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Universidade Federal de Santa Maria
Ci. e Nat., Santa Maria, v. 44, e9, 2022
DOI: 10.5902/2179460X63466
ISSN 2179-460X
Submiss�o: 08/12/2020 � Aprova��o: 20/01/2022 � Publica��o: 03/09/2022
Estat�stica
Aplica��o do modelo SARIMAX para modelar e prever a concentra��o de material particulado inal�vel, no Esp�rito Santo, Brasil
Application of SARIMAX model to model and forecast the concentration of inhalable particulate matter, in Esp�rito Santo, Brazil
I Universidade Federal do Esp�rito Santo, Vit�ria, ES, Brasil
II Faculdade da Regi�o Serrana, Santa Maria de Jetib�, ES, Brasil
Resumo
Este trabalho teve como objetivo modelar e prever a concentra��o m�dia di�ria de material particulado inal�vel (PM10) utilizando o modelo SARIMAX, na Regi�o da Grande Vit�ria (RGV), ES, Brasil, para o per�odo de 01/01/2008 a 31/12/2018. Para isso, utilizaram-se s�ries temporais de concentra��es de PM10 e de vari�veis meteorol�gicas velocidade do vento (V), umidade relativa (U), precipita��o pluviom�trica (PP), temperatura (T), radia��o solar (I) e press�o atmosf�rica (P) obtidas junto ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos H�dricos (IEMA), sendo escolhidas as esta��es Laranjeiras, Carapina, Jardim Camburi, Enseada do Su�, Vit�ria (Centro), Ibes e Vila Capixaba, para fazer o estudo de predi��o e previs�o. Conforme os indicadores de desempenho, os modelos SARIMAX para a maioria das esta��es, apresentaram como bons modelos para realizar predi��es e previs�es da qualidade do ar nas localidades. Em rela��o � predi��o de eventos de qualidade do ar regular, de forma geral, os modelos SARIMAX se sobressa�ram quando comparados com os modelos SARIMA e ARMA. Entre as vari�veis meteorol�gicas avaliadas, a V, U, PP e T destacam-se como vari�veis preditoras das concentra��es de PM10 e assumiram papel determinante na melhoria do desempenho dos modelos de previs�o.
Palavras-chave: PM10; SARIMAX; Vari�veis meteorol�gicas; Polui��o do ar
ABSTRACT
This work aimed to model and forecast the average daily concentration of inhalable particulate matter (PM10) using the SARIMAX model, in the Greater Vit�ria Region (RGV), ES, Brazil, for the period from January 1st, 2008 to December 31th, 2018. For this, time series of PM10 concentration and meteorological parameters wind speed (V), relative humidity (U), precipitation (PP), temperature (T), solar radiation (I) and atmospheric pressure (P) were considered. These parameters were obtained from the State Environmental Institute (IEMA), being chosen the Laranjeiras, Carapina, Jardim Camburi, Enseada do Su�, Vit�ria (Centro), Ibes and Vila Capixaba stations to the study of prediction and forecasting. According to performance indicators, SARIMAX models, for most seasons, have been presented as good models for making predictions and forecasts of air quality in the localities. Regarding the prediction of regular air quality events, in general, the SARIMAX models stood out when compared to the SARIMA and ARMA models. Among the meteorological variables evaluated, V, U, PP and T stand out as predictor variables of PM10 concentrations and assumed a decisive role in improving the performance of the prediction models.
Keywords: PM10; SARIMAX; Meteorological variables; Air pollution
1 INTRODU��o
O ar, necess�rio para a sobreviv�ncia de todos os seres vivos da Terra, tem sido um dos elementos mais agredidos pelo homem. O crescimento populacional, o aumento da frota motorizada e a expans�o das atividades industriais s�o os principais fatores que conduziram � multiplica��o das fontes de emiss�o de poluentes comprometendo a salubridade do ar (LIRA, 2009).
Entre os poluentes atmosf�ricos, o material particulado (PM) se destaca devido � sua complexidade em termos de composi��o qu�mica e propriedades f�sicas, visto que � uma classe de poluentes constitu�do de poeira, fuma�a e todo tipo de part�culas s�lidas e l�quidas suspensas no ar originadas de diferentes fontes, como combust�o de combust�veis f�sseis e rea��es qu�micas de gases na atmosfera (ARAUJO e NEL, 2009; SANTIAGO et al., 2015). Al�m disso, possui associa��o intr�nseca com a sa�de em raz�o do tamanho das part�culas, principalmente as part�culas com di�metro igual ou inferior a 10 m�crons (PM10), pois s�o capazes de penetrar profundamente no sistema respirat�rio chegando no pulm�o, onde se depositam nas regi�es alveolares durante a respira��o e podem ser absorvidas pela corrente sangu�nea atrav�s dos capilares alveolares, afetando a fun��o de v�rios outros �rg�os, al�m do sistema respirat�rio (FIORDELISI et al.,2017).
Em vista disso, v�rios estudos epidemiol�gicos associam o PM10 com os diferentes danos � sa�de, como o aumento de hospitaliza��o devido morbidades respirat�rias e cardiovasculares, principalmente de crian�as e idosos (GOUVEIA et al., 2003; NASCIMENTO et al., 2007, FREITAS et al., 2016), maiores chances de uma crian�a ter Transtorno do Espectro do Autismo (RAZ et al., 2015), risco aumentado de incid�ncia de diabetes mellitus (BOWE et al., 2018), altera��es no desempenho cognitivo humano (ZHANG, CHEN e ZHANG, 2018), mortalidade cardiovascular, especialmente em idosos (YAP et al., 2019), entre outros efeitos que destacam a emerg�ncia em adotar medidas de controle da polui��o do ar.
Diante esse cen�rio, o conhecimento pr�vio dos n�veis de poluentes na atmosfera de uma regi�o pode ser utilizado para alertar concentra��es que possam representar risco � sa�de p�blica e permitir a tomada de a��es de emerg�ncia. Os modelos de previs�o de poluentes atmosf�ricos t�m sido propostos como uma ferramenta de ajuda para a gest�o da qualidade do ar em diversas cidades em todo mundo, com intuito de prever poss�veis picos de concentra��es e �ndices de qualidade do ar indesej�veis (PEREZ e REYS, 2006; GOMES, 2009).
De acordo com Leite et al. (2011) os efeitos causados pela emiss�o dos poluentes atmosf�ricos, ao meio ambiente e � sa�de da popula��o, podem n�o ser apenas locais, pois dependem do relevo do entorno do ponto de emiss�o, das condi��es meteorol�gicas e da natureza dos poluentes. Em conson�ncia, Lira (2009) descreve que a concentra��o de um poluente no ar depende de v�rios fatores, n�o apenas das emiss�es das fontes, mas tamb�m de suas intera��es f�sicas (dilui��o) e qu�micas (rea��es) na atmosfera. Desta maneira, as condi��es meteorol�gicas possuem fundamental import�ncia em rela��o a acumula��o e dispers�o de poluentes, visto que essas condi��es atuam por meio da a��o de dois fen�menos fundamentais: o transporte e a difus�o (MOREIRA, TIRABASSI e MORAES, 2008). Geralmente, a polui��o do ar est� associada a fatores como temperatura, umidade relativa, velocidade e dire��o do vento (LIU e JOHNSON, 2002).
Assim, vari�veis meteorol�gicas t�m sido incorporadas nos modelos de s�ries temporais com objetivo de melhorar o desempenho da modelagem e previs�o da qualidade do ar. Como exemplo, Agirre-Basurko, Ibarra-Berastegui e Madariaga (2006), Reisen et al. (2014) e Pinto, Reisen e Monte (2018) desenvolveram modelos estat�sticos de previs�o da qualidade do ar, para a cidade de Bilbao (Espanha) e os munic�pios de Cariacica, Vit�ria, Vila Velha e Serra (Esp�rito Santo, Brasil), respectivamente. De forma geral, estas pesquisas demonstraram que os modelos que consideraram, al�m da s�rie do poluente estudado, outras s�ries temporais como vari�veis explicativas, apresentaram melhor desempenho em rela��o � previs�o das concentra��es desses poluentes.
