Universidade Federal de Santa Maria
Ci. e nat., Santa Maria, V. 42, Special Edition, e2, 2020
DOI: http://dx.doi.org/10.5902/2179460X40489
Received: 10/10/2019 Accepted: 10/10/2019
Special Edition
Promoção da mobilidade sustentável através de atividades lúdicas com bicicletas na educação infantil
Promoting sustainable mobility through playful cycling activities in early child education
Juliana Aguiar MacedoI
Brenda Medeiros PereiraII
Alejandro Ruiz PadilloIII
I Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT) – Universidade Federal de Santa Maria, Campus Cachoeira do Sul, Brasil - julianaeng95@gmail.com
II Laboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT) – Universidade Federal de Santa Maria, Campus Cachoeira do Sul, Brasil - brenda.pereira@ufsm.br
IIILaboratório de Mobilidade e Logística (LAMOT) – Universidade Federal de Santa Maria, Campus Cachoeira do Sul, Brasil - alejandro.ruiz-padillo@ufsm.br
Resumo
O contato das crianças com a cidade ocorre, principalmente, durante seu deslocamento para a escola. Desde a infância pode-se desenvolver nelas o interesse em cuidar do espaço público que as rodeia e desenvolver uma personalidade questionadora. O projeto de extensão Pedala Kids busca estimular as crianças a utilizarem a bicicleta e interagirem com o espaço urbano, através de atividades que visem aumento na segurança viária, estímulo à mobilidade ativa e ao respeito à vida, com efeitos em longo prazo, contribuindo para um bom funcionamento da cidade. Em parceira com uma escola de Cachoeira do Sul, a Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul realizou os Jogos de Bicicleta. O objetivo deste artigo é apresentar a experiência dos Jogos como atividade lúdica que busca contribuir à formação cidadã de crianças. Com quatro etapas principais, os Jogos foram realizados a partir de: breve revisão bibliográfica, reuniões com os órgãos parceiros para estruturação do projeto, elaboração do material de apoio e realização de atividades dos Jogos de Bicicleta. Desta forma, este projeto estimula o engajamento da comunidade acadêmica em promover o aumento da qualidade de vida da população de Cachoeira do Sul.
Palavras-chave: Mobilidade sustentável; Bicicleta; Educação infantil
Abstract
Children connect with the city mainly through their trips to school. Since childhood children can develop the interest in taking care of the public spaces that surrounds them and develop a questioning character. The Pedala Kids extension project seeks to encourage children to ride bikes and interact with urban space through activities aimed at increasing road safety, encouraging active mobility and respect for life, with long-term effects, contributing to a well-functioning of the city. In partnership with a school in Cachoeira do Sul, the Federal University of Santa Maria - Campus Cachoeira do Sul held the Cycling Games. The aim of this paper is to present the experience of the Games as a playful activity that seeks to contribute to citizenship enhancement of children. With four main stages, the Games had four main steps: brief literature review, meetings with partner agencies for project structuring, preparation of supporting material and realization of the Cycling Games’ activities. Thus, this project stimulates the engagement of the academic community in promoting the quality of life of the population of Cachoeira do Sul.
Keywords: Sustainable mobility; Bycicle; Child education
1 Introdução
O contato de crianças e adolescentes com a cidade e a mobilidade urbana se dá majoritariamente nos deslocamentos entre sua casa e a escola. Enquanto em décadas passadas a maioria das crianças usava de modos não motorizados para estes deslocamentos, hoje se tende a perceber a priorização de modos motorizados (IPEA, 2016; BECK; NGUYEN, 2017). Ao mesmo tempo, no lazer das crianças crescem hábitos sedentários, como o uso de entretenimentos virtuais. Seja por segurança ou comodidade, a mudança no padrão de deslocamentos das crianças tem provocado impactos negativos: perda de contato com o ambiente externo, aumento de problemas relacionados à inatividade físicas e redução da segurança viária. Atividades que promovam a mobilidade ativa podem contribuir para reverter estes impactos.
