Universidade Federal de Santa Maria
Ci. e Nat., Santa Maria v.42, e102, 2020
DOI:10.5902/2179460X34686
ISSN 2179-460X
Received: 03/06/2020 Accepted: 25/06/2020 Published: 31/12/2020
Geociências
Avaliação dos eventos extremos de chuva na região pluviometricamente homogênea do Alto Sertão da Paraíba entre 1994-2016
Assessment of extreme rain events in the rainfall homogeneous region of Alto Sertão of Paraíba between 1994-2016
João Victor Pequeno OliveraI
Daisy Beserra LucenaII
Paulo Ricardo Cavalcante de LimaIII
I Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil - joao-victords@hotmail.com
II Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil - daisyblucena@gmail.com
III Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil - paulo.ricardo.c.lima@gmail.com
Resumo
Os eventos extremos de chuva são um problema que vem se agravando, e a irregularidade do regime pluviométrico na região do Alto Sertão paraibano preocupa ainda mais no tocante aos impactos provocados. Diante disso, este trabalho tem como objetivo determinar os limares extremos diários de chuva e, analisar os eventos que neles se enquadram; como também, verificar desastres associados aos maiores eventos chuvosos, no período de 1994-2016. Para tanto, aplicou-se a técnica dos quantis, e obtiveram-se os limares de Chuva Muito Forte (CMF) e Chuva Extremamente Forte (CEF) para cada município e uma média para a região. Os resultados apontam que estes eventos de CMF ou CEF não são tão raros no Alto Sertão, podendo ocorrer em média mais de uma vez por ano em cada município, no caso do primeiro tipo. Os maiores registros se dão nos meses de janeiro e março, que estão dentro da quadra chuvosa da área em estudo. Nas cidades de Aguiar e Itaporanga se observa o maior número de episódios de chuvas extremas, p≥86,7 mm. Por fim, foi verificado que alguns desses eventos de CEF, ou mesmo de CMF, causaram transtornos ou desastres em municípios estudados, o que exige uma atenção maior e mais detalhada para essa questão, afim do favorecer ações preventivas e de respostas contra alagamentos e inundações, como também, para às disfunções associadas a eles.
Palavras-chave: Técnica dos Quantis; Chuva forte; Desastres
Abstract
The extreme events of rain are a problem that have been aggravating, and the irregularity of the pluviometric regime in the region of the Alto Sertão paraibano is even more concerned with the impacts caused. Therefore, this work aims to determine the daily extreme thresholds of rain and to analyze the events that fall within them; as well, investigate for disasters associated with major rainy events in the period 1994-2016. For that, the quantile technique was applied, and the Very Heavy Rainfall (CMF) and Extremely Heavy Rainfall (CEF) thresholds were obtained for each municipality and an average for the region. The results indicate that these CMF or CEF events are not so rare in Alto Sertão and might occur on average more than once a year in each municipality, in the case of the first type. The largest records occur in the months of January and March, which are within the rainy season of the study area. In the cities of Aguiar and Itaporanga, the highest number of rain extremes is observed, p≥86.7 mm. Finally, it was found that some of these CEF events, or even CMF, caused disturbances or disasters in the municipalities studied, which requires greater and more detailed attention to this issue, in order to favor preventive actions and responses against floods and flash floods , as well, as for the dysfunctions associated with them.
Keywords: Quantis Technique; Heavy rainfall; Disasters.
1 Introdução
A precipitação pode ser entendida como sendo toda água vinda do meio atmosférico que atinge a superfície do planeta. A ocorrência do fenômeno se dá de forma aleatória, com previsão estatística baseada em eventos passados. Os estudos realizados por diferentes métodos estatísticos permitem a caracterização da chuva em uma dada região, como a análise da frequência, magnitude e o tempo de retorno (TUCCI, 2012). A duração do evento e volume precipitado, assim como a distribuição espacial e temporal, são características importantíssimas a serem consideradas em qualquer estudo que envolva dimensionamento de obras hidráulicas, gestão de recursos hídricos, planejamento territorial, dentre vários outros.
Um problema que vem se agravando, sob influência das mudanças climáticas e do aquecimento global, são as alterações nos eventos extremos de chuva positivos e negativos (MARENGO, 2002). Muitas vezes, extremos chuvosos ou secos estão relacionados a fenômenos climáticos como El Niño-Oscilação Sul, Dipolo Atlântico, Zona de Convergência Intertropical, mas não são completamente dependentes destes, podendo ocorrer facilmente em períodos nos quais os fenômenos supracitados não sejam presentes (BRITO; SILVA, 2012; LOUREIRO, 2014).