Al�m deles, Gripa et al. (2012) compararam dois modelos, a saber: um modelo de s�ries temporais e um modelo de regress�o linear m�ltipla, para previs�o das concentra��es m�dias de PM10 monitorados na cidade da Serra, Regi�o da Grande Vit�ria (RGV), com incorpora��o de vari�veis meteorol�gicas. Os resultados demonstraram que a atribui��o da vari�vel explicativa (velocidade do vento) no modelo de regress�o permitiu melhorar sua capacidade preditiva, apresentando melhores previs�es quando comparado � an�lise exclusiva das s�ries temporais da vari�vel sob estudo. De forma semelhante, Memarianfard e Hatami (2017) utilizaram a t�cnica de rede neural artificial para modelar a dispers�o de part�culas inal�veis com di�metro menor ou igual a 2,5 �m (PM2,5) usando dados meteorol�gicos na cidade de Teer�, Iran. As vari�veis ex�genas consideradas foram os poluentes: di�xido de enxofre (SO2), mon�xido de carbono (CO), di�xido de nitrog�nio (NO2) e os fatores clim�ticos: velocidade do vento, umidade relativa e temperatura. De acordo com os resultados obtidos, houve um melhor desempenho quando considerados no modelo as vari�veis ex�genas, comprovando que os padr�es meteorol�gicos s�o determinantes na precis�o da previs�o da qualidade atmosf�rica local.
Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo modelar e prever a concentra��o m�dia di�ria de PM10 utilizando o Modelo Autorregressivo Integrado e de M�dias M�veis Sazonal Multiplicativo com vari�veis ex�genas (SARIMAX), na Regi�o da Grande Vit�ria (RGV), ES, Brasil, para o per�odo de 01/01/2008 a 31/12/2018, sob justificativa de que com a atribui��o de vari�veis explicativas nos modelos de s�ries temporais � poss�vel melhorar seu desempenho para fazer predi��es e previs�es da qualidade do ar da Regi�o da Grande Vit�ria e, assim, este pode ser utilizado como uma ferramenta eficiente de alerta sobre a concentra��o de PM10 na atmosfera dos munic�pios da localidade, proporcionando fornecer dados para ativar a��es de emerg�ncia durante per�odos de estagna��o atmosf�rica, quando os n�veis de poluentes possam representar risco � sa�de da popula��o. Al�m disso, pode ser utilizado como informa��o para os gestores corroborando a prepara��o de planos para redu��o de emiss�es e gerenciamento da qualidade do ar da regi�o.
Vale ressaltar que o trabalho se trata de uma extens�o do estudo desenvolvido por Pinto, Reisen e Monte (2018), no qual foi avaliado um maior n�mero de esta��es e observa��es referentes ao PM10 e as vari�veis meteorol�gicas, permitindo considerar uma varia��o clim�tica de tempo maior, que pode afetar a qualidade do ar em uma determinada regi�o. Sob essas considera��es, os resultados obtidos nesse trabalho tendem proporcionar informa��es mais reais de qualidade do ar para a RGV.
2 METODOLOGIA
2.1 Caracteriza��o da �rea de estudo
A RGV, localiza-se na costa sul do estado do Esp�rito Santo sendo composta pelos munic�pios de Vit�ria, Vila Velha, Cariacica, Serra e Viana. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE, 2019), a RGV possui uma �rea de cerca de 1.456 km� com uma popula��o estimada de aproximadamente 1.832.969 habitantes o que representa 45,61% da popula��o total do estado.
Al�m disso, apresenta clima Aw (tropical quente) de acordo com a classifica��o de K�ppen (K�PPEN, 1900), com esta��es de estiagem bem definida no inverno e esta��o chuvosa de ver�o, com chuvas convectivas. Segundo IEMA (2018), as temperaturas n�o variam muito, concentrando-se entre 24� a 30�C. Em m�dia, a precipita��o pluvial anual total � de 1.318,6 mm, cujo per�odo chuvoso inicia-se em outubro e se estende at� a metade do m�s de abril. Em rela��o ao regime de vento, as localidades da RGV s�o influenciadas por brisas marinhas e terrestres - em fun��o da proximidade com o oceano e brisas de vale montanha � em raz�o da topografia acidentada.
A regi�o � caracterizada por ser uma das principais �reas de desenvolvimento urbano e industrial do estado. Devido a isso, a qualidade do ar tem sido diretamente influenciada pelas emiss�es de poluentes atmosf�ricos provenientes, principalmente, da atividade industrial, da frota veicular e da ressuspens�o do solo causado pelo vento e tr�fego veicular. Al�m desses fatores, as condi��es meteorol�gicas e da topografia dos munic�pios s�o determinantes para a salubridade do ar na regi�o, pois atuam na acumula��o e dispers�o desses poluentes na atmosfera (IEMA, 2018).
Diante dessas caracter�sticas, em junho do ano de 2000, foi inaugurada na RGV a Rede Autom�tica de Monitoramento da Qualidade do Ar (RAMQAr) de propriedade do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos H�dricos (IEMA). A RAMQAr � composta por nove esta��es distribu�das por quatro mun�cipios da RGV, s�o elas: Esta��o Laranjeiras (E1), Esta��o Carapina (E2), Esta��o Jardim Camburi (E3), Esta��o Enseada do Su� (E4), Esta��o Vit�ria (Centro) (E5), Esta��o Ibes (E6), Esta��o Vila Velha (Centro) (E7), Esta��o Vila Capixaba (E8) e Esta��o Cidade Continental (E9). A Figura 1, apresenta a localiza��o espacial das esta��es de monitoramento da RAMQAr.
A RAMQAr monitora os seguintes poluentes atmosf�ricos: PM2,5; PM10; part�culas totais em suspens�o (PTS); SO2; mon�xido de nitrog�nio (NO); NO2; �xidos de nitrog�nio (NOx); CO; oz�nio (O3); metano (CH4); hidrocarbonetos n�o-Metano (HCnM) e hidrocarbonetos totais (HCT). E, ainda realiza, o monitoramento dos seguintes par�metros meteorol�gicos: dire��o dos ventos (DV); velocidade dos ventos (V); umidade relativa (U); precipita��o pluviom�trica (PP); temperatura (T); press�o atmosf�rica (P); e a radia��o solar (I). As vari�veis monitoradas por cada esta��o da RAMQAr est�o apresentados na Tabela 1.
Figura 1 � Localiza��o das esta��es da RAMQAr na RGV, Esp�rito Santo
Fonte: Autores (2020)
Tabela 1 � Esta��es e vari�veis atmosf�ricas monitoradas pela RAMQAr
Esta��es |
Poluentes Monitorados |
Vari�veis Meteorol�gicas |
E1 |
PM10, PTS, SO2, NO, NO2, NOX, O3 |
|
E2 |
PM10, PTS |
DV, V, U, PP, P, T, I |
E3 |
PM10, PTS, SO2, NO, NO2, NOX |
|
E4 |
PM10, PM2.5, PTS, SO2, NO, NO2, NOX, CO, O3, CH4, HCnM, HCT |
DV, V |
E5 |
PM10, PTS, SO2, NO, NO2, NOX, CO, CH4, HCnM, HCT |
|
E6 |
PM10, PM2.5, PTS, SO2, NO, NO2, NOX, CO, O3, CH4, HCnM, HCT |
DV, V |
E7 |
PM10, SO2 |
|
E8 |
PM10, PTS, SO2, NO, NO2, NOX, CO, O3 |
DV, V, T |
E9 |
PM10, PTS, SO2, NO2 |
DV, V |
Fonte: Adaptado de IEMA (2018)
2.2 Dados
Para a realiza��o do estudo foram utilizadas s�ries temporais referentes � concentra��o de PM10 e as vari�veis V, U, PP, P, T e I, fornecidos em m�dias hor�rias de 24 horas e coletados atrav�s do banco de dados do IEMA (2018), para o per�odo de 01/01/2008 a 31/12/2018.
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de S�o Paulo (CETESB, 2019) � necess�rio adotar crit�rios de representatividade temporal nos dados de monitoramento da qualidade do ar para que n�o seja comprometida a interpreta��o do resultado obtido. A CETESB determina que os dados m�dios di�rios da esta��o devem conter 2/3 das medidas hor�rias v�lidas no dia. Seguindo as orienta��es do �rg�o e considerando que algumas esta��es da RAMQAr possuem uma porcentagem alta de dados faltantes, para determinar as esta��es representativas do estudo foi realizado uma an�lise dos dados brutos de todas as esta��es da RAMQAr, sendo considerada apenas as esta��es que apresentaram porcentagem de dados faltantes de sua s�rie igual ou inferior a 34%, como disposto na Tabela 2. Assim, foram definidas as seguintes esta��es a serem utilizadas, considerando a s�rie do poluente PM10: E1, E2, E3, E4, E5, E6 e E8.
Tabela 2 � Porcentagem de observa��es faltantes referente as medi��es m�dias hor�rias das esta��es da RAMQAr
Esta��o |
Porcentagem de dados faltantes (%) |
E1 |
13 |
E2 |
15 |
E3 |
13 |
E4 |
11 |
E5 |
10 |
E6 |
13 |
E7 |
62 |
E8 |
29 |
E9 |
66 |
Fonte: Autores (2020)
Com rela��o � determina��o das vari�veis meteorol�gicas utilizadas neste trabalho, foi seguida a mesma metodologia descrita anteriormente para escolha das esta��es. Sendo assim, foram empregadas as s�ries de dados referentes a V, U, PP, T, I e P conforme a descri��o da Tabela 3.
