisou-se, também, a duração total do ciclo de desenvolvimento da cultura (total do ciclo). As durações dos subperíodos e do ciclo total foram calculadas em dia após a semeadura (DAS) - em dias julianos.
As variáveis repostas obtidas: duração dos subperíodos (EM – R1) e (R1- R8) e do ciclo total de desenvolvimento foram submetidas a análise da variância (teste F) e ao teste de média (teste de Tukey) por meio do software Sisvar, ao nível de 5% de probabilidade de erro.
3 Resultados e Discussão
A Tabela 1 apresenta os indicadores estatísticos para as variáveis respostas analisadas em ambas épocas de semeadura e diferentes cultivares, na qual, observa-se que as épocas de semeadura promoveram diferenças estatísticas significativas no número de dias de período vegetativo e no número total de dias do ciclo. As cultivares avaliadas diferem na duração do subperíodo vegetativo e reprodutivo e, com isso, na duração total do ciclo de desenvolvimento. Verifica-se, também, a interação entre os fatores (cultivar x época) no número de dias do subperíodo vegetativo e reprodutivo e, no número de dias do ciclo total de desenvolvimento da cultura da soja. Tais resultados, podem ser melhor visualizados na Figura 1 que apresenta as durações dos subperíodos do ciclo de desenvolvimento da cultura da soja em dias.
Tabela 1 – Indicadores estatísticos para as variáveis respostas analisadas ao longo do ciclo de desenvolvimento da soja. Cachoeira do Sul, RS, 2019
Variável resposta |
CV (%) |
|
DMS |
Pr>Fc |
||
|
|
|
|
Época |
Cultivar |
Época x Cultivar |
Período vegetativo |
3,91 |
|
1,01 |
0,00* |
0,00* |
0,01** |
Período Reprodutivo |
2,96 |
|
1,15 |
0,82ns |
0,04* |
0,00* |
Ciclo Total |
1,31 |
|
0,84 |
0,00* |
0,00* |
0,00* |
Em que: CV: coeficiente de variação; DMS: diferença mínima significativa;*Significativo pelo teste F em nível de 5% de probabilidade de erro; ns não significativo pelo teste F em nível de 5% de probabilidade de erro.
Figura 1 – Duração dos subperíodos do ciclo de desenvolvimento da soja: emergência ao início da floração (EM – R1) e início da floração a maturação plena (R1- R8) e total do ciclo, em dias. Cachoeira do Sul, 2019.
Analisando os valores médios da duração dos subperíodos (vegetativo e reprodutivo) e do ciclo total da cultura em relação as épocas de semeadura, observa-se que a semeadura mais tardia reduziu em 12 dias o subperíodo vegetativo (EM-R1) e com isso a duração total do ciclo foi reduzida de 117 dias (época 1) para 105 dias (época 2). Já, o subperíodo compreendido entre R1-R8 foi semelhante (aproximadamente 67 dias) para as duas épocas de semeadura analisadas (Figura 1).
No desdobramento da análise estatística do fator época dentro do fator cultivar (Tabela 2), observa-se que a redução do subperíodo vegetativo em função do atraso na semeadura é muito parecida para as três cultivares (11 a 13 dias). Enquanto, a redução no atraso da duração do subperíodo reprodutivo não segue um padrão entre as cultivares. Na Tabela 2 observa-se que as cultivares NS4823 e NA5909 sofreram influência da época da semeadura na redução do subperíodo reprodutivo de 4 a 7 dias. Já, analisando os valores médios da duração do subperíodo reprodutivo das três cultivares nas duas épocas não se evidencia essa diferença (Figura 1). Tais reduções na duração dos subperíodos (em especial o vegetativo) justificam a redução da duração total do ciclo das cultivares com o atraso da época de semeadura (Figura 1 e Tabela 2).