Em muitos países, os desastres estão associados a eventos extremos da ordem de furacões, ondas de calor e frio, como por exemplo, os furacões Katrina, Wilma e Rita, que devastaram regiões do México, Estados Unidos e Haiti; ou a onda de calor que assolou a Europa em 2003 (MARENGO, 2011). Por outro lado, no Brasil, os eventos extremos de chuva são os mais recorrentes e com maior associabilidade a ocorrência de desastres, sejam em excesso ou déficit, tem provocado grandes prejuízos econômicos e perdas de vidas, afetando estruturas civis, agricultura e pecuária, ponto de extrema relevância em um país que tem um modelo econômico baseado na comercialização de produtos primários (MARENGO, 2010).
A região pluviometricamente homogênea do Alto Sertão Paraibano se enquadra no semiárido brasileiro, o que representa um dificultador para questões concernentes a gestão de recursos hídricos, devido à irregularidade temporal e espacial das chuvas, característica deste clima. A incerteza com a qual ocorrem as precipitações prejudica fortemente o planejamento, favorecendo a vulnerabilidade dessa região, afinal, nela é comum uma sequência de anos secos seguida por anos chuvosos, sendo essa dinâmica completamente imprevisível, e perigosa (MONTENEGRO; MONTENEGRO, 2012).
Os eventos extremos de chuva são definidos por Duarte et al. (2015) como sendo aqueles que os totais em certo período, anual, sazonal, diário, ou outro, apresentam desvios superiores ou inferiores ao comportamento habitual da região. Dentre os eventos extremos de chuva positivos, os horários, diários (acumulados de 24 horas) ou aqueles acumulados de 3 dias são os que mais se relacionam a ocorrência de desastres. A reforço disso Zanella (2006) entende que volumes maiores que 60 mm/dia ou mesmo acumulados ao longo de 3 dias para ambientes urbanos, são provocadores de algum impacto. Conti (2011) considera que precipitações maiores de 30mm/h são deflagradoras de prejuízos e acima de 50mm/h como críticas. Um ano considerado extremamente chuvoso com precipitações bem distribuídas no decorrer do período, pode não apresentar danos significativos a meios sociais, enquanto que um evento extremo diário, mesmo que bem distribuído nas horas do dia, causaria algum dano, e mais ainda aqueles de caráter mais abrupto, de forte intensidade, com ocorrência em poucas horas do dia.
Gonçalves (2013) comenta sobre as consequências trazidas por eventos costumeiros e extremos, e conclui que os eventos do primeiro tipo, mesmo que venham a apresentar volumes precipitados consideráveis, se forem corriqueiros para a área em questão, são facilmente absorvidos pela sociedade sem maiores impactos; ao contrário disso os eventos extremos ocorrem com frequências significativamente inferiores, se afastando bastante das normais climatológicas, e assim comumente são causadores de algum impacto na região.
Costa et al. (2015) estudou a possível existência de tendências em eventos extremos no semiárido do nordeste brasileiro, para definição destes, usaram os percentis (quantis). Concluíram que havia uma tendência de aumento na intensidade das secas e diminuição dos eventos de precipitação extremas no decorrer dos anos. Dentro do mesmo tema Duarte et al. (2015) fez uma análise dos eventos extremos ocorridos no município de Ipojuca/PE, estado vizinho da Paraíba. Para determinação dos percentis usados, foi eliminado as chuvas com valores inferiores a 2mm/24h. Monteiro e Zanella (2013) fizeram um estudo similar para Fortaleza/CE, porém eliminaram os valores de precipitações inferiores a 10 mm/24h.
Nesse contexto, o estudo e a compreensão do comportamento dos eventos extremos de chuva se revestem de importância para a região do Alto Sertão paraibano. Local onde as diversas questões, políticas, culturais, estruturais e geológicas, a tornam vulnerável aos impactos que esses eventos podem causar.
Esse trabalho tem como objetivo principal identificar os limiares nos quais se enquadram os eventos extremos diários de chuva na região do Alto Sertão da Paraíba e analisá-los, verificando a ocorrência desses no tempo e no espaço. Também visa investigar e computar os desastres ou transtornos provocados pelos maiores eventos ocorridos entre os anos de 1994 e 2016, período estudado.
2 Materiais e Métodos
2.1 Área de estudo
O Alto Sertão da Paraíba é uma região pluviometricamente homogênea, localizada no extremo oeste do Estado, entre as coordenadas 37°29’40” e 38°45’56” de longitude oeste, e 6°34’8” e 7°50’3” de latitude sul. É composta por 39 municípios inseridos na sua área com população total de 458.250 habitantes (IBGE, 2010). A Figura 1 mostra a delimitação do Alto Sertão, assim como os municípios selecionados para a realização dos estudos referente a este trabalho.
Figura 1- Localização do Alto Sertão paraibano e municípios selecionados para o estudo
Fonte: os autores, 2018.