Tabela 3 � Descri��o das vari�veis meteorol�gicas
Vari�veis |
Unidades |
Descri��o |
V |
|
Dado que a esta��o de Cidade Continental apresentou muitos dados faltantes, adotou-se uma m�dia aritm�tica entre as esta��es de Carapina, Enseada do Su�, IBES e de Cariacica. |
U |
% |
M�dia aritm�tica entre as esta��es de Carapina e Cariacica, as �nicas que medem tal vari�vel. |
PP |
|
Valores medidos na esta��o de Carapina, pois � a �nica que possui medi��o para tal vari�vel. |
P |
|
Valores medidos na esta��o de Carapina, pois � a �nica que possui dados para tal vari�vel. |
T |
|
M�dia aritm�tica entre as esta��es de Carapina e Cariacica. |
I |
|
Valores medidos na esta��o de Carapina, �nica que realiza tal medi��o. |
Fonte: Adaptado de Pinto, Reisen e Monte (2018)
Em raz�o da presen�a de dados faltantes nas s�ries temporais foi adotada a metodologia de imputa��o via algoritmo EM (expectation-maximisation), por meio da plataforma mstdi (multivariate time-series data imputation) proposta por Junger e Leon (2015) e implementada na biblioteca do software R (JUNGER e LEON, 2018). Ap�s a imputa��o dos dados faltantes, calculou-se as m�dias di�rias das concentra��es do poluente PM10 e as m�dias di�rias das vari�veis meteorol�gicas adotadas, sendo considerados, assim, para o per�odo analisado, 4.015 observa��es tanto na s�rie de PM10 quanto das vari�veis explicativas.
2.3 M�todos
Para a predi��o e previs�o das concentra��es de PM10 para cada esta��o da RGV, utilizou-se a metodologia proposta por Box e Jenkins (1970), que consiste na ideia de que a s�rie temporal em estudo seja gerada por um processo estoc�stico, cuja natureza pode ser representada a partir de um modelo matem�tico (MORETTIN e TOLOI, 2006).
Os chamados modelos Autorregressivos Integrados e de M�dias
M�veis Sazonal Multiplicativo (SARIMA) destacam-se por serem uma amplia��o dos
modelos Autorregressivos Integrados e de M�dias M�veis (ARIMA), por inclu�rem a
caracter�stica de autocorrela��o sazonal. O modelo SARIMA � geralmente descrito
como SARIMA , em que
�e
�s�o inteiros n�o negativos que se
referem a ordem polinomial autorregressiva (AR), integrada (I), e m�dia m�vel
(MA) de partes n�o sazonais e sazonais do modelo, respectivamente. Logo, este
modelo pode ser representado pela seguinte express�o (Equa��o 1):
|
(1) |
em que �� a vari�vel de previs�o;
�� o polin�mio de AR regular de
ordem
;
�� o polin�mio de MA regular de
ordem
;
�� o polin�mio de AR sazonal de
ordem
;
�� o polin�mio de MA sazonal de
ordem
�e
�� ru�do branco, definido como uma
sequ�ncia de vari�veis aleat�rias n�o correlacionadas com m�dia zero e
vari�ncia constante ao longo do tempo (WEI, 2006; VANGROPOULOS et al.,
2016).
O operador de diferencia��o �e o operador de diferencia��o
sazonal
�eliminam a n�o-sazonalidade e a
n�o-estacionariedade sazonal, respectivamente. Tem-se que
��
o operador de defasagem definido como
. Os polin�mios e os operadores s�o
definidos, matematicamente como
.
Neste estudo foi aplicado o modelo SARIMAX, que � uma extens�o do modelo SARIMA, com capacidade de integrar vari�veis explicativas, processo no qual possibilita aumentar o desempenho da previs�o. De acordo Vagropoulos et al. (2016), esse modelo pode ser representado pela Equa��o 2:
|
(2) |
em que �� o vetor que inclui as vari�veis
de entrada ex�genas
�no tempo
�e
�refere-se ao valor do coeficiente
da vari�vel de entrada ex�gena
.
Segundo Wei (2006), antes de se proceder a modelagem, o primeiro
passo na an�lise de s�ries temporais � identificar se elas s�o estacion�rias,
ou seja, se possuem m�dia, vari�ncia e covari�ncia constantes ao longo do
tempo. Para isso, foi aplicado aos dados o teste de raiz unit�ria de
Dickey-Fuller Aumentado (Argumented Dickey-Fuller ou ADF) (DICKEY e
FULLER, 1981). A avalia��o da exist�ncia de periodicidade, tamb�m denominada
sazonalidade, nas s�ries de concentra��o de PM10 foi realizada pela
an�lise espectral com a constru��o do periodograma e, al�m disso, aplicou-se o
teste G de Fisher aos dados transformados (WEI, 2006). A transforma��o dos
dados da s�rie temporal foi utilizada para estabilizar a vari�ncia e aproximar
de uma distribui��o normal. Para isso, foi considerada a transforma��o sugerida
por Box e Cox (1964), no qual se estima o �e baseada nessa estimativa,
define-se o tipo de transforma��o. Assim, a s�rie transformada � dada por:
|
(3) |
Em que �� o par�metro de
transforma��o e escolhido no intervalo
�e os valores mais correntes
correspondem �s transforma��es propostas por Box e Cox (1964). Por fim, o
estabelecimento do modelo de previs�o apropriado que descreva o fen�meno
gerador de cada s�rie estudada foi definido atrav�s das quatro etapas contidas
na metodologia de Box e Jenkins (1970), as quais s�o descritas como: (
)
identifica��o; (
) estima��o; (
)
diagn�stico; e (
) previs�o.
2.4 Indicadores estat�sticos
Na Tabela 4 est�o apresentadas as equa��es referentes aos indicadores estat�sticos utilizados para realizar a identifica��o e avalia��o da qualidade de ajuste e desempenho do modelo de previs�o das concentra��es de PM10, a saber: os crit�rios de sele��o Akaike Information Criteria (AIC) (AKAIKE, 1973) e Bayesian Information Criterion (BIC) (SCHAWAZ; AKAIKE, 1978), raiz do erro quadr�tico m�dio (REQM), erro absoluto m�dio (EAM) e as estat�sticas de avalia��o propostas por Ryan (1995) e Liu e Johnson (2003) - probabilidade de detec��o (POD), raz�o de alarme falso (FAR), escore de amea�as (EA) e taxa de perda (MISS), respectivamente. O melhor modelo para representar a s�rie � aquele que obt�m os menores valores para os crit�rios de informa��o e para as medidas de qualidade.
Tabela 4 � F�rmulas dos indicadores estat�sticos de qualidade de ajuste e desempenho do modelo
Indicador Estat�stico |
F�rmula |
AIC |
|
BIC |
|
REQM |
|
EAM |
|
POD |
|
FAR |
|
EA |
|
MISS |
|
Legenda: Legenda: 𝑙(𝜉̂) � a fun��o de log-verossimilhan�a maximizada; 𝐾 refere-se ao n�mero de par�metros do modelo; 𝑛 � o n�mero de observa��es da amostra; 𝑌𝑖 𝑒 𝑌̂ 𝑖 s�o os valores observados e previsto no instante i; 𝑁 � o n�mero per�odo de tempos; 𝐴 � o n�mero de eventos observados e preditos; 𝐵 � o n�mero de eventos observados, mas n�o preditos; e 𝐶 � o n�mero de eventos estimados, mas n�o observados.
3 RESULTADOS E DISCUSS�O
Para um entendimento preliminar das vari�veis em estudo, est�o
apresentadas na Tabela 5 medidas descritivas b�sicas. Observa-se que a maior
concentra��o m�dia de PM10 foi registrada na E8 (38,84 ) seguida pela E1 (32,82
), e o menor valor m�dio foi
encontrado na E2 (20,35
). Em m�dia, as concentra��es n�o
ultrapassaram a diretriz estabelecida pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS)
(WHO, 2006) (50
), o Padr�o Intermedi�rio 1 (PI1)
estabelecido pela Resolu��o CONAMA 491/2018 (CONAMA, 2018) (120
) e a Meta Intermedi�ria 1 (MI1)
determinada pelo Decreto Estadual n� 3463 � R/2013 (ESP�RITO SANTO, 2013) (120
). Por�m, nota-se que todas as
esta��es apresentam alto desvio-padr�o e coeficiente de varia��o, sugerindo que
a m�dia dos dados � pouco representativa e que existe uma grande variabilidade
deles. Os valores dos coeficientes de assimetria e curtose encontrados indicam
que as s�ries em estudo n�o s�o normalmente distribu�das.