Por meio do projeto de extensão “Pedala Kids – Desenvolvendo a cidade pelo olhar da criança”, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – Campus Cachoeira do Sul, busca-se promover a interação de crianças com a mobilidade e o espaço urbano, através de atividades lúdicas em sala de aula e também atividades práticas com base no uso de bicicletas. Desta forma, espera-se contribuir para discussão de temas como urbanismo, mobilidade, segurança, saúde e convivência social.
A projeção deste trabalho ao escolher a educação infantil nasce da ideia de que é logo cedo que podemos forjar futuros adultos que pensem na cidade com respeito e que possam priorizar os modos não motorizados de transporte como uma mobilidade mais sustentável. O objetivo deste artigo é apresentar a experiência dos Jogos da Bicicleta desenvolvida no projeto, como atividades lúdicas que buscam contribuir à formação cidadã de crianças, além de estimular o pensamento crítico quanto ao impacto da mobilidade urbana na qualidade de vida e saúde da comunidade em que estas se inserem.
2 Referencial Teórico e Justificativa
A principal atividade cotidiana de crianças e adolescentes é frequentar a escola, e, nesse contexto, durante o deslocamento até seu local de estudo eles têm a oportunidade de experimentar um contato mais próximo com o ambiente e a sociedade nos quais estão inseridos. Por isso, este caminho até a instituição de ensino é capaz de educar e auxiliar na formação da criança como cidadão (WRI BRASIL, 2016).
Durante esta viagem, os alunos enfrentam vários desafios em diferentes esferas, independentemente se o deslocamento é realizado em meio urbano ou rural. Um dos principais está relacionado à segurança viária, o que tem afetado a escolha dos modos de transportes utilizados no trajeto (ROMERO, 2011). A percepção que os pais têm a respeito da mobilidade na cidade está vinculada diretamente à maneira que as crianças interagem com o ambiente, e de modo crescente os modos motorizados têm sido escolhidos para levar os alunos à escola pela conveniência e sensação de segurança que transmitem.
Geralmente os pais optam por levar seus filhos à escola através do modo motorizado (ROMERO, 2011), a fim de evitar a exposição direta das crianças aos acidentes de trânsito, prática que traz sérias consequências, principalmente para pedestres e veículos de pequeno porte. Assim, aumenta-se o tráfego de veículos no entorno das escolas, tornando o ambiente menos atrativo e seguro para deslocamentos através de meios não motorizados (ANDREOU, 2010).
Diversos fatores afetam a segurança no caminho entre a casa e a escola, como a existência ou não de infraestrutura de calçadas, boa sinalização para pedestres e o ambiente construído, impactando na atratividade para o transporte não motorizado. A respeito deste último, pode-se dizer que a presença de comércios e pontos de interação torna o deslocamento mais agradável e convidativo, enquanto a ausência de pontos comerciais, muros e vazios urbanos têm o efeito contrário, apresentando um ambiente hostil e inseguro para as atividades nas vias urbanas, fazendo com que cada vez menos pessoas optem pela utilização dos modos de transporte não motorizados (RUIZ-PADILLO et al, 2018).
Os padrões atuais de mobilidade têm causado diversos impactos na vida de crianças e adolescentes. Segundo dados recentes, a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos e de jovens entre 15 e 29 anos são os acidentes de trânsito (CRIANÇA SEGURA, 2018). A tendência é que, até 2030, eles se tornem a quinta maior causa de morte no mundo. Em adição a isto, as crianças e jovens estão sofrendo sérias consequências à saúde, como diabetes e obesidade, provenientes da privação do contato com o espaço público, incentivada pelo abuso das novas tecnologias, que tornam pouco atrativas as atividades ao ar livre.
A inatividade física é uma realidade entre as crianças e jovens, provocada por diversos fatores sociais ou culturais. Entre eles, destacam-se a insegurança dos pais em permitir atividades externas e a valorização dos entretenimentos que permitem hábitos sedentários, como o uso de computadores, vídeo games, jogos eletrônicos, tablets e celulares. É evidente que está cada vez mais restrito o envolvimento de crianças e jovens com atividades ao ar livre e práticas físicas em praças, parques e outros locais de lazer (SILVA; COSTA JUNIOR, 2011). No entanto, municípios de pequeno e médio porte dispõem de características favoráveis à utilização dos modos não motorizados, como menores distâncias de deslocamento e maior sensação de segurança viária, mesmo com a escassez de informações que caracterizem o uso deste tipo de transporte.
