Universidade Federal de Santa Maria
Ci. e nat., Santa Maria, V. 42, Special Edition, e44, 2020
DOI: http://dx.doi.org/10.5902/2179460X40654
Received: 10/10/2019 Accepted: 10/10/2019
Special Edition
Levantamento de plantas daninhas em lavoura de soja irrigado com pivô em Cachoeira do Sul - RS
Weed survey in pivot irrigated soybean crop in Cachoeira do Sul - RS
I Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul, Cachoeira do Sul, Brasil
II Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul, Cachoeira do Sul, Brasil
III Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul, Cachoeira do Sul, Brasil
IV Instituto Rio Grandense do Arroz, Cachoeira do Sul, Brasil - grohs.mara@gmail.com
V Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul, Cachoeira do Sul, Brasil - viviane.frescura@ufsm.br
Resumo
A presença de espécies consideradas daninhas na lavoura de soja é uma preocupação para os agricultores. Conhecer essas espécies é de grande importância, pois causam sérios prejuízos às lavouras, devido a competição por nutrientes, água, luz e espaço físico com a soja. Com esse trabalho objetivou-se fazer o levantamento de plantas daninhas em lavoura de soja irrigada por pivô no município de Cachoeira do Sul, distrito do Capané, na área experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA). As avaliações foram realizadas mediante a aplicação do método do quadrado com 0,25 m2, lançado aleatoriamente sessenta vezes. As plantas daninhas situadas nas áreas amostradas foram retiradas do solo, identificadas e quantificadas as espécies. As avaliações foram realizadas após três aplicações do herbicida glifosato. Mesmo após as aplicações do glifosato foram identificadas sete espécies, representantes das famílias Asteraceae, Poaceae, Malvaceae, Euphorbiaceae e Rubiaceae. Este levantamento possibilita o planejamento de estratégias preventivas para o controle sustentável das plantas daninhas existentes na lavoura, reduzindo os custos de produção e o impacto ao meio ambiente.
Palavras-chave: Glycine max L.; Competição; Espécies invasoras
Abstract
The presence of weed species in soybean crops is a concern for farmers. Knowing these species is of great importance, as they cause serious damage to crops due to competition for nutrients, water, light and physical space with soy. This work aimed to survey weeds in pivot irrigated soybean crops in Cachoeira do Sul municipality, Capané district, in the experimental area of the Rio Grandense do Arroz Institute (IRGA). The evaluations were performed by applying the 0.25 m2 square method, launched at random sixty times. Weeds in the sampled areas were removed from the soil, species identified and quantified. Evaluations were performed after three applications of glyphosate herbicide. Even after glyphosate applications, seven species were identified, representing the families Asteraceae, Poaceae, Malvaceae, Euphorbiaceae and Rubiaceae. This survey enables the planning of preventive strategies for the sustainable control of weeds in the field, reducing production costs and the impact on the environment.
Keywords: Glycine max L.; Competition; Invasive species
1 Introdução
A presença de espécies consideradas daninhas na lavoura de soja é uma preocupação para os agricultores. Conhecer essas espécies é de grande importância, pois causam prejuízos diretos e indiretos nas lavouras.
O controle ineficiente, pelo uso inadequado de herbicidas faz com que as plantas daninhas se tornem resistente. Nesse sentido, segundo Juan et al (2003) quando a cultura da soja teve interferência de Euphorbia dentata na densidade de 55 plantas m-2, ocorreu redução de vagens por planta, no número de grãos por vagem e no peso de mil grãos.
De acordo com Fontes et al. (2003) a ocorrência de plantas daninhas em áreas agrícolas pode levar a redução drástica da produtividade das culturas, resultando em prejuízos nos quais levariam a perda total das lavouras. Ainda, esse mesmo autor destaca que as plantas cultivadas possuem menor capacidade de competição comparadas às plantas daninhas, devido aos processos de melhoramento genético por qual passaram no decorrer dos anos.
Segundo Pitelli (1987), as plantas daninhas também podem interferir diretamente causando a depreciação da qualidade dos produtos colhidos, a depreciação da qualidade de fibras vegetais e animais em consequências de diásporas de plantas daninhas e rejeição pelos animais domésticos.
O primeiro passo para o planejamento do controle das plantas daninhas é o levantamento da composição vegetal de uma área de lavoura (ERASMO et al., 2004). Cada espécie apresenta sua potencialidade em se estabelecer, por isso, para a seleção dos métodos mais adequados de controle de plantas daninhas é importante a identificação correta das espécies infestantes (ALBUQUERQUE et al., 2008).
Nesse sentido, o presente trabalho objetivou realizar levantamento das espécies de plantas daninhas em lavoura de soja irrigado com pivô no município de Cachoeira do Sul, RS.
2 Material e Métodos
O trabalho foi conduzido na área experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA de Cachoeira do Sul, localizada no distrito do Capané, Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul.
A área de estudo abrangeu 3000 m2 de soja irrigado com pivô, onde foram realizadas 60 amostragens de 0,25 m2 (quadrado de madeira com 0,5 m x 0,5 m), onde se lançava o quadrado aleatoriamente num caminhamento em zigue-zague.
As plantas daninhas situadas nas áreas amostradas foram retiradas do solo, identificadas e quantificadas as espécies. As amostragens foram realizadas uma semana antes da colheita e nessa área haviam sido realizadas três aplicações do herbicida glifosato.
3 Resultados e Discussão
Foram identificadas 7 espécies de plantas daninhas na área de soja irrigado com pivô, distribuídas em 7 gêneros e 5 famílias botânicas (Tabela 1).