Com rela��o � an�lise das medidas descritivas das vari�veis meteorol�gicas (Tabela 5) � poss�vel notar que os dados meteorol�gicos tamb�m apresentam grande variabilidade, com exce��o da vari�vel temperatura que, de acordo com o IEMA (2018), apresenta pouca variabilidade climatol�gica na regi�o.
Tabela 5 � Medidas descritivas das vari�veis em estudo
Esta��es e Vari�veis |
Medidas Descritivas |
|||||||
� |
M |
σ |
CV |
M�x. |
M�n. |
Assimetria |
Curtose |
|
PM10 |
E1 |
31,82 |
30,25 |
13,38 |
42,03 |
118,8 |
5,93 |
0,96 |
E2 |
20,41 |
19,23 |
7,26 |
35,55 |
88,25 |
4,41 |
1,79 |
|
E3 |
22,59 |
21,83 |
7,58 |
33,56 |
66,86 |
3,54 |
0,94 |
|
E4 |
27,17 |
26,33 |
8,94 |
32,92 |
83,58 |
8,33 |
0,91 |
|
E5 |
24,96 |
23,83 |
8,07 |
32,35 |
83,12 |
6,06 |
1,03 |
|
E6 |
26,21 |
25,16 |
9,56 |
36,47 |
88,12 |
5 |
0,97 |
|
E8 |
38,84 |
36,88 |
15,27 |
39,31 |
120,83 |
5,5 |
1,20 |
|
Vari�veis meteorol�gicas |
V |
2,01 |
1,92 |
0,40 |
31,62 |
9,42 |
0,75 |
2,22 |
U |
76,01 |
75,72 |
6,59 |
8,67 |
98,3 |
55,25 |
0,24 |
|
PP |
0,14 |
0,01 |
0,45 |
313,26 |
12,83 |
0 |
9,99 |
|
T |
24,73 |
24,77 |
2,50 |
10,12 |
30,69 |
17,81 |
-0,09 |
|
I |
209,24 |
205,8 |
72,6 |
34,7 |
396,54 |
22,57 |
-0,04 |
|
P |
1010,8 |
1010,7 |
5,07 |
0,5 |
1026,52 |
994,3 |
0,01 |
Legenda: Unidade de Medida: �, M, σ, M�x (m�xima).,
M�n.(m�nima) = , CV (coeficiente de varia��o) = %.
Fonte: Autores (2020)
Para complementar a avalia��o comportamental do poluente e dos elementos climatol�gicos, as Figuras 2 e 3 apresentam as s�ries temporais das concentra��es de PM10 e das vari�veis meteorol�gicas, respectivamente, no per�odo de estudo.
Do total de observa��es, sem exce��o, todas esta��es
apresentaram valores di�rios que ultrapassaram a diretriz estabelecida pela OMS
(WHO, 2006) para o PM10, sendo que as concentra��es monitoradas nas
esta��es E1 e E8 foram as que mais superaram o valor de , correspondente a 401
ultrapassagens na primeira e 716 ultrapassagens na esta��o de Cariacica. A diretriz
da OMS � baseada em extensas evid�ncias cient�ficas sobre a polui��o do ar
referente ao PM10 e suas consequ�ncias para a sa�de. Conforme os
achados, o valor de
�� o valor m�nimo de exposi��o
di�ria ao poluente encontrado, que apresenta mais seguran�a aos expostos, por�m
n�o garante uma prote��o completa contra os efeitos adversos do material
particulado � sa�de, uma vez que os limites n�o foram identificados devido a
exist�ncia de pouca evid�ncia para sugerir um limite abaixo do qual nenhum
efeito adverso � sa�de seria previsto. De acordo com o Guia de Qualidade do Ar
da OMS, a diretriz de
�proporciona a redu��o de cerca de
1,2%, 2,5% e 5% na mortalidade de curto prazo em rela��o aos limites de 75, 100
e 150
, respectivamente, com base nos
coeficientes de risco publicados em estudos multic�ntricos e metan�lises (WHO,
2006).
Figura 2 � Evolu��o temporal das s�ries de PM10 em cada esta��o da RGV
Fonte:
Autores (2020)
Em compara��o com a legisla��o brasileira, a esta��o E8 foi a
�nica que excedeu o padr�o PI1 da Resolu��o do CONAMA n� 491/2018 (CONAMA,
2018) e a meta MI1 do Decreto Estadual n� 3463 � R/2013 (ESP�RITO SANTO, 2013),
contudo, esses resultados s�o preocupantes, pois mesmo em n�veis abaixo do
estabelecido pela legisla��o s�o observados efeitos adversos � sa�de da
popula��o e ao meio ambiente em geral, como demonstrado na pesquisa de Freitas et
al. (2016) em que mesmo as concentra��es anuais do poluente estudado (PM10)
terem permanecido em torno de 27 , valor bem abaixo do estabelecido
pela Resolu��o do CONAMA n� 491/2018 (40
), houve associa��o consistente
entre as concentra��es de PM10 e problemas respirat�rios na cidade
de Vit�ria.
Figura 3 � Evolu��o temporal das s�ries das vari�veis meteorol�gicas
Fonte: Autores (2020)
A Tabela 6 cont�m a quantidade de vezes que as concentra��es de
PM10 ultrapassaram a diretriz estabelecida pela OMS (WHO, 2005), o
padr�o PI1 estabelecido pela Resolu��o do CONAMA n� 491/2018 e a meta MI1 do
Decreto Estadual n� 3463 � R/2013 em cada ano do per�odo estudado. A esta��o
E8, no ano de 2011, foi a que registrou maior n�mero de concentra��es acima de
50 .
Tabela 6 � Quantidade de vezes que as concentra��es de PM10 ultrapassaram o padr�o estadual, o padr�o nacional e a diretriz da OMS
Esta��es |
Legisla��o |
Anos |
Total |
||||||||||||||
2008 |
2009 |
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
2014 |
2015 |
2016 |
2017 |
2018 |
|
|
|||||
E1 |
OMS |
10 |
5 |
18 |
38 |
54 |
24 |
50 |
69 |
39 |
31 |
18 |
356 |
|
|||
CONAMA e Decreto |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
- |
|
||||
E2 |
OMS |
10 |
0 |
6 |
3 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
2 |
21 |
|
|||
CONAMA e Decreto |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
- |
|
||||
E3 |
OMS |
16 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
16 |
|
|||
CONAMA e Decreto |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
- |
|
||||
E4 |
OMS |
10 |
5 |
18 |
7 |
4 |
2 |
4 |
10 |
4 |
1 |
0 |
65 |
|
|||
CONAMA e Decreto |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
- |
|
||||
E5 |
OMS |
2 |
4 |
5 |
11 |
1 |
0 |
0 |
9 |
0 |
0 |
1 |
33 |
|
|||
CONAMA e Decreto |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
- |
|
||||
E6 |
OMS |
15 |
2 |
17 |
24 |
5 |
4 |
2 |
2 |
1 |
0 |
0 |
72 |
|
|||
CONAMA e Decreto |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
- |
|
||||
E8 |
OMS |
120 |
94 |
111 |
131 |
118 |
18 |
24 |
38 |
46 |
10 |
4 |
714 |
|
|||
CONAMA e Decreto |
0 |
0 |
0 |
0 |
1 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
0 |
1 |
|
||||
Fonte: Autores (2020)
Na Tabela 7 est�o apresentadas as matrizes de correla��o entre as vari�veis meteorol�gicas e o poluente PM10, correspondente, �s esta��es E1, E2, E3, E4, E5, E6 e E8, contendo os seus respectivos coeficientes de correla��o de Pearson. Os coeficientes de correla��o que n�o apresentaram signific�ncia estat�stica est�o em negrito, sendo considerado o n�vel de signific�ncia de 5%. De forma geral, observa-se que as vari�veis meteorol�gicas apresentam rela��o linear com as concentra��es de material particulado inal�vel.