A região encontra-se no relevo conhecido como depressão sertaneja e segundo Alves et al. (2009) está integralmente inserida no polígono das secas, sob condições climáticas predominantemente semiáridas, refletindo na alta variabilidade da precipitação. Segundo Silva e Lucena (2015) a quadra chuvosa, que compreende os quatro meses com maior volume precipitado, inicia-se no mês de janeiro até o final de abril, sendo responsável por quase 75% de toda chuva anual.
A partir do banco de dados disponibilizados pela Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA) foram obtidos dados de precipitação diária para os 39 municípios, inseridos na região em estudo para o período de 1994 a 2016, sendo esse intervalo, o início e o termino dos registros realizados pela AESA até o momento do acesso. A seguir, foi realizado uma análise crítica dos dados com o intuito de verificar os anos e os municípios que continham dados sem interrupção nos mesmos (ou seja, ausência de falhas). Diante dessa análise, e com intuito de abranger as localidades com o maior contingente populacional, foram consultados dados demográficos e cartográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), isso para obter uma melhor espacialização dos postos pluviométricos na região. Por fim, foram selecionados 12 municípios como dados completos, que juntos abrigam 62% da população de toda região, são eles: Aguiar, Cabaceiras, Catingueira, Conceição, Coremas, Itaporanga, Juru, Manaíra, Piancó, Princesa Isabel, São José de Piranhas e Sousa (vide Figura 1).
Após esta análise inicial aplicou-se a técnica dos quantis. O seu uso para o estudo de eventos de precipitação parte do princípio de que a chuva é uma variável totalmente aleatória, não fazendo sentido estudá-la como um evento de natureza determinística, e sim probabilística.
2.2 Técnica dos quantis
A técnica dos quantis tem se provado bastante disseminada no mundo acerca de estudos de eventos extremos, desde sua proposta em 1966 por Pinkayan vem alcançando resultados bastante interessantes e sendo largamente utilizada. No Nordeste do Brasil essa técnica foi bastante utilizada nos trabalhos de Xavier (2001, 2004, 2007). O método consiste em separar a amostra de dados em intervalos preestabelecidos, em seu trabalho Pinkayan sugere as seguintes ordens quantílicas e sua classificação: p(X)<Q0,15 (Muito Seco), Q0,15<p(X)< Q0,35 (Seco), Q0,35<p(X)<0,65 (Normal), Q0,65<p(X)<Q0,85 (Chuvoso) e p(X) ≥Q0,85 (Muito Chuvoso), porém pode-se usar outras classes para identificação de eventos extremos (XAVIER, 2007).
Alguns autores como Duarte (2015) consideram valores até o quantil de ordem 5% como extremos inferiores e acima do quantil de ordem 95% como extremos superiores, ou ainda aqueles que usam intervalos mais exigentes, como Monteiro e Zanella (2013), de 1% e 99%. Vale ressaltar que os autores supracitados realizaram seus estudos no nordeste brasileiro.
Baseado nisso, as classes quantílicas escolhidas foram Q(0,01), Q(0,05), Q(0,5), Q(0,95) e Q(0,99). No entanto, para aplicação da metodologia foi desconsiderado os valores precipitados inferiores a 2 mm/dia, devido a representarem pouco ou nenhum efeito de chuva para região, assim como também o fizeram COL e Duarte (2015). A Tabela 1 mostra a classificação referente a cada limiar de precipitação.
Tabela 1 - Classificação dos limiares de chuva
Classificação |
Limiares |
Chuva Muito Fraca |
2 mm<E<Q (0,01) |
Chuva Fraca |
Q (0,01) <E<Q (0,05) |
Chuva Moderada |
Q (0,05) <E<Q (0,5) |
Chuva Forte |
Q (0,5) <E< Q (0,95) |
Chuva Muito Forte |
Q (0,95) <E< Q (0,99) |
Chuva Extremamente Forte |
E ≥Q (0,99) |
Fonte: Adaptado de Monteiro e Zanella (2013)
Os eventos extremos de chuva podem ser positivos ou negativos, e a sua intensidade tende a ser proporcional ao dano. Quando se trata dos negativos, a intensidade se refere ao número de dias consecutivos sem chuva, ou seja, um maior tempo de ocorrência do evento de seca, tornando irrelevante o estudo diário. Já os positivos são o oposto, quanto menor o tempo de duração mais intenso se torna. Dito isso, esse trabalho discute os eventos diários positivos de chuvas intensas e, concentra-se nos eventos de chuva muito forte e extremamente forte (CMF e CEF), levando em conta que esses são as prováveis chuvas intensas dentro de um intervalo de um dia, e possíveis causadores de danos com maior impacto para a sociedade.
Diante da grande independência temporal e espacial dos eventos extremos de precipitação, se torna mais interessante realizar os estudos de forma específica para cada localidade (município), aplicando técnicas como a dos quantis, que expressem essas características. Quanto menor a área atribuída a um posto pluviométrico representativo, melhor os resultados obtidos.