Este projeto se justifica pela inserção de crianças e, consequentemente, adultos que fazem parte de seu convívio em discussões a respeito do desenvolvimento urbano sustentável através do uso recreativo da bicicleta. Os principais assuntos tratam a respeito de urbanismo, mobilidade, segurança, saúde e convivência social, estimulando a formação cidadã. As crianças, ao caminharem ou andarem de bicicleta pelo espaço urbano, passam a ter papel ativo na percepção de problemas, no entendimento de diferenças e, assim, podem assumir uma postura questionadora sobre o desenvolvimento urbano e a mobilidade.
3 Metodologia
Neste projeto, a bicicleta apresenta-se como meio lúdico para que sejam debatidos com as crianças e demais membros da comunidade conceitos do desenvolvimento urbano e a mobilidade sustentável. A Figura 1 apresenta as principais etapas do projeto “Pedala Kids”.
Figura 1 - Fluxograma Pedala Kids
Fonte: os autores
Para a realização dos Jogos da Bicicleta, foram seguidas 4 etapas principais. A primeira etapa trata de consultas literárias às práticas de promoção do uso de bicicletas na infância, e compreende um breve levantamento de atividades desenvolvidas no âmbito escolar e no nível de eventos públicos e privados que estimulem de forma lúdica a utilização de bicicletas por parte das crianças. Posteriormente, na etapa 2, realizaram-se reuniões com os órgãos envolvidos para estruturação do projeto. Neste momento, foram feitos vários encontros que envolveram a Secretaria de Educação e Desporto da cidade, equipe de docentes da UFSM, representantes da Prefeitura de Cachoeira do Sul colaboradores de uma escola privada da cidade e, também, do comércio local (Figura 2). Em um terceiro momento, realizou-se a confecção e compra do material de apoio necessário para atividades lúdicas a serem realizadas na escola. Foram priorizados materiais sustentáveis e a reciclagem desses materiais entre as ações do projeto. Por fim, no projeto piloto “Jogos de Bicicleta”, foram elaboradas atividades recreativas baseadas em jogos para fomentar a utilização da bicicleta de forma lúdica entre crianças. Os Jogos de Bicicleta foram realizados inicialmente em escola privada, dado o fato da maioria das crianças já possuírem bicicletas.
Figura 2 – Reuniões para estruturação do projeto, reunião com as Secretaria de Desporto e de Educação (a) e reunião com representantes do corpo docente da UFSM, prefeitura de Cachoeira do Sul e parceiros (b)
Fontes: os autores
4 Relato da Experiência
Este capítulo relata a experiência da realização dos Jogos da Bicicleta como meio lúdico para introdução de crianças à mobilidade sustentável. Inicialmente, foi selecionada a faixa etária de trabalho, seguido pela confecção de materiais e a realização dos Jogos, propriamente ditos. Além disso, este capítulo apresenta as principais reações do público-alvo e da comunidade sobre a realização dos Jogos.
4.1 Público Alvo
Os Jogos da Bicicleta tiveram como público-alvo crianças da Educação Infantil de um uma escola privada do município de Cachoeira do Sul. Desde a educação infantil, a relação das crianças com seus colegas e professores as insere em um ambiente de aprendizado de vida em sociedade. De acordo com a Lei nº 9.394/96, art. 29 das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, do ponto de vista legal, “a Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica. E tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de zero a cinco anos de idade em seus aspectos físico, afetivo, intelectual, linguístico e social, complementando a ação da família e da comunidade” (BRASIL, 1996).
Dessa forma, torna-se de grande importância às discussões sobre mobilidade, saúde e meio ambiente logo nessa idade, sabendo que a formação social ocorre durante as atividades educativas entre alunos e entre alunos e seus educadores. Acredita-se que ainda cedo, no início da infância, as crianças já se deparam com situações cotidianas com o ambiente urbano podendo ser levadas a questionamentos sobre a cidade e o transporte dentro dela, produzindo assim um comportamento futuro mais responsável diante dessas questões.