Tabela 7 � Matriz de correla��o entre PM10 e as vari�veis meteorol�gicas
|
PM10 |
V |
U |
PP |
T |
I |
P |
E1 |
|||||||
PM10 |
1 |
|
|
|
|
|
|
V |
0,3742 |
1 |
|
|
|
|
|
U |
-0,3898 |
-0,4421 |
1 |
|
|
|
|
PP |
-0,2059 |
-0,0882 |
0,3675 |
1 |
|
|
|
T |
0,3520 |
0,3865 |
-0,3994 |
-0,1435 |
1 |
|
|
I |
0,2587 |
0,4013 |
-0,4874 |
-0,2521 |
0,6185 |
1 |
|
P |
-0,2664 |
-0,2425 |
0,0308 |
-0,0728 |
-0,4702 |
-0,2033 |
1 |
E2 |
|||||||
PM10 |
1 |
|
|
|
|
|
|
V |
-0,1851 |
1 |
|
|
|
|
|
U |
-0,0255 |
-0,4421 |
1 |
|
|
|
|
PP |
-0,1545 |
-0,0882 |
0,3675 |
1 |
|
|
|
T |
-0,1019 |
0,3865 |
-0,3994 |
-0,1435 |
1 |
|
|
I |
-0,1227 |
0,4013 |
-0,4874 |
-0,2521 |
0,6185 |
1 |
|
P |
-0,0484 |
-0,2425 |
0,0308 |
-0,0728 |
-0,4702 |
-0,2033 |
1 |
E3 |
|||||||
PM10 |
1 |
|
|
|
|
|
|
V |
-0,0737 |
1 |
|
|
|
|
|
U |
-0,1041 |
-0,4421 |
1 |
|
|
|
|
PP |
-0,08 |
-0,0882 |
0,3675 |
1 |
|
|
|
T |
-0,0392 |
0,3865 |
-0,3994 |
-0,1435 |
1 |
|
|
I |
-0,0712 |
0,4013 |
-0,4874 |
-0,2521 |
0,6185 |
1 |
|
P |
-0,0697 |
-0,2425 |
0,0308 |
-0,0728 |
-0,4702 |
-0,2033 |
1 |
E4 |
|||||||
PM10 |
1 |
|
|
|
|
|
|
V |
0,1325 |
1 |
|
|
|
|
|
U |
-0,2583 |
-0,4421 |
1 |
|
|
|
|
PP |
-0,1734 |
-0,0882 |
0,3675 |
1 |
|
|
|
T |
0,0847 |
0,3865 |
-0,3994 |
-0,1435 |
1 |
|
|
I |
0,0585 |
0,4013 |
-0,4874 |
-0,2521 |
0,6185 |
1 |
|
P |
-0,16 |
-0,2425 |
0,0308 |
-0,0728 |
-0,4702 |
-0,2033 |
1 |
E5 |
|||||||
PM10 |
1 |
|
|
|
|
|
|
V |
-0,0872 |
1 |
|
|
|
|
|
U |
-0,1128 |
-0,4421 |
1 |
|
|
|
|
PP |
-0,1623 |
-0,0882 |
0,3675 |
1 |
|
|
|
T |
0,01 |
0,3865 |
-0,3994 |
-0,1435 |
1 |
|
|
I |
0,0107 |
0,4013 |
-0,4874 |
-0,2521 |
0,6185 |
1 |
|
P |
-0,1399 |
-0,2425 |
0,0308 |
-0,0728 |
-0,4702 |
-0,2033 |
1 |
E6 |
|||||||
PM10 |
1 |
|
|
|
|
|
|
V |
0,0485 |
1 |
|
|
|
|
|
U |
-0,2482 |
-0,4421 |
1 |
|
|
|
|
PP |
-0,2189 |
-0,0882 |
0,3675 |
1 |
|
|
|
T |
0,003 |
0,3865 |
-0,3994 |
-0,1435 |
1 |
|
|
I |
0,0385 |
0,4013 |
-0,4874 |
-0,2521 |
0,6185 |
1 |
|
P |
-0,1889 |
-0,2425 |
0,0308 |
-0,0728 |
-0,4702 |
-0,2033 |
1 |
E8 |
|||||||
PM10 |
1 |
|
|
|
|
|
|
V |
-0,1446 |
1 |
|
|
|
|
|
U |
-0,0921 |
-0,4421 |
1 |
|
|
|
|
PP |
-0,1732 |
-0,0882 |
0,3675 |
1 |
|
|
|
T |
-0,1382 |
0,3865 |
-0,3994 |
-0,1435 |
1 |
|
|
I |
-0,1035 |
0,4013 |
-0,4874 |
-0,2521 |
0,6185 |
1 |
|
P |
-0,0576 |
-0,2425 |
0,0308 |
-0,0728 |
-0,4702 |
-0,2033 |
1 |
Fonte: Autores (2020)
Assim, como esperado, as concentra��es de PM10 na RGV est�o associadas �s mudan�as dessas vari�veis, ou seja, constata-se a partir dos resultados (Tabela 7) que o aumento da V acarreta aumento nas concentra��es de PM10 nas esta��es E1, E4 e a redu��o dos n�veis do poluente monitorado nas esta��es E2 e E8; j� o aumento da U e PP contribui para diminui��o nas concentra��es de PM10 nas esta��es E1, E3, E4, E5, E6 e E8. Em contrapartida, o aumento de T acarreta tanto o aumento dos n�veis de material particulado inal�vel monitorados na esta��o E1, quanto a sua redu��o nas esta��es E2 e E8; da mesma forma, a I apresenta correla��o positiva com o poluente estudado na esta��o E1 e correla��o negativa nas esta��es E2 e E8; e, por fim, o aumento da P leva a diminui��o dos n�veis de PM10 nas esta��es E1, E4, E5 e E6. � importante ressaltar que algumas combina��es n�o foram estatisticamente significativas, pois os dados n�o foram validados, seja na an�lise da estat�stica do teste de signific�ncia ou na an�lise dos valores dos coeficientes de correla��o, o que pode ser explicado visto a quantidade de dados faltantes das s�ries temporais, pelos dados meteorol�gicos utilizados serem uma m�dia para todas as esta��es ou at� mesmo pela inexist�ncia de rela��o entre as vari�veis estudadas.
As disparidades encontradas nos resultados da correla��o entre as vari�veis meteorol�gicas e o material particulado inal�vel monitorado nas esta��es da RGV deve as caracter�sticas espec�ficas de cada localidade estudada e, tamb�m, foi encontrada por Santos, Reboita e Carvalho (2018), os quais relataram que a influ�ncia dos fatores meteorol�gicos nos n�veis de poluentes na atmosfera est� relacionada com as caracter�sticas locais e espec�ficas da regi�o. A exemplo, citam que a velocidade do vento pode promover a ressuspens�o de part�culas e, consequentemente, levar o aumento da concentra��o de PM10, ou sua dispers�o, como tamb�m, de acordo com a dire��o deste em rela��o � fonte emissora e a esta��o, pode dispersar as part�culas para outra dire��o ou contribuir para seu aumento na esta��o de monitoramento.
A an�lise das s�ries temporais � realizada por meio de v�rias etapas com objetivo de identificar as principais depend�ncias existentes temporalmente nos dados e com base nelas descrever o seu comportamento (WEI, 2006). Desse modo, o primeiro passo na an�lise dessas s�ries consiste em identificar se elas s�o estacion�rias. Por meio da aplica��o do teste de Dickey-Fuller aumentado (DICKEY e FULLER,1981), os resultados obtidos revelaram que as s�ries em estudo n�o s�o estacion�rias na m�dia e, por isso, foi aplicada uma diferen�a estacion�ria de ordem 1 para eliminar a componente tend�ncia de cada s�rie temporal e torn�-las estacion�rias na m�dia. Em seguida, observou-se que a s�rie n�o � estacion�ria na vari�ncia. Dessa maneira, para estabilizar o aumento da vari�ncia das observa��es e melhorar na aproxima��o da distribui��o dos dados para a distribui��o normal, foi aplicado o logaritmo natural na s�rie temporal.
A an�lise das fun��es de autocorrela��o indica a presen�a de
sazonalidade nos dados com periodicidade de sete dias. Assim, para a
confirma��o da presen�a dessa caracter�stica e verifica��o da necessidade de
aplica��o de diferen�as sazonais foi realizada a decomposi��o espectral das
s�ries de PM10 de acordo com a Figura 4. Os periodogramas das
esta��es E1, E2, E4, E5, E6 e E8 demonstraram que o maior pico est� associado �
frequ�ncia de 0,1429, e da esta��o E3, � frequ�ncia de 0,1432, o que implica em
�e
, ou seja, todas esta��es
apresentam componente sazonal com periodicidade de sete dias. E, conforme os
resultados do teste de Fisher, para todas as esta��es o valor de G foi superior
ao de Z, deste modo, aceita-se a hip�tese H1 da exist�ncia de sazonalidade,
confirmando a exist�ncia da componente sazonalidade para per�odos de sete dias,
ao n�vel de signific�ncia de 5%. Por fim, a aplica��o do teste de
Kruskal-Wallis tamb�m corrobora com a exist�ncia de sazonalidade na s�rie
(MORETTIN e TOLOI, 2006), considerando que o valor de p � menor do que 0,05,
rejeita-se a hip�tese nula de que n�o existe sazonalidade, conforme Tabela 8.
