Danos provocados pelo fogo sobre a vegetação natural em uma floresta primária no Estado do Acre, Amazônia brasileira

Autores

  • Henrique José Borges de Araujo UFSM - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil
  • Luis Cláudio de Oliveira
  • Sumaia Saldanha de Vasconcelos
  • Manoel Freire Correia

DOI:

https://doi.org/10.5902/198050989276

Palavras-chave:

floresta amazônica, queimadas, incêndios florestais

Resumo

http://dx.doi.org/10.5902/198050989276

A emissão do CO2 é uma das principais causas do efeito estufa e as queimadas amazônicas contribuem para isso. Devido à alta umidade retida, a floresta primária amazônica é considerada imune a queimadas, todavia, sob condições climáticas anormais é vulnerável. Este estudo objetiva avaliar os efeitos do fogo, decorrentes de incêndios florestais ocorridos em 2005, sobre uma floresta natural primária no Estado do Acre. Foram monitorados os efeitos do fogo em árvores lenhosas, palmeiras e cipós em três níveis de tamanho: I-DAP≥5 cm; II-5 cm>DAP≥2 cm; e III-DAP<2 cm e altura ≥1,0 m. Os indivíduos foram avaliados quanto à Condição Geral (níveis I e II), Casca e Copa (Nível I) e brotação. Foram efetuadas cinco avaliações, a primeira em novembro de 2005 e a última em janeiro de 2009. Os resultados mostraram que os indivíduos de menor porte foram os mais impactados e apresentaram as maiores taxas de mortalidade, chegando a 80,1 % no Nível II e decrescendo quanto maior a classe diamétrica, sendo nula (0 %) nas superiores. Foi observado aumento do número de indivíduos sem dano aparente em todas as classes diamétricas e aumento de 43 % no número de espécies na regeneração, indicando um processo de recuperação da floresta. Foi verificada redução expressiva na diversidade de espécies (15 % no Nível I e 33 % no Nível II), indicando que a floresta foi modificada quanto à composição florística. Com base nos padrões de danos causados por apenas um incêndio, o caso da área estudada, é esperado que a incidência de novos incêndios, em curtos intervalos insuficientes à recuperação, resulte na irremediável degeneração da floresta.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALENCAR, A. et al. Desmatamento na Amazônia: indo além da emergência crônica. Manaus, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), 2004, 89 p.

BALCH, J. K. et al. Negative fire feedback in a transitional forest of southeastern Amazonia. Global Change Biology, v. 10, p. 2276-2287. 2008.

BARLOW, J.; PERES, C. A. Fogo Rasteiro: nova ameaça na Amazônia. Ciência Hoje. São Paulo: v. 199, p. 24-29. 2003.

BRANDO, P. M. et al. Drought effects on litterfall, wood production and belowground carbon cycling in an Amazon forest: results of a throughfall reduction experiment. Philosophical Transactions of the Royal Society B, v. 1498, p. 1839-1848. 2008.

BRASIL. Ministério das Minas e Energia. Departamento de Produção Mineral. Projeto Radambrasil. Folha SC19. Levantamento dos Recursos Naturais. V. 12. Rio Branco. Rio de Janeiro, RJ. 1976. 458 p.

BROWN, I. F. et al. Monitoring Fires in Southwestern Amazonia Rain Forests. EOS Transactions. American Geophysical Union, v. 87, p. 253-264. 2006.

COX, P. M. et al. Acceleration of global warming due to carbon cycle feedbacks in a coupled climate model. Nature, v. 408, p. 184–187. 2000.

COX, P. M. et al. Increasing risk of Amazonian drought due to decreasing aerosol pollution. Nature, v. 453, p. 212-215. 2008.

FEARNSIDE, P. M. A floresta Amazônia nas mudanças globais. Manaus, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). 2003. 134 p.

FERREIRA, L. V. et al. O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas. Estudos Avançados, São Paulo, v. 53, p. 157-166. 2005.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores de desenvolvimento sustentável: Brasil 2008. Rio de Janeiro. 2008. 471 p.

LAURANCE, W. L. et al. Deforestation in Amazonia. Science, v. 304, p. 1109-1111. 2004.

MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Agritempo - Sistema de Monitoramento Agrometeorológico. Embrapa Informática Agropecuária. Disponível em: <(http://www.agritempo.gov.br/agroclima/sumario?uf=AC)>. Acesso em: 24 de junho de 2009.

MARENGO, J. A. et al. Hydro-climatic and ecological behavior of the drought of Amazonia in 2005. Philosophical Transactions of the Royal Society B, v. 363, p. 1773–1778. 2008b.

MARENGO, J. A. et al. The drought of Amazonia in 2005. Journal of Climate. v. 21, p. 495–516. 2008a.

MARGULIS, S. Causas do Desmatamento da Amazônia Brasileira. Banco Mundial. 1. Ed. Brasília. 2003. 100 p.

NEPSTAD, D. et al. A floresta em chamas: origens, impactos e prevenção de fogo na Amazônia. 1. ed. Brasília: IPAM. 1999. 202 p.

NEPSTAD, D. et al. Amazon drought and its implications for forest flammability and tree growth: a basin-wide analysis. Global Change Biology, v. 10, p. 704–717. 2004.

NEPSTAD, D. et al. The effects of partial throughfall exclusion on canopy processes, aboveground production, and biogeochemistry of an Amazon forest. Journal of Geophysical Research – Atmospheres, v. 107, p. 80-85. 2002.

NOBRE, C. A. et al. Mudanças climáticas e Amazônia. Ciência e Cultura. São Paulo, v. 3, p. 22-27. 2007.

PHILLIPS, O. L. et al. Drought Sensitivity of the Amazon Rainforest. Science, v. 5919, p. 1344 – 1347. 2009.

Downloads

Publicado

28-06-2013

Como Citar

Araujo, H. J. B. de, Oliveira, L. C. de, Vasconcelos, S. S. de, & Correia, M. F. (2013). Danos provocados pelo fogo sobre a vegetação natural em uma floresta primária no Estado do Acre, Amazônia brasileira. Ciência Florestal, 23(2), 297–308. https://doi.org/10.5902/198050989276

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.