Porém, pode ser interessante para fins práticos a determinação de limiares regionais que, embora seja uma generalização, abarquem os aspectos individuais de cada regime pluviométrico dos municípios inseridos. Sendo ainda mais válido nesse caso, em que trabalha-se com uma região pluviometricamente homogênea, ou seja, que apresenta uma característica similar em relação ao comportamento das chuvas em escalas anuais e mensais, o que promove resultados melhores, mais próximos dos limiares municipais. Assim foram definidas as classes quantílicas Q(0,95) e Q(0,99) para região do Alto Sertão, e a partir da média dos valores obtidos para cada município foram calculados o valor para toda a região em análise, respectivamente sendo chamados de limiares CMF(regional) e CEF(regional) na Tabela 2.
Tabela 2 – classificação dos limiares regional
Classificação |
Limiares Regional |
C. M. Forte |
|
C. E. Forte |
|
Nota: sendo n a quantidade de municípios usados
Fonte: os autores, 2018.
Foi contabilizado o número de eventos ocorridos mensalmente, frequência simples e relativa, para identificar o seu comportamento durante o período seco, chuvoso, e anualmente, para identificar a existência ou não de tendência positiva ou negativa na ocorrência de chuvas intensas. Ademais, foi verificada uma possível relação entre a quantidade de eventos ocorridos e a ação de algum fenômeno climático.
3 Resultados e Discussões
3.1 Obtenção dos CMF e CEF e seu comportamento mensal no período de estudo
Sendo os eventos extremos de chuvas grandes causadores de impactos na sociedade, se vê a importância de classificá-los. A Tabela 3 mostra o valor das ordens quantílicas em cada município e na região do Alto sertão.
Cada município apresentou classes quantílicas diferentes, algumas discrepantes, variando para o Q(0,99) com um mínimo de 78,0mm/dia em Catingueira até um máximo de 95,8mm/dia em Itaporanga, o que pode ser justificado pelos diferentes microclimas, influenciado principalmente pelas características de relevo, vegetação e corpos hídricos, além da própria dinâmica da precipitação. Percebe-se que nesta tabela também consta o limiar regional para o Alto Sertão, conforme descrito na metodologia.
Tabela 3 – Classes quantílicas individuais para cada município em análise e o valor médio para a região do Alto Sertão
Classes quantílicas (mm) |
|||||
Postos |
Q(0,01) |
Q(0,05) |
Q(0,5) |
Q(0,95) |
Q(0,99) |
Aguiar |
2,2 |
2,6 |
13,4 |
59,0 |
94,9 |
Cajazeiras |
2,1 |
2,5 |
10,2 |
58,6 |
85,3 |
Catingueira |
2,2 |
2,8 |
11,9 |
52,2 |
78,0 |
Conceição |
2,2 |
2,5 |
9,0 |
49,1 |
86,6 |
Coremas |
2,2 |
2,4 |
10,0 |
58,4 |
90,8 |
Itaporanga |
2,2 |
2,6 |
11,0 |
57,8 |
95,8 |
Juru |
2,1 |
2,4 |
10,4 |
52,4 |
81,0 |
Manaíra |
2,2 |
2,6 |
10,0 |
53,0 |
86,2 |
Piancó |
2,1 |
2,7 |
10,5 |
53,8 |
87,6 |
Princesa Isa. |
2,1 |
2,5 |
9,4 |
47,8 |
80,8 |
São J. de P. |
2,2 |
2,5 |
10,3 |
54,0 |
88,5 |
Sousa |
2,2 |
2,6 |
10,3 |
56,0 |
85,0 |
ALTO SERTÃO* |
2,2 |
2,6 |
10,5 |
54,3 |
86,7 |
* Esse não se trata de um posto, mas sim dos quantis regionalizados para o Alto Sertão
A variação das ocorrências dos eventos CMF e CEF, para cada município e regionalizado, bem como o comportamento anual da precipitação são representados na Figura 2, mostrando como se dá a ocorrência destes durante os meses do ano. É notável uma forte relação entre período chuvoso e o protagonismo dos eventos extremos, onde os meses mais chuvosos, janeiro, fevereiro, março e abril, são detentores da maioria desses episódios.