O final do subperíodo vegetativo ocorre quando o número de horas de luz atinge determinado valor crítico, que é variável para cada grupo de maturidade relativo (GMR). A indução floral (início do subperíodo reprodutivo) pode ocorrer mais cedo em cultivares que possuem um curto período juvenil e estão expostas a fotoperíodos curtos, pois o fotoperíodo determina por quanto tempo a planta vai se desenvolver no período vegetativo. (MUNDSTOCK & THOMAS, 2005). Dessa forma, para o início do florescimento é necessário que ocorra uma sequência de “dias curtos” (fotoperíodos menores). Observa-se que, neste estudo, o estímulo fotoperiódico (Figura 2) foi o responsável pela redução do subperíodo vegetativo na segunda época de semeadura (38 dias), na qual a floração ocorreu 12 dias antes do que na primeira época (50 dias). De acordo com Bussler (2017), a sensibilidade fotoperiódica varia com o genótipo, e o grau de resposta ao estímulo fotoperiódico é o principal determinante da área de adaptação das diferentes cultivares. Segundo Zanon et al. (2018), quando ocorre o atraso da época de semeadura preferencial (novembro a dezembro), observa-se uma redução da duração do ciclo do desenvolvimento, independente do grupo de maturidade relativa (GMR) da cultivar. Isto se confirma com este estudo, no qual foi observada uma redução de 13 dias no ciclo total de desenvolvimento, ocorrida em função da época de semeadura.
Tabela 2 – Resultados do desdobramento da análise estatística do fator época dentro do fator cultivar para a duração do subperíodo reprodutivo e para a duração do ciclo total. Cachoeira do Sul, RS, 2019.
Fator época dentro de fator cultivar |
|||||||||||||||||||
Ciclo total |
Subperíodo reprodutivo |
Subperíodo vegetativo |
|||||||||||||||||
|
NS4823 |
NA5909 |
NS6909 |
NS4823 |
NA5909 |
NS6909 |
NS4823 |
NA5909 |
NS6909 |
|
|||||||||
Época 2 |
97,85 |
A |
111,00 |
a |
104,87 |
a |
64,87 |
A |
64,05 |
A |
64,62 |
a |
33,00 |
a |
40,87 |
a |
40,25 |
a |
|
Época 1 |
113,00 |
B |
119,00 |
b |
119,00 |
b |
69,00 |
B |
70,12 |
B |
66,50 |
a |
44,00 |
b |
54,50 |
b |
52,50 |
b |
|
Médias seguidas da mesma letra na coluna não apresentaram diferença estatística em nível de 5% de probabilidade de erro.
Figura 2 – Número de horas de sol ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura da soja nas duas épocas de semeadura analisadas. Cachoeira do Sul, 2019.
As cultivares estudadas (Figura 1), influenciaram significativamente todas as variáveis respostas analisadas (EM-R1, R1-R8 e ciclo total) e seguiram um padrão teoricamente determinado a partir dos seus respectivos GMRs sendo estes: 6.9 para a cultivar NA5909, 6.3 para a cultivares NS6909 e 4.8 para a cultivar NS4823 (NIDERA SEMENTES, 2019). Na prática, quanto menor esse número mais precoce é a cultivar (ciclo menor).
Assim, no subperíodo EM-R1, as cultivares NS6909 e NA5959 não apresentaram diferenças estatísticas entre si (duração de 48 dias), mas diferiram da cultivar NS4823 que foi mais precoce (38 dias). No desdobramento do fator cultivar dentro do fator época (Tabela 3), verifica-se que a duração do subperíodo vegetativo para cultivar NS4823 foi em média 9 dias mais curto que o das outras duas cultivares NA5909 e NS6909, que apresentaram a duração desse subperíodo muito parecida em ambas as épocas (média de 53 dias na época 1 e de 40 dias na época 2). Essa diferença entre cultivares foi maior na primeira época de semeadura.
Já no subperíodo R1-R8, diferenças estatísticas não foram observadas para as cultivares NS6909 e NS4823, que diferiram da cultivar NA5909, apresentando duração de 66, 67 e 71 dias, respectivamente. Na Tabela 3 é possível observar essas diferenças pequenas (2 a 4 dias) em ambas as épocas de semeadura. Além disso, as cultivares NA5909 e NS6909 apresentaram padrão de duração de subperíodos vegetativos e reprodutivos diferentes para as duas épocas de semeadura, indicando a necessidade de mais estudos sobre adaptação, estabilidade e duração do ciclo de desenvolvimento dessas cultivares na região.
De acordo com Zanon et al. (2015), quando cultivares com diferentes GMRs são semeadas em uma mesma região, espera-se que quanto maior for o GMRs, maior será a duração do ciclo de desenvolvimento da cultivar. Um menor período vegetativo pode reduzir o índice de área foliar da soja e impactar em mentores produtividades. O máximo rendimento da soja é determinado pela capacidade de as plantas interceptarem radiação solar através do IAF e converterem esta radiação em matéria seca pelo processo fotossintético (ZANON et al., 2015). Barcellos et al. (2019), em estudos conduzido em Santa Maria – RS, avaliando a produtividade de diferentes cultivares de soja com distintos grupos de maturidade relativa em seis épocas de semeadura observaram que, independente da época de semeadura, os GMR 6.8 e 6.2, obtiveram maiores produtividades de grãos por unidade de área.
