Memórias indesejadas: os campos de reeducação na ficção de Ungulani Ba Ka Khosa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1679849X25569

Palavras-chave:

Moçambique, Campos de reeducação, Ungulani Ba Ka Khosa

Resumo

Logo após a independência de Moçambique em 1975, uma das medidas adotadas pela FRELIMO foi o deslocamento e a disciplinarização em massa da população. Entre as estratégias tomadas estava a criação de campos de reeducação, para onde eram levados os moçambicanos classificados como improdutivos e indesejáveis pelo poder soberano. No romance Entre as memórias silenciadas, Ungulani Ba Ka Khosa representa a memória dos sujeitos deportados para os campos para serem ressocializados e transformados pela experiência prisional, pelo trabalho nas machambas e pelo pensamento anticolonial de fundamentação marxista-leninista no novo homem moçambicano. Nessa narrativa, os sujeitos ficcionais são despossuídos de seus direitos de cidadania e submetidos pelo poder/violência instaurador(a) da nova ordem socialista a processos de subjetivação/dessubjetivação com o objetivo não só de se tornarem corpos dóceis ao regime revolucionário, mas também de modo a impossibilitar a formação de memórias que testemunhassem a própria existência dos campos.

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Biografia do Autor

Rainério dos Santos Lima, Universidade Federal do Oeste do Pará, Santarém, PA

Mestrado em Letras, área de Literatura e Cultura, pela Universidade Federal da Paraíba (2008).

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Publicado

2017-01-11 — Atualizado em 2022-03-16

Versões

Como Citar

Lima, R. dos S. (2022). Memórias indesejadas: os campos de reeducação na ficção de Ungulani Ba Ka Khosa. Literatura E Autoritarismo, (18). https://doi.org/10.5902/1679849X25569 (Original work published 11º de janeiro de 2017)