Tabela 8 � Teste de Kruskal-Wallis aplicado aos dados da s�rie de PM10
Esta��o |
Estat�stica |
Valor p |
E1 |
679,08 |
< 0,0001 |
E2 |
86,294 |
< 0,0001 |
E3 |
64,983 |
0,0002 |
E4 |
165,64 |
< 0,0001 |
E5 |
153,1 |
< 0,0001 |
E6 |
251,45 |
< 0,0001 |
E8 |
168 |
< 0,0001 |
Fonte: Autores (2020)
Tal comportamento � esperado em s�ries de PM10, pois
conforme o Invent�rio de Emiss�es Atmosf�ricas na Regi�o da Grande Vit�ria
(ECOSOFT, 2019), disp�e o processo de emiss�o dominante para part�culas � a
ressuspens�o nas vias prim�rias e secund�rias da regi�o provocada,
principalmente, pelo deslocamento de ve�culos automotores. Em raz�o disso, a
varia��o sazonal apresentada pode ser explicada pelo ritmo de movimenta��o dos
transportes, ou seja, as maiores concentra��es de PM10 ocorrem
durante os dias �teis, quando o fluxo de ve�culos � maior, e o oposto ocorre
nos finais de semana, devido � redu��o da circula��o veicular nas ruas. Logo,
foi aplicada uma diferen�a sazonal de ordem �para eliminar a sazonalidade
presente nas s�ries das esta��es.
Figura 4 � Periodograma das s�ries temporais de material particulado inal�vel
Fonte: Autores (2020)
O pr�ximo passo consiste em realizar os procedimentos de
identifica��o e estima��o dos par�metros do modelo SARIMAX para cada esta��o de
monitoramento do poluente PM10. A identifica��o preliminar das
ordens autorregressivas e de m�dias m�veis n�o sazonal e sazonal �dos modelos deram-se por meio da
an�lise do comportamento das fun��es de autocorrela��o (FAC) e das fun��es de
autocorrela��o parcial (FACP) e o melhor modelo para representar os dados,
baseou-se nos crit�rios de informa��o AIC, BIC, nos valores de REQM e EAM e na
qualidade de ajuste � s�rie original. Como foi realizada uma diferen�a
estacion�ria nas s�ries e se fez necess�ria a aplica��o de uma diferen�a
sazonal, tem-se
�e
.
Assim, entre todos os modelos testados e estimados, os modelos com melhores
ajustes para as esta��es E1, E2, E3, E4, E5, E6 e E8 foram, respectivamente,
SARIMAX (1,1,2) (0,1,1)7; SARIMAX (1,1,1) (0,1,1)7; SARIMAX
(1,1,1) (0,1,1)7; SARIMAX (3,1,1) (0,1,1)7; SARIMAX
(1,1,1) (0,1,0)7; SARIMAX (1,1,2) (0,1,1)7 e SARIMAX
(1,1,3) (0,1,1)7.
Na Tabela 9 s�o apresentados os resultados das estat�sticas dos testes Shapiro e Wilk, Jarque e Bera, Ljung e Box e Box e Pierce, para verificar a adequa��o do modelo por meio da normalidade e a n�o autocorrela��o dos res�duos. Conforme os dois primeiros testes, os res�duos das s�ries temporais de todas as esta��es n�o s�o normalmente distribu�dos, por se tratar uma vari�vel ambiental. Entretanto, conforme Monte, Albuquerque e Reisen (2015), assumiu-se, pela teoria assint�tica sobre as m�dias das distribui��es de probabilidade a suposi��o de que os res�duos s�o normais. Na Figura 5 s�o apresentados os gr�ficos da FAC e FACP dos res�duos dos modelos SARIMAX ajustados para cada esta��o. N�o se rejeita a hip�tese nula de erros n�o correlacionados, considerando os valores p superiores ao n�vel de signific�ncia de 5%. Por conseguinte, conclui-se que os modelos ajustados s�o adequados para fazer previs�es.
Tabela 9 � Testes estat�sticos de normalidade e correla��o dos res�duos dos modelos escolhidos
MODELOS |
Testes de normalidade |
Testes de correla��o |
||
Shapiro-Wilk |
Jarque-Bera |
Box-Ljung |
Box-Pierce |
|
E1 SARIMAX (1,1,2) (0,1,1)7 |
<0,0001 |
<0,0001 |
0,6514 |
0,6521 |
E2 SARIMAX (1,1,1) (0,1,1)7 |
<0,0001 |
<0,0001 |
0,0573 |
0,0583 |
E3 SARIMAX (1,1,1) (0,1,1)7 |
<0,0001 |
<0,0001 |
0,0943 |
0,0956 |
E4 SARIMAX (3,1,1) (0,1,1)7 |
<0,0001 |
<0,0001 |
0,4931 |
0,4959 |
E5 SARIMAX (1,1,1) (0,1,0)7 |
<0,0001 |
<0,0001 |
0,3244 |
0,3254 |
E6 SARIMAX (1,1,2) (0,1,1)7 |
<0,0001 |
<0,0001 |
0,1003 |
0,1018 |
E8 SARIMAX (1,1,3) (0,1,1)7 |
<0,0001 |
<0,0001 |
0,6767 |
0,6793 |
Fonte: Autores (2020)
As estimativas dos par�metros dos modelos selecionados,
calculados por m�xima verossimilhan�a e seus respectivos erros padr�o, valores
de �e
,
s�o apresentados na Tabela 10. De acordo com os resultados obtidos para o teste
, todos os coeficientes dos modelos
s�o significativos. As vari�veis I e P n�o foram estatisticamente
significativas, por isso n�o foram incorporadas no ajuste final dos modelos das
esta��es de monitoramento. Nos modelos ajustados para as esta��es E2, E4, E5
foram consideradas como vari�veis explicativas V e PP. J� no modelo estimado
para a esta��o E3 foi incorporada apenas a vari�vel PP. Na esta��o E6, al�m da
vari�vel V, foi considerada tamb�m a U como vari�vel preditora. Por fim, para
as esta��es E1 e E8, o melhor modelo ajustado considerou como vari�veis
explicativas a V, PP e T.
Tabela 10 � Estimativa dos par�metros dos modelos ajustados para as esta��es de PM10 sob estudo
Esta��es |
Par�metro |
Estimativa |
Erro padr�o |
Valor de z |
Valor de p |
|
E1 |
V |
0,09028 |
0,0105 |
8,6209 |
<0,0001 |
|
PP |
-0,0501 |
0,0098 |
-5,0629 |
<0,0001 |
|
|
T |
0,1355 |
0,004 |
33,8699 |
<0,0001 |
|
|
|
0,3447 |
0,0388 |
8,8783 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,7884 |
0,0405 |
-19,4320 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,1198 |
0,0343 |
-3,4903 |
0,0004 |
|
|
|
-0,9718 |
0,0045 |
-215,0002 |
<0,0001 |
|
|
E2 |
V |
-0,1139 |
0,0086 |
-13,264 |
<0,0001 |
|
PP |
-0,1189 |
0,009 |
-13,090 |
<0,0001 |
|
|
|
0,3706 |
0,017 |
21,763 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,9608 |
0,0058 |
-164,593 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,9764 |
0,0038 |
-256,479 |
<0,0001 |
|
|
E3 |
PP |
-0,0328 |
0,0083 |
-3,986 |
<0,0001 |
|
|
0,4071 |
0,0173 |
23,486 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,9582 |
0,007 |
-136,446 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,9603 |
0,0056 |
-193,008 |
<0,0001 |
|
|
E4 |
V |
0,0468 |
0,0084 |
5,5387 |
<0,0001 |
|
PP |
-0,1055 |
0,0088 |
-11,8881 |
<0,0001 |
|
|
|
0,4353 |
0,0169 |
25,6156 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,044 |
0,0175 |
-2,5106 |
0,012 |
|
|
|
0,0655 |
0,0167 |
3,9199 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,9812 |
0,0057 |
-172,4301 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,9716 |
0,0042 |
-232,1971 |
<0,0001 |
|
|
E5 |
V |
-0,1024 |
0,0083 |
-12,222 |
<0,0001 |
|
PP |
-0,1243 |
0,0086 |
-14,385 |
<0,0001 |
|
|
|
0,3421 |
0,0152 |
22,5 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,9999 |
0,0008 |
-132,981 |
<0,0001 |
|
|
E6 |
U |
-0,0202 |
0,0101 |
-22,1889 |
<0,0001 |
|
PP |
-0,0893 |
0,0101 |
-8,8211 |
<0,0001 |
|
|
|
0,2706 |
0,0525 |
5,1531 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,8105 |
0,0547 |
-14,8305 |
<0,0001 |
|
|
|
-0,1025 |
0,0471 |
-2,1774 |
0,0294 |
|
|
|
-0,9750 |
0,0038 |
-257,2294 |
<0,0001 |
||
E8 |
V |
-0,114 |
0,0095 |
-11,9930 |
<0,0001 |
|
PP |
-0,1275 |
0,0095 |
-13,3938 |
<0,0001 |
||
T |
0,0514 |
0,0036 |
14,2817 |
<0,0001 |
||
|
0,6752 |
0,0831 |
8,1162 |
<0,0001 |
||
|
0,2458 |
0,0861 |
-14,4608 |
<0,0001 |
||
|
0,1558 |
0,0516 |
3,0177 |
0,002 |
||
|
0,1178 |
0,0355 |
3,3218 |
0,0008 |
||
|
-0,8887 |
0,01 |
-88,8394 |
<0,0001 |
Fonte: Autores (2020)
Zhang et al. (2018) produziram um modelo Land-use Regression (LUR) para estimar a m�dia mensal de PM2,5, PM10 e NO2 de 2014 a 2016 na China. Os autores observaram que a umidade relativa, temperatura da atmosfera e a velocidade do vento s�o os principais fatores meteorol�gicos que explicam a varia��o dos tr�s poluentes estudados sendo utilizados como preditores no modelo desenvolvido. Em conson�ncia, Lyra, Oda - Souza e Viola (2011) observaram que a precipita��o pluviom�trica e a umidade relativa foram as vari�veis mais significativas para explicar a variabilidade do material particulado inal�vel na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Ambos os estudos corroboram aos resultados apresentados no presente trabalho, confirmando a depend�ncia entre as concentra��es de PM10 e fatores clim�ticos e a import�ncia de se avaliar em conjunto essas duas vari�veis.