Figura 2 - Ocorrência de eventos de chuvas muito fortes e extremamente fortes, e precipitação anual, nos municípios do Alto Sertão para o período de 1994 – 2016, figura 2 (a) representa a ocorrência de eventos e figura 2 (b) a precipitação anual
(a) |
(b) |
|
|
Decerto, percebe-se a propensão que o mês de janeiro tem para ocorrência de eventos diários de CMF, onde o mesmo ultrapassa e muito os meses de fevereiro e abril com os quais tem semelhança de regime pluviométrico, e em termos de CEF ainda mais, transcendendo até mesmo o número de ocorrências registradas no mês de março, que é historicamente bem mais chuvoso. Segundo a FUNCEME (2018) o mês de janeiro está sob a influência de quase todos os fenômenos atmosféricos que atingem o nordeste do Brasil como, por exemplo, a Zona de Convergência Intertropical, Repercussões de Frentes Frias e Vórtices Ciclônicos Altos Níveis. Podendo então, a confluência de fenômenos atmosféricos ocorrendo no mesmo mês, ser uma possível justificava para o grande número de eventos extremos observados, contudo fica a necessidade de estudos mais detalhados acerca dessa temática, que relaciona a intensidade de episódios de precipitação à atuação de algum fenômeno atmosférico.
O interessante é que ao tomar-se a regionalização dos limiares de chuvas, na Figura 2(a), o comportamento das ocorrências de eventos durante o ano, se mantém parecido ao que se tinha com o uso dos limiares municipais. Contudo, nota-se uma leve aparição de CMF(regional) no mês de agosto e, de forma um pouco mais expressiva, em setembro. É possível observar um distanciamento da relação entre volume de chuva precipitado mensal e número de ocorrência de eventos diários de chuvas intensas nos meses de junho e julho que, embora não sejam historicamente os mais secos, são os que menos apresentam CMF(regional) ou CEF(regional).
3.2 Comportamento interanual dos eventos de CEF
Na Figura 3 se observa uma análise acerca do aumento ou redução no número de ocorrências de eventos extremos ao longo dos anos. Nessa série elaborada tanto para o limiar municipal quanto para o regional verificou-se uma tendência de diminuição dos eventos. Entretanto, vale ressaltar que essa tendência negativa pode estar fortemente influenciada pela sequência de 6 anos secos que se observa no final da série, de 2012 até 2016, representando 22% da série histórica selecionada. Segundo Marengo et al. (2016), esse período se caracterizou como a seca mais severa da história que devastou o nordeste brasileiro, afetando diversos setores econômicos e sociais.
Figura 3 – Ocorrência interanual de eventos de chuvas extremamente fortes e totais anuais da chuva na região do Alto Sertão Paraibano (1994-2016)
Essa tendência a diminuição dos eventos extremos de chuva (CEF), apesar dos últimos anos de secas severa, também foi apontado por outras pesquisas como a de Costa et al.(2015) onde foi usado um período de estudo bem abrangente (1961-2011), sem incluir os anos 2012 a 2016, e mesmo assim identificada uma tendência negativa na ocorrência de eventos de precipitações extremas no decorrer dos anos, no semiárido do nordeste brasileiro, corroborando com os resultados para o Alto Sertão da Paraíba, microrregião que também está localizada no semiárido. Os eventos extremos que possivelmente mostrariam tendência positiva nessa região seriam os de seca, que não foram objeto de estudo deste trabalho, porém foi apontado pelos autores supracitados, que concluíram secas mais intensas com o passar dos anos.
Devido às características particulares da região que se encontra no semiárido nordestino, se destaca a importância de um estudo específico sobre tendência que aplique métodos mais robustos e considere uma série maior de dados, na qual esteja inserido várias alternâncias (variabilidade) entre anos abaixo e acima da média (secos e chuvosos).
Verifica-se que não é necessário um ano chuvoso para ocorrências de eventos extremos, no entanto nota-se correlação relevante desses acontecimentos. Porém, no que diz respeito à anos de secas severas, essa associação se mostra muito mais forte, sendo estes com precipitações muito inferiores à média pluviométrica, os que raramente se contabiliza episódios de chuvas de forte intensidade.
A respeito disso, chama-se atenção para os anos 1994, 1999, 2004, 2006 e 2008, nos quais ocorreram as maiores quantidades eventos de chuvas intensas; e para os anos 1998, 2000, 2001, 2005 e 2012, com ocorrências mais tímidas. Notando-se que os primeiros anos destacados tiveram total anual de chuva acima da média para região, com exceção de 1999 que mostra índices pluviométricos mais brandos que os demais. Em contrapartida, na segunda série selecionada, com destaque para 1998 e 2012, foram anos de escassa precipitação, excluindo o ano de 2000, que embora acima da média pluviométrica, também apresentou poucos registros de eventos extremos. Essas exceções, principalmente no caso do ano 2000, onde se tem uma precipitação média que se equipara aos anos mais chuvosos e uma das menores ocorrências de CEF, mostra, mais uma vez, que afirmar anos ou meses mais chuvosos como aqueles onde ocorrerão os maiores números de eventos de chuvas extremamente fortes, é algo muito precipitado.