4.2 Atividades Práticas Realizadas
Nos Jogos de Bicicletas foram desenvolvidas atividades recreativas e educativas para interação e primeiro contato das crianças com as bicicletas dentro do Projeto de Extensão Pedala Kids. Os Jogos aconteceram em dois encontros distintos. No primeiro encontro foram atendidas crianças entre 2 e 4 anos, já no segundo encontro foram atendidas crianças entre 4 e 5 anos, sendo que cada encontro contou com aproximadamente 40 crianças. Além dos professores e alunos da universidade, que se voluntariaram para ajudar nas atividades, os professores da educação infantil da escola tiveram papel ativo nas atividades propostas.
Para a realização das atividades dos Jogos foram confeccionados coletes e medalhas de participação para as crianças para distribuição nos Jogos (Figura 3). O uso destes materiais buscou tanto estabelecer uma conexão visual com as crianças, visto que os coletes remetem ao uso de vestimentas de sinalização para segurança no trânsito, quanto criar uma gratificação, como forma de estabelecer um marco pela participação nos Jogos. Estes materiais são apresentados nas Figuras 3 “a” e “b”.
Figura 3 – Confecção dos materiais utilizados, coletes usados pelas crianças (a) e medalhas (b)
Fonte: os autores
4.2.1 Balas de Canhão
A atividade intitulada “Balas de Canhão” tem por objetivo estimular o equilíbrio e a coordenação motora das crianças. Ao fazer o movimento de, sobre a bicicleta, abaixar-se para pegar as bolas e carregá-las em seus bolsos até o cesto, a criança pode trabalhar de forma lúdica a prática da pedalada. Durante toda a atividade, as crianças são estimuladas a apanhar, do chão, bolas coloridas que foram espalhadas propositalmente e devolver a dois grandes cestos colocados que estão no pátio ou com alguns professores, como na Figura 4. Importante destacar que nesta atividade, a pedalar na bicicleta não é o objetivo final das crianças, mas sim, um meio para que ela leve os objetos perdidos até o ponto determinado. Nota-se que algumas crianças, ao se distrair com a atividade proposta, dão suas primeiras pedaladas, por justamente estarem menos pressionadas a andar de bicicleta.
Figura 4 – Balas de Canhão, devolvendo as bolas (a) e reiniciando a brincadeira (b)
Fonte: os autores
4.2.2 Circuito do Abraço
Na atividade do “Circuito do abraço” as crianças têm o objetivo de trabalhar, além do ato de pedalar, a socialização entre as crianças. De posse das bicicletas, as crianças são convidadas a percorrer um determinado caminho, até que encontrem um colega que transita na direção oposta. Neste momento, as crianças eram convidadas a cumprimentar seus colega, seja por um abraço, aperto de mão ou outro gesto espontâneo. Ao percorrer o caminho, as crianças precisam aprender a respeitar os limites do trajeto proposto, aprimorando sua coordenação motora, assim como praticam a cordialidade entre amigos. A Figura 5 demonstra a atividade “Circuito do Abraço”.
Figura 5 – Circuito do Abraço: socialização ao pedalar
Fonte: os autores
4.2.3 Rio de Jacarés
A atividade intitulada “Rio de Jacarés” teve por objetivo desenvolver a coordenação das crianças na transposição de obstáculos. Através do uso de figuras lúdicas coladas ao chão representando jacarés, foi criado um ambiente que simulava um rio. Neste espaço, as crianças foram instigadas a desviarem dos jacarés, exigindo concentração para a realização de manobras mais precisas. Além disso, a atividade estimulou a solidariedade entre crianças, uma vez que a bicicleta utilizada foi compartilhada entre todos os participantes. A Figura 6 destaca a atividade “Rio de Jacarés”.
Figura 6 – Rio de Jacarés: criança sendo auxiliada na atividade
Fonte: os autores
4.2.4 Oficina “Conhecendo a minha bicicleta”
Nesta atividade, com a ajuda de um especialista residente na própria cidade, as crianças foram direcionadas a um momento de discussões e aprendizado. O objetivo da atividade foi apresentar os principais equipamentos de segurança e também debates sobre peças e manutenção básica de uma bicicleta. Mesmo que a responsabilidade pela segurança e manutenção da bicicleta seja, em geral, dos pais e responsáveis pelas crianças, esta atividade busca fomentar na criança um papel ativo no cuidado pessoal próprio e de seu equipamento. A Figura 7 apresenta algumas das vivências experimentadas na Oficina.