Gocheva-Ilieva, Ivanov e Iliev (2019) afirmam que para uma
previs�o realista dos valores de PM10, � necess�rio ter conhecimento
das vari�veis precursoras do poluente como as vari�veis meteorol�gicas, dos
quais dependem suas concentra��es. Portanto, para efeitos de compara��o e
mostrar a signific�ncia de incorporar nos modelos de predi��o e previs�o de
concentra��o de material particulado atrav�s de vari�veis meteorol�gicas, realizou-se
estimativas para os modelos ARMA e SARIMA e verificou-se qual o melhor modelo
para fazer previs�es de PM10 nos munic�pios da RGV. Para isso, foram
determinados dois horizontes de previs�o (), sendo um para calcular as
estima��es do per�odo de 01/01/2008 a 31/12/2018 (
)
e outro para realizar a previs�o referente ao per�odo de 01/01/2019 a
07/01/2019 (
).
Na Tabela 11 s�o apresentados os resultados estimados de REQM e
EAM para os modelos ajustados. Observa-se que, de forma geral, os modelos
SARIMAX apresentaram um aumento da precis�o das previs�es nos horizontes. Para
todas as esta��es, exceto a esta��o E3 e E5, os resultados da compara��o das
medidas de qualidade mostraram que, para �e
,
o modelo SARIMAX foi o que obteve melhores resultados, sendo o mais adequado
para realizar previs�es nessas esta��es, assemelhando aos resultados obtidos
por Pinto, Reisen e Monte (2018) quando avaliaram a predi��o e previs�o do
modelo SARIMAX com as vari�veis meteorol�gicas V e PP, utilizando s�ries
temporais de concentra��o de PM10 monitorados na esta��o de Enseada
do Su�.
Tabela 11 � Medidas de avalia��o da qualidade de previs�o obtidas a partir de modelos ajustados
Esta��o |
Medida |
Modelos |
|||||
|
|
||||||
ARMA |
SARIMA |
SARIMAX |
ARMA |
SARIMA |
SARIMAX |
||
E1 |
REQM |
10,5767 |
10,3209 |
8,7479 |
10,4844 |
10,2621 |
8,8210 |
EAM |
7,6940 |
7,4901 |
6,4345 |
7,7472 |
7,5358 |
6,6049 |
|
E2 |
REQM |
6,1094 |
5,7240 |
5,4650 |
5,8309 |
5,7391 |
5,5388 |
EAM |
4,2084 |
3,9936 |
3,8348 |
4,1203 |
4,0601 |
3,9465 |
|
E3 |
REQM |
5,3037 |
5,2005 |
5,2020 |
13,0584 |
12,6985 |
12,7093 |
EAM |
3,9091 |
3,8127 |
3,8162 |
9,6820 |
13,0584 |
9,4483 |
|
E4 |
REQM |
7,1396 |
6,9244 |
6,7975 |
14,8237 |
14,5869 |
14,4608 |
EAM |
5,2327 |
5,0874 |
5,0024 |
10,9828 |
10,8003 |
10,6762 |
|
E5 |
REQM |
6,9397 |
8,5116 |
8,1937 |
12,6696 |
13,1578 |
12,9338 |
EAM |
5,0944 |
6,3038 |
6,0890 |
9,2360 |
9,7276 |
9,5843 |
|
E6 |
REQM |
7,6890 |
7,4215 |
7,0537 |
14,4268 |
14,0942 |
13,5385 |
EAM |
5,7233 |
5,5103 |
5,2464 |
10,8609 |
10,6130 |
10,0512 |
|
E8 |
REQM |
12,1396 |
10,5950 |
9,9978 |
29,368 |
26,7762 |
26,4073 |
EAM |
8,8232 |
7,5867 |
7,2022 |
22,214 |
20,6618 |
20,3882 |
Fonte: Autores (2020)
Al�m disso, os autores supracitados ajustaram o modelo SARIMAX
(1,0,2) (0,1,1)7 para a esta��o E4 avaliando o per�odo de 01/01/2012
a 30/04/2015. Quando comparado o modelo obtido para a esta��o nesse trabalho
com a refer�ncia, verifica-se que as estimativas de �foram
quase duas vezes melhores (Pinto, Reisen e Monte (2018): REQM = 12,85 e EAM =
9,34) e a qualidade de previs�o de sete dias ficou pr�xima ao obtido no estudo
de refer�ncia, que foi igual a 12,92 para o REQM e 9,35 para o EAM. Outra
considera��o que pode ser feita � que a pesquisa se apresenta como uma extens�o
de Pinto, Reisen e Monte (2018) e os resultados obtidos no trabalho em fun��o
do maior n�mero de esta��es avaliadas e observa��es, proporcionam informa��es
mais reais de qualidade do ar para a RGV.
Para esta��o E3, o modelo SARIMA apresentou as menores medidas de avalia��o para ambos os horizontes de previs�o, que se deve ao fato de que apesar do modelo SARIMAX ajustado ter considerado como vari�vel preditiva a PP, esse n�o foi capaz de contribuir nas predi��es e previs�es do modelo, pois como disposto na Tabela 9, as concentra��es medidas nessa esta��o apresentam rela��es baixas com as vari�veis meteorol�gicas, uma vez que n�o existe medi��o dessas vari�veis nessa esta��o. Al�m disso, a esta��o est� localizada em um bairro residencial, onde o predom�nio de pr�dios atua como uma barreira na circula��o dos ventos. No que se refere aos resultados obtidos para esta��o E5, o modelo ARMA foi o melhor modelo para predi��o e previs�o das concentra��es de PM10 monitoradas, tal efeito pode ser atribu�do a caracter�stica de estacionariedade desse modelo que tende a produzir previs�es que oscilam em torno do valor m�dio de longo prazo (MORETTIN e TOLOI, 2006).
Figura 5 � Fun��es amostrais de autocorrela��o (FAC) e autocorrela��o parcial (FACP) dos res�duos dos modelos SARIMAX ajustados para cada esta��o
|
|
|
|
|
|
|
|
Fonte: Autores (2020)
� desej�vel que o modelo de previs�o seja capaz de captar
concentra��es as quais possam ser prejudiciais � sa�de p�blica. Assim, a fim de
avaliar a efici�ncia e comparar os tr�s modelos em predizer eventos iguais ou
superiores a 46 �(qualidade do ar regular), foram
calculadas as estat�sticas de avalia��o POD, FAR, EA e MISS, cujos resultados
encontram-se descritos na Tabela 12. � poss�vel observar que o modelo SARIMAX
apresentou como o melhor modelo para realizar predi��es de eventos com n�veis
iguais ou superiores a 46
, dentre eles destacam-se os
modelos determinados para as esta��es E1 e E8 os quais, das vezes que foram
observados eventos de qualidade do ar regular, estimaram corretamente, 50,09%
(E1) e 64,46% (E8) desses eventos. Tais resultados v�o de encontro com os
trabalhos de Monte, Alburquerque e Reisen (2015) e Pinto, Reisen e Monte (2018)
em que os modelos adotados pelos autores considerando as vari�veis velocidade
do vento, temperatura, umidade relativa e precipita��o pluviom�trica se
sobressa�ram na predi��o de concentra��es de oz�nio acima de 80
�e de concentra��es de material particulado
inal�vel superiores a 46
, respectivamente.
