Universidade Federal de Santa Maria

Ci. e nat., Santa Maria, V. 42, Special Edition, e43, 2020

DOI: http://dx.doi.org/10.5902/2179460X40649

Received: 10/10/2019 Accepted: 10/10/2019

 

by-nc-sa

 


Special Edition

 

Levantamento de plantas daninhas em lavoura de arroz irrigado com pivô em Cachoeira Do Sul - RS

 

Weed survey in pivot irrigated rice crop in Cachoeira do Sul - RS

 

Bruno Luan Da Rosa Machado I

Diogo André SchmidtII

Jean Carlos Robattini III

Mara GrohsIV

Viviane Dal-souto FrescuraV

 

 

I     Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul, Cachoeira do Sul, Brasil

II    Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul, Cachoeira do Sul, Brasil

III   Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul, Cachoeira do Sul, Brasil

IV   Instituto Rio Grandense do Arroz, Cachoeira do Sul, Brasil - grohs.mara@gmail.com

V    Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul, Cachoeira do Sul, Brasil - viviane.frescura@ufsm.br

 

 

Resumo

O levantamento de espécies de plantas daninhas em lavouras permite a identificação, quantificação da flora infestante, sua evolução na área e auxilia na tomada de decisão para controle das espécies. Neste sentido, objetivou-se com este trabalho realizar o levantamento de plantas daninhas em lavoura de arroz irrigado por pivô no município de Cachoeira do Sul, distrito do Capané, na área experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA). As avaliações foram realizadas mediante a aplicação do método do quadrado com 0,25 m2, lançado aleatoriamente sessenta e oito vezes. As plantas daninhas situadas nas áreas amostradas foram retiradas do solo, identificadas e quantificadas as espécies. As avaliações foram realizadas após a aplicação de Gamit (pré- emergente), Ricer e Clincher e Imazethapyr (pós-emergente). Mesmo após as aplicações de herbicida foram identificadas treze espécies, representantes das famílias Asteraceae, Poaceae, Malvaceae e Rubiaceae. O conhecimento das plantas daninhas presentes na lavoura permite o planejamento para melhorar o controle, evitando gastos desnecessários com herbicidas ou até mesmo utilizando outros métodos para controlar essas espécies.

Palavras-chave: Oryza sativa L; Espécies invasoras; Competição

 

 

Abstract

The survey of weed species in crops allows the identification, quantification of weed flora, its evolution in the area and helps in decision making for control of species. In this sense, the objective of this work was to survey weeds in pivot-irrigated rice fields in Cachoeira do Sul, Capané district, in the experimental area of ​​the Rio Grandense do Arroz Institute (IRGA). Evaluations were performed by applying the 0.25 m2 square method, randomly launched sixty-eight times. Weeds in the sampled areas were removed from the soil, species identified and quantified. The evaluations were performed after the application of Gamit (preemerging), Ricer and Clincher and Imazethapyr (postemerging). Even after herbicide applications, 13 species were identified, representing the families Asteraceae, Poaceae, Malvaceae and Rubiaceae. Knowledge of the weeds present in the crop allows planning to improve control, avoiding unnecessary expense with herbicides or even using other methods to control these species.

Keywords: Oryza sativa L ; Invasive Species; Competition

 

 

1 Introdução

O levantamento de espécies de plantas daninhas em lavouras permite a identificação, quantificação da flora infestante, sua evolução na área e auxilia na tomada de decisão para controle das espécies. O levantamento dessa composição de invasoras fornece subsídios para avaliar o desempenho do manejo de herbicidas no local (DUARTE et al., 2007). O conhecimento das espécies e a utilização de práticas de manejo corretas facilitam o controle dessas plantas e tornam esse processo mais eficiente.

Conforme levantamento de dados realizado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) no ano de 2018, a cultura do arroz irrigado teve aproximadamente 1,1 milhão de hectares cultivados, responsável por uma das maiores produções da cultura no Brasil. Logo, os produtores objetivam maximizar sua produção, havendo a necessidade do planejamento correto para o controle de plantas daninhas nas lavouras, evitando gastos desnecessários e visando aumento da produtividade.

O levantamento da composição vegetal de uma área de lavoura é o primeiro passo para o planejamento do controle (ERASMO et al., 2004). Para a seleção dos métodos mais adequados de controle de plantas daninhas é importante a identificação correta das espécies infestantes, pois cada espécie apresenta sua potencialidade em se estabelecer, o que acaba interferindo de forma caracterizada na cultura (ALBUQUERQUE et al., 2008).