Figura 7 – Oficina “Conhecendo a minha bicicleta”, testes de equipamentos (a) e manuseando partes da bicicleta (b)
Fonte: os autores
4.3 Resultados e Reações
Já durante as atividades constatou-se a evolução das crianças no que se diz respeito ao manuseio da bicicleta. Engajaram-se na realização das tarefas e se comprometeram em superar os desafios que estavam sendo propostos. Algumas das crianças lograram suas primeiras conquistas em cima de uma bicicleta, como conseguir fazer uma curva, frear e até mesmo pedalar sozinhas pela primeira vez. Era evidente o quanto elas estavam satisfeitas, não somente pela diversão que é algo quase intrínseco às crianças, mas também por estarem suplantando as habilidades anteriores àquela experiência. Ao fim das atividades, as crianças receberam medalhas pela participação como forma de tornar a atividade um marco e de divulga-la entre seu circulo de relacionamento. A Figura 8 apresenta as crianças na posse das medalhas.
Figura 8 – Reações das crianças ao receberem suas medalhas
Fonte: os autores
As reações e comentários acerca dos Jogos da Bicicleta ultrapassaram o perímetro da escola. Quase que simultaneamente àqueles dias, pais, professores e demais membros da sociedade consideraram o uso de modos não motorizados de transportes como algo relevante. A repercussão alcançou os principais meios de comunicação da cidade, que logo se manifestaram a favor dos princípios defendidos pela mobilidade sustentável, traduzindo o projeto em uma charge criativa na página de um jornal impresso, conforme aparece na Figura 9. A boa repercussão do projeto demonstra a carência de atividades deste tipo na cidade e o potencial para expansão para outras escolas.
Figura 9 – Charge de um dos jornais da cidade destacando os benefícios do uso da bicicleta
fonte: Jornal do Povo, 23/05/2019)
5 Conclusões
Este artigo buscou apresentar a experiência de trabalhar de forma lúdica o uso da bicicleta por crianças de educação infantil. Os Jogos da Bicicleta atenderam seu propósito inicial, com grande envolvimento e participação das crianças e de membros da sociedade local. A execução das atividades demonstrou a existência de uma demanda latente por ações que promovam a atividade física entre crianças e jovens ao mesmo tempo em que as preparam para futuro, em que terão de tomar suas próprias decisões a respeito dos deslocamentos cotidianos.
Espera-se que a bem sucedida experiência instigue a realização de outras atividades tanto no âmbito escolar como em espaços abertos à sociedade em geral. Para que isso possa ocorrer adequadamente, as próximas etapas do projeto Pedala Kids preveem o desenvolvimento de uma cartilha, apresentando detalhadamente as etapas e procedimentos que devem ser seguidos para a realização dos Jogos da Bicicleta, de forma a ser instrumento para educadores e profissionais da área de educação interessados em replicar esta ação. Ainda, outras atividades de ensino e pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria – Campus Cachoeira do Sul buscam contribuir para a replicabilidade dos Jogos da Bicicleta, entre elas o desenvolvimento de bicicletas de equilíbrio com materiais sustentáveis, de forma a atender crianças que não possuam condições financeiras de ter uma bicicleta convencional.
Sabe-se que os maiores benefícios são esperados em longo prazo, proporcionando uma visão ampla a respeito da mobilidade sustentável e contribuindo com a formação das crianças participantes. Porém, ao engajar a sociedade local, o projeto tem o potencial de, em breve, de formar jovens questionadores das práticas de mobilidade atuais e propositivos em relação a ações pela mobilidade sustentável.
Agradecimentos
Os autores, em especial a acadêmica Juliana Aguiar Macedo, agradecem o suporte financeiro do Programa do Fundo de Incentivo a Extensão (FIEX) da UFSM.
Referências
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