Sabe-se que os regimes pluviométricos anuais de uma dada região podem sofrer forte influência de fenômenos atmosféricos, e ainda mais pela interação de dois ou três deles. O que se verifica é que, até mesmo, os eventos diários de chuvas extremas, podem ser influenciados dentro desses cenários. Diante disso, sustentando argumentos anteriores, Araújo et al. (2009) comenta sobre as fortes chuvas que aconteceram no ano de 2004 no estado da Paraíba, relacionando a confluências de fenômenos atmosféricos neste período como por exemplo a Zona de convergência intertropical (ZCIT), atividades convectivas oriundas do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) e pela Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
3.3 Análise da ocorrência espacial dos eventos de CEF
Espacialmente a distribuição dos eventos de CEF em cada município é representada na Figura 4. A contagem com base nos limiares municipais em na Figura 4A mostra uma homogeneidade na quantidade de episódios, o que não significa que sejam os mesmos eventos, ou que ocorreram na mesma data nesses municípios, por exemplo, no dia do maior evento de chuva em Itaporanga, quase não choveu em Piancó, que fazem divisa entre si.
Essa semelhança no número de ocorrências, considerando os limiares municipais (Figura 4A), dificulta a comparação dentro da região e, consequentemente, em dá destaque aos municípios nos quais os eventos ocorridos necessitem de maior atenção. Essa questão pode ser facilmente solucionada com a adoção do limiar regional (visualizado na Figura 4B), revelando os municípios da porção central do Alto Sertão, em particular, Aguiar e Itaporanga, na classe vermelha, onde se tem a maior ocorrência de CEF.
Figura 4 – Distribuição espacial de ocorrência de eventos extremos na região do Alto Sertão e da precipitação anual média, para cada município (1994-2016): (A)frequência de eventos de CEF para o limiar municipal; (B)frequência de eventos CEF para o limiar regional e (C)distribuição espacial da precipitação anual média, para cada município.
O regime pluviométrico, mensal ou anual, não tem se mostrado completamente associado ao número de ocorrências de CEF(regional) nas análises feitas anteriormente e, no quesito espacial isso se repete. Embora São José de Piranhas, Aguiar, Itaporanga, Souza e Cajazeiras sejam os mais chuvosos, o último, o mais chuvoso de todos, também é, dentre os cinco, o que menos registrou CEF(regional).
Coremas, que pelo limiar municipal era da classe amarela, pelo limiar regional se destaca como um dos 4 que mais registram CEF(regional), mesmo não sendo uma das cidades mais chuvosas.Com a regionalização do limiar que compreende as CEF, evidencia-se também a raridade das precipitações diárias maiores que 86,7 mm, em todo o extremo leste do alto Sertão.
Mesmo com a individualidade de um evento considerado estatisticamente extremo, entende-se que, para fins práticos, fixar um limiar para uma região como essa explana as maiores necessidades de um local sobre outro, podendo auxiliar em decisões políticas, como por exemplo, destinação de verba e programas sociais que atenuem a vulnerabilidade natural reforçando as demais, principalmente as vulnerabilidades físicas, econômicas e políticas. Lembrando que para tais decisões, só esse parâmetro não seria suficiente, sendo necessários estudos mais profundos sobre as vulnerabilidades locais.
A Tabela 5 mostra os 25 maiores eventos de precipitação ocorridos nos municípios do Alto sertão (1994-2016). Itaporanga é o município em que foi registrado o maior número de CEF e o evento de maior intensidade, com 205 mm em 24h. Dentre os outros 24 maiores episódios de precipitação intensa ressalta-se o ano de 2008 que aparece 4 vezes nesta relação, e outros anos considerados extremamente secos como o 2012, se fazem presentes. Os municípios de Juru e Conceição, com as menores médias pluviométricas dos 12 municípios estudados, não aparecem com suas estatísticas na Tabela 5, devido a que as maiores chuvas registradas são em torno de 115 mm, não se enquadrando dentro do limiar que define as chuvas extremamente fortes para a região.