Tabela 12 � Resultados das estat�sticas de avalia��o da efici�ncia do modelo em predizer eventos classificados como regular
Estat�stica |
Modelos |
Esta��es |
||||||
E1 |
E2 |
E3 |
E4 |
E5 |
E6 |
E8 |
||
POD |
SARIMAX |
0,5009 |
0 |
0,3571 |
0,0347 |
0,1798 |
0,1429 |
0,6446 |
SARIMA |
0,2555 |
0 |
0,3571 |
0,0347 |
0,1685 |
0,1039 |
0,585 |
|
ARMA |
0,1908 |
0 |
0,2857 |
0,0139 |
0 |
0,026 |
0,4179 |
|
FAR |
SARIMAX |
0,3836 |
1 |
0,0625 |
0,2857 |
0,8 |
0,4762 |
0,2944 |
SARIMA |
0,3902 |
1 |
0,0625 |
0,4444 |
0,8193 |
0,3333 |
0,3056 |
|
ARMA |
0,3412 |
0 |
0,0769 |
0 |
0 |
0,3333 |
0,3409 |
|
EA |
SARIMAX |
0,3818 |
0 |
0,3488 |
0,0342 |
0,1046 |
0,1264 |
0,5079 |
SARIMA |
0,2196 |
0 |
0,3488 |
0,0338 |
0,0955 |
0,0988 |
0,4652 |
|
ARMA |
0,1736 |
0 |
0,2791 |
0,0139 |
0 |
0,0256 |
0,3436 |
|
MISS |
SARIMAX |
0,4991 |
1 |
0,6429 |
0,9653 |
0,8202 |
0,8571 |
0,3554 |
SARIMA |
0,7445 |
1 |
0,6429 |
0,9653 |
0,8315 |
0,8961 |
0,415 |
|
ARMA |
0,8092 |
1 |
0,7143 |
0,9861 |
1 |
0,974 |
0,5821 |
Fonte: Autores (2020)
Ng e Awang (2018) tamb�m avaliaram modelos de previs�o de concentra��es m�dias di�rias de PM10 monitoradas em cinco esta��es localizadas em diferentes ambientes da Mal�sia, com base em vari�veis preditivas, incluindo par�metros meteorol�gicos e poluentes gasosos. Os resultados obtidos demonstram que os tr�s modelos de regress�o linear m�ltipla (MLR) apresentaram melhor desempenho conforme a varia��o das concentra��es medidas em cada esta��o. Assim, o modelo de regress�o linear m�ltipla com vari�veis preditivas e concentra��es de PM10 defasadas (MLR1) atuou bem em cen�rios em que as concentra��es de material particulado apresentam grande varia��o. Em contrapartida, o modelo de regress�o com erro de s�rie temporal (RTSE) apresentou um bom desempenho nos casos em que as concentra��es de PM10 variam com pequenas altera��es.
Tal an�lise explica as diferen�as encontradas na qualidade de predi��o e previs�o dos modelos para cada esta��o da RGV. Para aquelas esta��es que apresentaram maior varia��o temporal (E1, E4, E6 e E8), o modelo SARIMAX mostrou-se mais eficaz comparado aos modelos ARMA e SARIMA. Logo, o modelo SARIMA com atribui��o de vari�veis ex�genas pode ser considerado como um bom modelo de previs�o de concentra��es de PM10 mais elevadas, que possam representar risco a sa�de da popula��o.
Os resultados obtidos com a modelagem das s�ries temporais de concentra��o de PM10 com o modelo SARIMAX, tanto na previs�o quanto na predi��o de eventos de qualidade do ar, demonstram que estes s�o considerados bons, posto que os modelos ajustados apresentaram resultados satisfat�rios em rela��o � termos estat�sticos, portanto, podem ser utilizados como ferramenta de previs�o da qualidade do ar nos munic�pios da RGV para alertar previamente n�veis prejudiciais � sa�de p�blica e permitir adapta��o de comportamentos adequados pela popula��o e, principalmente, grupos de risco como crian�as, idosos e pessoas com problemas respirat�rios.
Tal an�lise explica as diferen�as encontradas na qualidade de predi��o e previs�o dos modelos para cada esta��o da RGV. Para aquelas esta��es que apresentaram maior varia��o temporal (E1, E4, E6 e E8), o modelo SARIMAX mostrou-se mais eficaz comparado aos modelos ARMA e SARIMA. Logo, o modelo SARIMA com atribui��o de vari�veis ex�genas pode ser considerado como um bom modelo de previs�o de concentra��es de PM10 mais elevadas, que possam representar risco a sa�de da popula��o.
Os resultados obtidos com a modelagem das s�ries temporais de concentra��o de PM10 com o modelo SARIMAX, tanto na previs�o quanto na predi��o de eventos de qualidade do ar, demonstram que estes s�o considerados bons, posto que os modelos ajustados apresentaram resultados satisfat�rios em rela��o � termos estat�sticos, portanto, podem ser utilizados como ferramenta de previs�o da qualidade do ar nos munic�pios da RGV para alertar previamente n�veis prejudiciais � sa�de p�blica e permitir adapta��o de comportamentos adequados pela popula��o e, principalmente, grupos de risco como crian�as, idosos e pessoas com problemas respirat�rios.
4 CONCLUS�ES
Este trabalho objetivou modelar e prever a concentra��o m�dia di�ria de material particulado inal�vel utilizando o modelo SARIMAX, na Regi�o da Grande Vit�ria (RGV), ES, Brasil, para o per�odo de 01/01/2008 a 31/12/2018.� Os resultados obtidos para os indicadores de desempenho demostraram que os modelos SARIMAX ajustados para as esta��es E1, E2, E4, E6 e E8 s�o os mais minuciosos entre os estudados, para realizar predi��es e previs�es da qualidade do ar na RGV. Para as esta��es E3 e E5 os modelos SARIMA e ARMA, respectivamente, superaram o desempenho do modelo SARIMAX devido a nula ou baixa correla��o com as vari�veis meteorol�gicas e pelas concentra��es de PM10 variarem pr�ximos a m�dia.
Com rela��o � predi��o de eventos de qualidade do ar regular para todas esta��es, com exce��o da esta��o E2 e E3, o desempenho estat�stico dos modelos SARIMAX foram superiores quando comparado aos demais. Dentre as vari�veis meteorol�gicas avaliadas, foram significativas e melhoraram o ajuste dos modelos as vari�veis V, U, PP e T. Al�m disso, � importante destacar que a influ�ncia dos fatores meteorol�gicos sob os n�veis de PM10 est� relacionada com as caracter�sticas locais e espec�ficas de cada regi�o.
Ressalta-se que estudos dessa natureza s�o importantes visto que, ao analisar o comportamento do poluente (PM10) juntamente com as vari�veis meteorol�gicas, permitem tra�ar um perfil mais preciso e eficaz na previs�o dos �ndices de qualidade do ar com a capacidade de prever os picos de concentra��o, podendo auxiliar na tomada de decis�es dos agentes p�blicos em rela��o ao planejamento e controle da qualidade do ar com vistas em minimizar os efeitos adversos provocados, especialmente, por epis�dios cr�ticos de polui��o atmosf�rica.
Refer�ncias
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Contribui��o de autoria
1 � Jaqueline Knaak (Autor correspondente)
Engenheira Sanitarista e Ambiental, Mestranda em Engenharia Ambiental,
https://orcid.org/0000-0001-8980-7289 - jaquelineknaak@gmail.com
Contribui��o: Curadoria de dados, investiga��o, an�lise formal, metodologia, software, visualiza��o de dados, escrita � primeira reda��o, escrita � revis�o e edi��o.
2 � Wanderson de Paula Pinto
Matem�tico, Mestre e Doutor em Engenharia Ambiental, Professor do Curso de Engenharia Ambiental e Sanit�ria da FARESE
https://orcid.org/0000-0001-5267-227X - wandersondpp@gmail.com
Contribui��o: investiga��o, administra��o do projeto, escrita � revis�o e edi��o, metodologia.
Como citar este artigo
KNAAK, J.; PINTO, W. de P. Aplica��o do Modelo SARIMAX para Modelar e Prever a Concentra��o de Material Particulado Inal�vel, no Esp�rito Santo, Brasil. Ci�ncia e Natura, Santa Maria, v. 44, e9, 2022. DOI 10.5902/2179460X63466. Dispon�vel em: https://doi.org/10.5902/2179460X63466.