Na lavoura de arroz, assim como em outras lavouras, as plantas daninhas são um problema, pois, possuem grande habilidade competitiva por vários recursos que são também essenciais para o arroz, como água, luminosidade, nutrientes do solo e espaço físico na lavoura (PITELLI, 1981). Sendo assim essa competição que acontece entre as plantas acaba sendo prejudicial ao crescimento, desenvolvimento e consequentemente, à produção da cultura de interesse econômico (SANCHEZ-OLGUÍN et al., 2007).

Lima et al. (2009) citam que, para o uso de herbicidas é necessário identificar as plantas daninhas, além do estádio de crescimento para a recomendação de doses e tipos de herbicidas. Desta forma, se o controle adotado for ineficaz pelo fato de não conhecer as plantas daninhas da área, ou muitas vezes por não ser planejado corretamente podem ocorrer perdas expressivas para o produtor, ou até mesmo gastos excessivos com a utilização de herbicida.

Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento de plantas daninhas em lavoura de arroz irrigado por pivô no município de Cachoeira do Sul – RS.

 

 

2 Material e Métodos

O trabalho foi conduzido na área experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA de Cachoeira do Sul, localizada no distrito do Capané, Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul.

A área de estudo abrangeu 2500 m2 de arroz irrigado com pivô, onde foram realizadas 68 amostragens de 0,25 m2 (quadrado de madeira com 0,5 m x 0,5 m), onde se lançava o quadrado aleatoriamente num caminhamento em zigue-zague.

As plantas daninhas situadas nas áreas amostradas foram retiradas do solo, identificadas e quantificadas as espécies. As amostragens foram realizadas uma semana antes da colheita do arroz e nessa área haviam sido aplicados os herbicidas Gamit (pré-emergente), Ricer + Clincher e Imazethapyr (pós-emergente).

 

 

3 Resultados e Discussão

Foram identificadas 13 espécies de plantas daninhas na área de arroz irrigado com pivô, distribuídas em 13 gêneros e 4 famílias botânicas (Tabela 1).

A família botânica mais representativa de todo o levantamento, no que se refere a número de espécies, foi a Poaceae, com um total de 8 representantes, Asteraceae com 3, Malvaceae 1 e Rubiaceae 1 (Tabela 1). Das espécies encontradas na área de estudo o maior número de indivíduos é da família Poaceae, monocotiledôneas, assim como o arroz.

A espécie com maior número de indivíduos foi Urochloa plantaginea (Link) R. D. Webster. conhecida popularmente como papuã com 388 indivíduos, seguida de Cenchrus echinatus L. (Cchec), o capim-carrapicho, com 24 indivíduos e Digitaria horizontalis Willd. Popularmente conhecida como capim-milhã com 11 indivíduos (Tabela 2).

A diversidade e a densidade de plantas daninhas foram consideradas altas, pois haviam sido aplicados os herbicidas Gamit (pré-emergente), Ricer +Clincher e Imazethapyr (pós-emergente).

As plantas daninhas encontradas na área cultivada com arroz competem com a cultura por luz, nutrientes. Isso reflete na redução quantitativa e qualitativa da produção, aumento nos custos operacionais de colheita, secagem e beneficiamento dos grãos (SILVA; DURIGAN, 2006).

As informações geradas pelo presente estudo são de grande importância, pois informam as espécies que possivelmente ocorrerão na área infestada pelas espécies descritas nas tabelas 1 e 2 nos próximos anos de cultivo.

As espécies de plantas daninhas descritas nas tabelas 1 e 2 ocorrem na área pelo fato de que, segundo Silva et al. (2007), o solo agrícola é um banco de sementes de plantas daninhas que contém entre 2.000 e 50.000 sementes/m2 /10 cm de profundidade.

 

Tabela 1 – Espécies identificadas na lavoura de arroz irrigado com pivô

Nome Científico

Nome Popular

Família

Cynodon dactylon (L.) Pers.

Capim-bermuda

Poaceae

Cenchrus echinatus L. (Cchec)

Capim-carrapicho

Poaceae

Digitaria horizontalis Willd.

Capim-milhã

Poaceae

Echinochloa colona (L.) Link

Capim-arroz

Poaceae

Eleusine indica (L.) Gaertn

Capim-pé-de-galinha

Poaceae

Eragrostis pilosa (L.) P. Beauv.