Tabela 5 – Os 25 maiores eventos de chuva ocorridos nos municípios analisados do Alto sertão (1994-2016)
Município |
-48 h (mm) |
-24 h (mm) |
Evento (mm) |
+24 h (mm) |
+48h (mm) |
Acumulado (mm) |
Data do Evento |
Itaporanga |
0 |
0 |
205 |
44 |
0 |
249 |
19/01/2003 |
Cajazeiras |
25 |
0 |
174 |
0 |
9,5 |
208,5 |
30/03/2000 |
Cajazeiras |
2,6 |
8,3 |
170,4 |
0 |
3 |
184,3 |
21/10/2011 |
Princesa Isa. |
0 |
0 |
166,6 |
0 |
6 |
172,6 |
27/03/2014 |
Sousa |
0 |
0 |
159,8 |
0 |
19,2 |
179 |
19/12/2013 |
Aguiar |
0 |
0 |
158 |
0 |
15,2 |
173,2 |
07/04/2008 |
Sousa |
0 |
0 |
154 |
0 |
0 |
154 |
06/05/2008 |
São j. de Piranhas |
8,6 |
0 |
152,5 |
0 |
0 |
161,1 |
28/01/2010 |
Catingueira |
0 |
35,9 |
151,7 |
0 |
0 |
187,6 |
01/02/2008 |
Cajazeiras |
4,1 |
0 |
150,3 |
6,3 |
0 |
160,7 |
19/02/2012 |
Manaíra |
0 |
0 |
150 |
50,3 |
0 |
200,3 |
05/01/1994 |
Coremas |
0 |
0 |
149,5 |
72,3 |
27,5 |
249,3 |
22/01/2009 |
Piancó |
0 |
0 |
149 |
0 |
0 |
149 |
30/05/1995 |
Itaporanga |
0 |
0 |
141 |
34,6 |
3,7 |
179,3 |
10/05/2004 |
Aguiar |
5,2 |
19,4 |
138,5 |
0 |
0 |
163,1 |
14/03/1999 |
Manaíra |
0 |
0 |
137 |
0 |
6,4 |
143,4 |
25/12/2002 |
Princesa |
0 |
0 |
137 |
0 |
0 |
137 |
30/03/2016 |
Cajazeiras |
43,1 |
0 |
136,5 |
0 |
39,3 |
218,9 |
16/02/2006 |
São J. de Piranhas |
0 |
0 |
134,2 |
0 |
0 |
134,2 |
01/02/2008 |
Coremas |
0 |
4,5 |
129,5 |
5,5 |
0 |
139,5 |
23/10/2010 |
Aguiar |
70 |
18 |
125 |
29 |
28 |
270 |
02/01/1994 |
Manaíra |
63 |
0 |
125 |
5,3 |
0 |
193,3 |
25/03/1995 |
Manaíra |
0 |
0 |
123,2 |
0 |
0 |
123,2 |
30/03/2016 |
Aguiar |
0 |
30,1 |
121,5 |
2,6 |
0 |
154,2 |
15/04/1997 |
Coremas |
0 |
0 |
120,5 |
0 |
0 |
120,5 |
20/01/2014 |
É relevante ressaltar que alguns eventos diários de menor intensidade podem ter igual ou maior potencial de desastre que eventos de maior volume de chuva, isso vai depender de uma análise mais detalhada do comportamento da mesma, em termos de duração e intensidade. Para tanto, necessita-se de dados em escalas menores, por exemplo, diárias, o que não temos para a região para fundamentar ou realizar esse detalhamento. Também, tem-se que levar em consideração a ocorrência ou não de chuvas antes de um evento extremo, pois essas podem saturar o solo, potencializando os efeitos de escoamento superficial e alagamentos. Da mesma forma, chuvas posteriores ao evento, mesmo que fracas, devido ao quadro de drenagem artificial e natural já estarem sobrecarregados, podem ocasionar prejuízos além do esperado. Sendo interessante acrescentar na análise os dias que antecedem e os dias pós evento, e considerar o acumulado, para fins de compreensão da potencialização do desastre.
3.4 Registros de danos provocados pelos eventos de CMF e CEF na região de estudo
Essas chuvas torrenciais, de grande volume precipitado em um curto lapso de tempo, têm alto potencial de causar desastres. Para a região, os principais prejuízos são trazidos pelas inundações, alagamentos e rompimento de barragens. A Figura 5 traz o recorte de um blog de notícias que relata chuvas de 111 mm em apenas 60 minutos, suficientes para causar diversos transtornos à população, ruas alagadas e casas invadidas pela água, perdas de bens materiais, e ainda prejuízos à saúde, proliferação de mosquitos transmissores doenças e arrasto de diversas substâncias contaminadas e microrganismos patógenos.
Figura 5 – Notícia destacada de um blog local
Fonte: Blog do Djacir Pereira, 2016.
A princípio se tinha a ideia de adquirir mais recortes de notícias com a temática para assim solidificar as discussões abordadas diante da importância desses estudos. No entanto o que se encontrou foi uma imensa dificuldade em obter tais informações, que raramente são mencionados em meios de comunicação de maior repercussão.
No entanto, se teve acesso a um banco de dados do Sistema Integrado de Informações Sobre Desastres (S2ID) com algumas informações sobre desastres na região. Entre os anos de 2003 e 2016 se registra 20 casos de Situação de Emergência (SE) ou Estado de Calamidade Pública (ECP), provocados por enxurradas, chuvas intensas ou inundações, que impossibilitaram os municípios de auto gerir o problema, precisando de intervenções externas, totais ou parciais. Nota-se que a maioria dos registros se dá nos anos de 2004 e 2008, vide Tabela 6.