Tabela 3 – Resultados do desdobramento da análise estatística do cultivar dentro do fator época para a duração do subperíodo reprodutivo e para a duração do ciclo total. Cachoeira do Sul, RS, 2019.
Fator cultivar dentro de fator época |
||||||||||||||
Ciclo total |
Subperíodo reprodutivo |
Subperíodo vegetativo |
||||||||||||
Época 1 |
Época 2 |
Época 1 |
Época 2 |
Época 1 |
Época 2 |
|||||||||
NS4823 |
113,00 |
a |
97,00 |
A |
69,00 |
a |
64,87 |
a |
44,00 |
a |
33,00 |
a |
|
|
NA5909 |
119,00 |
b |
104,00 |
b |
64,00 |
b |
64,62 |
a |
54,50 |
c |
40,25 |
b |
|
|
NS6909 |
119,00 |
b |
111,00 |
c |
66,00 |
ab |
70,12 |
b |
|
52,50 |
b |
40,87 |
b |
|
Médias seguidas da mesma letra na coluna não apresentaram diferença estatística em nível de 5% de probabilidade de erro.
Assim, verifica-se para a época 1 de semeadura a duração total do ciclo de 119 dias para as cultivares NA5909 e NS6909 e de 113 dias para a cultivar NS4823. Já, para época 2 a duração do ciclo é reduzida para 97, 104 e 111 dias para as cultivares NS4823, NA5909 e NS6909, respectivamente. Tal redução deve-se, principalmente, pela menor duração do período vegetativo nessa segunda época de semeadura (Tabelas 2 e 3) atribuída ao fotoperíodo (Figura 2). Por ser uma planta de dias curtos, a soja floresce em fotoperíodos menores que um máximo crítico. A diferença de resposta à luz pela planta de soja está relacionada ao fotoperíodo crítico inerente a cada cultivar, ou seja, o número de horas de luz menor ou máximo capaz de induzir uma planta ao florescimento, desde que esta seja apta a perceber a variação do comprimento do dia. O fotoperíodo crítico varia de 17 a +24 horas, enquanto o fotoperíodo ótimo está compreendido entre 6 e 13 horas, dependendo do GMR da cultivar (ZANON et al., 2018). Na época 1, as cultivares entraram em floração o número de horas de sol igual ou inferior a 14 h d-1 (46 aos 56 DAS). Na época 2, quando as cultivares cumpriram o período juvenil já havia estímulo fotoperiódico (>14 h de sol dia-1) favorável para indução floral que ocorreu a partir dos 32 DAS. A indução floral provoca a transformação dos meristemas vegetativos em reprodutivos (primórdios florais), determinando o tamanho final das plantas (número de nós) e, portanto, seu potencial de rendimento (SEDIYAMA et al., 2015). De acordo com Barros e Sediyama (2009), fotoperíodo é o fator mais importante para se determinar a proporção relativa entre os estádios vegetativos e reprodutivos da planta de soja, uma vez que influencia diretamente a indução floral, e, consequentemente, o crescimento, maturação, altura de planta, peso de sementes, número de ramificação e outras características agronômicas.
4 Conclusões
Concluiu-se que estudos como este são importantes para determinação de melhores épocas de semeadura de acordo com as cultivares disponíveis no mercado para dada região, visando sua melhor adaptação para gerar melhor desenvolvimento e rendimento da cultura.
A duração do subperíodo vegetativo das cultivares de soja avaliadas (NS4823, NA5909 e NS6909) foi reduzida em média de 12 dias com a semeadura mais tardia (11/01/2019) e seguiu um padrão em função do grupo de maturidade relativa da cultivar.
A duração do subperíodo reprodutivo foi reduzida em média de 5 dias para as cultivares NS4823 e NA5909 com o atraso da semeadura de 21/11/2018 para 11/01/2019.
A duração total do ciclo da soja foi de 119 dias para as cultivares NA5909 e NS6909 e de 113 dias para a cultivar NS4823 na primeira época de semeadura (21/11/2018) e, de 104, 111 e 97 dias, respectivamente, na segunda época de semeadura (11/01/2019).
Referências
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