Capim-mimoso

Poaceae

Setaria parviflora (poir.) kerguélen

Capim-rabo-de-raposa

Poaceae

Urochloa plantaginea (Link.) R. D. Webster

Papuã

Poaceae

Conyza bonariensis (L.) Cronquist

Buva

Asteraceae

Galinsoga quadriradiata Ruiz & Pav.

Picão-branco

Asteraceae

Emilia fosbergii Nicolson

Falsa-serralha

Asteraceae

Richardia brasiliensis Gomes

Poaia

Rubiaceae

Sida rhombifolia L

Guanxuma

Malvaceae

Fonte: Autores

 

Tabela 2 – Total de indivíduos das espécies identificadas na lavoura de arroz irrigado com pivô

Nome Científico

Nome Popular

Total De Indivíduos

Urochloa plantaginea (Link) R. D. Webster

Papuã

388

Cenchrus echinatus L. (Cchec)

Capim-carrapicho

24

Digitaria horizontalis Willd

Capim-milhã

11

Richardia brasiliensis Gomes

Poaia

9

Sida rhombifolia L

Guanxuma

7

Echinochloa colona (L.) Link

Capim-arroz

7

Eleusine indica (L.) Gaertn

Capim-pé-de-galinha

5

Eragrostis  pilosa (L.) P. Beauv

Capim-mimoso

5

Setaria parviflora (poir.) kerguélen

Capim-rabo-de-raposa

3

Galinsoga quadriradiata Ruiz & Pav.

Picão-branco

2

Cynodon dactylon (L.) Pers.

Capim-bermuda

2

Emilia fosbergii Nicolson

Falsa-serralha

1

Conyza bonariensis (L.) Cronquist

Buva

1

Fonte: Autores

 

           

 4 Conclusões

Conclui-se que a diversidade e a densidade de plantas daninhas na área estudada são altas e o maior número de indivíduos é da família Poaceae, monocotiledônea. Ainda, as espécies de plantas daninhas que apresentaram as maiores densidades populacionais foram Urochloa plantaginea (papuã), Cenchrus echinatus (capim-carrapicho) e Digitaria horizontalis (capim-milhã) e merecem atenção especial no manejo, buscando outras formas de reduzir ou eliminar essas plantas da lavoura.

 

 

Referências

ALBUQUERQUE, J. A. A. Interferência de plantas daninhas e do feijão sobre a cultura da mandioca. 2006. 56 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Viçosa.

DUARTE, A. P.; SILVA, A. C.; DEUBER, R. Plantas infestantes em lavouras de milho safrinha, sob diferentes manejos, no médio  Paranapanema. Planta Daninha,Viçosa-MG, v. 25, n. 2, p. 285-291, 2007.

ERASMO, E. A. L.; PINHEIRO, L. L. A.; COSTA, N. V. Levantamento fi tossociológico das comunidades de plantas infestantes em áreas de produção de arroz irrigado cultivado sob diferentes sistemas de manejo. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 22, n. 2, p.195-201, 2004.

IRGA: Instituto Rio Grandense do Arroz: Boletim de resultados da lavoura de arroz, safra 17/18. Disponível em: <https://irga-admin.rs.gov.br/upload/arquivos/201807/30100758-boletim-final-da-safra-201-18-final.pdf>. Acesso em: 20 de julho. 2019.

LIMA, J. M. et al. Prospecção fitoquímica de Sonchus oleraceus e sua toxidade sobre o microcrustáceo Artemia salina. Planta Daninha,Viçosa-MG, v. 27, n. 1, p. 207-11, 2009.

PITELLI, R.A. Competição e manejo em culturas anuais. A Granja, Porto Alegre, n. 37, p. 111-113, 1981.

SANCHEZ-OLGUÍN, E.; ARRIETA-ESPINOZA, G.; ESPINOZA ESQUIVEL, A. M. C. Comparação do desenvolvimento vegetativo e reprodutivo do arroz-vermelho e variedades comerciais de arroz (Oriza sativa) da Costa Rica. Planta Daninha, v. 25, n. 1, p. 13-27, 2007.

SILVA, M.R.M.; DURIGAN, J.C. Períodos de interferência das plantas daninhas na cultura do arroz de terras altas. I - cultivar IAC 202. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 24, n. 4, p. 685-694, 2006.

SILVA, A. A. et al.Tópicos em manejo de plantas daninhas. In: Capítulo 1 - Biologia de plantas daninhas. Viçosa: Ed. UFV, p.17-61, 2007.