A família botânica mais representativa de todo o levantamento, no que se refere a número de espécies, foi a família Poaceae, com um total de 3 espécies, Asteraceae com 1, Malvaceae 1 e Rubiaceae 1 (Tabela 1).
A espécie com maior número de indivíduos foi Urochloa plantaginea (Link) R. D. Webster. (papuã) com 96 indivíduos, seguida de Digitaria horizontalis.Willd com 14 indivíduos na área estudada (Tabela 2). Outra informação importante é que a maioria dos indivíduos é do grupo das monocotiledôneas.
Tabela1 - Espécies identificadas na lavoura de soja irrigado com pivô
Nome Científico |
Nome Popular |
Família |
Digitaria horizontalis.Willd |
Capim-milhã |
Poaceae |
Eleusine indica (L.) Gaertn |
Capim-pé-de-galinha |
Poaceae |
Urochloa plantaginea (Link.) R.D. Webster |
Papuã |
Poaceae |
Conyza bonariensis (L.) Cronquist |
Buva |
Asteraceae |
Sida rhombifolia L. |
Guanxuma |
Malvaceae |
Chamaesyce hirta (L.) Millsp. |
Erva-de-Santa-Luzia |
Euphorbiaceae |
Richardia brasiliensis Gomes |
Poaia |
Rubiaceae |
Fonte: Autores
Tabela 2 - Total de indivíduos das espécies identificadas na lavoura de soja irrigada com pivô
Nome Científico |
Nome Popular |
Indivíduos |
Digitaria horizontalis.Willd |
Capim-milhã |
14 |
Eleusine indica (L.) Gaertn |
Capim-pé-de-galinha |
8 |
Urochloa plantaginea (Link.) R.D. Webster |
Papuã |
96 |
Conyza bonariensis (L.) Cronquist |
Buva |
7 |
Sida rhombifolia L. |
Guanxuma |
6 |
Chamaesyce hirta (L.) Millsp. |
Erva-de-Santa-Luzia |
9 |
Richardia brasiliensis Gomes |
Poaia |
1 |
Fonte: Autores
Segundo Silva et al. (2007), o solo agrícola é um banco de sementes de plantas daninhas que contém entre 2.000 e 50.000 sementes/m2 /10 cm de profundidade. Então, as informações geradas pelo presente estudo são de grande importância, pois informam as espécies que possivelmente ocorrerão na área infestada pelas espécies descritas nas tabelas 1 e 2.
Franceschetti et al. (2018) avaliaram a competição do papuã com a soja e informam que essa competição reduz drasticamente a área foliar da soja e a produtividade produtividade da soja começou a ser afetada negativamente a partir dos 26 dias após a emergência da cultura.
Silva et al. (2008) também citam Digitaria horizontalis.Willd, o capim-milhã, como uma das plantas infestantes das lavouras de soja e que interferem nos componentes de produção da soja.
As plantas daninhas, mesmo que em baixa densidade devem ser controladas. Patel et al. (2010) relatam que espécies como a buva, por exemplo, reduzem a produtividade da cultura mesmo quando ocorrem em baixa densidade.
As plantas daninhas encontradas na área de estudo são preocupantes e necessitam de controle, pois competem com a cultura por luz e nutrientes e refletem na redução da produção, aumento nos custos operacionais de colheita, secagem e beneficiamento dos grãos (SILVA; DURIGAN, 2006).
4 Conclusões
Conclui-se que este levantamento possibilita o planejamento de estratégias preventivas para o controle sustentável das plantas daninhas existente na lavoura de soja, reduzindo os custos de produção e o impacto no meio ambiente. Ainda, o maior número de indivíduos é da família Poaceae, monocotiledôneas. merecendo atenção especial no manejo de controle na lavoura.
Referências
ALBUQUERQUE, J. A. A. Interferência de plantas daninhas e do feijão sobre a cultura da mandioca. 2006. 56 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Viçosa.
ERASMO, E. A. L.; PINHEIRO, L. L. A.; COSTA, N. V. Levantamento fi tossociológico das comunidades de plantas infestantes em áreas de produção de arroz irrigado cultivado sob diferentes sistemas de manejo. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 22, n. 2, p.195-201, 2004.
FRANCESCHETTI, M. B. et al. Períodos de interferência de plantas daninhas na cultura da soja. In: VIII Jornada de Iniciação Científica e Tecnológica, v. 1, n. 8, p. 1-5, 2018.
FONTES, J. R. A.; et al. Manejo integrado de plantas daninhas. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2003. 48p.
JUAN, V. F.; SAINT-ANDRE, H.; FERNANDEZ, R. R. Competencia de lecheron (Euphorbia dentata) en soja. Planta Daninha, v. 21, n. 2, p. 175-180, 2003.
PATEL, F. et al. Nível de dano econômico de buva (Conyza bonariensis) na cultura da soja. In: Resumos do 27º Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas. Ribeirão Preto, SP: FUNEP, p. 1670-1673, 2010.
PITELLI, R. A. Interferência das plantas daninhas nas culturas agrícolas. Informe Agropecuário, v. 11, n. 29, p. 16-27,1985.
SILVA, A. A. et al.Tópicos em manejo de plantas daninhas. In: Capítulo 1 - Biologia de plantas daninhas. Viçosa: Ed. UFV, p.17-61, 2007.
SILVA, A. F. et al. Densidades de plantas daninhas e épocas de controle sobre os componentes de produção da soja. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 26, n. 1, p. 65-71, 2008.
SILVA, M.R.M.; DURIGAN, J.C. Períodos de interferência das plantas daninhas na cultura do arroz de terras altas. I - cultivar IAC 202. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 24, n. 4, p. 685-694, 2006.