Tabela 6 – Reconhecimento de Situação de Emergência e Estado de Calamidade Pública relacionados a eventos de chuvas intensas
Ano |
Município |
Desastre |
SE/ECP |
2004 |
Aguiar |
Chuvas Intensas |
SE |
2004 |
Cajazeiras |
Chuvas Intensas |
SE |
2004 |
Cajazeiras |
Enxurradas |
SE |
2004 |
Catingueira |
Enxurradas |
ECP |
2004 |
Coremas |
Enxurradas |
ECP |
2004 |
Juru |
Chuvas Intensas |
SE |
2004 |
Piancó |
Chuvas Intensas |
SE |
2004 |
Princesa Isabel |
Chuvas Intensas |
SE |
2004 |
Princesa Isabel |
Enxurradas |
SE |
2004 |
Sousa |
Chuvas Intensas |
SE |
2006 |
Coremas |
Enxurradas |
SE |
2008 |
Coremas |
Inundações |
SE |
2008 |
Coremas |
Inundações |
SE |
2008 |
Juru |
Inundações |
SE |
2008 |
Juru |
Inundações |
SE |
2008 |
Manaíra |
Inundações |
SE |
2008 |
Manaíra |
Inundações |
SE |
2008 |
Sousa |
Inundações |
SE |
2008 |
Sousa |
Inundações |
SE |
2009 |
Catingueira |
Enxurradas |
SE |
Fonte: Sistema Integrado de Informações Sobre Desastres
De certo modo são poucos os casos que levaram a SE ou ECP se comparado com a Tabela 5, que mostra eventos com forte potencial para provocar desastres, e o ocorrido em Coremas ilustrado na Figura 5, que não são representados na Tabela 6. A estiagem e a seca levaram a 160 SE ou ECP na mesma época, sendo 120 desses contados de 2012 a 2016 (grande seca). Se considerarmos de 2003 a 2010, período antes da “Seca de 2012”, 40 dos reconhecimentos de SE ou ECP são relacionados à escassez hídrica, apenas o dobro daqueles relacionados a chuvas na região, conhecida pela seca.
A diferença nas contagens pode ser influenciada pela natureza dos eventos, os primeiros ocorrem de forma mais prolongada, o que dá mais tempo para processos burocráticos, já os segundos, de forma mais abrupta, inviabilizam tal procedimento, ou ainda, por outras questões políticas não são tão prontamente atendidas. Mostrando assim que ambos são preocupantes, e reforçando a necessidade de atenção para eventos extremos de chuva, positivos e negativos, e a importância desse tipo de estudo para região.
4 Conclusões
Ao contrário do que se espera pelo senso comum, a região do alto sertão, caracterizada pelos baixos volumes pluviométricos, também enfrenta problemas associados a eventos de chuvas intensas. Essas ocorrências e o despreparo para lidar com elas, são motivos de perdas econômicas e prejuízos a saúde da população, dentre outros.
No âmbito de um estudo regional, usar um limiar único para toda região em que os municípios inseridos possuam características semelhantes, por exemplo, pluviometricamente homogêneos, apresenta resultados satisfatórios. Dito isso ainda pode ser usual quando se tem ausência de dados em determinado posto pluviométrico da região, que atrapalharia a obtenção de classes quantílicas, e consequentemente limiares de chuva extrema para aquele município, fazendo-se valer, nesses casos, do limiar regional, para classificar os eventos. As chuvas extremamente fortes para os municípios são em alguns casos discrepantes, mas para região são aquelas que os totais diários somam 86,7 mm ou mais.
Verifica-se a forte propensão que o mês de janeiro tem para ocorrência de chuvas intensas, o que se torna intrigante, já que não é o mais chuvoso do ano, podendo então ser justificado pela confluência de eventos atmosféricos que ocorrem nessa época. Nesse mesmo sentido, reforçando que a quantidade de eventos não tem exclusivamente a ver com regime pluviométrico mensal, os meses de junho e julho, que não são os mais secos, são os que menos registram chuvas muito fortes e extremamente fortes.
A independência supracitada também foi observada no estudo interanual e espacial dos eventos. Em anos mais chuvosos não são necessariamente se terá mais CEF, embora seja bem comum de acontecer; assim como essa colocação vale também para os municípios mais chuvosos e, acerca disso, abre-se ainda uma ressalva que independente do regime pluviométrico anual, a porção central da região mostra-se mais propensa à ocorrência de eventos de CEF.
A tendência para ocorrência de CEF mostra-se negativa ao longo dos anos. Porém os eventos de chuvas intensas não são tão raros na região, sendo as CMF comuns mais de uma vez por ano. Por fim, os resultados revelam e alertam a necessidade de estudos sobre a temática, que estimulem ações sociais de prevenção cabíveis.
Referências
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